Epistemologia da Ética - A importância do tema

A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta. VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 7^a edição Ed.Brasiliense, 1993: 7 

O que ocorreu foi que as premissas tecnocráticas quanto à natureza do homem, da sociedade e da natureza, deformaram-lhe a experiência na fonte, tornando-se assim os pressupostos esquecidos de que se originam o intelecto e o julgamento ético. LEONI, B.: 66

Os antigos gregos pareciam exigir de seus aristocratas não só uma origem nobre, mas também um caráter nobre. THOMAS, Henry

Os mais modernos impuseram os Trinta Tiranos em cima da cidadela.

E como se desce, desse mundo de ironia e razão e veridicidade, ao reinado do sábio de Platão, cujos poderes mágicos o elevam muito acima dos homens comuns, embora não tão alto que dispense o uso de mentiras ou despreze o triste mercado de cada curandeiro, a venda de feitiços, de encantamento e criadores de raça, em troca de poder sobre seus concidadãos! PEREIRA, J.C., Epistemologia e Liberalismo - Uma Introdução a Filosofia de Karl R. Popper: 153

Dessarte espertalhões se espalharam pelo mundo. "A trapaça, a má-fé e a duplicidade são, infelizmente, o caráter predominante da maioria dos homens que governam as nações. (FREDERICO II, O Grande, cit. CHALLITA: 156). Enganam-se, engalanados nos salões. Tais fotografias, levadas em palimpsestos, garantem apenas a certeza do gozo, sem nada mencionar do costumeiro desfecho.

Na rotina diária, nem sempre percebemos que tudo que existe é de certa maneira controlado por forças e interações invisíveis aos olhos [...] Elas controlam as menores partículas subatômicas e as grandes galáxias a bilhões de anos-luz de distância. OLIVEIRA, A., Depto Física, Univ.Fed. de S. Carlos - http://cienciahoje.uol.com.br/133058

Para lograr o status que supõe glorioso o antiético não vacila abandonar a trilha da virtude, se é que por algum momento lhe avistou. Se a carência de altivez não preocupa o criminoso mais comum, que se dirá do corrupto?

O covarde age à traição. Vale-se de ordinárias fraudes, vulgares falsidades. Mente, dissimula, abre penas de pavão. Qualquer recurso serve para superar ou liquidar virtual opositor. Engana-se, todavia, em buscar desse modo o esplendor. Só alcança fracasso, ao invés do êxito que desesperadamente almeja. Ainda que logre atingir a meta estipulada, sempre se decepciona miseravelmente com a felicidade que acredita poder nela saborear. Jamais supõe o incauto que a cada virtude e a cada vício a natureza oferece precisamente a recompensa ou o castigo mais adequado para encorajar aquela, e refrear o outro, sem requerer nenhum código expresso de conduta. Em flagrante, nega, mas chora, copiosamente. A honra de sua elevada posição aparece tanto a seus próprios olhos quanto aos demais, corrompida e maculada pela baixeza dos meios pelos quais ascende. Faz-se digno de pena.

Todas escaramuças, tergiversasões e disputas, jogo de forças, o pleito e a imposição do direito, o apego religioso, a presença de psicopatas, aventureiros, inescrupulosos, desocupados, e mesmo impostores - por que não dizer? - à testa das nações, e as guerras que tão primorosamente desenvolvem, posto se constituirem no único cacoete, em qualquer ponto do EspaçoTempo, apresentam o franco denominador comum: o completo desprezo pela ética. Por incomensurável, seu desrespeito não é suscetível de sanções, e as consequências desses atos somente são evidentes com o transcurso do tempo, fatos que precipitam as pessoas a simplesmente ignorá-la. Ademais, por abstrata, e indiferente à tecnologia, também por desagradar os moradores dos palácios, raros grandes autores se debruçarm em delineá-la,. Até hoje não há currículo acadêmico que privilegie o estudo da ética. Talvez a Filosofia se obrigue, mercê das marcantes presenças de ARISTÓTELES, mas seguramente o ano acadêmico também finda naqueles primórdios, e não se fala mais no assunto. Pessoal prefere a esmiuçar a dialética. O imediatismo da realização onírica sobrepuja o arco dos tempos. Eternidade? Apenas motivo para tornar mais dóceis as ovelhinhas.

O que caracteriza os primeiros estudos sobre a sociedade é, precisamente, um ponto de vista finalista e normativo: finalista, isto é, tendo unicamente em consideração o ideal a realizar, a investigação do que deve ser a "melhor" organização social e política; normativo, quer dizer, a preocupação imediata de estabelecer normas, regras de ação para a vida coletiva. É este, particularmente, o ponto de vista dos filósofos. CUVILLIER, A., Introdução à Sociologia – OS PROBLEMAS SOCIOLÓGICOS

Não por acaso, quanto mais organizada, mais normatizada, mais enfeixada a sociedade, mais rápido ela se precipita ao infortúnio. Junto vão seus condutores, obviamente. Alguma dúvida? Elenco uma centena de fatos e personagens, começando pelo condutor da locomotiva: .

Aos segundos diz imaginar que a morte deva ser um grande bem, seja ela um sono tranquilo ou o convívio no Hades com os grandes homens que lá habitam. PLATÃO, Apologia de Sócrates. LPM, 2009: 16

Não é um belo ideal? Vai ver foi pelo mesmo motivo do sabido SÒCRATES que  MUSSOLINI, HITLER E GETÚLIO VARGAS resolveram também antecipar a partida ao aprazível recanto.

A amplitude e a eficácia da ética não encontra paralelo. Mesmo os acidentes naturais são frutos de combinações, não de choques. Eles se apresentam catastróficos porque nossa inteligência não dimensiona as sincronicidades.

Os acidentes, as doenças, assim como a infelicidade em que está mergulhada a maior parte da humanidade, tem como gênese o distanciamento da fonte de energia vital e cósmica. GONZALEZ, Mathias, O caminho cósmico. - Rio de Janeiro: Pallas, 1993.

A natureza foi colocada na escravidão total. Mais do que ela, ao "reconhecer" a natural maldade do ator principal, ela ensejou vários religadores, impostores que se precipitaram inicialmente pelas ciências politicas, na qual despontaram as "engenharias sociais" de MAQUIAVEL, THOMAS HOBBES, ROUSSEAU, HEGEL e MARX, e quase em conjunto, as estipulações de DESCARTES, NEWTON, LAPLACE, DARWIN, FREUD e KEYNES.

O tema da ética – como indagação universal que percorre a história do Ocidente – traduz na contemporaneidade anseios, expectativas, crenças e desejos dos sujeitos sociais em seus mais diversos territórios.  (http://www.hottopos.com/videtur16/carlota.htm)

Caso por ela pautado, em vez do direito,ou mesmo da moral, ambos relativos par excellence, ninguém precisaria se preocupar em preservar a propriedade, tampouco apelar à Justiça. De certa maneira isto pode ser comprovado no reino animal,. Neste mundo não se conhece DEUS, tampouco o Direito, ou a matemática. Ninguém propugna por igualdade. A hierarquia é natural. E no entanto, todos da mesma espécie convivem harmonicamente. Por incrível que pareça, os animais preservam a ética. E pelo nosso desconhecimento erguemos cercas e muros, põem-se cadeados e edificam-se prisões, em vez de hotéis. Sua inobservância acarreta uma enorme quantidade de gente, e regulamentos, e penas, e tudo o mais, para refrear o ímpeto do ser humano, taxado lobo do homem. Pura ignorância. Dir-se-á: mas em que mundo quer viver? Num país das maravilhas? Bem, a perfeição é apenas uma meta, um oriente. Como o tempo passa de qualquer modo,todavia, parece-me mais frutífero abandonar a estrada da floresta, por demais acidentada, pela óbvia freeway. A tanto, a premissa exlusiva passa pela conscientização de alguém, pelo menos. Pela ética podemos ir construindo sistemas políticos, jurídicos, econômicos, sociológicos, antropológicos, empresariais, até ecológicos, e mesmo científicos, com mais facilidade, e melhor aproveitamento. E não será a olímpica distância, a qual pontuo em exatos 2.500 anos, o motivo dessa desistência. Afinal, mais distante do que DEUS ninguém sabe o que dispor, e no entanto, todos se agarram nesta imaginação. ,Pois a rigor, e por ironia,  de acordo com a estória contada nem Ele preserva a ética. A presença da maçã caracteriza sua falsidade ideológica. Se não era ao saboreio, para que plantá-la?
Tentarei desenvolver este assunto em quadra de approaches, já iniciado com a introdução, em setembro.  Pela incidência global, a ética enseja que identifiquemos não só seus primeiros passos, algum desenvolvimento, mas principalmente a atrofia perpetrada por alguns poucos ícones da História das Ciências e da Filosofia, ao deleite dos inquilinos palacianos. .

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