Um homem vota em um partido e permanece infeliz; ele conclui que era o outro partido que traria o período de felicidade e prosperidade. No momento em que estivesse desencantado com todos os partidos, já seria um homem idoso, à beira da morte. Seus filhos teriam a mesma crença de sua juventude, e a oscilação contínua.Diante dos dramáticos rumos tomados pelas democracias, tornadas meras particracias, em especial a verde-amarela, despachamos a competente repórter Foca Liza para um encontro com o Presidente da 7 co. uma empresa voltada à realidade virtual.
RUSSELL, Bertrand, Ensaios céticos: 121.
Nem tudo que se enfrenta pode ser modificado, mas nada pode ser modificado até que seja enfrentado.
Albert Einstein
Como o sr. vê a democracia que se pratica?Nossa. É o fim de tudo?
Uma lástima; pero necessária.
Como assim?
Para haver uma nova estrela, mister um ocaso total. É o que assistimos: uma política de conchavos, de negócios espúrios. Não tem luz própria. Apenas imita bebês antepassados. A população padece por tanta goteira. O sistema se encaminha ao colapso. O terreno será limpo a nova edificação.
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Como ousa a veemência?
Há muito tempo Spengler anunciou o Declínio do Ocidente. A Era de Aquarius 1968 prenunciou. Desde então, é aquela aquela avalanche. Daniel Bell assegura O Fim da Ideologia; Capra, o Ponto de Mutação; Fukuyama já anunciou O Fim da História; e Peter Ward, O Fim da Evolução (São Paulo: Campus, 1997).
Em 1989 ruía o muro, e Toffler registrava a Powershift: a Mudança de Poder.
Emir Sade o procura (O Poder, Cadê o Poder? Ensaios para uma Nova Esquerda. São Paulo: Bontempo, 1997). Bill Gates (p.213) pode informá-lo:
"O poder não vem acumulado, mas compartilhado."
Ninguém mais o detém. Don Tapscott aprecia o câmbio como fruto da interação cultural em Paradigm Shift: the New Promise of Information Technology (N. York: Mc Graw Hill, 1993). Entendimento supranacional garante-me Maurice Bertrand, em La Fin de l´Ordre Militaire. Jacques Ion anuncia La Fin des Militants. É hora tirar as máscaras dos partidos, a maioria vendida aos consumidores como sociais.-
Em prol do ser humano. Durante milênios ele vem suportando todas metonímias. Agora chega. A humanidade está no século XXI, o da maioridade. Hawking sinalizou o terminal da Física, porém Einstein já acabara com ela. Pensei em decretar O Fim do Direito, e principalmente da Sociologia, mas de certo modo o ALLmirante já arrolou tudo isso há dois lustros, em O conto de Comte (RJ, Papel & Virtual, 2002). Ademais, Kelsen, que era positivista, se arrependeu, e foi o primeiro a assinalar que a justiça é apenas uma das muitas artificialidades criadas por Platão para encantar seus amantes espartanos. Um quarteto de obras empolgantes arrasam o ex-secretário do Tirano de Siracusa.
Sem justiça vai ser uma maravilha. Guerra de todos contra todos, na impunidade geral.
Nada disso. A ética precede e dispensa a justiça.
Ora, isso é que é utopia.
Negativo, de novo. A ética comanda as pequenas ações. As grandes não, porque esssas justamente são mal conduzidas. No entanto, no mundo globalizado, as minorias, os setores, a diversidade sobrepuja o determinismo, a pujança do poder armado.
Mas alguém precisa regulamentar. Pelo menos a Economia. Veja o que tem acontecido por falta de regulamentação. Pessoal quer a presença do Estado para salvá-la.
Regulamentação é o que mais existe. Séculos de pilhas. Ainda assim, não pode tudo abranger. Então, é a própria lei que enseja milhares de furos no casco pelos quais o emendado navio vai à pique. Se não infringi-la, não é ilegal, embora possa ser imoral, amoral, ou antiético. Não há mais tempo para firulas e metonímias. Ou o mundo se torna ético, solidário, ao natural, ou então todos padecem, como sói acontecer, inclusive com os que pensam que comandam. Lembre-se do fim dos mais notáveis comandantes - Cromwell, Napoleão, Mussolini, Hitler, Lenin, e nosso clonezinho. Quanto à Economia, propriamente, Paul Ormerod propunha direto, sua morte, exaurida por excesso de economês. Seu colega David Simpson apregoava o Fim da Macroeconomia louvando-se na escola austríaca precisamente em F. Hayek, que por sua vez propugnava tirar o monopólio do Estado da impressão e circulação monetária. (The Denationalisation of Money. - London : Institute of Economic Affairs, Hobart Paper no. 70, 3rd: 80, 1990). Eles identificaram justamente nos bancos centrais os núcleos de difusão da safadeza, e desse modo predisseram a estupenda crise, sem precisar se valer das elucubrações marxistas. Aliás, se E=Mc2, ou seja, se a matéria é apenas um estado da energia, o materialismo não tem, sequer, objeto!
Quack!
Pois é. Por isso a exaustão do antagonismo na relação de produção também é fartamente promulgada e anunciada. Disso se ocupa O Fim dos Empregos, de J. Rifkin. Teria mais gente para relacionar, até alguns brasileiros, mas creio suficiente para sustentar a projeção que graciosamente lhes ofereço. Interessa a todos, porque decide tudo: constato a falência, o fim da democracia confeccionada por partidos, por carência de objeto. Ela não tem sentido.
Não posso acreditar. Voltaremos às ditaduras? Aos reis divinos?
Nada disso. O mundo não suporta mais plágios, nem clones, nem produtos pirateados, muito menos fórmulas obsoletas, testadas e não aprovadas. Haverá justamente o contrário. "O poder corrompe. O poder absoluto corrompe absolutamente".
Isso dizia Lord Action!
Ninguém entendia inglês. Hoje não, ninguém mais quer se prestar de bobo.
A democracia tem três poderes e o controle popular!
Ela se restringe aos partidos, em formação centenária, digo, cada qual com cem participantes, apenas, e alguns fornecedores. O povo é apenas objeto. Massa de manobra. Prescinde da consciência, porque tal prerrogativa é pessoal. Dela ele abdica ao integrar a coletividade. Por paradoxo, a união o desfaz de sua principal força. Prêsa fácil. Isso não prosperará:
O indivíduo tornou-se mais consciente que nunca de sua dependência para com a sociedade. Não vive essa dependência, contudo, como uma vantagem, um vínculo orgânico, uma força protetora, mas antes como uma ameaça a seus direitos naturais, ou até a sua existência econômica.O povo queria diretas já! Agora as tem. Não lhe satisfaz? (Direto já, no queixo brasileiro.)
EINSTEIN, A. Escritos da Maturidade: 133
Qual a diferença entre o assalto e a vigarice? A mesma que distingue o totalitarismo da democracia: enquanto o primeiro toma o dinheiro com o revólver, a segunda vende bilhete premiado. Mas quando a vítima for no guichê, e perceber que foi tapeada, usará todos os recursos da bruxaria que aprendeu durante sua existência, de modo que sequer um caçador como o Putin poderá resgatar o lobo-mau da barriga da vovozinha. (Estranhos no ninho)
Você não acha que os políticos são apenas reflexo da sociedade? É o ser humano que é corrupto, O homem é lobo do homem!
Não é verdade. Repare na lista dos cem principais mandantes do pais. Algum deles algum dia trabalhou em alguma coisa? Assumiu algum afazer de responsabilidade? Agora veja a enorme quantidade de empresas e trabalhadores, que diariamente levantam cedo, e tomam conduções, e almoçam em marmitas, e profissionais liberais, e comerciantes, industriais, agricultores, dignas donas de casa, gente de muito brio e valor. Como ousa o disparate dessa comparação? Ocorre que todos estão envoltos naquilo que se dizia o aparelho ideológico do Estado, um enorme conluiu entre políticos e seus patrocinadores, envolvendo todas as instituições, e por isso, até a opinião pública, mas não a individual. E a soma dessas individuais, num crescente diário, suplantarão a massa amorfa. Imagine quanta gente boa poderia contribuir com a Política. No entanto, quem desses se sujeita a entrar nesses bandos, nessas quadrilhas oficializadas? E mesmo que se dispussesse a tal aventura, você acha que ele não seria sabotado, excluído? Por isso temos sempre os mesmos atores, alguns até anteriores à Revolução de 1964, vê se pode! A política para eles é profissão; ou melhor, meio de vida, porque em qualquer profissão mister qualificação, e principalmente honestidade.
Já que as escolas são obrigadas ao currículo oficial; os órgãos de comunicação são vendidos, em troca de comerciais oficiais; o congresso, comprado; os juízes escolhidos à dedo por quem vai ser julgado; os militares calados com aumentos de soldos e percentagens sobre aquisições de equipamentos; e as votações, por eletrônicas, sequer admitem conferências, como e quando o povo irá tomar conhecimento do imbroglio?
Aí é que está. Subestimam. Como a "cultura de massa gera mediocridade e ignorância” (GASSET, José Ortega Y Gasset, A Rebelião das Massas, 1929; cit. Rohmann, C.: 299), eles se atém só na regência. Todavia, vivemos uma era atômica, não mais muscular. A força não emana do acúmulo. Sua eficácia depende do contrário: é a dispersão que a torna efetiva. São relações, não concentrações. Por isso se pensou na democracia, para espraiar o poder, mas os partidos o enfeixam. Isso é tão antinatural e fatal como um coágulo de sangue ou um fio elétrico desencapado. A energia é fluente, não estática como a matéria, que se pensava a tudo reger.
Por qual processo haverá a mudança é o que me intriga.
Não assiste nenhuma razão para qualquer idéia ser apropriada por grupos. Não há mais ideologias. Os partidos não tem mais nenhum estandarte. A liberdade só pode existir com responsabilidade, e nos partidos ela é indefinível. Então, eles carecem de objetividade e até de legitimidade:
Eu estava vendo um interesse muito claro de algumas pessoas de estar enriquecendo. E algumas me colocaram de forma muito clara: 'campanha é o momento da poupança'. 'Tu não é deste ramo e está atrapalhando o processo'Mas como o povo assimilará o detalhe?
FEIJÓ, P., vice-governador, sobre CRUSIUS,Yeda, governadora do RS
Pela disseminação da imaginação, das idéias, de fatos correlatos advindos das circunstâncias vizinhas e remotas, do EspaçoTempo, e do compartimento das possibilidades, tudo permeado através de pequenos condutores de não-matéria. São mais ágeis por não arrastarem inércias, e mais competentes. Nada obstaculizam, a não ser a ignorância. Nada fica mais submerso. Microcâmeras, celulares, gravadores, parabólicas, satélites, retransmissoras. Dezenas de quinquilharias. E outras mil energéticas. Por meio disso tudo, desse trânsito estupendo, os olhos vêem, os ouvidos ouvem, a emoção acontece, a pele arrepia; ou os cabelos, de muita gente. Olhe para os lados e confira. O povo está acordando, e os políticos, dormindo no berço esplêndido que julgam imóvel. O ronco esbanja prepotência. Não lhes ensinaram que a Terra gira a 180 mil kms. por hora. Em microondas:
Significa que estamos criando novas redes de conhecimento, interligando conceitos de maneiras surpreendentes, construindo espantosas hierarquias de inferência, gerando novas teorias, hipóteses e imagens, baseadas em novas suposições, novas linguagens, códigos e lógicas.Mesmo com tudo isso, é difícil supor tamanha revolução. Tem muita gente no barco. Haveria uma confusão sem precentes.
TOFFLER & TOFFLER: 42
Nem tanto. A revolução já está em marcha, como elenquei. É até mera repetição, tomada pela renovação da consciência:
De fato, a vida no espaço cibernético parece estar se moldando exatamente como Thomas Jefferson gostaria: fundada no primado da liberdade individual e no compromisso com o pluralismo, a diversidade e a comunidade.Temos que concordar que nenhum colapso é louvável; mas neste caso é mesmo oportuno, necessário, e, pelo jeito, muito mais premente do que supõe a orquestra do Titanic.
NAISBITT, J., Paradoxo global: 96
Vou avisar o pessoal.
quinta-feira, 5 de março de 2009
O fim dos partidos
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