quinta-feira, 26 de março de 2009

O preço pago por Einstein à psiquiatria

A medicina cria pessoas doentes,
a matemática pessoas tristes,
e a teologia, pecadores. Lutero.

O resultado de tão apurada cultura  pode ser apreciado em qualquer esquina:
A estimativa é de que atualmente haja 35,6 milhões de pessoas vivendo com demência no mundo. Este número deve subir para 65,7 milhões até 2030 e 115,4 milhões até 2050 BBC-Brasil, 21/9/2010
Albert Einstein teve o primeiro casamento bastante conturbado, mas os prejuízos afetivos e emocionais sobre seus filhos foram ainda de maior monta, incalculáveis, agravados pelo cruel encaminhamento dado ao afetuoso EDUARD EINSTEIN
A PSICOLOGIA e sua filha enriquecida encantam vocacionados, doutos e incautos. Não foram e ainda não são poucos os que acreditam nas coincidências articuladas.  O caminho é da floresta, especial ao Lobo Mau.  
O complexo de Édipo é mais do que saber falsificado... Sua difusão atual, depois de comprovado como embuste, deve ser encarada não só academicamente como mais uma fraude científica, mas também enfrentada judicialmente como propaganda enganosa. Jacob Bettoni¹
O  mais impressionante é uma coincidência, na melhor hipótese, catalizar um segmento científico inteiro, e por fim a profissão, permanecendo incólume, indiscutível, já por quase século. A técnica prima por dialética, método sofístico que conduz ao labirinto, para o gáudio exclusivo do mentor. Ela funciona por metafísica substitutiva da religiosa, esta desmoralizada primeiro por Galileu, confirmada por Darwin. "A instituição foi construída por seus 'sacerdotes' num esquema próximo ao da religião cristã, com seus patriarcas trabalhando diligentemente para esconder o que poderia vir a macular o mito." (ONFRAY, Michel, Le Crepuscule d'une Idole - L'Affabulation Freudienne - O Crepúsculo de um Ídolo - A Fabulação Freudiana)   
EINSTEIN possuia todos os ingredientes para ser iludido pela formulaçáo freudiana: cientista inovador, matemático, e tradição judaico-cristã, Diante da confusão mental apresentada pelo filho mais parecido com a mãe, o excepcional cientista consentiu que ele fosse internado, a rigor liquidado na cruel arapuca. Octávio de Faria (8) identifica nefasto encadeamento:

De Rousseau a Freud, o homem rolou todos os abismos e, rolando, incapaz de se reter, convencido aos poucos de toda sua negrura interior, perverteu todos os caminhos, comprometeu todos seus atos, justificou todas as acusações futuras e passadas.
Eduard, junto à mãe, Mileva Maric e ao irmão, Hans Albert


BACHELARD, G. ( cit. QUILLET, P. : 61) detona:
O superego é um juiz malévolo, como seu inconsciente é um carcereiro obtuso: velando sempre tão zelosamente sobre seu segredo, ele acaba por designar o local onde se esconde. Sob o pretexto de liberar os complexos, as pessoas se enredam cada vez mais nos assuntos sociais, familiares. 
Rodriguè (4) destaca várias anomalias nas relações de  Freud com as mulheres e com seus familiares, (5) comprovando a dubiedade do caráter. A propalada virgindade sexual durante toda  adolescência é um dos pontos colocados em xeque. Dificilmente um homem bonito, enxuto, elegante, saudável, forte, olhos negros brilhantes, tudo mmisturado com cocaína e o interesse pelo nato sexual permaneceria virgem até os 30 anos, idade em que se casou. (4) 
Freud pinta o quadro negro, não o escolar, mas por certo de sua alma, e com ele tudo se justifica: “Nós seres humanos somos infelizes. Nossos corpos adoecem e decaem, a natureza exterior nos ameaça com a destruição, nossas relações com os outros são fonte de infelicidade.” (6)  
A necessidade do conflito
O sufixo que compõe a esquizofrenia vem de skhízein, do grego, para variar - σχιζοφρενία; σχίζειν, "dividir", e φρήν, "mente". A política, a religião, a psiquiatria, a antropologia darwineana e o marxismo, por essencialmente platônicos, dialéticos, necessitam de antagonismos. Todos dependem da discórdia, para oferecerem seus remédios.
A psicologia freudiana é basicamente uma psicologia de conflito. Em sua luta existencial, Freud foi indubitavelmente influenciado por Darwin e os darwinistas sociais, mas para a dinâmica detalhada de 'colisões' psicológicas ele recorreu a Newton. No sistema freudiano, todos os mecanismos da mente são impulsionados por forças semelhantes as do modelo da mecânica clássica. CAPRA, F., O Ponto de Mutação: 173
Nietzsche, Marx e Engels, o último em A Sagrada Família (9), também já haviam condenado a religião, reputando-a responsável pelo status quo da classe oprimida, por infundir à resignação no aceno de compensações futuras para a vida supraterrena. Durante a década de 1920, quando o mundo experimentava o grande impacto do materialismo e sua prática avassaladora, as fortes palavras de Freud contra a base religiosa fortaleceram o estandarte socialista revolucionário: “Além disso, a análise marxista e freudiana se juntaram para minar, cada um à sua maneira, o sentimento de responsabilidade pessoal e de dever para com o código da verdadeira moral, que era o centro da civilização européia do século XIX.” (10) Assim, na Rússia, qualquer recalcitrante político poderia ser tomado como esquizofrênico e enviado, nas poltronas da KGB, rumo à longa temporada de hibernação na “acolhedora” Sibéria. Com a ajuda de Marx, Lênin, Darwin e Nietzsche, Freud dinamitou convicções espirituais: “As religiões devem ser classificadas como delírios de massa. É necessário dizer que quem partilha de um delírio jamais o reconhece como tal.” (11) A hospitalização compulsória por inventadas doenças mentais foi utilizada para dissimular ou alternar a força da repressão política em ambas tiranias. A indignação dos familiares no pós-guerra com relação às crueldades inflingidas em hospitais militares, especialmente na divisão psiquiátrica do Hospital Geral de Viena, levou o governo austríaco a criar em 1920 uma comissão de inquérito que acabou por convocar Freud. A controvérsia resultante, embora inconcludente, deu a Freud a publicidade internacional que lhe faltava. Comparemos:
As descobertas da teoria quântica em 1900 e da teoria da relatividade restrita em 1905 tem em comum o fato de nenhuma delas ter sido celebrada com declarações à imprensa, dança nas ruas ou proclamações imediatas sobre o despertar de uma nova era. (12)
Crew não o poupa: “Somente Freud, tão obstinado, versátil e cínico quanto ambicioso, poderia transformar o fracasso em sucesso autopromocional numa escala tão grandiosa.” (13) Forte conceito emitiu o Prêmio Nobel de Medicina (1980) Sir Peter Medawar³: “A psicanálise é aparentada com o mesmerismo e a frenologia: contém núcleos isolados de verdade, mas é falsa na teoria geral. É o mais estupendo embuste intelectual do século XX”. Foucault comenta:
A grande família indefinida e confusa dos 'anormais', cujo medo obcecou o final do século XIX, não marca apenas uma fase de incerteza ou um episódio pouco feliz na história da psicopatologia; ela se formou em correlação com um conjunto de instituições de controle, com uma série de mecanismos de vigilância e de distribuição; e, ao ter sido quase inteiramente recoberta pela categoria de 'degenerência' deu lugar a elaborações teóricas irrisórias, porém a efeitos duramente reais. (14)
TV Cultura | Roda Viva | Elisabeth Roudinesco | Historiadora da psicanálise
O preço pago por Einstein
O casamento com Mileva se desfez de modo doloroso, e diante de peculiar incidência: a nacionalidade sérvia da consorte. Na ocasião as questões raciais produzidas pela Alemanha já se encaminhavam ao mais infeliz desfecho. Em 1916 Einstein solicitou o divórcio. Mileva entrou em profunda depressão, e foi hospitalizada. Sua irmã Zorka veio imediatamente para socorrer os filhos do casal, mas desafortunadamente também se deixou leva ao colapso, fato que determinou sua internação por dois anos em clínicas suíças. Todavia, como sói acontecer, a patologia se foi agravando, fato que lhe acompanhou até a morada final. Mileva sofreia uma seqüência de irreparáveis perdas: a mãe, a própria irmã, e  o filho Eduard (1910-1965), internado a alto custo. Mileva desabou, e faleceu.
Apesar de não acreditar na psicanálise, e muito menos no sistema dialético-newtoniano, Albert Einstein foi tragado pelo "embuste". Custou-lhe o mais alto preço. O sofrido Eduard teve a vida desperdiçada no interior dos tenebrosos sanatórios..
A coincidência 
Eu carreguei esses meninos no colo inúmeras vezes, dia e noite, leveio-os para passear de carrinho, brinquei com eles, e me diverti ao seu lado. Eles costumavam gritar de alegria quando eu chegava; o menor grita até hoje, pois é muito pequeno para entender a situação. agora, eles partirão para sempre, e a imagem do pai fica prejudicada.  EINSTEIN, ALBERT, cit. ISAACSON, WALTER, : 202 
O filho muda a vida do casal, mas pouco desta mudança emocional pode ser estipulado, ou previsto. O que era a vie-en-rose passa por vários matizes: a famosa depressão pós-parto, ansiedade pelo cuidado com o novo ente querido, a responsabilidade pelo sustento, a divisão das atenções, enfim, não há quem não passe por momentos de atribulações, completamente imprevisíveis. Os instantes nevrálgicos se sobrepõem às esperanças, e o sexo frágil se torna ainda mais fragilizado. Junto com as festas pelo rebento se sobressaem apreensões e com elas inéditos pensamentos. No caso em tela, o objeto de conquista avista-se no próprio filho. A luta pela "propriedade" gera a cisão, incita à esquizofrenia no pequenino. Quando grávida, a mãe tem no novo ente como bem exclusivo, mas ao nascer outros se aproximam com idênticos direitos. Entre esses, o pai se mostra a primeira e sempre maior ameaça, naturalmente. EINSTEIN pagou caro pelas intrigas da esposa, MILEVA MARIC. Assim se manifestou HANS ALBERT, (cit. ISAACSON, W.: 225) o filho mais velho: "Se você continuar sendo duro com ela, não quero mais ir com você." O Grande Relativo (idem: 226) pode bem identificar a fonte da discórdia : "Meu querido menino tem sido afastado de mim há anos por minha mulher, que tem uma vocação vingativa... A causa foi o medo da mãe de que os pequenos se tornassem dependentes demais de mim." O resultado da insanidade foi o filho EDUARD internado no hospital psiquiátrico, de onde nunca mais saiu. Deixou a vida precocemente, recluso pelas lúgubres paredes como esquizofrênico. Hoje se conhece por vários depoimentos, a precária condição mental da própria mãe, constantemente depressiva. Arrisco, pois: o complexo nada mais é do que reflexo de disputa desenfreada pelo poder, a rigor mais evidente nos adultos, precisamente pelo receio das mães em perder o "que lhes pertence", e muito menos no lúdico infantil. 

Eduard, no prazer que lhe restou 
Hans Albert atribuía o agravamento do distúrbio mental ao próprio tratamento de choque imposto no hospital psiquiátrico de Zurique ao irmão para tirá-lo do quadro depressivo causado  por uma paixão não correspondida três anos antes do internato. (15)
Eduard tinha sido excelente aluno. Sobressaía-se particularmente devido aos seus dons intelectuais e artísticos, notadamente por seus talentos musicais. O diagnóstico lhe condenou a cruel farmacologia. O rosto inchado, a fala vagarosa, o andar cambaleante, lhe impediram qualquer tentativa de visto americano. Mergulhada no desespero, a mãe também lhe preferia internado. Evelyn Einstein (na foto), inquieta filha adotada por Hans Albert, foi visitá-lo. Ficou chocada:
Ele tinha uma cela particular, um quartinho sem janela no porão. A porta dava para um corredor. Tinha mobília e luz elétrica, mas era escuro e úmido. No entanto, ele estava acostumado. Acostumava-se com tudo. Era um ser humano institucionalizado quando o conheci. Não poderia viver do lado de fora. Acho que quanto menos informado mais fácil era controlá-lo. Ele me contou que trabalhava no jardim, mas não gostava. Disse que era muito importante, porque quando os russos invadissem a Suíça, matariam todos os que não trabalhassem. Eu perguntei porque ele dizia isso e ele explicou que o [pessoal do] hospital tinha lhe contado para convencê-lo a trabalhar no jardim.

Não, Evelin. Não era propriamente sua vontade que se adequava, e sim a enorme carga de psicotrópicos que lhe fazia se prostrar. Ficava à mercê, sem reação, como tantos e tantos desse modo tirano encerrados nessas espeluncas. Disseram a Evelyn que Eduard ouvia vozes imaginárias e ficava violento, mas nada disso aconteceu em sua presença.” (16)
A enormidade teórica
Devemos, então, considerar Freud um libertador de traumas, ou um rasteiro opressor?
Quando Sir Arthur Stanley Eddington comprovou a teoria de Einstein, o Dr. Sigmund já estava com seus avançados 50 anos. The Interpretation of Dreams tinha sido publicada cinco anos antes. Embora Freud também não tivesse tomado conhecimento da obra de Einstein, o Grande Relativo pode conhecer o lastro da obssessão. Em 1928 Einstein recusou-se por duas vezes a co-assinar a indicação de Freud para um prêmio Nobel em psicologia ou medicina. Em 1949 ele escreveu o seguinte sobre Freud a um conhecido: “O velho tinha uma visão aguçada; nenhuma ilusão o ajudava a dormir, exceto uma fé muitas vezes exagerada nas suas próprias idéias. (17)
Em 1932, Marie Bonaparte enviou uma carta a Freud, preocupada com as sensacionais descobertas da Física Quântica, completamente desconsideradas pelo ensimesmado: "Fiquei conhecendo aqui (Copenhagen) Niels Bohr que, como o senhor deve saber, é um dos mais proeminentes físicos de nosso tempo. Contudo, não posso aceitar um dos pontos de suas teorias sobre o 'livre arbítrio' do átomo. O átomo deve, agora, ser excluído do determinismo. (18) Ao que respondeu Freud: “O que a senhora me diz sobre os físicos modernos é realmente notável. É aqui onde a cosmovisão de nossos dias efetivamente está se realizando. Cabe-nos apenas esperar para ver.” (19) O que lhe esperava só poderia lhe desmontar. Bohr disse ainda mais:
Além disso, o problema do livre-arbítrio, muito pertinente na filosofia das religiões, recebeu nova fundamentação, através do reconhecimento, na psicologia moderna, da frustração das tentativas de olhar a experiência, no que diz respeito a nossa consciência, como uma cadeia causal de acontecimentos, tal como originalmente sugerido pela concepção mecanicista da natureza. (20)
Em 32 as certezas da Física Quântica e da Teoria da Relatividade já haviam alcançado unanimidade. Não se tinha mais nada a esperar; havia, isto sim, muito a reformular.
O pedaço de matéria nada mais é senão uma série de eventos que obedece a certas leis. A concepção de matéria surgiu em uma época em que os filósofos não tinham dúvidas sobre a validade da concepção 'substância'. A matéria era a substância no espaço e no tempo; a mente, a substância que estava só no tempo. A noção de substância tornou-se mais vaga na metafísica no decorrer dos anos, porém sobreviveu na física porque era inóqua - até a relatividade ser inventada. Um pedaço de matéria, que tomávamos como uma entidade persistente única, é na verdade uma cadeia de entidades, como os objetos aparentemente contínuos em um filme. E não há razão pela qual não possamos dizer o mesmo quanto à mente: o ego persistente parece tão fictício quanto o átomo permanente. Ambos são apenas uma cadeia de eventos que têm certas relações interessantes uns com os outros. A física moderna nos permite dar corpo à sugestão de Mach e de James de que a 'essência' do mundo mental e do mundo físico é a mesma. RUSSELL, Bertrand ,  Ensaios céticos: 74
Reformulações
Alfred Adler  veio com a psicologia individual, tentativa relativista que rejeitava a exclusividade sexual da disciplina. Seguiram-no Reich, Rank, até Erich Fromm. Irving Gottesman, da Universidade de Virgínia, após estudar o comportamento de gêmeos, também dispensou a bitola dialético-freudiana: “Já não há mais fronteira distinta entre doenças somáticas e psíquicas, neurológicas e psiquiátricas.” (21)
O prof. Esper Carvalho, do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Escola Paulista de Medicina lembra que importantes descobertas também sugerem uma base biológica para os distúrbios psíquicos, entre eles o alargamento dos ventrículos cerebrais, produção e armazenamento de líquido cefalorraqueano e a diminuição do fluxo sangüíneo da região frontal do cérebro. (22) Explica-nos Danah Zohar:
Os campos elétricos entre as membranas de células nervosas estão em constante mudança por causa das flutuações da quantidade de energia bombeada para o sistema. Tais flutuações são devidas a alterações químicas no sangue, como maior ou menor taxa de açúcar, ou a estimulação externa. Por isso, a força da consciência também sofreria variação, com maior ou menor número de moléculas (de gordura ou de proteína) entrando e saindo da fase condensada. (23)
Atualmente os pesquisadores da mente trabalham considerando a maior quantidade possível de fatores virtualmente incidentais, desde genes de agressividade até a sutil química esquizofrênica. Eles anunciam, por exemplo, a descoberta de um gene no braço superior do cromossomo 6, associando-o à esquizofrenia. David Curtis, um dos responsáveis por estas pesquisas, confessa: “A psiquiatria ainda está nas trevas. Não temos idéia sobre a base bioquímica das alterações que ocorrem ao longo do desenvolvimento da doença e o ângulo genético pode oferecer novas formas de entender as causas.” (24)

Canto-do-cisne
As idéias de Freud, que dominaram a história da psiquiatria pelos últimos 50 anos, estão agora desaparecendo como as últimas neves de inverno.  
SHORTER,  E., cit. CREWS, Frederick, O gênio da retórica. - Folha de São Paulo, cad. Mais, 22/10/2000
O Brasil, extenso leito freudiano, também desenvolve novas pesquisas, sendo a Teoria dos Campos, por onde se deslocam os pensamentos em redes e rupturas regenerativas, as preocupações mais bem sucedidas e mais completas, até por envolver, no dizer de seu dedicado autor, o psicanalista paulista Fábio Herrmann, "questões culturais e sentimentos que em geral escapam à teoria analítica, como saudades, teimosia e bondade." (26)
Talvez possamos afirmar que o conceituado professor seja dos pioneiros em adotar a metodologia da física quântica e da relatividade a identificar as evoluções dos neurônios. Ao início de novo ciclo, pois, desaparecem resistências. O método ortodoxo-psicanalítico é visto como “um grande embuste no qual somente ingênuos ou fanáticos praticam, por respeito religioso ao seu fundador, ou por interesses materiais pouco dignos. (27)
Incautos que se submetem aos procedimentos freudianos, tão caros e tão aleatórios, são cada vez mais raros, “propostos por um número cada vez menor de profissionais tapeadores, até que... xeque-mate, Dr. Freud!” (28)
Como relembra Renato Mezan, usando as palavras famosas, “não se pode enganar todo mundo todo o tempo.” (29)
Ao cabo, o próprio Einstein se quedou convencido: "Por estas razões, devemos ter a precaução de não superestimar a ciência e os métodos científicos quando há problemas humanos em causa." EINSTEIN, Albert, Escritos da maturidade: artigos sobre ciência, educação, relações sociais, racismo, ciências sociais e religião: 130)
Tarde demais:
A cabeça, afinal, faz parte do corpo, que por sua vez é ligado no todo universal; por isto, ela, como o átomo, é capaz de sofrer e produzir uma incomensurável variedade de influências, sem delimitações de externidade ou internidade, na eternidade do EspaçoTempo. Somos esotéricos, sim, mas também exotéricos. Mister, pois, transcender da simples análise dialético-baconiana para uma apreciação mais abrangente, também de certo aspecto sintética, mas que tenha por método preservar a complementariedade essencial que liga causas, seres, objetos e efeitos. Extremos, como muito bem diz Haridas Chaudhuri, devem ser vistos como 'polaridades inseparáveis, mutuamente necessárias e mutuamente definidas'. (31) "Num salto qualitativo de apreensão da realidade, a holística mostra o caminho para o novo homem em equilíbrio, em harmonia com suas capacidades desenvolvidas de compreensão e de poder e com a sua contrapartida de ordem temperamental afetiva e moral - homo concours." (30)
Muito significativos foram os prêmios Goethe e Nobel de Literatura abiscoitados pelo Dr. Sigmund, por certo mercê de suas excepcionais qualidades imaginativas, exatamente de acordo com a primaz assertiva de Einstein. A plêiade de notáveis soube valorizar o caráter literário dos seus slogans e neologismos.
Embora ainda subsista algum apreço a tão fantasiosa composição, principalmente pelos profissionais que daí tiram seu pão, a internacional revista Time, em 1993, já radicalizava. Os americanos questionavam, diretamente,  sucumbência do ídolo, na manchete de capa: “Is Freud Dead?” (32) Provavelmente nas universidades americanas, pelo menos, deve se estudar  a mórbida coincidência pontual elevada à ciência como curiosidade.
“Ao contrário dos trabalhos de Einstein, no entanto, que ganham consistência com o tempo, as perspectivas da psicanálise não parecem tão evidentes. No seu centenário, a psicanálise divisa seu próprio fim?” (CAPOZOLI, U., Cem anos no divã do doutor Sigmund Freud, O Estado de São Paulo, 29/10/1995)
Hegel, Platão, Hobbes, Descartes, Rousseau, Darwin, Bentham, Mill, Comte, Sorel, Marx e Freud abordaram a ciência por ângulos de aproximação e desenvolvimento invertidos: quanto mais acreditavam em suas verdades, mais longe delas ficaram. Foram à “Marte", por não amar-te, acompanhados de milhões que ainda embarcam, por ingenuidade, imitação, interesse, mas geralmente desinteresse, justificativa, desespero ou comodidade, nesta nave onírica de perfídia sideral.
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Notas
1. Freud explica? - Kronika, Porto Alegre, edição 24: 4.
2. Lacerda, Carlos, Em Vez: 63.
3. Medawar, Peter B., The Hope of Progress, London, 1972, cit. Johnson, Paul: 4. Também em Crews, Frederick, O gênio da retórica. - Folha de São Paulo, 22/10/2000: 18. Crew ainda relata: “Peter Medawar ficou famoso ao condenar esse sistema como um estupendo conto-do-vigário intelectual."
4. Rodriguè, Emilio, entrevista para Lago Jr, A Tarde, Salvador, 14/10/1995: 2
5. Idem, ibidem.
6. Freud, Sigmund, O Mal-estar da Civilização, cit. Goleman, PhD Daniel, Inteligência Emocional - a Teoria Revolucionária Que Redefine O que é Ser Inteligente: 19.
8. Faria, Octávio, Machiavel e o Brasil: 186.
9. Marx, Karl, Engels, Friederich, A Sagrada Família, cit. Reale, Miguel, O Direito Como Experiência: 225.
10. Johnson, Paul: 9.
10. Freud, Sigmund, The Future of an Illusion, 1927: 28.
11. Johnson, Paul: 5.
12. Pais, Abraham: 31.
13. Crews, Frederick, O gênio da retórica, Folha de São Paulo, 22/10/2000: 21.
14. Foucault, Michel, Resumo dos Cursos do Collège de France (1970-1982): 61.
15. Brian, D.: 275
16. Idem: 433
17. Einstein, Albert; Freud, S., cits Pais, Abraham, Einstein viveu aqui: 223.
18. Bonaparte, Marie, cit. Rodriguè, Emilio, Somos bicéfalos. - A Tarde, p. 5, Salvador, 14/10/1995
19. Idem, ibidem.
20. Bohr, N., cit. Jammer, Max: 173.
21. Gottesman, Irving, Como a Neurologia vê os distúrbios mentais, Folha de São Paulo, 21/11/1993: 7.
22. Cavalheiro, Prof. Esper, Genética desmonta dualidade, Folha de São Paulo, 21/11/1995, caderno 6: 6.
23. Zohar, Danah e Marshall, I. N.:103.
24. Curtis, David. - Nature Genetics, cit. The New York Times e O Estado de São Paulo, 1/11/1995: A15.
26. Herrmann, Fábio, Folha de São Paulo, 29/9/2000.
27. Mezan, Renato, Cada disciplina com seu objeto. - Folha de São Paulo, 21/11/1993, caderno 6:
28. Idem, ibidem.
29. Idem, ibidem.
30. Faure, Edgar, (coord.) Aprender a ser, trabalho coletivo da Comissão Internacional para o Desenvolvimento da Educação da UNESCO, p. 40; cit. Araújo, Bohmila, A Voz da Harmonia. - A Tarde, Salvador, BA, 7 /10/ 1995.
31. Chaudhuri, Haridas, The Evolution of Integral Consciousness, 1977, Theosophical Publishing House, a Quest Book, Wheaton: 101; cit. Lemkow, Anna: 40
32. Time International, N. York, 29/11/1993.
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