segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Brasília à deriva

Há riqueza ostensiva em Brasília que não poderia ser construída honestamente. Casas suntuosas de servidores e ex-servidores que acumularam patrimônio incompatível com a realidade salarial... Parlamentares agradecem a Deus pela propina, numa cena inacreditável.
RABELLO, J.N., É só o começo. - Estadão de São Paulo, 30/11/2009
Após meses de flagrantes, depoimentos, provas de todos os gêneros, e intensos protestos populares, o procurador-geral da República, ROBERTO GURGEL assegura que as investigações apontam uma "falência das instituições no Distrito Federal".
Ninguém, todavia, parece disposto a assumir o imbroglio:
Ao Ministério da Justiça, neste momento, cabe aguardar. Estamos conversando com o secretário de Segurança Pública do DF e acompanhando de perto o desenrolar da segurança pública na capital. Não compete ao governo federal decidir pela intervenção ou não. Apenas em caso de alteração da 'ordem pública', o Ministério da Justiça poderá agir.
BARRETO, Luis Paulo, Ministro da Justiça do Brasil, 22/2/2010
Pois as alterações não são apenas de ordem pública, senão que institucionais, e até criminais!
É uma crise muito grave em que os poderes estão contaminados por atos de corrupção e infelizmente o sentimento é de que não há outro mecanismo a não ser a intervenção para tentar sanar a contaminação que tomou conta do executivo e da assembleia distrital aqui na capital da república
VALADARES, Mozart, Presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, Terra, 24/1/2010
No entanto, para o Ministério da Justiça cabe ao Supremo Tribunal Federal tomar a medida que julgar compatível. Este, todavia, reluta. Considera-se incompetente, mercê de pífia justificativa. O presidente STF, ministro Gilmar Mendes, afirmou nesta segunda-feira que não há precedentes de pedidos de intervenção federal que tenham sido acatados pela Corte. Então, por certo, não sabe como proceder. Prefere se distrair apreciando o pedido de habeas-corpus do governador afastado JOSÉ ROBERTO ARRUDA (sem partido, ex-PSDB e ex-DEM), já negado em caráter liminar pelo ministro MARCO AURÉLIO MELLO.
"Agora o fundamental para que se possa ter uma leitura mais tranquila é que o Superior Tribunal Federal (STF) julgue o pedido de intervenção, a fim de que aquele que assuma tenha a tranquilidade poder governar", diz OPHIR CAVALCANTE, presidente nacional da Ordem doa Advogados do Brasil, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, em 24/2/2010.
Pois a insanidade parece ter tomado conta até mesmo desta entidade:
A OAB-DF anunciou na noite do dia 24 a criação de um movimento suprapartidário contra a intervenção federal no governo do Distrito Federal (GDF). A decisão representa uma mudança na campanha do órgão que defendia até ontem a intervenção no GDF.
Da UOL Notícias Em Brasília
Mas o que pretendem? Um concílio partidário? Uma administração ecumênica?
É impressionante a leniência, incapacidade, a incompetência das autoridades executivas, legislativas, judiciárias, eclesiásticas, militares, classistas, ou seja lá o que for, para colocar Brasília em ordem. A administração está virada em salve-se quem puder, e agarre o que puder. Se o Governo Federal não pode decretar uma imediata intervenção em seu próprio reduto, quem sabe chamamos as forças da ONU para organizar a Capital Federal?

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