quarta-feira, 4 de março de 2009

Candidatos nada cândidos

Partido político não é seminário. Aqui dentro [no Congresso] não há seminaristas.
Sen a dor Walter Pereira, PMDB-MS, 3/3/2009
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Nenhuma gota d'água passa pelo esgoto sem se tornar poluída.
Deputado Federal Roberto Jefferson (PTB)

Há fraudes de todos os tipos.
Edgard Camargo Rodrigues, novo presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE/SP) Estadão, 22/2/2009
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que o partido olha para a sucessão presidencial de 2010 com visão de negócios. Para ele, a legenda vai optar por quem 'pagar mais' em troca do apoio, seja Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB). O PMDB fez de tudo para agradar o Fernando Henrique e conseguiu ‘carguinhos’. Agora faz a mesma coisa com Lula.
blog do Josias.

Teimei em morar de frente para o mar. Difícil encontrar apartamento. Tudo caro demais. Comicamente, os melhores que visitei pertenciam a gente ligada à política. O primeiro era de Antonio Carlos Magalhães. O segundo era da filha de Tancredo Neves, mãe de Aécio. Perdi este último para uma herdeira de Getúlio Vargas, ex-mulher de Moreira Franco. Estou pensando em lançar minha candidatura a governador de Roraima.
MAINARDI, Diogo
Gravações divulgadas inicialmente pela revista Veja, e depois integralmente pela Folha, após a privatização do Sistema Telebrás, vendido por R$ 22,058 bilhões, revelaram que, com o conhecimento do então presidente Fernando Henrique Cardoso, Mendonça de Barros, Lara Resende, Pio Borges, além de Jair Bilachi (ex-presidente da Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil) e Pérsio Arida (ex-sócio do Opportunity) se articularam para tentar garantir que o Opportunity, que comandava a Telemar, disputasse a compra da Tele Norte Leste. Depois de dez anos arquivado, o processo se encerrou com simples absolvição.
Folha, 13/3/2009

O jornal espanhol El País comenta em 3/3/2009 que no Brasil a corrupção tem características especiais. Está 'incrustada' nos Três Poderes e pelo País afora, 'onde existe maior impunidade' em relação à criminalidade. 'Há mais de 10 anos que não é condenado ou preso um só político', diz o jornal.
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Na véspera de assumir a cadeira de presidente do STF, o ministro Gilmar Mendes julgou um processo que repousava sobre sua mesa havia mais de dois anos. A causa envolvia duas ações judiciais contra ex-ministros do governo FHC. Entre eles José Serra (Planejamento e Saúde), Pedro Malan (Fazenda) e Pedro Parente (Casa Civil). Gilmar Mendes, ele próprio um ex-ministro da gestão tucana (Advocacia-Geral da União), mandou ao arquivo o par de ações que pesavam sobre os ombros dos ex-colegas de governo. Escorou-se num precedente aberto noutra sentença do Supremo. Sentença da lavra de Nelson Jobim, outro ex-ministro de FHC (Justiça), que passou pelo STF antes de assumir, sob Lula, o ministério da Defesa.
http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/, 29/04/2008
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Líder do PMDB/AL no Senado, Renan Calheiros garante a eleição do senador Fernando Collor (PTB-AL, ex-presidente da República que sofreu processo de impeachment em 1992), na presidência da comissão de Infraestrutura da Casa.
Do mensalão todo dia há notícia; mas é só isso, notícia:
Entre os 11 presidentes de comissões do Congresso sob investigação está o tucano Eduardo Azeredo (MG), enunciado pela Procuradoria Geral da República por envolvimento no mensalão mineiro - esquema de desvio de verba ocorrido no período em que ele tentava se reeleger ao governo de Minas, em 1998. Ele preside a Com. de Relações Exteriores do Senado.
Certo de que Palocci não será responsabilizado no Supremo Tribunal Federal (STF) pela violação direta do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, Lula já discute com aliados a candidatura do deputado ao governo paulista.
Estadão, 7/3/2009

Na lista dos dez maiores fundos de pensão de estatais brasileiras, seis estão sob comando do PT e a maioria deles ainda é dirigida por apadrinhados dos ex-ministros petistas José Dirceu e Luiz Gushiken, que deixaram o governo há quase quatro anos, em meio ao escândalo do mensalão. Isto significa que, na prática, o PT administra um patrimônio de R$ 226,7 bilhões em recursos previdenciários de trabalhadores e contribuições de grandes empresas estatais, como o Banco do Brasil e a Petrobrás. É o tamanho desse cofre que desperta a cobiça dos partidos, principalmente do PMDB e do PT, as maiores legendas da base parlamentar do governo.
Estamos envoltos num dilúvio criminal. Rouba-se à vontade: carros, senhoras, bolsas, contas de banco, tudo.
Silas Câmara (PSC-AM), presidente da Comissão da Amazônia. Depois de ter sido acusado por ex-funcionários de gabinete de embolsar parte de seus salários, ele é suspeito agora de falsificar a certidão de nascimento da filha adotiva para inscrevê-la no plano de saúde de funcionários da Casa.

Com aproximadamente 48 mil mortes por ano, o Brasil é um dos países que detém uma das maiores taxas de homicídios no mundo, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira pelo relator especial do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas sobre Execuções Arbitrárias, Sumárias ou Extrajudiciais, Philip Alston.
Folha de São Paulo, 15/9/2008

A sensação que tenho é de que a violência vai crescendo como uma doença letal, uma verdadeira epidemia, que vai contaminando todos, aos poucos. As notícias de crime chegam diariamente, sem dó nem piedade. E, se a gente descuida, vira tudo número, estatística.
BARROS, Jorge Antônio, em 4/3/2009
http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/reporterdecrime/#165335

Lamentavelmente estamos submetidos a uma plêiade da pior qualidade:
Já critiquei a degradação pública à qual está submetido o sistema político brasileiro, alertando para a desqualificação moral dos partidos políticos. A verdade é sempre inconveniente para quem vive da mentira, da farsa e é beneficiário dessa realidade perversa, um quadro aterrador que até agora vinha sendo encoberto pelos bons resultados da economia. O exercício da politica não comporta espectadores. Quem não faz politica verá outros fazê-la em seu lugar, para o bem ou para o mal. A população que paga seus impostos não compreende o porquê da disputa ferrenha entre grupos partidários, sempre envolvendo empresas de orçamentos bilionários. O exercício da política não pode ser transformado em um balcão de negócios. O que se vê hoje no nosso país é um sentimento de descrença, com a impunidade corroendo as bases da democracia. o exercício da política não pode ser transformado em um balcão de negócios. O Parlamento não pode continuar sendo um mero atravessador de verbas públicas, com emendas liberadas às vésperas das votações que interessam ao governo. As distorções começam na elaboração do Orçamento, permanecem na sua aprovação e atingem o auge na hora da liberação dos recursos e quando o dinheiro, que deveria ir para obras prioritárias nos municípios, escorre pelos esgotos da corrupção e dos desvios, muitas vezes com a participação dos ordenadores de despesas do Poder Executivo, indicados pelos partidos políticos.
Senador Jarbas Vasconcelos, em pronunciamento de 3/3/2009

Há, portanto, uma saturação de escândalos, denúncias, desmandos de toda ordem que sacode a letargia e tenta articular a contraofensiva. Partidos são importantes por definição. Mas a hora é tão crítica que a reação não deve se perder em discussões menores, deve transcender as disputas partidárias e realmente focar na instituição, símbolo da democracia. Até porque, meus caros governadores, senadores e deputados, o povão não está olhando siglas, está olhando intenções e ações. Aliás, foi justamente por isso que não citei aqui nenhum partido dos citados. Ou a reação é suprapartidária, ou não vai a lugar nenhum.
CANTANHÊDE, Eliane, Almas penadas, Folha de São Paulo, 4/3/2009
Tudo anda próximo
Adversários & eleições presidenciais.

O cantor e compositor Caetano Veloso classificou o presidente como "golpista",
somente exitoso porque tem adversário burro.
'Como é que o presidente da República fala que tem que extirpar um partido? Não pode. O povo brasileiro não pode ouvir isso e não reclamar. E se a imprensa reclamar, vem um idiota dizer que a imprensa é golpista. Golpista é dizer que precisa destruir um partido político que existe legalmente.
Caetano chamou o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, de 'idiota' e 'burro' por ter tentando associar sua campanha à imagem do presidente no programa eleitoral. 'Serra é um idiota que apareceu com Lula, querendo dizer que está do lado, que é igual a Lula. É burro', disse.
Folha, 20/9/2010
Mas a declaração de LULA para extinguir o DEM para mim procede. Não somente este partido meio camaleão, ou prêt-a porter, que exige troca de indumentária a cada eleição, mas também todos os outros, em especial os de cunho estrangeiro, porque obcecados por uma causa cujas consequências foram vistas ao se abrir a Cortina de Ferro. Aliás, ninguém melhor do que os soviéticos e cubanos para controlar a imprensa. Igualmente seria conveniente a liquidação do parceiro de show, seu sparring PSDB, um social envergonhado, enrustido pelo qual nunca se sabe o que afinal lhe traz a cena:
LONDRES - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, admitiu em entrevista ao britânico Financial Times: a candidata do PT à Presidência da República deverá ser consagrada nas eleições do mes vindouro.
Que razão assiste a pitonisa? E se sua legenda periclita, o que busca na Abbey Road? Outro táxi?
Mas e o que dizer do sofrível Verde, alocado more comércio à venda de produtos e cremes de limpeza? Até que a senhora que lhe representa parece bem conservada, mas convenhamos!
A questão é a seguinte, radical: partidos não são dispensáveis por inoperantes, mas por prejudiciais, nefastos a qualquer democracia. Eis A razão da corrupção. Aqui, e alhures.
“Weber podia concordar com os transcedentalistas que a política é pura 'astúcia', o Estado, um 'embuste', e a democracia, o 'teatro dos demagogos'." (Cit. DIGGINS: 115)
Seria possível resolver tamanho impasse? De que modo?
É minha esperança que, graças à ciência e ao aperfeiçoamento das comunicações, possamos construir um mundo que apresente menos iniquidades, menos violência implícita, e, ao mesmo tempo, preservar os benefícios das civilização.
PRIGOGINE, Ilya, A ciência numa era de transição


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