quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Duas árias com danzas delle ore



A bilheteria que um filme faz reverte num adicional que volta para o diretor, para o desenvolvimento do próximo projeto... É um filme que mescla as duas vertentes. A indignação pelo cinismo que parece ter tomado conta do Brasil é essa coisa visceral, de dentro. Cineasta BABENCO, Hector, Virei um brasileiro para filmar denúncias'. - Folha de São Paulo, 18/8/2009).
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Quarto Ato
Os passageiros podiam escolher o motorista, mas não a destino que o gajo imprimiria.  Ademais, é certo que pode haver algum vizinho que nos supreenda, mas de que modo conhecer  habitantes de outras cidades, e florestas, e morros, e hábitos tão divergentes - e dentre tantos psicopatas portadores de fichas-sujas  mas  também alguns com limpa,  alguns mais adiantados,a maioria adiantadinha,  outros até retrasados, e não poucos retardados? É impossível escolher quem nunca se viu atuar, exceto por TV. Desse modo os passageiros legitimam quem lhes é mais inconveniente, e ainda são responsabilizados por isso. "Cada povo tem o governo que merece,"  Quo vadis?
Um esperto professor se apresentou com uma trivial vassoura, e resolveu o dilema. Aí estava o instrumento que o povo queria. Não interessava de onde viera, tampouco a idiossincrasia do portador. Afinal, sua tarefa parecia a mais simples do mundo  O povo elegeu a vassoura, não o faxineiro. Pronto. Ela que varresse a imensa  montanha de poeira em direção de um aterro ao mar-de-lama composto nos tres quartos precedentes.
A vassourinha deu de relho  na espada do marechal adversário, mas a vitoriosa é que foi para a lata do lixo. quebrada não por golpe do já devidamente calado espadachim, mas pelas forças ocultas do disco-voador dos mensaleiros,  primeiro baluarte a ocupar a Esplanada dos Ministérios.
O povo, indignado, chamou o maior polícia. Era ela, agora, que iria tomar conta da baliza.
Dito e feito, o pessoal finalmente pode sair tranquilo à roda-de-samba. E o goal-keeper?
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Quinto Ato
Eu sinto que me consumo e isto não pode continuar assim sem que a longa pobreza não faça de mim um objeto de desprezo. Além disso, desejo vivamente que estes Médici decidam-se a me empregar, mesmo se eles tivessem de começar por me fazer rolar uma pedra. O Príncipe, cap. XXVI
Com as forças ocultas finalmente descobertas, e derrotadas, o povo pode voltar à roda-de-samba. O goal-keeper realizaria até o milagre brasileiro. O santo, porém era do pau-oco.
O máximo que o dólar subiu de uma só vez nas décadas mais recentes foi durante a gestão de Delfim Netto: maxidesvalorização de 30%. RITTER, Afonso, Diário Popular, Pelotas, 4/12/2002

Como dinheiro não tem pátria, nem amor, ele nos deixou. Saiu pelo ladrão, e nunca mais voltou.
O Banco Central era autônomo e independente quando foi criado em 1966, no primeiro governo militar do marechal Castello Branco, e seus diretores não podiam ser demitidos, a não ser por motivo grave. Mas quando o general Costa e Silva assumiu, em 1967, seu superministro Delfim Netto queria indicar o amigo e sócio Ruy Leme para a presidência do Banco Central. Foi fácil: manipulada por Delfim, a imprensa começou a publicar suspeitas de que os integrantes da equipe econômica do general Castello Branco - Roberto Campos, Otávio Gouvêa de Bulhões e Denio Nogueira, este presidente do BC — teriam tirado proveito pessoal de uma desvalorização cambial. Foi instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados e a diretoria do BC acabou afastada. Wikipédia
Alguém identificara antecipadamente o formoso engenho, mas quando a notícia se espalhou, o Brucutú mandou calar a boca, ou  então apoiar as iniquidades, em nome da Segurança Nacional.  
 Costa e Silva deu a Delfim instrumentos que nenhum outro ministro já teve para manobrar a economia em direção ao crescimento. Em dezembro de 1968, baixou o AI-5. A partir daí, ele tratou de usar o instrumento autoritário para tomar decisões sem consultar ninguém e, assim, turbinar índices de crescimento. 'Fui oportunista', ele admite. Em alguns setores suas intervenções eram tão freqüentes que surgiram suspeitas que possuía interesses particulares em jogo.Em cinco anos como ministro do Planejamento do governo Figueiredo, Delfim assinou sete cartas de intenções com o FMI, em que detalhava como pagaria um empréstimo de US$ 2,7 bilhões que tomara logo no início de sua gestão. Não cumpriu nenhuma. Seus 'Delfim Boys', os negociadores da dívida José Augusto Savasini, Luis Paulo Rosemberg e Ibrahim Eris, tinham uma estratégia para reduzir as pressões do fundo, que passava, principalmente, por cultivar estreito relacionamento com os técnicos de Washington.Em Brasília, as missões chefiadas pela economista Ana Maria Juhl eram recebidas em alegres reuniões caseiras regadas a vinho e uísque.Delfim, enquanto isso, agia teatralmente. Enquanto tentava driblar o FMI no front externo, Delfim reconhece claramente que, no campo doméstico, operou os resultados da balança comercial.Para barrar as encomendas externas, Delfim contava com os serviços de um de seus assessores. Carlos Viacava era encarregado de engavetar os pedidos de importação levados ao governo. ISTO É, 19/11/2003
Enquanto o pessoal jurava que o AI 5 era para enfrentar subversivos, na cozinha o goal-keeper, gordo como nunca, se fartava na opulência, deixando o povo a ver navios.
Delfim assinou sete cartas de intenções com o FMI, em que detalhava como pagaria um empréstimo de US$ 2,7 bilhões que tomara logo no início de sua gestão. Não cumpriu nenhuma.
"Hoje Delfim é um dos meus melhores amigos."
Presidente LULA, revista Veja, NUNES, A. 24/9/2009
Ah tá. 
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No acumulado dos últimos 12 meses, a produção industrial tem retração de 8,9%, o que configura o pior desempenho da série histórica. O setor de bens de capital foi o mais afetado... com redução de 25,7% na produção. Folha de São Paulo, 2/10/2009)




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