segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Insolência e obsolência keynesiana

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Vivemos à base de idéias, de morais, de sociologias, de filosofias e de uma psicologia que pertencem ao século XIX. Somos os nossos próprios bisavós. BERGIER, Jacques e PAUWELS, Louis, O despertar dos mágicos: 31
A economia industrial era baseada na produção em série e no consumo de bens materiais, na utilidade marginal destes bens e na possibilidade de contá-los, pesá-los e medi-los. Por este motivo, ela aprimorou sobretudo os métodos para compreender e aperfeiçoar fenômenos de natureza métrico-decimal. Esta economia sente-se incomodada diante de recursos intangíveis, como as idéias, os valores, a estética, e é tentada a aplicar – de forma desajeitada – também a estes, os mesmo parâmetros e os mesmos métodos desenvolvidos em função dos bens tangíveis. DE MASI, D. 2001: 15..
Nossos antepassados atravessaram a dura e longa era das dialéticas. Temor e realidade, fatos e maldições puxavam o extenso cordão dos insensatos bipolares. 
Os economistas passaram quase todo o século XX
encantados com a pseudopanacéia keynesiana e
com a venenosa serpente marxista.
IORIO, U. : 134
Não houve cantos mais estúpidos do que os dois primeiros quartos do século recém findo. Nós, que logramos chegar ao mundo apesar de tanta bestialidade, e mais ainda, sem contaminação, poderíamos repetir tão funestas façanhas, apenas por ouvir parcialmente algumas histórias? Destacaríamos algum momento mais exitoso, ou fulgurante, para reaplicá-lo perante nossas pífias aflições?   Pelas bandas marciais e na academia não há criatividade. Todos se obrigam na cadência previamente ensaiada. Vivemos em tempos e objetivos distintos, mas as novas estações continuam ministrando antigas matérias, supostamente rescaldos dos descalabros.
O sistema da Economia é de fato por demais restrito. Nesses sol soem circular apenas quatro planetas, um de cada século, e os arautos presumem conhecer todas verdades. As lentes dos hubbles se concentram no passado, focalizam os artífices, identificam alguns satélites, mas não contemplam a periferia, circunstâncias geradoras, um real leitmotiv, tampouco as consequências da adoção ou supressão dos apanágios. Os diagnósticos são desprovidos de sentido
Assim, a economia, a ciência social matemáticamente mais avançada, é também a ciência social e humanamente mais fechada, pois se abstrai das condições sociais, históricas, políticas, psicológicas, ecológicas, etc., inseparáveis das atividades econômicas. Por isso, os seus experts são cada vez mais incapazes de prever e de predizer o desenvolvimento econômico, mesmo a curto prazo.
MORIN. Edgard, Compreender não é preciso; cit. MARTINS E SILVA: 30
O Mercantilismo fez-se no pioneiro orbital dessa galáxia. Por exclusivista, sua fama se deteriorou, mas não seu implemento. Ele permanece de modo sutil, na promiscuidade dos investidores de campanha com os governantes eleitos.
Adam Smith bem que tentou, mas como a mão-boba é mais pragmática, a invisível é tornada utópica.
Houve quem se revoltasse com a discrepância por lesar os excluídos do cast. Como o ouro era limitado, Marx não hesitou em utilizar as fórmulas de Malthus e Darwin para provar que os ricos só eram assim às custas dos pobres. Tudo findaria por colapso do sistema.
O cruel prognóstico ameaçou prevalecer justamente na década dos gângsters, momento também propício para surgir esperto estratagema com vistas a suplantar o vaticínio, quase um ovo-de-colombo: se o problema era a finitude do diapasão, bastava trocá-lo por outro. Se o ouro é escasso, o papel, contudo, não; e tudo aceita.
O padrão foi quebrado em prol do novo deal: em vez da produção de riqueza, o pleno emprego assumiu preponderância. Keynes chegou a ponto de sugerir que se cavasse buracos na praia, ou pintasse a Floresta Negra de branco, apenas para colocar dinheiro no bolso dos trabalhadores. O estéril rumo imprimido não poderia levar seu trem muito longe, mas ele tinha a resposta:
"A longo prazo estaremos todos mortos."
O importante era distrair o proletariado, para ele não pegar nas armas. Desse modo, com dinheiro rigorosamente falso se introduziu e se mantém a extensa lista de "conquistas sociais".
Se Donald Duck engolira o blefe, a Zé Carioca tocaria o requentado:
Getúlio Vargas, líder da Revolução de 1930, é apoiado por políticos reformistas e liberais [?] e inspirado na doutrina keynesiana. Na realidade, o desenrolar de seu governo não representou ruptura com o passado, mas reacomodação de interesses.
MASCARENHAS, E.: 51
Todo o aparato trabalhista, nele incluindo a tal "justiça" do trabalho, virada em extorsão de quem contrata, sindicatos e previdências sociais só é possível mediante a trapaça keynesiana. Paternalismos jamais contemplaram algum desenvolvimento, a não ser a dependência, cada vez mais acentuada, dos pintos às asas da grande galinha:
A ética dominante na História da Humanidade foi uma variante da doutrina altruísta-coletivista, que subordinava o indivíduo a alguma autoridade superior, mística ou social. Conseqüentemente, a maioria dos sistemas políticos era uma variante da mesma tirania estatista, diferindo apenas em grau, não em princípio básico, limitada apenas pelos acidentes da tradição, do caos, da disputa sangrenta e colapso periódico.
RAND, A.:118.
O resultado dessa arranjada aritmética é igual em qualquer canto, a qualquer tempo:
Treinta anos después un Presidente de los Estados Unidos afirmaba que 'todos somos keynesianos' en el preciso instante en que se iniciaba el regresso de la ortodoxia, el propio exito del modelo keynesiano llevo a la desmesura. El discurso argentino actual es muy semejante al repetido a comienzos de la decada del treinta. La experiencia muestra que la crisis se autoalimenta.
SCHVARZER, Jorge, El Clarin, 25/10/1995: 17
Por paradoxo, foi a II Grande Guerra que salvou o deal: os EUA, mercê dos despojos, pode reequilibrar as finanças. Foi o único. Ademais, leva a inédita vantagem de poder emitir moeda sem lastro porque ela não circula apenas em seu interior. Esses dois pontos de apoio são solenemente ignorados pelas escolinhas de Economia, preocupadas em meras e más temáticas, contabilidades e estatísticas, molduras nas quais não tem acesso as peças de História, de Ciência Política, que dirá da Física e da Epistemologia que a todas embasam.
Naquela década de 20, dos gângsters e da Lei Sêca, do fascismo, do comunismo e do nazismo, todos se contentavam com fords bigodes, charlestons, um teto, e algo para comer. Poderíamos nos valer dos mesmos utensílios para enfrentar nossas atuais premências? É o que pensam os atuais governantes, e o que desejam seus melhores "investidores de campanha", todos localizados nas caixa-forte:
O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, afirmou neste sábado em São Paulo, durante encontro do G20 financeiro, que a expansão de gastos do setor público deve ser pensada como instrumento para minimizar os impactos da crise econômica global e incentivar o crescimento da economia.
Entre os encantados, ora se incluem, até mesmo, os outrora criativos ingleses:
Segundo analistas citados pela BBC... as medidas de 'corte keynesiano' para dinamizar a economia, obrigará o Governo a elevar o endividamento público a níveis recorde de 100 bilhões de libras, carga adicional para futuras gerações.
UOL, 24/11/2008
Convém lembrar-lhes:
A desordem monetária produzida pelas intrépidas teses keynesianas, teve como conseqüências a inflação, a desorganização institucional, a diminuição real do lucro e, por conseguinte, o empobrecimento dos assalariados. O investimento social, concebido como uma partilha autoritária da riqueza no nível microeconômico ou como programa estatal financiado com emissões monetárias, só provoca a depressão social. Neste caso, a raposa no galinheiro não é o empresário, mas o Estado, que depena as galinhas sem misericórdia.
MENDONZA, MONTANER e LLOSA : 128
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O emprego é o que menos deve importar, quase tanto quanto a obssessão pelo crédito. Se não houver lastro para tanto, tudo despencará, na primeira brisa, como castelos de cartas, ou na primeira onda, se fincados na areia. Não obstante, a disponibilidade de crédito no Brasil nunca sofreu restrições; basta o incauto se dispor à quitação triplicada. Na Rússia todos eram empregados, e crédito não lhes faltava; contudo, a queda do muro desnudou o pauperismo daquele outrora pujante império. É o trabalho, não o emprego; é o cultivo, não a terra; é a energia produzida pela matéria, e não a matéria per se; é a produção, não a simples emissão monetária que propiciam o capital. É da geração da riqueza, e não do mero salário ou consumo, que todos dependem. Isso é tarefa da Nação, não de governos. Não é da conta do Estado estipular onde se deve investir tempo e dinheiro, muito menos lhe assiste a menor razão para se locupletar do setor produtivo, através de crescentes impostos, especialmente sobre a renda, portanto penalizando a quem produz, para depois oferecer linhas de crédito aos desvalidos. O quadro brasileiro é surreal:
Em 1900, a carga tributária era de 10,6%. Atualmente, é uma das mais altas do mundo e passa dos 34%. Caminhando junto com o aumento da carga dos impostos, os gastos públicos e sociais, em especial, cresceram continuamente ao longo desse período.
PATU, Gustavo, A escalada da carga tributária. - São Paulo: Publifolha, 2008
Tudo isso equivale a ligar o ar-condicionado a pleno, para quando a vítima contrair pneumonia, oferecer o cobertor:
O sucesso e a popularidade dos sindicatos deveu-se à sua capacidade para assumir como vitórias suas aquilo que decorreria naturalmente do crescimento económico. A farsa foi alimentada tanto por sindicalistas como por políticos. Os sindicalistas porque, tendo sido os maiores beneficiários do movimento sindical, nunca tiveram incentivos para reconhecer a farsa. Os políticos porque, tendo reconhecido a farsa, se limitaram a inventar mecanismos para a contornar. A popularidade do keynesianismo após a segunda guerra mundial deve-se em parte à necessidade de minimizar os efeitos desta farsa.
MIRANDA, João, www.causaliberal.net/documentosJM/sindicatos.htm
As políticas mundiais de crescimento induzido pelo Estado tiveram exatamente o efeito oposto do que pretendiam: tinham aumentado, e não reduzido, o custo da produção de bens e serviços e tinham abaixado, e não aumentado, a capacidade das economias de conseguirem uma produção vendável.
SKIDELSKI: 140
Se insistirem na manivela, os senhores quedarão na portela:
"As idéias de Keynes são as que menos podem ajudar, elas que levaram ao beco sem saída atual." ( www.nivaldocordeiro.net)
Londres, 24 nov (EFE) - O prefeito Boris Johnson lançou hoje um ataque sem precedentes ao primeiro-ministro britânico, Gordon Brown. Comparou-lhe a um bêbado jogando com a economia do Reino Unido, como 'uma velha viúva louca por xerez que perdeu na roleta toda a fortuna da família e decide dobrar a aposta, incluindo até a casa'.
Daily Telegraph.
"O líder do Partido Conservador David Cameron, advertiu que o plano é uma 'bomba fiscal de efeito retardado'." (UOL, 24/11/2008)
A moderna ciência condena, de plano, a pretensão da inferência:
A teoria do caos não só fornece uma explicação para as flutuações de uma economia de mercado, mas também demonstra que o Estado não tem o conhecimento necessário para adotar as medidas anticíclicas corretas. Na medida em que é extremamente baixa a probabilidade de se alcançar um estado final desejado em um mundo caótico, é difícil enxergar como o governo poderia especificar uma política para atingir esse objetivo, a não ser por acaso.
ROSSER, J.B. Jr., Chaos Theory and New Keynesian Economics, The Manchester School, Vol. 58, n. 3: 265-291, 1990; cit. PARKER & STACEY: 95
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Complemente:
A introdução de Keynes no Brasil
O desenvolvimento de Keynes no Brasil
A renovação do infortúnio

Ao contraste:

Sobre a Moderna Economia
A Economia através de Fractais*
Economia Quântica
Da Escola Austríaca de Economia
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