quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Os perigos do stress


O presidente é um dos 17 milhões de brasileiros portadores dessa
doença, que não tem cura, mas pode ser controlada.

Jornal
O Sul, 29/10/2010
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A imprensa ainda repercute a crise de hipertensão que levou o presidente L. INÁCIO DA SILVA a ser internado em Recife, na semana passada.
Dizem que o presidente adoeceu por excesso de trabalho. Que seu pico de hipertensão é resultado de dias estafantes, acúmulo de compromissos, quantidade absurda de viagens, um calor inclemente e um palanque atrás do outro, sempre muito exaltado e nervoso, não se sabe bem porque, já que seu governo é tido e havido como a própria perfeição, segundo avaliação de gregos, troianos, trabalhadores e capitalistas.
RUBINATO, Maria Helena,

Em campanha, freneticamente, 1/2/2010


O fenômeno se tornou ainda mais saliente por frustrá-lo de receber o inédito prêmio de Estadista Global, perante trinta chefes de Estado e mais de duas mil e quinhentas lideranças internacionais, belíssima solenidade programada justamente no coração da Europa.
"Seria o dia de uma consagração mundial." (LEITÃO, M., O que Lula deveria refletir no seu fim de semana)
Para mim, francamente, LULA amarelou. Aos amantes da velocidade norteamericana, contudo, ele continua sendo o suprassumo da coragem:
“Presidente Lula. Pilotando o Brasil.” É o que está escrito no capacete oficial da Fórmula Indy entregue ontem (2/2) por sete pilotos brasileiros da categoria, durante audiência, em Brasília.
O problema é que essa bajulação toda ajuda a despertar a megalomania do presidente, alimentando sua vaidade de forma incrível. O poder corrompe, e o excesso de poder concentrado em alguém vaidoso e popular corrompe ainda mais.
CONSTANTINO, Rodrigo, A Bajulação Corrompe
3/2/2010
O jornalista MARCELO TAS (Nunca Antes Na História Deste País) retrata LULA como turista, economista, ser humano, filósofo, comediante stand-up, metamorfose ambulante, marqueteiro, advogado, técnico de futebol e animal político. Antes de tudo, LULA é aposentado por invalidez, graças à perda de 1/3 do dedo mínimo, guilhotinado por um torno.
Independentemente de palpites e das opiniões cada vez mais generalizadas, o certo é que o aspecto do superstar no dia do embarque ao GP Mundial era mesmo deplorável, espelhado em profundas olheiras, conquanto por demais assustado. E não era para menos. Com certeza. O Ministério da Saúde advertira:
A hipertensão arterial, quando não controlada, pode acarretar derrames, doenças do coração - como infarto, insuficiência cardíaca e angina (dor no peito) -, insuficiência renal ou até falência dos rins, além de alterações na visão que podem causar cegueira. Por isso, é fundamental prevenir e controlar a doença.
O presidente demonstra ter superado a anomalia física decorrente da fraqueza, mas não convém desdenhá-la, ainda mais que sua atenção é voltada, assim, aos maiores embates:
"Eu vi três jogos do Corinthians. Este último, contra o Palmeiras, vi a hora do meu coração sair pelo pé." (LULA, O Globo, 3/2/2010)
O lamentável episódio que frustrou sua presença naquele GP serve de alerta aos milhões de brasileiros que mais ou menos sofrem com esses distúrbios, como informam matutinos. De fato, a vida no Brasil está cada vez mais difícil e arriscada, de maneira que não é de se estranhar que as pessoas receiem até mesmo de varar o portão de suas residências:
O ano passado registrou piora generalizada nos índices de crimes no Estado de São Paulo. Os roubos alcançaram o mais alto índice da série histórica, com 257.004 ocorrências, 18% acima do ano anterior. O recorde de roubos havia sido alcançado em 2003, quando foram registrados 248.406 casos. Também cresceu o total de casos de latrocínios, sequestros, roubo e furto de veículos. Para piorar, a violência policial também aumentou. No ano passado, foram registrados 549 casos de resistências seguidas de morte - quando a vítima morre em supostos confrontos com a polícia. O total é 27% maior do que os 431 casos contabilizados no ano anterior.
Revista Isto É, 2/2/2010
Os paulistas ainda vivem semana trágica, com interminável dilúvio que tem vitimado centenas e destruído patrimônios. No Mato Grosso, a dengue toma conta do povo. Cidades de São Paulo e Minas Gerais também já lançam alertas.
No Rio, há cada vez mais gente que nem casa tem:
"Laranjeiras, Flamengo e Catete estão virando a Meca dos moradores de rua. No Largo do Machado e na Praça São Salvador, as pessoas não podem mais andar sem serem abordadas." (Idem)
"Um ônibus da linha 940 (Ramos-Madureira) e quatro carros foram incendiados na madrugada desta sexta-feira." (Idem, 5/2/2010)
A inflação oficial usada pelo governo, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), registra o maior avanço em vinte meses. A produção industrial cai em 13 de 14 regiões em 2009, diz IBGE. Nada disso por enquanto vem ao caso.
Lula anunciará pacote de construção de casas populares para o Haiti.
O conjunto de medidas a serem divulgadas pelo governo brasileiro inclui ainda projetos da Embrapa sobre técnicas de plantio e um programa de utilizar a coleta de lixo para transformar restos hoje subutilizados em combustível para automóveis. Até o momento já foram feitos 60 voos de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para o Haiti, em uma média de três por dia, além de doadas 56 t de água potável, 220 t de alimentos e 225 t de medicamentos.


No mesmo dia em que participou, com o presidente Lula, de inaugurações ao lado do governador Sérgio Cabral (PMDB), no Rio , a ministra da Casa Civil e pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, teve um encontro reservado com o ex-governador Garotinho (PR), num apartamento em Copacabana. A reunião, no último dia 25, foi um pedido de Garotinho, que já foi um crítico feroz de Lula mas que negocia o apoio de seu governo.
O Globo, 5/2/2010

O quadro não pode ser mais desolador:
"Quando jovens e famílias nacionais falam em deixar o país, é porque estão enojados de assistir à mesmice dos velhos truques de políticos carreiristas." (CARDOSO, Júlio Cesar, O povo brasileiro está cansado da velha política, O Globo, 7/3/2009)
* * *
Políticos, comentaristas, e principalmente médicos são convocados para esmiuçarem à população o significado, e razões da anomalia apresentada pelo presidente-aéreo. Segundo o exército branco, é principalmente a nível de coração, ou mais precisamente, a nível das coronárias, que o stress pode ser um matador silencioso.
No aparelho circulatório a adrenalina promove a aceleração dos batimentos cardíacos (taquicardia) e uma diminuição do tamanho dos vasos sangüíneos periféricos. Assim, o sangue circula mais rapidamente para uma melhor oxigenação, principalmente, dos músculos e do cérebro já que ficou pouco sangue na periferia, o que também diminui sangramentos em caso de ferimentos superficiais.

No aparelho respiratório, a adrenalina promove a dilatação dos brônquios(broncodilatação) e induz o aumento dos movimentos respiratórios(taquipnéia) para que haja maior capitação de oxigênio, que vai ser mais rapidamente transportado pelo sistema circulatório, também devidamente preparado pela adrenalina.

Quando o perigo passa, o nosso organismo para com a super produção de adrenalina e tudo volta ao normal. No mundo de hoje as situações não são tão simples assim e o perigo e a agressão estão sempre nos rodiando. Por isso a reação do organismo frente ao stress é de taquicardia, palidez, sudorese e respiração ofegante. Pode haver também um descontrole, uma intensificação da pressão arterial. Uma discrepância circunstancial não significa ser pessoa hipertensa.

Uma ativação repetida e crônica do sistema nervoso autônomo, numa pessoa que já tenha problemas de lesão da camada interna das arterias coronárias (aterosclerose), provocadas por fumo, gordura excessiva na alimentação, alcoolismo, obesidade ou colesterol elevado, etc., pode acarretar uma série interminável de distúrbios.
A diminuição do fluxo sangüineo adequado para manter a oxigenação dos tecidos musculares cardíacos (miocárdio) leva à chamada isquemia do miocárdio, que é acompanhada de dores no coração (angina), principalmente quando se faz algum esforço, e até ao infarto do coração (ataque cardíaco), provocado pela morte das células musculares do coração, por falta de oxigênio. A adrenalina tem o poder de contrair esses vasos, agravando o problema de quem já os tem com o diâmetro reduzido pelas placas. O resultado é fatal.

Outros problemas comuns são a ruptura da parede dos vasos enfraquecidos pela placa aterosclerótica, ou a trombose (entupimento completo do vaso coronariano). Um pequeno coágulo (trombo) pode desencadear uma cascata de coagulação, que também pode levar à morte. O nível elevado de adrenalina também pode provocar alterações irregulares do ritmo cardíaco, denominadas de arritmias ("batedeira"), que também diminuem o fluxo de sangue pelo sistema cardiovascular.
Naturalmente cabem aos médicos tentar resolver essas anomalias. Os profissionais tem demonstrado ampla competência, especialmente na agudeza, nos picos das moléstias. Mas o que vimos são conseqüências de um organismo desarranjado, de uma mente esfacelada. As causas desse desencadear, por abstratas, remotas, não-locais, dificilmente podem ser desvendadas por especialistas. É o que veremos.
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