terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Chile vê despontar um Sol Maior

Certamente, há modos diferentes que podem ser vistos na América Latina, mas cada país tem que escolher seu próprio caminho. O Chile escolheu o seu.
MIGUEL JUAN SEBASTIÁN PIÑERA ECHENIQUE, Presidente eleito do Chile
O desastre do Haiti tem catalizado a atenção do mundo, mas algo muito maior, e infinitamente mais feliz surge para de certo modo compensar aquela calamitosa realidade: o surpreedente e alvissareiro triunfo opositor frente ao candidato da ilibada governante chilena, dona de alto índice de aprovação, mas que claudicava especialmente com as relações exteriores.
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Trata-se também de uma mudança de época, que resulta de um deslocamento no eixo do poder político, de alcance histórico. Mas não pelas razões que estamos habituados a supor. A democracia chilena vai muito bem e sua economia está entre as emergentes menos afetadas pela crise de 2008.
SOLA, Lourdes, Chile
Concordo com esta; e de antemão, com o presidente eleito. Os países se encontram despersonalizados. A falta de imaginação continua assolando a turma ocidental. Nenhum tem escolhido seu próprio caminho. O uniforme não é mais internacional socialista, mas um genuíno feitio fascista. Posso listar a plêiade de oportunistas e seus métodos inescrupulosos que regem nações, do Velho ao Novo Mundo. No Chile, pelo menos, a corja não terá vez. E como tudo se espraia por ondas, é de se esperar um contorno pelo Beagle, para que nosotros possamos ser alcançados pela redentora maré:
O verdadeiro significado das eleições presidenciais do Chile ainda não cruzou a Cordilheira dos Andes e poucos compreenderam a poderosa mensagem que há na vitória do empresário Sebastian Piñera. O que aconteceu no Chile vai além desse simples paralelismo e abre uma janela de esperança na América Latina.
ATTUCH, Leonardo, Revista Isto É, 24/1/2010

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"Eu tenho muitas críticas à forma como estão sendo tratados os temas públicos na Venezuela e quero dizer isso com muita clareza." (PIÑERA, S., entrevista coletiva, hoje concedida)
A nada pequena Veneza se põe de loco motiva. O anão condutor vem há muito insuflando catástrofes sociais, não apenas em seu quintal, mas por onde avançam seus falaciosos berros bolivarianos, tudo calcado numa economia extrativista, cujos efeitos não podem ser mais danosos. O ícone tem sofrido sérios revezes, desde o famoso pito ouvido do rei espanhol, até o affaire das bases americanas perdido com a Colômbia, passando pela espetacular performance hondureña. Ultimamente o demente experimenta distúrbios intestinos cada vez mais intensos. Para ajudar, a comparsa argentina baqueia vergonhosamente. Agora, entretanto, enfrentará um adversário com grosso calibre, um elemento surpresa, não só agregador, mas imbuído de total discernimento.
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Em nome de um pretenso "Estado de Direito", ou por alienação, submetemo-nos à pífias lideranças, na melhor hipótese, mas a plêiade de gangsters e oportunistas nada tem de ingenuidade. O plano é internacional, uma internacional de governantes ilegítimos, legalizados às custas de alterações constitucionais, essas que começaram com a espúria aliança entre FUJIMORI & FHC, assim ultrapassando em dobro o prenúncio das vacas-magras. Mister cavalo-de-pau.
Na mosca? Vice de Chávez lhe abandona
"Essa mulher quer ser sua, presidente....
Essa mulher quer ser sua presidente....
Vai encarar viver sob suas botas?"
(http://dois-em-cena.blogspot.com/2010/01/cambio-historico-en-chile-sebastian.html).
Mas logo esta?
Dilma representa, politicamente, a continuação do lulopetismo, praga que vem infestando o país desde janeiro de 2003, manifestada por crescente estatização, aparelhamento da máquina pública e sua tomada pelo partido, política externa manifestamente ideologizada, terceiro-mundista, simpática a Hugo Chávez, Correa, Morales, os irmãos Castro, Ahmadinejad e outras peças de museu assemelhadas e apoio aos ditos 'movimentos sociais', tais como os igualmente ditos “sem terras” – o que equivale ao consentimento do desrespeito aos direitos de propriedade -, tentativas de controlar a mídia sob o disfarce de um obscuro “controle social dos meios de comunicação”, investidas para enfraquecimento do Legislativo e do Judiciário, elevação do presidente à condição de demiurgo e outras aberrações deste tipo.
IORIO, U., Hortêncio, as maçãs e as eleições de 2010., 21/1/2010
Não, nada disso há que permanecer vingando. Ao contrário:
A democracia tem que ser calcada no Estado de Direito; a independência entre os poderes executivo, legislativo e judiciário, o respeito à liberdade de expressão e de imprensa, e o respeito à alternância no poder.
SEBASTIÁN PIÑERA
"Presidente eleito acredita que Brasil pode seguir exemplo do Chile." (Agencia EFE)
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Diferentemente dos líderes em voga, forjas de marketing e trapaça, o representante chileno apresenta dignificantes credenciais. De acordo com a revista Forbes, PIÑERA acumula um patrimônio superior a US$ 1 bilhão. Ele é apontado como um dos homens mais ricos do Chile.
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Certamente por causa de tudo isso. mas não só por isso, a ânsia pelo dinheiro, pelo enriquecimento, pelos prazeres da riqueza, tão comum, mas desconhecidos por muitos, estes até lograrem a chave dos cofres públicos, a ele não deve causar maior atrativo. A corrupção, se ainda persiste, quiçá por alguma entidade sindical, está fadada à mais completa extinção.
O novo chefe-de-estado latinoamericano detém invejável formação cultural e epistemológica, e a comparação com os coleguitas em evidência torna ainda mais gritante a discrepância.
Piñera é um economista formado pela Universidade Católica do Chile em 1971, seguindo carreira como professor de economia política até 1988. Em 1989 ele chefiou a campanha presidencial de Hernán Büchi, um ex-ministro das finanças de Pinochet. Em 1990 foi eleito Senador trabalhando na área de finanças do Senado até 1998. Sebastián é dono do Chilevisión, um canal de televisão transmitido nacionalmente e possui 27% do Grupo Lan Airlines, que, dentre outras empresas, é controladora da ABSA, empresa de logística aérea brasileira sediada em Campinas, interior de São Paulo. Além disso ele tem 13% do Colo-Colo, um time de futebol chileno, e tem ações em várias companhias latinas.
Nós e os americanos preferimos estreladas, a Argentina, e o Uruguai reverenciam o Sol em suas bandeiras, mas é a solitária chilena que ora brilha radiante para todos nós:
O Chile avança célere nos trilhos da Grande Sociedade Aberta, novo paradigma da civilização ocidental. De um lado, temos a herança das democracias liberais — o regime parlamentar, o estado de direito, as economias de mercado. E, de outro lado, a herança das grandes religiões e, ironicamente, do socialismo que tanto as combateu: a solidariedade, as redes de proteção social por meio de ações descentralizadas do Estado. As ideologias radicais estão superadas por essa síntese, que vai muito além da esquerda e da direita. O que se discute a cada eleição é a dosagem da ação social do Estado na remoção das arestas deixadas pelo mercado. O pêndulo eleitoral se inclina para a liberal-democracia, de modo a impedir a fossilização da política, a estagnação da economia e a interrupção da dinâmica de mobilidade social.
GUEDES, Econ. Paulo.Nos trilhos da Grande Sociedade Aberta

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