domingo, 26 de setembro de 2010

PanDemônio Macroeconômico


A longo prazo estaremos todos mortos. JOHN MAYNARD KEYNES
Quando Malthus morreu, alguns foram ao funeral para prantear, outros para se certificar de que ele realmente estava morto. BUCHLOZ, cit. STRATHERN: 114
O êxito do Plano Real se deve em respeito ao mais singelo princípio monetário: a nenhum país é dado emitir moeda para cumprir seus compromissos sem o lastro que assegure sua liquidez. Não pode mais qualquer moeda se ampliar porque o futuro lhe dará a sustentação. Por esta razão nenhum preço sobe, há mais de década. Isto é, com exceção dos impostos, ampliados espetacularmente, sem a menor causa que justifique impor tanto sacrifício ao povo;  do preço da gasolina, que, dizem, é nossa, e talvez por isso paguemos por ela um valor nunca praticado; e do preço pago pelo aluguel da moeda, já que não se pode emiti-la.. O povo aceitou, e aceita, porque vinha domesticado com juros de dois dígitos ao mes, dos impostos não tem a menor noção de quanto paga, e a gasolina... bem, que mal tem pagar tres litros de leite por um que faça o carro andar? 
Nos acréscimos financeiros antigamente se  incluia a famosa e azarada criação do Czar da Economia, em atenção ao operariado do ABC, pessoal prejudicado diretamente com as maracutaias cambiais levadas à cabo por este gorducho simpático, de fala mansa, pero incisiva. De modo que pagávamos uns 20% ao mês a título de correção monetária, porque o governo colocava a moeda ao rumo da lua, mais os juros convencionais de 1%,  Tal semântica agradava gregos e troianos, todos pelicanos, de modo que foi só manter os mesmos índices, embora nada haja mais para corrigir. A reversão deste descomunal embuste, desta espiral  que a história há de consignar como a maior extorsão já praticada sobre a economia popular, por todos os tempos, em todos os países, o retorno à civilização requer estupendo esforço contrário:
O processo de deflação ainda pode ser iniciado, ou agravado, pela baixa oferta de moeda. Quer dizer, falta dinheiro em circulação, seja por causa dos juros altos, que tornam o crédito proibitivo, seja pela falta de investimentos. Essa bola de neve costuma afetar todos os setores da economia, do agricultor aos fabricantes de, além de abalar a própria estrutura social. http://pt.wikipedia.org/wiki/Defla%C3%A7%C3%A3o_(economia)
"Na verdade, os interesses dos banqueiros têm sido contrários aos dos industriais: a deflação que convém aos banqueiros paralisou a indústria britânica." (RUSSELL, Bertrand)

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou o resultado do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e que apresentou deflação de 0,32% em agosto. 'Fiquei muito satisfeito com IGP-M de hoje que deu negativo, deu deflação, que significa que estamos desacelerando a inflação no mundo e no Brasil e, portanto, podemos dizer que a inflação está sob controle e deveremos ficar dentro da meta", disse o ministro.' Invertia
O ministro Guido Mantega, e o secretário, Arno Augustin, passaram meses e meses garantindo solenemente que a meta do superávit primário do setor público deste ano seria cumprida. Nesta terça-feira, candidamente, Mantega reconheceu que não conseguiria obter tal superávit e alegou que não podia responder pelos resultados dos Estados e dos municípios.Jorn. Econ. Celso Ming, Estadão, 29/12/2010
Seguramente o Real se encontra em precaríssima situação, sem vislumbre de escapar. As primeiras labaredas estão reservadas à entrada da segunda década.
Faz 24 anos da redemocratização e 21 da promulgação da Carta que restabeleceu o estado de direito democrático, e mesmo assim percebe-se que as instituições republicanas, base da democracia representativa, ainda padecem de investidas do autoritarismo e dão sinais de ainda não estar consolidadas. O Globo, História conhecida (Editorial)
Pois então se o Planalto mantém em cartaz o festival de pecados e incompetência, e a turma do caixa-forte apresenta uma ficha um tanto suja, o que mais se pode esperar além de um pandemônio macroeconômico?
Os cheques sem fundos apresentaram, de janeiro a novembro deste ano, um valor médio de 2.052,21 reais, com um crescimento de 24,3% comparado a 2009.
A moeda está esticada ao máximo. Para mim, prestes a estourar. Senão vejamos:
Pagamos a mais alta taxa de juros do mundo. Desde a Nova República conservamos um dos maiores índices de corrupção, inédito no país**.
Também ao governo cabe arrecadar o valor cobrado na gasolina, que é nossa, por isso pagamos o prelo mais caro do mundo, jamais cobrado nem quando ela não era assim, toda nossa.
Pagamos os mais altos impostos do mundo.
Multas, taxas e judiciários arrecadam como nunca.
Nenhum investimento em infraestrutura foi efetuado, em vinte anos de discursos em palanques.
Com Pulsório O Governo tira de circulação metade dos depósitos que a produção dispõe nos bancos, e desse modo diz refrear a inflação. Maior bobagem não há. O ato per se é condenável, porque se trata de uma apropriação indébita, consentida porque implantada por decreto militar, e ocultada através do AI 5. O Czar lograva o mágico autógrafo do sonolento COSTA E SILVA. E o país foi e ainda é solenemente passado para trás, sem nenhuma sentinela ou alto-coturno se dar conta. Leviathan ainda exige o pagamento antecipadodo imposto de renda referente ao exercício, mes a mes, para devolver o excedente no ano posterior. Nada, entretanto, parece bem, apesar das tantas medidas preventivas pouco recomendáveis.
Quando pagamos a gasolina mais alto do mundo, e ainda assim a Petrobrás se obriga a enxugar o mercado entrando com capitalização através de emissão de ações, e estupendo aporte do BNDES, o que isso significa senão emitir moeda com base em sonho, rigorosamente tentando reaplicar o conto de KEYNES, porque vislumbra em seguida o propalado pre-sal? Pois não convenceu. A iniciativa privada entrou com uma pífia participação, muito aquèm do pressuposto, obrigando o Ministério da Fazenda a carrear grosso aporte para fazer frente ao artifício, sangrando os cofrs públicos numa transferência por demais suspeita dos recursos da produção, em prol sabe-se lá do que será que virá.
O pré-sal sempre foi tratado com nacionalismo retrógrado e grandiloqüência idílica. Do anúncio à ridícula idéia do país integrar a OPEP, o assunto foi marcado mais por devaneios do que seriedade – pelo menos dentro do governo e da aparelhada ANP. O Brasil do pré-sal é Pasárgada. Mas cuidado, Bandeira: lá, Lula é que é o rei. LIMA, Renato,Indigestão de pré-sal
A publicidade é farta. Hitler adorava marketing. Morreu por isso.
Você, Gabrielli, vou lhe dizer uma coisa: eu sei que o pré-sal não tem todo o petróleo que eu penso que tem. (Presidente L. da Silva)
Outra estória por demais chocante protagonizam a Casa da Moeda, o Banco Central, e o Ministério da Fazenda. Refiro-me à retirada de circulação de vultosa quantia, a título de Fundo Soberano, depositados em troca de dólares em alguma caixa-forte da Wall Street.
Com US 195,849 bilhões em caixa, o Brasil é atualmente a oitava maior reserva internacional do mundo. Se por um lado este dado é bom para o País - pois reduz a vulnerabilidade do Brasil em relação às crises externas -, também traz uma conseqüência negativa: a baixa rentabilidade destes recursos, já que a maior parte está aplicada em títulos dos EUA, que rendem por volta de 4,5% ao ano.
Que razão econômica, ética, jurídica , moral, ou sociológica requer tomar dinheiro manu militaire da produção, para entregá-lo aos banqueiros internacionais? O que será que nos é dado em troca?
Há muito superamos a composição: a rigor, desde D. PEDRO II não há mais soberanos no Brasil. Aqui a soberania pertence à lei. Mas também é certo que permitimos que ela, a lei, ceda perante qualquer medida provisória, e assim vemos esta monumental e burra apropriação sobre um capital formado e pertencente à produção. Que a razão assiste o técnico para manter o que temos de mais caro na reserva?
O que não podemos é estar preocupados com a queda do dólar frente ao real e ao mesmo tempo estarmos preocupados com a subida do dólar, possível ou potencial, em função do aumento do déficit em conta corrente

No momento em que o dólar, em função do déficit em conta corrente começar a subir, se vier a subir, aí nós deixamos de nos preocupar com a conta corrente e aí passamos a nos preocupar com a inflação. MEIRELLES, Presidente do Banco Central, Doutor Henrique Meirelles, www.bcb.gov.br, 24/5/2008.
Coisa de mente bipolar, com certeza. O resultado de tão apurada política, malgrado o formidável marketing, emerge como m no mar:
Isso é a fotografia do momento. Não estou culpando o dólar pela redução de empregos. Estou dizendo que foi um dos fatores que influenciaram, frisou o ministro. Para Lupi, o dólar não deve influenciar negativamente nas contratações do próximo ano. Até porque o governo tem vários instrumentos para impedir que isso aconteça como é o caso de adotar uma sobretaxa no importado ou criar isenções de tributos a compra de produtos nacionais.Estadão, 16/12/2010
O quadro de diletantes, inexperientes, aprendizes irresponsáveis, semianalfabetos e mal-intencionados prefere trocar nossa moeda por dólar, que não nos pertence, em vez de usá-la em retorno produtivo, ou  financiar diretamente a produção, o real lastro que exige o Real. Dessarte o motivo excede a simples dialética inflação/deflação.
"O déficit em conta corrente a longo prazo é um fator importante na determinação do valor das moedas. Com o tempo, o mercado vai reagir a isso", disse Meirelles em palestra a empresários na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep)"
A pergunta que se impõe é a seguinte: qual a razão assiste o técnico para manter o que temos de mais caro na reserva?
A notícia vem a publico em um momento em que o governo tem tomado diversas medidas para tentar conter, ainda que sem sucesso, a valorização do real em relação à moeda norte-americana. O ministro Mantega já havia, inclusive, declarado que usaria recursos do FSB para comprar dólares. Além disso, o Ministério da Fazenda e o Banco Central decidiram que vão realizar ‘leilões-surpresa’. Veja, 20/9/2010
Ou seja: apesar de todos os artifícios, e cálculos, e propaganda, e os grandes movimentos cambiais que andam pipocando até por leilões-supresa, engraçada esta, há quem já ouça até mesmo o tropel do dragão. A Folha (17/09/2010) apurou que entre economistas-chefes respeitados de grandes bancos, alguém vislumbra maior aperto monetário,  bem mais forte, pela frente. O ex-diretor do BC JOSÉ JULIO SENNA ainda participa, e justifica: "O país já se encontra bem perto da velocidade potencial, o que abre espaço para o surgimento de novos riscos inflacionários. Com isto, é mister uma taxa de juros mais elevada para 2011."..
O que é mister é um resquício de vergonha, até mesmo pelo pleito de aumentar a taxa campeã do mundo. Fosse por isso, o resto do mundo estaria na hiper-inflação, ou não?
O resumo dessa ópera é que, no campo da previsão econômica, tudo ainda se passa no mundo da chutometria. E não deixa de ser engraçado observar o estilo com que os argumentos que pretensamente sustentam os chutes são articulados para lhes dar um ar de ciência exata.  Jornalista-economista José Paulo Kupfe. Estadão, 21/12/2010
Infelizmente, nossa escola é a pior possível, inclusive aos professores:
Não se pode exemplificar melhor a abrangência do controle econômico sobre todos os outros aspectos da vida do que na área do câmbio. A primeira vista, nada parece afetar menos a vida privada do que o controle estatal das transações em moeda estrangeira, e a maior parte das pessoas olha com total indiferença a introdução dessa política. No entanto, a experiência de quase todos os países europeus ensinou-nos a considerar essa medida um passo decisivo no caminho do totalitarismo e da supressão da liberdade individual. Ela constitui, na verdade, o abandono completo do indivíduo à tirania do estado, a eliminação definitiva de todos os meios de fuga - não somente para os ricos, mas para todos. Quando o indivíduo já não tem liberdade de viajar nem de comprar livros e revistas estrangeiros, e quando todos os meios de contato com o exterior se limitam aos aprovados pela opinião oficial ou aos que esta considera necessários, o controle efetivo da opinião torna-se muito maior do que o exercido por qualquer governo absolutista dos séculos XVII e XVIII.  HAYEK, F., O caminho da servidão, cap. 7; Controle econômico e totalitarismo.
E, ainda que o fascismo e o nacional-socialismo tenham sido destruídos enquanto realidades políticas na Segunda Guerra Mundial, suas ideologias não desapareceram e, direta ou indiretamente, ainda se opõem ao credo democrático. KELSEN, H., A democracia: 140
Vero. Até hoje:
'LULA QUER PARTE DA MEMÓRIA DE VARGAS. Professora da USP analisa influência do modelo populista de Getúlio Vargas no atual governo. A historiadora Maria Lígia Coelho Prado, coordenadora do Seminário Internacional Perón e Vargas, Aproximações e Perspectivas, realizado no início do mês, vê Lula como administrador de uma contradição: busca se apresentar como 'pai dos pobres' e, ao mesmo tempo, atende aos interesses dos banqueiros e grandes empresários. Ela analisa o que há de herança varguista no atual governo. O Estado de São Paulo, 15/4/2008
SÃO PAULO - O Brasil caiu seis posições e ocupa a 47ª posição no ranking das democracias do mundo, elaborado pela Economist Intelligence Unit (EIU), braço da revista britânica The Economist. Na edição de 2008 da lista, o Brasil estava em 41º lugar. Agora, está atrás de países como Timor Leste (42º).
Os contadores esperam escapar ilesos do Monstro do Lago Ness porque vislumbram a praia, já chegando, ao desembarque. Quem tomar o navio rumo à próxima década que se dane! *
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* Na mosca: A presidente eleita, Dilma Rousseff, não terá dificuldade para encontrar a pobreza absoluta que ela prometeu erradicar até o fim do mandato, como um dos principais compromissos da campanha. Quase 5,3 milhões de famílias - a grande maioria dos brasileiros que permanecem na condição de miseráveis - já são beneficiárias do programa Bolsa-Família, de transferência de renda .Estadão, 5/12/2010
Gostaria de saber se pelo menos 10% dessa gente chega a receber a dádiva governamental extorquida de quem produz. No Programa do Leite do impostor  presidente Sarney o que se viu foram negócios de emissoras de montão, enquanto os pobres agnus dei**.,
** De novo, na mosca:

TCU vê indícios de pagamento
a 'fantasmas' em obra do PAC

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