quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A influência de Arruda na eleição presidencial



Ah, se o Arruda falasse...
Jorn. ELIO GASPARI, Folha de São Paulo: 2/12/2009

O Governador de Brasilia  não foi detido por causa de seus flagrantes desvios dos recursos públicos, mas por tentar obstaculizar a eterna instrução processual. Tal qual todos os precedentes, o processo seria arquivado, mas sua covardia, o medo da condenação lhe precipitou a continuar praticando os atos que vinham dando certo já por uns quinze anos. ARRUDA era dos principais negociadores de FHC para subornar os membros do Congresso Nacional, algo que vinha logrando êxito desde a aplicação do estupendo golpe bancário coberto pelo PROER, e posteriormente na alteração constitucional que permitiu a reeleição do chefe, ao infortúnio da Nação...
A negociata para a aprovação da emenda constitucional que permitiu a reeleição de FHC foi o primeiro grande escândalo deste governo. Em maio de 97, a Folha de São Paulo apresentou gravação de conversa na qual os deputados Ronivon Santiago e João Maia, ambos do PFL do Acre, confessam ter recebido R$ 200 mil para votar a favor da emenda da reeleição. Segundo Ronivon e Maia, o filho de ACM, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) e o deputado Pauderney Avelino (PFL-AM) eram os intermediários das negociações que eram acertadas diretamente com o então ministro das Comunicações Sérgio Motta. Ainda conforme a Folha, o pagamento era por conta dos governadores do Amazonas, Amazonino Mendes (PFL-AM), e do Acre, Oleir Cameli (sem partido). Na gravação, Ronivon dizia que os deputados Osmir Lima (PFL-AC), Chicão Brígido (PMDB-AC) e Zilá Bezerra, também haviam vendido seus votos. A oposição se mobilizou para fazer a CPI da reeleição e o governo agiu como sempre: distribuiu verbas aos deputados e senadores para elidir o inquérito.
Para confirmar a lealdade o sistema sempre foi violado:
"ACM e José Roberto Arruda não foram santos, mas o painel eletrônico do Senado também não era virgem até a cassação de Luiz Estevão. Mais de uma votação secreta já teve antes seu resultado conhecido." (CRUVINEL, Tereza, Panorama Político)
O líder do governo pediu desculpas, renunciou, foi abandonado pela quadrilha como se abandona o assecla pego pela polícia, mas foi acolhido pela grei correlata, e assim retornou glorioso à testa de funções ainda mais elevadas, para executar o mais vil espetáculo.
O Poder Judiciário finalmente cumpriu alguma função, mas ela não se resumirá em instruir livremente o processo do escandaloso mensalão brasiliense. Talvez disso a Suprema Corte, que vem garantindo a corrupção desenfreada precisamente desde 1995, ainda não tenha se dado conta.
Já na época em que foi ameaçado pela violação do painel, o então Líder do Governo insinuou que seus atos e de ACM, do DEM, ambos partidos integrantes do Executivo, estavam à serviço do notável mandante. Imediatamente houve a negociação, e ARRUDA saiu arranhado, mas não abatido.
"Arruda também deverá ter, na medida do possível, um guarda-chuva político do partido. Precisará, porém, preservar o presidente Fernando Henrique Cardoso e o governo de envolvimento com o escândalo." (KENNEDY ALENCAR, http://os.intocaveis.com.br/GS1/GestaoDaIndignidade.htm)
Como vemos, como prêmio ao seu silêncio, abiscoitou poucos anos depois nada menos do que o governo do Distrito Federal.
Desta feita, por envolver diretamente a Polícia Federal, por estar preso, sujeito à imediatos depoimentos, a uma inédita pressão popular e da imprensa, conquanto alvo de ataques e críticas até mesmo de seus "parceiros de negócios" não será surpresa se o acuado cidadão já se valha da delação premiada, dando a conhecer não só os procedimentos e os participantes das falcatruas que motivam seu cárcere, como o histórico geral de sua conduta política desde o início na sua vida pública.
Saliente-se que o distinto Governador seria designado como Vice-Presidente na chapa de JOSÉ SERRA, formando novamente a dobradinha PSDB/DEM. Coincidentemente vige estranheza pela preferência ao apático e quase anacrônico governador paulista na cabeça de chapa, em detrimento do correligionário governador de Minas Gerais, AÉCIO NEVES, notável pela descendência, desenvoltura e jovialidade. De uma hora para outra, sem nenhuma razão aparente, o mineiro desistiu de concorrer pela indicação do partido, sequer aceitando a composição da chamada chapa puro-sangue, para muitos imbatível. A desistência pode estar ligada diretamente ao incompetente ARRUDA, desmascarado nacionalmente, periclitando por isso, graças à sua fraqueza, vomitar o modus operandi das quadrilhas, fato que poderia se estender ao tempo em que articulava com MARCOS VALÉRIO, célebre introdutor do mensalão.
A revista IstoÉ publicou reportagem sobre aquele pioneiro "mensalão", o qual incriminava o senador EDUARDO AZEREDO (PSDB-MG), o ministro das Relações Institucionais de FHC, WALFRIDO DOS MARES GUIAS, e o governador de Minas Gerais, AÉCIO NEVES, em um esquema de arrecadação de dinheiro muito semelhante ao do aprimorado pelo PT, e descoberto em 2005. O ministro WALFRIDO DOS MARES GUIAS é acusado de ter movimentado mais de R$ 24 milhões para a campanha de AZEREDO, isto é, para seus bolsos; o PT também foi aquinhoado, com R$ 880 mil; e o governador AÉCIO NEVES, que na época lutava pela reeleição à Câmara, abistoitou R$ 110 mil do esquema.
O quadro, todavia, tende ficar ainda mais negro. A Polícia Federal, em função da delação premiada, pode estar reunindo elementos que também atingiriam SERRA, até agora incólume. Começou com o afiliado de SERRA ameaçado de perder o mandato da prefeitura paulistana, justamente por causa da descoberta de quem foram seus investidores de campanha, fornecedores oficiais. CBN - Lucia Hippolito Camargo Corrêa, OAS, Carioca Christiani Nielsen, Engeform e S/A Paulista doaram R$ 6,8 mi e já receberam R$ 243 mi da Prefeitura. Banco Itaú,como sempre, e a Associação Imobiliária Brasileira (AIB) complementam as doações consideradas ilegais pela Justiça Eleitoral à campanha do prefeito, com R$ 10 milhões. AIB é fechada do sindicato da habitação, Secovi.
O governador paulista na época também era Ministro de FHC, portanto colega de MARES GUIA, e de ELISEU PADILHA, gestor de monumental desfalque junto ao DNER, e responsável direto por permitir que as empreiteiras que lhe forraram pudessem arrancar seus lucros diretamente à beira da estrada, de todos os veículos que se obriguem a transitar. ELISEU PADILHA , por tudo, ficou conhecido nacionalmente como ELISMEU QUADRILHA. ARRUDA participou disso tudo, e conhece todos os meandros, filigranas, e personagens. Não obstante, SERRA também se imiscuiu em articular e captar recursos à campanha de FHC, em conjunto com SERJÃO e MÁRIO COVAS. (.A velha e a nova 'arte de furtar') Uma de suas maiores conquistas foi arrancar da FORD e da GM* uma cifra substancial, mas insignificante às multinacionais, frente à obstaculização de importações decretadas por FHC, sob a pecha de que o Brasil não tinha dinheiro para ficar importando automóvel. Na ocasião ainda ficou garantido aos queridos investidores terrenos e instalaçoes a fundo perdido, e impostos perdoados, para que montassem seus veículos, cujo escoamento o governo também garantiria diretamente, para integrar sua gigantesca frota, em todos os estados. Em seguida FHC importou um portaviões, e enorme quantidade de tanques usados, mas isso não vem ao caso.
Por fim, convém ainda considerar a precária situação da governadora do PSDB do Rio Grande do Sul, alvo de uma série impressionante de acusações que quase levaram ao impeachment. S.Exa. também foi correligionária de ARRUDA, e permanece ligada a SERRA, constantemente invocado a seu socorro. O ex-ministro TARSO GENRO, da Justiça, ministério que em última análise regula as ações da Polícia Federal, é candidato ao governo gaúcho.
Poder-se-ia alegar o estupendo mensalão do PT, campeão dos mensalões, mas neste caso houve maior competência. Os articuladores foram expurgados, caiu a diretório, TARSO GENRO assumiu o comando nacional, e de certo modo recuperou a casa. Ninguém mais deu bola, e LULA mantém uma taxa de aprovação nacional e internacional que nem mesmo JESUS CRISTO foi capaz.
Talvez tudo isso bem possa explicar a fisionomia preocupada, e a falta de mobilidade, chegando às raias da indecisão do governador paulista em ratificar seu interesse na disputa à Presidência da República. O povo não mais tolerará nenhuma denúncia.
LULA e sua secretária DILMA sorriem. Há quem aponte que ela nem terá adversário, ninguém aparecerá na raia. Por mais desprovida de carisma que seja, S. Exa. poderá levar com tranquilidade e fidelidade a tocha olímpica até o retorno triunfal do novo Pai-dos-pobres e Mãe-dos-ricos, a tempo das Olimpíadas.*
Passado mês, começam a chegar as concordâncias:
Lula voltará daqui a quatro anos à presidência. A previsão é do cientista político Lucio Rennó, do Instituto Giga (German Institut of Global and Area Studies), de Hamburgo, e foi lançada durante o seminário 'Brasil em ano eleitoral o que vem depois de Lula?', promovido em Berlim em11/3 pela Fundação Konrad Adenauer e a Sociedade Brasil-Alemanha, que comemora 50 anos de fundação.
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* S. Exa. teria sido informada sobre este rasante no futuro efetuado pela Nav's ALL?
Com certeza! Não por acaso já no dia seguinte se apressou em dissuadir:
"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou ter escolhido a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) como candidata do PT à Presidência para apenas um mandato, com o objetivo de voltar em 2014."
(Estadão e Folha de São Paulo, 18/2/2010)
Decididamente, mais uma vez, S.Exa. falta com a verdade:

A base do governo tem na manga, pronta para ser apresentada, uma PEC (proposta de emenda constitucional) que prevê um referendo sobre a possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorrer a um terceiro mandato. Já há as 171 assinaturas necessárias para protocolar a emenda --a maioria vinda de PMDB, PT e outros partidos da base de Lula. Mas há apoios da oposição.
Folha de São Paulo, 17/5/2009

*Nav's ALL costuma voar na proa do tempo, e por isso adianta a virtual realidade com bastanta aproximação. Na mosca:
"Dilma diz que 'sem dúvida' Lula pode retornar em 2014
." (Folha de São Paulo, 21/1/2010)

No alvo, de novo:
Uma carta de cinco páginas do governador do DF, José Roberto Arruda estaria tirando o sono de figurões do DEM. Nela, Arruda faz um desabafo, alega inocência, acusa os adversários de “armação” para destruí-lo e aponta políticos – sobretudo do DEM, que praticamente o expulsou – que receberam dinheiro graças à influência de seu governo. Cópias da carta foram confiadas a pessoas da confiança de Arruda.
CLAUDIO HUMBERTO, 3/3/2010
O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Alvaro Batista Camilo, comprou, por R$ 2,8 milhões, um Captiva para ele .O Estado flagrou o coronel em seu carro quando chegava a um encontro na zona norte de São Paulo. A seis quilômetros dali, Alckmin subia em um Vectra preto após uma solenidade na zona leste. O governador abriu mão dos Ômegas blindados contratados por seu antecessor, José Serra (PSDB).
O contrato de compra dos carros foi feito pela Diretoria de Logística da PM e publicado no Diário Oficial em 16 de outubro de 2010. incluindo 161 veículos da GM, sem especificar quantos eram viaturas oficiais e quantos eram carros sem identificação, para os coronéis. O valor total da compra foi de R$ 5,8 milhões. Foram adquiridos duas Montanas, 61 Vectras Expression, 92 Corsas Hatch, cinco Corsas Sedan e o Captiva. Cada Vectra saiu por R$ 44,9 mil - os 61 custaram R$ 2,73 milhões. Já os R$ 92 mil do Captiva equivalem ao preço de três Corsas - R$ 30 mil cada. 

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