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Ignorância do Tribunal
Haverá uma nova classe, uma nova hirerarquia de verdadeiros e pretensos sábios e o mundo ficará dividido entre uma minoria que governará em nome da ciência, e uma enorme maioria ignorante. Então essa massa ignorante que tome cuidado!
BAKUNIN, MICHAEL, Obras, 1910; cit. WOODCOCK: 128.
Os alto-coturnos becados se mostram independentes, pero divorciados da sociedade; portanto, da realidade.
Não quero falar da dúvida que acomete a mais alta corte, reunida há dias, para dar um óbvio veredicto. Seu dilema beira a hipocrisia. Põem-se os notáveis tal como Poder Moderador, mas um algodão não entre os poderes, e sim obstáculo ao povo? Este Tribunal tem apresentado relevantes prejuízos à Nação, especialmente por arquivar processos referentes às mais notáveis falcatruas, todas devidamente descritas, e provadas, Desta feita, ao abonar candidaturas sobejamente conhecidas, a turma colocada como guardiã do Direito, da Justiça, da Ética, toma frangos do interesse mesquinho,ordinário, vil e oportunista dos protegidos. Maior descrédito será impossível apurar.
A iniciativa popular do ano passado, que consagrou a Lei da Ficha-Limpa, vale para esta eleição, ou para a próxima, apenas, daqui há quatro anos? O que será que pensava o povo quando tratou de exigir tanto ? Deveremos nesta eleição ainda eleger os ladrões, para cumprir o trâmite normativista da propedêutica jurídica, ou, quem sabe, tentarmos evitar que nosso dinheiro se vá pelo ladrão?
Como alguém pode ter dúvida que candidaturas devam apresentar ficha-limpa antes de inscritas ao pleito? Basta conhecer a língua-pátria para definir o que significa candidato: o termo foi escolhido justamente para ser prerrogativa de cândido, isto é, quem não apresenta máculas em sua trajetória profissional, ou mesmo social! Ninguém obviamente é santo, mas a preocupação do povo é apenas não ser ludibriado, tapeado, espoliado, extorquido, como sói acontecer com a geração que se agadanhou do poder para forrar suas cuecas com dólares. Na dúvida, ninguém deve ultrapassar, mas se a ficha sinalizar, é óbvio que teremos acidentes pela frente. O impedimento de pretendentes já inscritos no "serasa" e SPC dos bens públicos não é castigo ou pena por culpa não julgada, mas prevenção, apenas, do povo contra os amigos-do-alheio.
O que a sociedade quer é ter uma política séria e quer dispor de um instrumento por meio do qual possa ser defendida de maus políticos. A Lei Ficha Limpa veio para isso. CAVALCANTI, O., Pres. da Ordem dos Advogados do Brasil, em 23/9/2010
E afinal, dentre os duzentos milhões de brasileiros, será que não dá para os partidos cavocarem alguém com conduta ilibada? O que querem? Instituir a República das Trapaças?
Não se pode ignorar a vontade do povo, que está claramente manifesta pela aplicabilidade da Ficha Limpa. Temos a convicção de que o Supremo Tribunal Federal fará valer a lei maior e atenderá aos anseios da sociedade MATTAR JR., César, Presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, em 23/9/2010
O alvo não é apenas o modelo político caduco em que Lula se compõe com Sarney, Collor e a escumalha do PMDB. É outro o alvo, para além dos tais índices de crescimento: o perigo de ainda maior esgarçamento do tecido da incipientíssima sociedade civil. Uma República de polichinelo, com o presidente fazendo graça com seus superpoderes (que nem eu nem ninguém lhe conferiu), do neopopulismo pobrista, neste quadro sociocultural em que florescem tiriricas e mulheres-pera.
MOTA, Carlos Guilherme, Catedrático da Universidade Presbiteriana do Brasil. Estadão, 25/9/2010
Tal qual seu Supremo, regionais eleitorais também apreciam um samba de criolo doido. Os abnegados zeladores da democracia detiveram um gerente de um supermercado Rede Economia, em Magé. O execrável elemento foi conduzido para se explicar à 66ª Delegacia de Polícia Civil neste sábado (25) pelos fiscais da 148ª Zona Eleitoral. "Também foram presas duas mulheres que entregavam panfletos do deputado estadual e candidato à reeleição Geraldo Moreira dentro do estabelecimento, que pertenceria à família do candidato".
Mas por qual razão não pode a clientela ser informada? Seria abuso de poder econômico? Mas então o que dizer das numerosas emissoras, propriedade de inúmeros candidatos, ou com ligação direta com os partidos, como denuncia o próprio Presidente?
"O artigo 37 da Lei 9504/97, a Lei das Eleições, proíbe a veiculação de propaganda eleitoral em bens de uso comum."
Ah tá. Dessarte é mister dimensionar o que se entende uso uso comum. Incluir-se-ia o ar? E a publicidade nas ruas, esta sim, flagrantemente de uso comum? O que dizer do Palácio do Planalto, virado comitè eleitoral da Secretária, e mais ainda - com farta distribuição de dinheiro, à toda a Nação, há horas, sendo abençoado justamente por comprar os votos de todo mundo, desde a gente mais humilde até os cartolas internacionais, docinhos preparados com a montanha de açúcar que arrecada da produção, e altos spreads sobre intermediação de grandes negócios? Pelamor deDeus!
Seria verdadeiramente cômica a democracia portuguesa, com certeza, se não fosse trágica.
A gente fica frustrado, depois de uma longa luta em prol da democracia, ver o que estamos vendo. E acho que não temos democracia, até pela maneira pela qual se conduz a vida pública, onde um grupelho toma conta do governo, pondo nele seus parentes, seus amigos... Não é o governo do povo. Veja a própria constituição do Supremo Tribunal Federal, onde não se fez uma consulta maior para a escolha dos ministros. Ela foi pessoal, feita pelo próprio presidente. Leis passam na Câmara e no Senado, por atuação da presidência da República, que transformou o Legislativo em algo sem a menor expressão. [...] Quem manda no país, passa por cima das leis é ele, Lula. Vai eleger a presidenta que fará o que ele quiser.
BICUDO, Jurista Hélio, à Gazeta’ de 26/9/2010
Os togados não tem o menor preparo, e pelo visto nem interesse em preservar a democracia. Ela é solenemente ignorada na academia que lhes fornece o galardão, porque voltada ao profissionalismo, que é prático, e não à filosofia, que exige pensar.
E como estamos num meio e num momento no qual ninguém mais precisa pensar, raciocinar, nem deliberar, e ainda assim é aclamado pelo mundo, vemos aí um festival de desmandos a expressar o caráter diminuto do anunciante.
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