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Imprensa exulta com juros de 100% ao ano
"Juro ao consumidor é o mais baixo dos últimos quinze anos", festejam os matutinos ao reproduzirem o press-release para-estatal.. As diretorias de Andif - Instituto Nacional de Defesa dos Consumidores do Sistema Financeiro, e Anefac - Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade comemoram, mas o povo só tem lamento:
Sim, o país está crescendo. O grande mérito do governo Lula é não ter estragado a política econômica do 'tormentoso' FHC. Ademais, também estamos crescendo muito no campo da corrupção, da incompetência dos companheiros sindicalistas em cargos técnicos, em compra institucionalizada de votos, digo, em programas sociais, em perda de credibilidade das instituições. Estadão, 7/6/2008
A taxa média de juros cobrados pelos estabelecimentos bancários para alugar o dinheiro em seus cofres graciosamente depositados pela população, ou repassado pelo governo pela taxa SELIC de um dígito ao ano, caiu 0,01% ao mes. De 6,75% agora a sociedade pode dispor de seu próprio dinheiro pagando apenas 6,74% ao mes. Preço pormocional. Segundo Miguel Ribeiro de Oliveira, conselheiro da ANEFAC e responsável pela pesquisa, a espetacular queda de 0,01% dos juros pode ser creditada "ao bom momento da economia brasileira, à normalização do mercado externo e do crédito internacional depois da crise nos países europeus, além da queda na inadimplência e a competição do setor ".Segundo as especulações da instituição, a taxa de juros média deve continuar caindo nas próximas apurações.Se conservarmos tamanha ventura, talvez meus netos logrem operar com os valores que hoje são costumeiros em qualquer país civilizado.
Quanto as taxas extras cobradas pelos carentes e famintos banqueiros, todas permanecem em vigor. Para emitir um recibo de pagamento, o banco cobra! Para o depositante sacar o próprio dinheiro, tem que pagar outra taxa. E se quiser conferir um extrato de conta, saber se seu dinheiro permanece contabilizado, arca com outro pagamento. E ai de quem cair em alguma inadimplência, ou mesmo se negar a pagar as extorsões elencadas. No primeiro caso, além dos juros escorchantes recairão multas e novas taxas. Ademais, toda a praça fica informada, por meio oficial, do descumprimento de um contrato particular par excellence. Trata-se de flagrante delito, devidamente tipificado no Código Penal como crime de difamação, que apenas difere da calúnia por que esta expressar uma mentira no intuito de a outrem prejudicar, enquanto aquela espalha um fato, com igual objetivo.
Sim, caro navegante estrangeiro, isso existe, e é legal, em pleno 2010! Aqui, o país do cara. De pau, sem dúvida. Bando de pilantras.
A mistificação, a ilusão, a magia, as promessas, a vida eterna, mesmo samba, futebol e cerveja sóem melhor confortar a Nação do que a crueza de tentar minimizar o flagelo, basicamente o tempo de validade pelo qual marca o destino. Para fugir da dor, valem as drogas, as religiões, os filmes, e novas eleições. Lêdo engano. Dificilmente haverá algo de novo:
Instituições como JP Morgan Chase e Goldman Sachs vêm ganhando fortunas aplicando o dinheiro barato do Fed em ações e títulos em vários mercados, inclusive em países emergentes como o do Brasil. Em resumo, a ironia é que o governo e os contribuintes norte-americanos subsidiam esses ganhos, proporcionando aos bancos um dinheiro barato que eles jamais teriam à mão não fosse a crise. Fernando Canzian
O fascismo e a social-democracia são apenas duas faces do mesmo instrumento da ditadura capitalista. O fascismo é a síntese dos apetites da burguesia e da socialdemocracia, sendo a última uma ala do fascismo. ZINOVIEV, Presidente da Internacional Comunista, 1924; cit. MAESTRI, M. & CANDREVA, L.: 150
Que a imprensa, cuja função se assemelha ao papagaio não se dê conta da barbaridade, não surpreende. Ademais, gordas rações publicitárias estão à mercê do louro mais chegado. E supor que qualquer popular vá se insurgir exige o pressuposto de que algum dos cincoenta por cento de alfabetizados no Brasil leia alguma coisa, além das gratuitas manchetes, expostas nas bancas; depois, que encontre um causídico que se interesse pela porfia, e que ele encontre um meio para tentar elidir o desplante,sem apelar à Justiça, uma vez que esta se encontra, explícitamente como nunca, à serviço do patrão, que mora em frente, e anda armado.
"Perguntamos aos congressistas se sabiam onde fica Guantánamo. Muitos responderam: 'nos EUA'." Jorn. MARCELO TAS, O Globo, 9/3/2009
É o que dá o Congresso despir-se de suas prerrogativas, a oposição não funcionar, a sociedade se alienar, a universidade se calar, a cultura se acovardar, o Ministério Público se intimidar e a Justiça demorar a decidir: perde-se a referência do que seja certo ou errado. KRAMER, Jornalista Dora, Estadão, 18/9/2010
Mais admirável é o país contar com uma infinidade de faculdades de direito, por certo mais de milhão de bacharéis, com ordens de advogados e juízes e promotorias, e procuradorias espalhadas do Oiapoque ao Chuí, e sindicatos e associações diversas, somadas às academias de ciências econômicas e correlatas, também com infinidade de bacharéis e órgãos de classe, milhares de sociólogos despachados à Sorbonne, e de volta engravatados, sei-lá quantos partidos políticos, e ninguém, mas ninguém mesmo tenha consciência da gravidade desta abjeta prática, duradoura de geração. Juristas são incapazes de perceber a ligação direta entre a escassez de numerário e o infortúnio geral. Pois a restrição imposta pelas instituições financeiras através das inéditas taxas de juros causa um abalo social de monta irrreparável, ainda mais se lograda por alguns anos, e no caso do Brasil já por geração! O que acontece quando vultosa quantia equivalente a 30% de todo o dinheiro circulante, talvez até mais, como arrisco, ficar impedida de circular? Experimente reduzir uma torneira, e constatará que, de plano, deteriorar-se-ão as flores periféricas, na mesma proporção; por conseqüência, graças ao inevitável trickle-down invertido, perder-se-ão as centrais, e com elas todo o jardim.
Pela mesma falta de oxigenação, o cérebro se danifica, a imaginação padece, e o crime se mostra um meio rápido e eficaz. A moeda age como um elevador: quanto mais sobe, mais exige que o contrapeso baixe. No res do chão, o povo, sem mais nada a perder, portanto a temer, tende enveredar por esses escabrosos caminhos e descaminhos. O cordão da desgraça se incrementa, malgrado se proliferarem exércitos oficiais e empresas de vigilância.
O valor médio das dívidas com cheques sem fundo cresceu 29,1% nos primeiros nove meses do ano, frente o mesmo período de 2009, atingindo R$ 1.244,34. Os títulos protestados e cartões de crédito e financeiras também apresentaram crescimento de 6,9% e 4,9%, respectivamente. Folha, 15-10-2010
O brasileiro, mesmo das grandes cidades, não sabe, nem remotamente, quanto pagamos de impostos. Não sabe mesmo quanto é descontado no contracheque. Nem muito menos, claro, o que sai embutido no preço dos produtos. DIMENSTEIN, Gilberto, Somos uma nação de idiotas? - Folha, 23/8/2010
Se não sabe, alguém precisa ensiná-lo.
Dia do Professor
Hoje cataliza as atenções, mas, francamente, a docência tem se mostrado indecente. E reclama do salário, carga horária, e um leque de reivindicações, todas apropriadas à classe operária. Pois convinha conscientizá-la: quem forma os patrões? E propugna por eleições diretas até mesmo em educandários; reúne sindicatos, CPERs, para exigir atenção à saúde dos funcionários das escolas, à vida digna, uma jornada de trabalho mais amena, e mis quetais. Os alunos? Não vem ao caso. Serão os patrões de seus filhos, mas quem pode se dar conta de vinte anos para frente, se há vinte contas para pagar? O que disserem aos aprendizes, seja a cor que for, é repetido. E como a vox populi é a voz de Deus, todos estamos combinados. Ninguém tem a menor noção. De nada.
O principal propósito da minha apresentação é provar aos senhores que não se está ensinando ciência alguma no Brasil! FEYNMAN, Richard P, O Senhor está brincando, se. Feyman?
Continuamos nessa? Tento ajudar. É o estrangulamento monetário a principal causa da vertiginosa ascenção criminal, assumida em progressão geométrica desde 1995, precisamente na calada da noite de 15 de novembro, quando vultosa quantia depositada numa dezena de bancos brasileiros, em notas de cem reais, partiu de Congonhas rumo ao norte, para serem trocadas por dólares,algumas voltando para fechar as negociações privativistas.
Com aproximadamente 48 mil mortes por ano, o Brasil é um dos países que detém uma das maiores taxas de homicídios no mundo, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira pelo relator especial do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas sobre Execuções Arbitrárias, Sumárias ou Extrajudiciais, Philip Alston. Folha de São Paulo, 15/9/2008
"O Brasil aparece como uma das principais rotas de tráfico de cocaína da América para a Europa, em relatório sobre drogas divulgado nesta terça-feira pela Casa Branca." (Idem, 16/9/2008)
O trem no qual estamos se destina a câmara de gás, e o viaduto rui na podridão. A loco motiva está prestes a se estatelar no despenhadeiro, levando na poleposition os próprios maquinistas e serventes; depois nosotros, retardatários, se não conseguirmos pará-la. São alarmantes os índices de divórcios; de brigas em trânsito; de acidentes; proliferação de igrejas, e consultórios psiquiátricos; de questões judiciais de toda a espécie; procura por concursos à burocracia, portanto improdutivos; e de brigas em todos estádios>
De julho a novembro de 2008, o número de processos em tramitação por violência doméstica contra mulheres ultrapassou 150 mil. Ao todo, são 41.957 ações penais e 19.803 ações cíveis, além de 19,4 mil medidas protetivas concedidas e 11.175 agressores presos em flagrante. Os dados são do Conselho Nacional de Justiça revelados em reportagem da Agência Brasil.
Em casa que falta o pão, todos brigam, e ninguém tem razão.
A inadimplência generalizada não encontra paralelo, mas a artimanha mantém a trama: ninguém nota a falta do dinheiro expatriado. Não são poucos os que sentem os efeitos da barragem; todavia, ninguém se atém à sua construção, a origem da sêca, a cabeceira da crise. Polanyi e Russell se ativeram, e descobriram:
Uma vez que a deflação surge através das restrições do crédito, segue-se que o funcionamento da mercadoria dinheiro interferia com o funcionamento do sistema de crédito. Na verdade, os interesses dos banqueiros têm sido contrários aos dos industriais: a deflação convém aos banqueiros.
O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) é direto quando indagado se os bancos privados estão escondendo dinheiro por causa da crise: 'Claro que estão! O que eles fizeram? Fogueira com o dinheiro? Isso deve estar todo entesourado' Folha de São Paulo, 23/11/2008
A massa de moeda circulante encerrada à especulação pelos bancos brasileiros deva beirar a metade de toda a riqueza e a produção nacional. Como tudo que falta sobe de preço, eis a razão primordial de nossa moeda ser a mais valorizada do mundo. Pobre dos europeus e dos coitados norteamericanos, morrendo de inveja, com certeza.
Nossos produtos internamente são comercializados a preço vil, por falta de comprador. Exportamos, apenas, publicidade, motivo de chacota até mesmo em Portugal. O pobre mundo não pode adquirir nenhum produto que exija câmbio em Real, posto por completo fora da realidade.
A quantidade de dinheiro exigida para efetuar, de um modo livre e fluente, as transações de um país em determinada proporção; se for superior às necessidades, não haverá nisso vantagens para o comércio; se for inferior, muito inferior, ser-lhe-á extremamente prejudicial. A escassez de dinheiro reduz o preço daquela parte da produção que é usada no comércio, e o desestímulo que daí resulta para o comércio restringe a demanda da produção a ele destinada. SMITH, Adam, Modesta Investigação Sobre a Natureza e Necessidade do Papel-Moeda
Há uma produção taylorista de cortinas de fumaça; e palpitantes tragédias roubam a cena na mídia privilegiada com benesses publicitárias. Ao "economista" chapa-branca os juros deverm decrescer cautelosamente, "para não haver inflação". Mas se fosse por um motivo tão pueril, qual milagre permite outros países adotarem os menores juros do mundo concomitantemente com os menores índices de inflação?
LEVIATHAN é lobo do homem Se tamanho saque à mão-armada, porque protegido pelo governo, não for flagrante desrespeito aos direitos humanos pode me tirar o tubo.
GERALDO VANDRÉ, faça-me o favor: vem, vamos embora, que esperar não é saber.
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