Quando a maria-fumaça deu apito à partida, eu já calculava quanto tempo duraria o novo milagre.
Sabia,de antemão, que é simplesmente impossível o desenvolvimento
econômico de qualquer país com juros acima de 12% ao ano. Os
constituintes também disso sabiam, e por isso a cláusula pétrea. Por 200
a cabeça, a âncora foi facilmente removida; a reeleição estabelecida. Pelo lado
político os comandos nacionais sobrepujavam os interesses estaduais, em
nome do centralismo arrecadatório. Isso significava que além dos investimentos privados, também os
regionais iriam à míngua, em prol de um programa bancário nacional. O governo compensou os governadores instituindo uma tabela de
multas de trânsito e arrecadações em cima dos automobilistas por
cartórios, e pedágios. Neste interim os estados não se afogaram, mas estão com água pelo pescoço porque também nunca mais nadaram.
- E você? Qual sua contribuição ao desenvolvimento do país?
- Preferi apenas sobreviver parado na estação,
com poucos mantimentos. Jamais embarcaria em tão flagrante ilusão.
- É cisma. Por que ilusão?
- Basta falar tão somente dos juros. No plano alcançado não há produção que se sustente, nem país que se aguente.
- Ora, é só você não pedir nada ao banco que obterá zero de juros. E pobre, mesmo sem dinheiro, nada pede ao banco. Aliás, nem conhece conta-corrente. Interessa-lhe a conta do armazém, não extrato bancário. Lula denunciou a razão do seu protesto e pretensão:
O que eles não se conformam é que os
pobres não aceitam mais o tal do formador de opinião pública. Eles
não se conformam é que os pobres estão conseguindo enxergar com os
seus olhos, pensar com a sua cabeça, pensar com sua consciência,
andar com as suas pernas e falar com sua boca. Não precisam do tal
de formador de opinião pública. Nós somos a opinião pública e nós
mesmo nos formamos. Presidente Lula, Folha, 18/9/2010
O descomunal tamanho desta deslavada mentira pode ser aquilatado pela manchete da Folha. Não
estava preocupado comigo, e sim com minha clientela. Acostumada ao
crédito, ao se dar conta que os acréscimos cobrados pelos bancos sobre os valores que emprestava se constituiam de puros juros,
ao invés do costume de ínfimos juros somados ao alto percentual de correção
monetária, a clientela simplesmente pararia de comprar, de solicitar os
serviços de quem quer que fosse, até por prudência.
Graças à
solidez da moeda, e o otimismo proliferado, todos se atiraram ao novo
rumo, com isso dando o impulso ao que julgava com trajeto ainda menor do que vôo de galinha. Quando, todavia, o
pessoal do chão-de-fábrica tomou conta do salão, a marcha da composição
tomou ritmo uniformemente acelerado. "Lula é o maior economista do Brasil. O Lula é o único economista que presta no Brasil porque é o único que está falando a verdade.” (Economista, Prof. A. DELFIM NETTO, responsável direto pelo Ato Institucional N. 5,
e ministro de vários ditadores que se sucederam, em primorosa.
entrevista para Ag. Estado - www.avozdavitoria.blogspot.com -
31/12/2008)
Quem seria eu, mísero epistemólogo - que qui é isso? - para confrontar não somente o autor do primeiro milagre brasileiro, mas também a maciça maioria dos economistas internacionais, de Keynes ao recentemente premiado com Nobel Paul Krugman?
Novo rico é perigo dobrado. E
repentino dono da maior jazida de petróleo do mundo? Figueiredo, o
último dos doicanos mandou alardear: "Plante que o João garante".
Lula lhe se sobrepujou, com folga: "Nem se levante que o pre-sal garante! E lá se vieram os dóceis governadores, agora atacados de uma sandice extremada, a brigarem entre si para abiscoitar uma fatia totalmente abstrata do novo reino, localizado em algum ponto da lua.
Lula, o grande distribuidor das riquezas alheias, o justo, apenas ria. Ainda contando com a inércia, o governo começou a atirar o dinheiro
extraído da produção para tudo que era lado. O Brasil está rico! Sétima
economia do mundo! Quem precisa de dinheiro? Zelaya? Disponha. Castro?
Vamos investir em sua ilha. Haiti? Não se preocupe; . mandaremos tudo:
contingente, víveres, medicamentos. Mianmar? Nem sabemos onde fica, devem estar mesmo no mar, miando por socorro. Mandaremos víveres àqueles náufragos. Àfrica? Temos muitas dívidas com o continente. Não bastam cotas em nosso país. Preparem-se: o redentor vai chegar, para aos africanos salvar. América do Sul, da companheirada? Primeiro visitaremos Cháves, notável democrata,
para lhe financiar qualquer projeto. E depois o Paraguai. Queremos pagar
mais, por justiça, aos explorados guaranis. Mercosul? Isso sim não interessa. Uruguai é insignificante. Temos que apoiar a a parceira senhora K. E toca a Petrobrás para investir grosso também na Bolívia e
Equador. Mesmo não tendo concorrência no Brasil, mandaremos patrocínio da
gigante à vontade aqui no lote mesmo, a clubes, atletas, jornais, tvs, até equipes de fórmula 1
estrangeiras, para o brasileiro ver na tela seu logo mandando em todo mudo. A jazida tudo garante.
O pré-sal sempre foi tratado com
nacionalismo retrógrado e grandiloqüência idílica. Do anúncio à
ridícula idéia do país integrar a OPEP, o assunto foi marcado mais
por devaneios do que seriedade – pelo menos dentro do governo e da
aparelhada ANP. O Brasil do pré-sal é Pasárgada. Mas cuidado,
Bandeira: lá, Lula é que é o rei. LIMA, Renato,Indigestão de pré-sal
Liquidada a conta com a Onu, e seu
pobre Fundo Monetário Internacional. Brasil agora tem dinheiro para
emprestar aos países ricos. Portugal? Não se abale mais. Brasil pode
comprar todas suas dívidas. Faixa de Gaza? Nosso presidente pleiteia uma
cadeira na ONU. E como prova de sua magnificiência, ele já enviou
vultosa quantia para ser por aí repartida. Copa do Mundo, Olimpiada?
Compra todo mundo e tragam-na para o Brasil. Brasil, um país de todos;
portanto também dos estrangeiros.
Petrobrás reduz meta de produção em 1 milhão de barris/dia até 2016L
Paralisado pela incompetência crônica
que não poupa nenhum dos quase quarenta ministérios e sufocado por um
rosário interminável de denúncias de corrupção, o governo federal e
sua base alugada empregam mais tempo na tentativa de minimizar os
estragos da bandalheira institucionalizada do que no dedicado à
solução dos graves problemas conjunturais e estruturais que se
acumulam e cobrem de incertezas o futuro do país. Acuados, refugiam-se
covardemente nas maravilhas de um país de araque que existe apenas no
imaginário deturpado desse bando que, liderado por um dos maiores
blefes políticos que já se teve notícia, utiliza-se da mais indecente
campanha publicitária para mentir à Nação. É só uma questão de tempo
Tal qual adolescente no afã de reconhecimeno à precoce emancipação, o Estado se capitalizou, e fez questão de mostrar ao mundo a espetacular reversão, atingida em tempo record. Mais infantil impossível.
As empresas, o campo, a sociedade civil, o cidadão se
descapitalizavam, cada qual pensando que o fenômeno fosse apenas por má
gerência individual. A festa foi de tamanho barulho que o mágico do novo
milagre não encontrou a menor dificuldade em designar sua secretária,
elemento completamente desconhecido do Oiapoque ao Chuí, para dar
continuidade às vacas magras travestidas de gordas. E lá veio a
destemida ex-guerrilheira corrigindo os erros passados. Não surtira o
menor efeito esparramar toda a riqueza nacional pelo mundo afora . Se
quisesse uma cadeira de segurança, de parca segurança, tinha que contar
só com o Brasil. Se jogar dinheiro fora pela janela do mundo não
apresentara o menor resultado que se esperava, então o negócio era
espalhar por aqui mesmo, agora sim, mais ortodoxa à infalível receita
que elevou osditadores de trina à glória suprema. Se Getúlio foi o "pai
dos pobres e a mãe dos ricos," agora contávamos com a mãe de deus
voltada ao pac.
Qual a
única escola conhecida pelos inconsequentes, a que lhe dava garantia, a
certeza do rumo, independentemente de qualquer intempérie, erro de
cálculo, ou fenômeno internacional? Na pior hipótese, teríamos uma
recessão. E para esta, a rigor esperada desde o início da jornada, o
governo com seus cofres abarrotados viria socorrer todo mundo, baixando
juros, emprestando por qualquer coisa, fazendo qualquer negócio para o
dinheiro voltar a circular. Não tinha erro - fórmula testada e aprovada: "Na verdade os interesses dos banqueiros têm sido contrários aos dos
industriais: a deflação que convém aos banqueiros paralisou a indústria
britânica." (RUSSELL, B., 2002: 68) Foi assim que Roosevelt
se postou para levantar o moribundo Eua, "livrando heroicamente os americanos das garras do
comunismo." Keynes era um verdadeiro gênio. O resto? Composições de meros sonhadores.
Havia,
e há, contudo, uma diferença fundamental: os americanos já eram
riquíssimos, e aumentaram seu patrimônio com os despojos da I Guerra
Mundial. Já instalara o pujante parque fabril, decorrente da
Revolução Industrial; sua agricultura fora ativada há décadas, até para
sustentar as imensas forças armadas nas missões internacionais. E pelo
fato de sua participação no conflito europeu, os portos do Velho
Continente começaram a trocar produtos com os distantes norteamericanos.
O que houve em '29 foi apenas uma monumental jogada especulattiva, de alto rendimento aos corretores, membros de governo e bancos, movimento
puramente financeiro, nada a ver com a crescente produção americana,
embora, claro, por dois ou tres anos, apenas isso, muitas empresas e
famílias tenham ido à bancarrota. Era fácil alavancar o colosso de volta
ao seu patamar, ainda mais quebrando o padrão-ouro. Roosevelt arrumou
dinheiro do nada para montar o esplendoroso circo - usinas, represas,
estradas, aeroportos, linhas de energia, comunicações, recebiam inéditos
aportes, assim imprimindo um ritmo verdadeiramente acelerado - o US-pac. A burocracia triplicava, com a adoção das medidas
fascistas importadas de Mussolini - leis do trabalho, juntas, justiça, e
um monte de penduricalhos que entusiasmava o pessoal que retornara da
guerra. Não fosse, contudo, mais outra guerra para tapar o furo, nao
fosse os despojos alemães, japoneses e italianos, e a imensa dívida da
França para com o libertador, não fosse tudo isso os americanos estariam
afundados numa inflação sem precedentes, de inimaginável solução. Foi o
que aconteceu mais visivelmente na construção de Brasília - uma
inusitada inflação, só extinta por intervenção militar, e notáveis
economistas, estes sim, conhecedores da essência econòmica. É o que veremos, em seguida.
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