quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O câmbio como justificativa das negociatas financeiras



Virgílio indicou os sinais pelos quais se pode avaliar, de antemão, se o boi é bom de charrua e a vaca para reprodução.Erasmo de Roterdã (1466-1535)


A pressão sobre o preço do dólar decorre de razões fora do mercado físico de câmbio e envolve especulação direta', NEHME, Sidnei diretor-executivo da NGO. Especulação na BM&F impulsiona alta do dólar. - Folha de São Paulo, 19/9/2008
O momento mais dramático do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso ocorreu no dia 13 de janeiro de 1999... O então presidente do Banco Central, o economista Francisco Lopes, vendia informações privilegiadas sobre juros e câmbio – e uma parte de sua remuneração saía da conta número 000 018, agência 021, do Bank of New York. A conta pertencia a uma empresa do Banco Pactual, a Pactual Overseas Bank and Trust Limited, com sede no paraíso fiscal das Bahamas.
Veja, 23/5/2001
Patrocinadores das campanhas presidenciais tem direito não só de ditar as intervenções econômicas, monetaristas e financeiras, como impor o executor de sua confiança. Aos contadores cabe arrolar números inventados, ou recolhidos de amostras, equacionando-os de modo a indicar a certeza das medidas impostas à Nação.
A facilidade como são aceitas estupendas alterações dá bem conta da ignorância do povo, mas atesta, ainda com maior ênfase, a ignorância do mandatário, posto não precisar pensar, nem estudar, ou dialogar,  muito menos se responsabilizar - basta mandar.
Quando o governo não se subordina a normas gerais de conduta, ele passa a ter uma interferência intensa na economia, ou através de medidas indiretas; em conseqüência, perde o indivíduo segurança na condução de seus afazeres, diminui o ritmo de progresso da sociedade como um todo, cresce a incerteza no dia a dia da vida das pessoas e intensificam-se. O fascismo e toda a espécie de totalitarismo leva o hábito dos grandes negócios entre o abuso, os desmandos, a corrupção e o arbítrio por parte dos homens de mau caráter que fatalmente acabam empoleirando-se em todos os galhos do poder governamental desregrado. MAKSOUD, Henry, Demarquia: um novo regime político e outras idéias, p. 48.
Infelizmente, também, os jornalistas, formados na base da comunicação social, e muitos à serviço do interesse não político, mas econômico das empresas que servem, não se atém a encurralar os manipuladores desses grandes fluxos monetários. Assim é que o dólar, pretensamente desvalorizado no mundo, coisa de zero vírgula, no máximo, é forte para o alarme nacional ser acionado, e os heróis aclamados.O Real está valorizado porque o dólar se desvaloriza, ou tem em demasia. É dose! "Qualquer pessoa de bom senso sabe que enquanto a oferta de moeda estrangeira continuar maior do que a demanda, seja em função dos superávits comerciais, seja por conta da afluência de investimentos externos, o real permanecerá apreciado." MAUAD, João, Questão cambial: enxugando gelo, www.imil.org.br, 20/10/2010
A entrada maciça de dólares faz o real ficar atraente, e a valorização do real premia quem apostou contra o dólar. Ganham os especuladores que ficam em posições vendidas em dólar, no mercado futuro. Eles alavancam fortunas e pressionam a expectativa da moeda americana mais para baixo. Antes da crise de 2008, no período Lula, os aplicadores estrangeiros faturaram em média cerca de 25% ao ano na renda fixa brasileira. Nada mau para um risco apenas moderado. Adivinha quem financiou esse ganho?  CASTRO, Prof. Econ. Paulo Rabello, A paciência da China e o dólar barato do Brasil www.imil.org.br 18/10/2010
Pois se o Real é assim "exportado" em troca do dólar, nós que o "fabricamos" porque não podemos preencher a lacuna, mantendo uma paridade cambial antes de mais nada honesta, equilibrada, estável e, por tudo, mais eficaz?   E que oferta é essa de moeda estrangeira, se a Nação é proibida de guindá-la como meio-de-pagamento? Para quem os gajos estão ofertando mesmo? A pergunta à queima-roupa é a seguinte: nossa moeda é o Real ou a outra famosa? Nossos designados experts equalizam o meio-de-pagamento usado no Brasil, ou lhes cabe influir, pautar, até exigir uma contrapartida dos recalcitrantes exteriores, mormente frente a esses contumazes corruptos americanos e europeus, inclusive a Suíça, essa gentalha que enriqueceu as custas da África e do Brasil, e de Cuba?
A taxa de juros que o Banco Central cobra para repassar as generosas quantias aos distribuidores por ele eleitos é dez vezes maior do que os safados congêneres dos olhos azuis. E o preço cobrado pelos nossos dealers para cumprir a missão de irrigar o parque produtivo é cerca de 100 vezes maior do que aqueles cobrados pelos imperialistas americanos, coitados.
"A hora é de dar duro para acalmar o câmbio e, por isso, se não dá para cortar a taxa de juros, o mínimo sensato a fazer é congelá-la". (KUPFER, Jorn Econ.  José Paulo, Estadão, 20/10/2010) Mas que trambique não se faz na Suíça, Canadá, EUA, Noruega, Finlândia, Holanda, Bélgica, e tantos, que mantém juros e inflação de um dígito, apenas?
Inflação alemã
Taxa de agosto de 2010: 0%
Acumulada em 12 meses: 1%
(Dados do Departamento Federal de Estatísticas)
A taxa de refinanciamento bancário (main refinancing operations) do Banco Central Europeu é de 1%. Sua última alteração data de 7 de maio de 2009. E quanto a China, então, com num crescimento do PIB em torno de 10% ao ano,vendas no varejo crescendo a 20%,  e refinanciamentos pela metade do valor cobrado do brasileiro? Como explicar o fenômeno dos juros reduzidos não interferirem na cotação dessas moedas, não por acaso muito mais conceituadas do que a nossa?
 Sobre um eventual acerto entre EUA e China para atenuar a pressão mundial sobre o dólar, Meirelles disse acreditar na possibilidade de um acordo. Mas salientou que as informações que tem sobre este assunto vem das leituras que tem feito na imprensa. Veja, 28/10/2010
Ah tá.  "Mais por fora do que joelho de escoteiro", mas não vem ao caso. Afinal, que negociata pode ser efetivada com chineses?
Qualquer inflação é consequência da falta de produção, apenas. Dinheiro inflacionado é como cheque-sem-fundo. Se precisa segurar a inflação, é porque a produção da riqueza anda capenga, ou em ritmo desalinhado, e a produção de impostos imprime a velocidade que necessita o governo gastador. Nos nove meses do ano, o setor público apresentou deficit nominal de R$ 64,233 bilhões, que se somam aos R$ 87,260 bilhões do mesmo período de 2009.
A baixa competitividade do setor produtivo brasileiro tem a ver com o custo alto de produção: impostos demais, juros na lua, infraestrutura ruim, enormes custos trabalhistas, uma Justiça lenta, corrupção e por aí vamos.  MING. Econ. Jorn., Celso,  Estadão, 20/10/2010
É cartão corporativo, avião de tudo que é jeito, mensalão pra todo o mundo, mundo mesmo. Ninguém está preocupado com a produção. Nem os produtores/patrocinadores. Preocupa-nos bolsas de tudo que é origem- de valores, escola, transporte, vale isso, vale aquilo.... A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) deve registrar em outubro o maior volume financeiro médio de sua história, aponta um levantamento da consultoria Economática. 
Convém salientar  que neste pequenino estádio participam apenas meia centena de empresas, das milhares instaladas no paísl. Ou seja - uma representação absolutamente ínfima perante o parque produtivo nacional. O resultado das maracutais tem sido relevante aos aplicadores, mas sofrível e totalmente prejudicial  aos restantes 200 milhões de brasileiros que suam seu rosto na realidade a cada dia mais cruel: A fatia da produção para exportação caiu de 50% em 2004 para 11% hoje. Em igual período, os custos da empresa aumentaram 158%. 
"A CSN, que encerrou o terceiro trimestre com um caixa de R$ 11,5 bilhões, está investindo parte do dinheiro em títulos de renda variável. Parte do caixa foi destinado inclusive a investimento no exterior." Folha, 29/10/2010
O Banco Central do Brasil e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) assinaram um novo convênio de cooperação operacional e de intercâmbio de informações.O BC passará a ter acesso a informações sobre as carteiras de fundos e operações com derivativos, por exemplo, de forma imediata, o que permitirá um melhor monitoramento do sistema financeiro e dos riscos, segundo a instituição.
E qual seria a razão da promiscuidade?
Combinarem previamente alterações da política monetária, cambial e creditícia! Como bem dizia o caudilho gaúcho, entregaram a chave do galinheiro ao lobo mais voraz, para cuidá-lo.
Como os impostos que beiram a metade de tudo que se produz, já não dá mais para elevar, e como o setor produtivo atola no mar-de-lama em que todos navegamos, para tapar parte do rombo real, a esperteza descomunal:
Cerca de metade da receita extra de R$ 31,9 bilhões obtida com a manobra contábil que inclui recursos da capitalização da Petrobrás como receita serviu para cobrir o aumento das despesas de custeio da máquina pública neste ano.
E tome  leilões "fechados"  de moedas aqui e acolá, e bota e tira, e deixa o Zé Pereira ficar. A bolsa, ou a vida. E dê-lhe aumentos de salário-mínimo, e classe c para b, e disneylândias. Ao aumento real de salários, corresponde o dobro de custo ao parque produtivo, de modo que os os preços dos produtos brasileiros e os rendimentos pessoais se encontram praticamente na mesma relação anterior Operários ora podem fazer supermercado nos EUA., mas os preços dos importados se tornaram como nunca atrativos. Importamos até mesmo  lotes de jogadores argentinos de futebol .As importações de bens de consumo cresceram 50% de janeiro a setembro, absorvidas por uma população que tem mais dinheiro no bolso. Compramos bugigangas, e vendemos ilusão -  inclusão digital, e pre-sal e copa, olimpíadas. E dinheiro para tudo que é país, para a ONU, FMI. É  uma festa.
A produtora cujo objetivo social é produzir o aço, mas que por desvio ideológico prefere investir na especulação, ainda se queixa:
A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) ecoou comentários da rival Usiminas de que o preço do aço no mercado brasileiro deve recuar 5% nos últimos três meses do ano. Para a CSN, o preço do insumo atingiu 'o fundo do poço' após as importações recordes do terceiro trimestre. (Idem)
Eis a fonte da cascata que se abate sobre todos nós:
Em três anos, 320 mil carros brasileiros deixaram de circular pelas ruas de vários países que antes importavam modelos fabricados no País. Dólar desvalorizado, custos altos e mais recentemente a crise global estancaram as exportações das montadoras, que chegaram a vender ao exterior 35% da produção. Este ano, o índice não deve passar de 13%, provocando dificuldades à escala produtiva. Estadão, 22/3/2009
Donde lo saca para arcar com a champagne substituta da ex-preferida 51 ?
 Agora, existe, não há dúvida, uma questão de liquidez em dólar nos Estados Unidos, que é o grande provedor de dólares... Em razão disso, o Banco Central reagiu e tomou a decisão de promover leilões de venda de dólares conjugados com compra futura. Isto é, o BC vai prover 'liquidez', disse Meirelles, durante entrevista no Consulado do Brasil em Nova York. Presidente do Banco Central do Brasil, no Estadão, 19/9/2008
O EUA provedor dos dólares? Foi bom ter informado. Cheguei a pensar fosse coisa de marciano. Engraçadinho, fantasiado de comerciante salvador - mero cambista! Nossa moeda, como qualquer outra, tem sua razão não em função de congêneres, mas nos bens produzidon no país! Como apregoar sumisso aos dólares, ainda mais no "provedor"? Barack recentemente enfiou trilhão nos estabelecimentos. "O Fed pode imprimir enquanto a demanda mundial pelo dólar permanecer  forte." (ANTUNES, Cláudia, Folha de São Paulo, 20/9/2008) Que crise de liquidez é essa? Quanto nosso distinto cientista monetaristaeconomês? projetaria dispor a safar a "crise de liquidez" norteamericana que propala? E será verdade aquele diagnóstico, ou este agora, completamente inverso mixado no conveniente
De acordo com Meirelles, são as chamadas operações de 'esterilização da liquidez' que o BC faz por meio das operações compromissadas, rigorosamente. 'São todos um conjunto de medidas que o BC faz para evitar formação de bolhas. Agora, é importante aceitar que se há política monetária expansionista como é o caso americano, gera-se uma liquidez excessiva que pode formar bolhas', ponderou. No caso do Brasil, disse o presidente do BC, bolhas só poderiam ser criadas por excesso de liquidez externa. 'Por isso, estamos esterilizando a liquidez colocando regras prudenciais que impedem a formação de bolhas no Brasil.'  Revista Veja, 28/10/2010
 Nenhuma operação do Banco Central estereliza coisa alguma, exceto a produção. Aliás, se esterelizar  fosse a razão do BC melhor seria denominá-lo Hospital Central, designando um comando médico, sanitarista, não monetarista. Pode soar cretinice, mas prefiro crer na ignorância, talvez por caminhar apenas pela Wall Street Se sua atenção estiver ao norte, assim desnorteada, como sair do imbroglio que nos envolve? nosso bandoleiro talvez não saiba que qualquer cidade mediana daquele rincão produz mais do que a maioria dos estados brasileiros! Cabe ao ex-gerente operacional do banco estrangeiro guindado à presidente do nosso Central cuidar a

A quantidade de dinheiro exigida para efetuar, de um modo livre e fluente, as transações de um país em determinada proporção; se for superior às necessidades, não haverá nisso vantagens para o comércio; se for inferior, muito inferior, ser-lhe-á extremamente prejudicial. A escassez de dinheiro reduz o preço daquela parte da produção que é usada no comércio, e o desestímulo que daí resulta para o comércio restringe a demanda da produção a ele destinada. SMITH, Adam, Modesta Investigação Sobre a Natureza e Necessidade do Papel-Moeda

 "Juro ao consumidor é o mais baixo dos últimos quinze anos", festejam os matutinos ao reproduzirem o press-release paraestatal.. As diretorias de Andif - Instituto Nacional de Defesa dos Consumidores do Sistema Financeiro, e Anefac - Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade  comemoram, mas o povo só tem lamento
Sim, o país está crescendo. O grande mérito do governo Lula é não ter estragado a política econômica do 'tormentoso' FHC. Ademais, também estamos crescendo muito no campo da corrupção, da incompetência dos companheiros sindicalistas em cargos técnicos, em compra institucionalizada de votos, digo, em programas sociais, em perda de credibilidade das instituições. Estadão, 7/6/2008
A taxa média de juros cobrados pelos estabelecimentos bancários para alugar o dinheiro em seus cofres graciosamente depositados pela população, ou repassado pelo governo pela taxa SELIC de um dígito ao ano, caiu 0,01% ao mes. De 6,75% agora a sociedade pode dispor de seu próprio dinheiro pagando apenas 6,74% ao mes. Preço pormocional. Segundo Miguel Ribeiro de Oliveira, conselheiro da ANEFAC e responsável pela pesquisa, a espetacular queda de 0,01%  dos juros pode ser creditada "ao bom momento da economia brasileira, à normalização do mercado externo e do crédito internacional depois da crise nos países europeus, além da queda na inadimplência e a competição do setor ".Segundo as especulações da instituição, a taxa de juros média deve continuar caindo nas próximas apurações.Se conservarmos tamanha ventura, talvez meus netos logrem operar com os valores que hoje são costumeiros em qualquer país civilizado.
Ontem o esclarecido Estadão largou nova manchete principal como redentora à patifaria vigente: China desvaloriza sua moeda, e isso tinha que ocasionar uma repercussão estrondosa no Brasil: a bolsa caiu mais de tres por cento. O engraçado é que as bolsas asiáticas apresentaram resultados positivos, na mesma data. Os bancos operadores do BOVESPA faturaram mais de dois dígitos em apenas um dia, entre a informação privilegiada que lhes permitiu vender na véspera o que comprariam  no dia seguinte pela metade do preço. Como operar em compra e venda de ações é uma atividade completamente estranha ao objetivo social de qualquer estabelecimento financeiro, fica claro e patente o desvio de função, e a falsidade ideológica desses estabelecimentos, criados para dar lastro à produção, não à especulação. Deveria ser proibida a presença desses gigantes no mercado de ações. Os brucutus simplesmente amassam qualquer incauto que estiver mais ou menos à feição. E o que dizer do interesse do Banco Central em participar do baile do mercado, a ponto de nada mais lhe preocupar? Seus afiliados praticam um assalto, à mão-armada, porque protegida pelo governo, contra a economia popular, sim senhor!
Não obstante, a ínfima alteração chinesa, escriturada, mas ainda não praticada a sei-lá quantos mil kms de distância, foi a justificativa encontrada para que o governo dobrasse a carga tributária para os investimentos estrangeiros especulativos no Brasil, como se dinheiro tivesse nacionalidade, raça, ou devesse ter tratamento diferenciado, de acordo com o freguês. E para onde se destina a nova e vultosa arrecadação? Seria  para o fechamento das contas da campanha política, ao cartão corporativo, aos mensalões ora em escala mundial, ou ao quê?
O dinheiro especulativo mais nefasto que o Brasil mantém não é do estrangeiro, mas o próprio Real, guardado em caixa-forte, o qual somente sai mediante o pagamento do dobro de seu valor, ao fim do ano.  Como tudo que falta sobe de preço, o minguante circulante vai assumindo cada vez maior valor. A  quantia em circulação vai diminuindo cada vez mais, seja trocados por dólares nas Cayman e Wall Street, por aumentos de impostos e taxas de quaisquer rubricas, e principalmente pela esdrúxula apropriação indébita do próprio governo sobre as contas dos correntistas, sob a pecha de recolhimento compulsório. Isso para não falar de um Fundo Soberano, onde milhões e milhões de frutos da produção brasileira são simplesmente armazenados, congelados num container norteamericano, sem a menor contrapartida, exceto o pagamento de juros ao ano que aqui no Brasil correspondem a tres dias. Se os juros baixos, até zero, não são capazes de provocar inflação, que é um fenômeno real, não escritural, os juros altos, pela inibição natural do fluxo, causa aí sim a deflação, tão saborosa a quem retém o papel-moeda, e do mesmo modo cruel a quem produz.
O capital especulativo que destrói o Brasil é composto dentro do Brasil, pelos bancos brasileiros, os patrocinadores das campanhas presidenciais. Os donos dos programas.
O que não podemos é estar preocupados com a queda do dólar frente ao real e ao mesmo tempo estarmos preocupados com a subida do dólar, possível ou potencial, em função do aumento do déficit em conta corrente.
No momento em que o dólar, em função do déficit em conta corrente começar a subir, se vier a subir, aí nós deixamos de nos preocupar com a conta corrente e aí passamos a nos preocupar com a inflação. MEIRELLES, Presidente do Banco Central, Doutor Henrique Meirelles, www.bcb.gov.br, 24/5/2008.
O  drama bipolar não excede os trilhos que lhe permitem existir. Correndo de um lado a outro, na corda por ele próprio estendida, o trapezista encanta a platéia, ao gáudio dos patrocinadores. Será mesmo verdade que a intervenção visa refrear a inflação? A julgar pela experiência recente obteremos o contrário - a intervenção inflacionou de tal ordem a moeda que era necessário duplicar a nota:
Durante a crise de 2002, o BC fazia intervenções diárias no valor de US$ 50 milhões. Na época, a cotação chegou a bater em R$ 4 por dólar durante as negociações. A decisão é de caráter temporário e não tem como objetivo influir na taxa de câmbio.
Folha de São Paulo, 18/9/2008.
Passados dois anos, o fantasma continua agitado: "O déficit em conta corrente a longo prazo é um fator importante na determinação do valor das moedas. Com o tempo, o mercado vai reagir a isso", disse Meirelles em palestra a empresários na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep)"
É impressionante a capacidade de mudar de lado. Coisa de gilete.
O dólar não sobe nem desce em função de nossa conta corrente. Era só o que faltava podermos pautar o vôo da Águia. Este ex-presidente do Banco de Boston por certo ainda não esqueceu o interesse da matriz. Pelo sim pelo não, o recado veio em em 22/9:
Grandes bancos, como o Citigroup, esperavam que o mercado acionário brasileiro batesse nos 80.000 pontos em 2010 passados dois anos do upgrade da nota de avaliação de crédito do país e da habilidade impressionante que demonstrou sobrevivendo ao estouro da pior bolha imobiliária e de derivativos em muitos anos. Agora, tal perspectiva parece pouco provável. Os ganhos obtidos foram sufocados por pressões internacionais, mas nem tudo está perdido.www.wharton.universia.net/index.cfm?fa=viewArticle&id=1949&language=portuguese
Mas querem ganhar mais ainda? Que serviço prestam, a tanto? E o que tem os bancos a ver com mercado acionário? É isso que fazem com o dinheiro depositado pelos produtores, ou seja, em vez de voltarem a fomentar a produção, sendo devidamente pagos com juros por essas triviais operações, preferem usar o dinheiro de todos para proveitos restritos?
A preocupação com risco Brasil não porta o menor sentido, ainda mais perante o estrangeiro. E se ainda assim fosse primordial, não tocaria ao presidente do Banco Central estabelecer nenhuma garantia, exceto gerenciar virtuosamente, e não viciosamente, a circulação da moeda.
A razão da manipulação cambial atende ao velho costume, implantado há décadas pelo Czar da Economia, e aplicado à risca pela legião de seguidores que o convincente professor soube angariar.Qualquer um que se dê o trabalho de fazer um levantamento das atuações deste Banco Central, virado agente exclusivamente especulativo, pode se surpreender com a torpeza que acomete a mente desses irresponsáveis, levianos e maldosos dirigentes. Suas fotografias merecem estarem junto a dois ou tres antepassados, pendurados na sala dos maiores traidores do país. Guerra cambial só na cabeça desses imbecis que jamais praticaram comércio. Não há nem guerra, nem direito cambial.  Há conveniência, equilíbrio, e aceitação, ou não. Cada participante, pela soberania que suas respectivas nações lhe oferecem, é completamente livre para participar, ou se negar a estabelecer as relações comerciais julgadas prejudiciais. Mas isso não é papo nem para demagogo, tampouco para banqueiro.Por isso a imaginação  desses pseudotecnocratas é tão fraca quanto suas concepções de vida, de progresso, de Estado e de Nação.

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