sexta-feira, 30 de julho de 2010

O dilema da materialização


A visão materialista estabelece: mais dinheiro=vida melhor. Porém, tendo adquirido mais e tendo descoberto que o vazio permanece, a conclusão da premissa materialista está errada.
ARNTZ, W.: 30
Quando o visível acarreta frustração, o desconforto recrudesce, e aproxima os riscos do incremento ou da inversão. A radical contempla HADES, em renúncia à própria Terra, mas o paradoxo, além de nada preencher, constantemente se faz trágico.
Em nome do progresso humano, Marx provavelmente causou mais mortes, miséria, degradação e desespero que qualquer outro homem que já tenha vivido. DOWNS, ROBERT BINGHAM: 101
Tentar a mescla por virtude? Missão impossível: ou o composto não sai do lugar, posto centrado, ou a experiência se esfacela por cisão heterográfica. Os componentes não são metais, que se fundem. Ambos estigmatizam o excedente da pauta. Contraditórios excludentes. Pronto.
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O asceta passa um sacrifício extremado para tudo desdenhar, porque tudo passa. Resta-lhe, pois, um nada, o nirvana à espera de completude. Os bilhões de filhos de SÓCRATES & PLATÃO concordam plenamente: o ser humano só se realiza quando atinge o sete-palmos, place que a astúcia propalou como Paraíso. E como prova de que a glória só vem depois da morte, os religiosos juntaram uma dúzia de testemunhas a favor, e nenhuma contra, todos relatando o extraordinário feito do homem mais sacrificado da face da Terra.
O protestantismo emerge pelo lapso. Seus porta-vozes apregoam que não é necessário nascer em estábulo, nem viver como franciscano. Para usufruir da abundância e proporcionar melhor berço aos filhos, eles aconselham o trabalho, mas parece até meia-verdade: os celestiais enriquecem sem exercer profissão, enquanto o ouvinte trabalha muito para lhes sustentar.
Mas, afinal, DEUS se assumiria materialista comunista ou capitalista? Ou nada disso, muito antes pelo contrário, seja lá onde este contrário estiver?
Emular a ambição pode ser má conduta, estrada condenada pelo próprio Invocado:"É mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha do que um rico entrar no reino dos céus." Com tamanha restrição, onde alojar os pregadores dessas mensagens? Qual destino conviria ao pessoal do Vaticano, riquíssimo em ouro e obras de arte? E da Europa inteira, da América do Norte, agora até da China, ninguém mais passará pelo buraco? Não; desse modo também não dá. Pode até ser em sentido figurado, parábola, metáfora, ou sei-lá como definir; mas que é exagero, não resta dúvida - jamais qualquer camelo passará por buraco de agulha. Nem filhote.
A cultura medieval superior floresceu porque o povo seguia a visão da cidade de Deus. A sociedade moderna floresceu porque o povo foi vitalizado pela visão do crescimento da Cidade Terrena do Progresso. Em nosso século, porém, esta visão deteriorou-se no que foi a Torre de Babel, que está agora começando a ruir e em última análise sepultará a todos em suas ruína. Se a Cidade de Deus e a Cidade Terrena foram tese e antítese, a única alternativa para o caos é uma nova síntese. FROMM, E., 195
Quo vadis? Se a carência é total, mas a busca pela satisfação é taxada insana, como escapulir do brete? Existe alguma panacéia capaz de arreferecer a ansiedade aviltada por qualquer quadrante que se escolha? A realidade seria miragem, fruto de potência patológica? Para onde mirar, se qualquer alvo é tão efêmero quanto a ilusão? E se o olho engana, não deveríamos mesmo arrancá-lo, como sugeriu venerado mestre? É possível isso, ou seria mais uma tentativa infrutífera, e pior, abrindo um buraco muito maior do que se pretendia tapar? Quem sabe então sentar no jardim de alguma acrópole, para admirar os lírios do campo, ou quiçá no embalo de uma rede nordestina, apenas para divisar a inexorável marcha do tempo, já que nada nos resta fazer, além de pensar, comer, caminhar, e descansar?
Há quem junte o útil ao agradável. Aos afortunados não interessa ser, nem ter - apenas curtir:
"Dos lugares das viagens missionárias de Paulo, visitaremos Efésio, Tessalonica, Corinto, Athenas, Berea, Filipos, Roma, Óstia."
É turismo exuberante, mas não way of life. Apraz-me-ia o contorno à cata de alguma concha que me assoprasse a razão das sapiências em transformar o real paraíso em quase perene praça-de-guerra.
Em algum ponto perdido deste universo cujo clarão se estende a inúmeros sistemas solares, houve uma vez um astro sobre o qual animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o instante da maior mentira e da suprema arrogância da história universal. NIETZSCHE, F.W., cit. MATOS, O., A polifonia da razão, 1997:134.
Pouco adiantou contarem estrelas, desenhá-las conforme algum elemento já visto, tipo balança, peixe, touro, ou bode. Ato per se inútil, falho par excellence. Não constitui o maior prejuízo estar hospedado no planeta, ponto mais caro do Universo, único resort instalado na negritude cósmica, e com tudo isso voltar a atenção, perder o enfoque em troca de prescrutar o inexpugnável? Se a matéria disponível ou realizável pela mão da gente não preenche nem oferece a tranquilidade almejada, de que modo a mais completa abstração, o etéreo instável e inacessível, poderá servir como rosa-dos-ventos à nossa jornada?
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À bordo da Nave prosseguem as controvérsias, respeitosas, é claro, porém causando distúrbio na missão. O som vem com ruídos e interferências de todo o lado, e as asas arriscam descompasso. Nenhuma informação chega isenta na cabine. Tamanha febre exige paliativo importado. Foca Lisa zarpou com meia esperança de encontrar uma valência, e retornou com um conteiner de possibilidades.
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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Bilhete-premiado

O ególatra que alcança o poder pratica a sedução e a submissão das massas de modo espontâneo e masoquista. Seu egocentrismo desenfreado, seu hedonismo patológico o torna megalomaníaco. Entretanto, também sabe que paixões não são eternas. Tampouco existem deuses mortais. BARBOSA, M. L. V., O poder é afrodisíaco - 7/2/2010
Impressiona a quantidade de perfídias, falácias, dubiedades, artimanhas, e estratégias empregadas por psicopatas, vigaristas, falsários e oportunistas na captura de suas presas. "O nazismo, claro, é um caso mais complicado. Sua matriz não foi apenas política e pseudocientífica, como também mitológica, cultural e religiosa." (ORSI, C., O preço da falsa ciência,)
É covardia, acentuada à granel. Quanto mais ela se salienta, entretanto, mais perto está de sucumbir..
Você tem paciência para esperar,
Até que a lama se assente e a água fique límpida?
Você consegue ficar imóvel,
Até que a ação certa ocorra espontaneamente?
TAO TE KING
Os envoltos, dado a profundidade da armadilha, muito pouco podem enxergar. E passado tempo, dado à distância, a arte e o fato são pouco contemplados, até esquecidos. Alguma teimosia é carga de especuladores, caçadores de OVNIs. Ainda assim, em que pese os farejadores sinalizarem a iminência de perigo, as diligências resultam ineficazes, meros copos d'água jogados em chernobies. Pouco adianta advertir à senhora que o bilhete oferecido não corresponde à verdade. Ela respeita, não cai no conto, agradece o predito salvador, mas aguarda nova chance. Sua fé lhe indica: se a sorte encontrada era falsa, a verdadeira baterá em sua porta.
A verdade é como o azeite e portanto, mais
cedo ou mais tarde, vem sempre ao de cima!
COSTA, Frederico, POLARIS SPORTS. http://autosport.aeiou.pt - 4/2/2010
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Enquanto incólume na neblina do EspaçoTempo, a enorme barriga vai se avolumando, e o suor escorre pelo ladrão. A protuberância aviltada encontra ponto de exaustão. Basta mínima informação de sentinela para se esperar barulho máximo no salão da cidadela A emergência do contorno produz onda dissonante em seu alto-falante.
Tal qual o arco faz vibrar as cordas do violino produzindo sons típicos, as excitações térmicas promovem transições eletrônicas e assim os átomos emitem espectros específicos de radiação (não sonoras mas) de ondas eletromagnéticas, em uma grande gama de freqüências tais como rádio, microondas, infravermelho, luz visível, raios X, etc. COHEN, Aba, Listening to the atoms
A "paranóia" do mau-caráter, pois, diverge das tomadas patológicas esquizofrenias, parafrenias, bipolaridades, etc. O simbólico e o imaginário psicótico lhe deixam à mercê da invasão de percepções não exatamente “irreais”, e sim, ao contrário: reais em demasia. Em negócio, assim, que é só maldade, qualquer traição é honestidade.
Uma lição mais prática do episódio para os aspirantes a políticos pode ser a de checar vasos, malas e móveis para ver se há câmeras escondidas antes de lidar com grandes maços de dinheiro. BBC, 5/2/2010
Depois de receber dezenas de santos-de-pau-oco aquela senhora desconfiou, e por fim obteve a certeza: nada do que necessita cai do céu, mas o pouco que tem pode sumir junto com a névoa provocada pelos mágicos.
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terça-feira, 27 de julho de 2010

O preço do dinheiro na democracia





O fascismo e a social-democracia são apenas duas faces do mesmo instrumento da ditadura capitalista. O fascismo é a síntese dos apetites da burguesia e da socialdemocracia, sendo a última uma ala do fascismo.
ZINOVIEV, Presidente da Internacional Comunista, 1924; cit. MAESTRI, M. & CANDREVA, L.: 150,.
.A ética dominante na História da Humanidade foi uma variante da doutrina altruísta coletivista, que subordinava o indivíduo a alguma autoridade superior, mística ou social. Consequentemente, a maioria dos sistemas políticos era uma variante da mesma tirania estatista, diferindo apenas em grau, não nem princípio básico, limitada apenas pelos acidentes da tradição, do caos, da disputa sangrenta e colapso periódico. RAND, A.: 118.
Em doublè de ignorada e ignorante, a democracia sói abandonar a razão:
A escolha da representação, que constituía dever de honra no berço da democracia, a velha Grécia dos grandes filósofos, transforma-se em negócio dos mais rentáveis. A bolsa da política impõe novos métodos de ação e incorpora práticas usadas no mercado de compra e troca de bens e mercadorias. TORQUATO, Gaudêncio, A democracia no balcão 25/7/2010
Ao circo do comércio o Estado vira autódromo. O grand prix pertence à equipe vencedora:
O momento mais dramático do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso ocorreu no dia 13 de janeiro de 1999... O então presidente do Banco Central, o economista Francisco Lopes, vendia informações privilegiadas sobre juros e câmbio – e uma parte de sua remuneração saía da conta número 000 018, agência 021, do Bank of New York. A conta pertencia a uma empresa do Banco Pactual, a Pactual Overseas Bank and Trust Limited, com sede no paraíso fiscal das Bahamas.
Veja, 23/5/2001
Dado a ignorante, o novo chefe não hesita se postar neófito para dissimula. "O segredo de um demagogo é parecer tão burro como os que o escutam, de maneira que essas pessoas se possam considerar tão espertas como ele." ( KRAUS, Jornalista KARL; cit. REBECCA, G., Incompletude – A demonstração e o paradoxo de Kurt Gödel, Gradiva, Lisboa, 2009: 75)  More constante S. Exa. apenas lava as mãos: "Sobre a possibilidade de estar 'na torcida' por novas reduções da taxa de juros, Lula disse: 'Eu não acho nada. Eu, apenas, quando sai o resultado, festejo ou lamento'." (Estadão, 21/7/2009)
A reportagem estaria completa se indagasse a partir de que número a sumidade começaria a festejar, e qual mereceria sua reprovação.
Altos recursos são destinados pelos estabelecimentos bancários às contas pessoais e partidárias sob a rubrica de investimentos de campanha política. Como banco não perde o que investe,  muito menos é patriota, até porque não é gente, o trivial é cogitar  suborno explícito. Em modo antecipado, garantia de um spread multiplicado: "O banco Santander Brasil terminou o primeiro semestre com lucro líquido de R$ 2,02 bilhões, o dobro do apurado no mesmo período do ano passado. " (Folha, 27/7/2010)
Outrora se olhava acima, para os que lidavam com o comércio de dinheiro, mesmo quando se precisava deles: afinal, admitia-se que a sociedade deve ter suas entranhas. Atualmente eles são o poder dominante na alma da humanidade moderna e seu mais ávido estrato. Sua onipresença é de uma voracidade sórdida, insaciável. SHAW, Bernard, O wagneriano perfeito, 1898; cit. GUEDES, P., O Globo, 26/7/2010
Nada, porém, tem vindo ao caso.
Nossa época não tem nenhuma consciência dessa inversão de valores. Mas é uma época vulgar, pois venera o que as nobres épocas anteriores desprezavam”, condena Nietzsche, em seu ensaio 'Wagner em Bayreuth' (1876). Incerteza, ambições, excessos e o anúncio do fim dos tempos: parecem wagnerianos os temas deste início de século XXI?  Idem.
Nossa  democracia se arvora solidificada nas bases políticas e econômicas, aparentes na impressionante série construída pelo guindaste Minha Casa, Minha Vida. Aliás, o sucesso do plano se deve ao mais elementar: as casas são construídas pela iniciativa privada. O valor contraído pelo empreiteiro e pago pelo morador obedece juros negativos. Somando-se todas parcelas apura-se valor menor do que original, aquele todo junto utilizado para financiar a casinha. Diria assim, umas migalhas atiradas ao povo, para ele se calar e até aplaudir, tipo aquele show de notinhas jogadas ao vibrante auditório da tarde de domingo. Mas demonstra que o capital, o dinheiro capaz de alavancar a vida de qualquer cidadão é o único meio pelo qual toda a sociedade pode se desenvolver, e por isso seu preço tem que ser popular. E não precisa ser negativo - basta ser compatível com o hábito milenar, civilizado.
O dinheiro não pertence ao governo, muito menos aos bancos, e sequer à Nação. Ele não é objeto. É meio. A terra pode ser até confundida como meio-de-produção. Mas é objeto. O mais claro e distinto de todos. E o dinheiro pode até representar o objeto. Mas ele é apenas e exclusivamente meio de produção, forma de fazer tudo germinar. O preço do aluguel a ser pago pelo uso do meio para atingir o objeto não pode ser maior, e muito maior, umas vinte vezes maior, do que o preço pago pelo uso do próprio objeto, durante igual tempo. Algo está desconforme. Enquanto um bem imóvel no valor de R$100 mil arrecada R$1 mil de aluguel mensal, seu representante móvel cobra no taxímetro uma estupenda corrida de R$20 mil!
Com os juros altos, o Brasil tem atraído a atenção de investidores famintos por lucros. O Big Mac do Brasil aparece na lista como o quarto mais caro do mundo A economia do hambúrguer sugere que o real está sobrevalorizado em 31%.
The Economist - BBC Brasil, 23/7/2010
A moeda render mais do que qualquer coisa é banal. Convivemos com isso, a rigor, já por geração. E a precedente Nova República já tinha alcançado feitos muito maiores: elegeu o presidente sem nenhum voto, tornou o boi magro mais valorizado do que o gordo, e o carro usado, mais caro do que o novo.
Na preferência pelo onirismo da ingenuidade feudal, sonho e romantismo se realizam no paço real:
Na corte de Luís XIV, um sistema sofisticado de regras de precedência e de etiqueta regulava as relações entre o soberano e os nobres cortesãos. No seu conjunto, aquelas regras tinham a finalidade de atestar continuamente a fidelidade à figura real, que personificava a França. A primeira pré-estreia de Lula, o Filho do Brasil, destinada a ministros, diretores de fundos de pensão e altos dirigentes petistas, obedeceu a um improvisado sistema similar. Programam-se sessões especiais para intelectuais, artistas, sindicalistas e militantes, já convocados a 'prestigiar' o filme. Todos, cada um a seu momento, devem fazer a genuflexão diante da nova ordem da história.
MAGNOLI, Demetrio, Uma estátua equestre para Lula
Sequer nosso melhor Imperador curtiu tantas benesses.O risco assumido sói precipitar o desastre presumível, visto inúmeras vezes:
Nas cortes de príncipes, nos salões dos grandes, onde sucesso e privilégios dependem, não da estima de inteligentes e bem informados iguais, mas do favor fantasioso e tolo de presunçosos e arrogantes superiores ignorantes; a adulação e falsidade muito freqüentemente prevalecem sobre mérito e habilidades. Em tais círculos sociais, as habilidades em agradar são mais consideradas do que as habilidades em servir.
ADAM SMITH

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O dinheiro na democracia 2/4

A intervenção sem precedentes do Federal Reserve pode ser justificável ou não em termos estreitos, mas revela, mais uma vez, o caráter profundamente antidemocrático das instituições capitalistas, feitas em grande medida para socializar o custo e o risco e privatizar os lucros, sem uma voz pública.
CHOMKI, Noah,
do Massachusetts Institute of Technology, à BBC
Sempre ouvi falar que o capitalismo pautava a democracia, e vice-versa. O renomado pesquisador taxa justamente ao contrário. Tem motivo. Malgrado a civilização se desvencilhar de poderes imperiais e feudais, o hábito permanece.
As principais características do indivíduo no grupo são, portanto, o desaparecimento da personalidade consciente, o domínio da personalidade inconsciente, a orientação de pensamentos e sentimentos em uma só direção mediante a sugestão e contágio, a tendência à realização imediata de idéias sugeridas. O indivíduo não é mais ele mesmo, é um autômato destituído de vontade. Ademais, pela mera participação num grupo, o homem desce vários degraus na escada da civilização.
LE BON
cit. KELSEN, HANS, A Democracia: 315
"Um por todos, todos por um." Seria o mote aplicável na democracia? Far-se-ia efetivo tal cumprimento? Num período de guerra, talvez. Neste instante a felicidade se resume na sobrevivência, e ela depende diretamente dos camaradas. Mas também nesses instantes, nas mesmas linhas, o que menos vemos é democracia. As decisões são tomadas por lógica, e hierarquicamente difundidas. Não há tempo nem requer discussões.
Pelo Deifico oráculo sagrado
Tinha-lhes Pítia ainda acrescentado:
Os reis, aos quais pertence por dever
O bem de Esparta amável promover,
Serão os chefes e moderadores
Do conselho, assim como os senadores;
Sempre de acorde, a massa popular
Deverá limitar-se a confirmar
O sobrevivente tem na felicidade o rincão, prêmio à sua competência. Talvez seja a primeira meta almejada por todos, mas ela diverge da usual unanimidade em estabelecer os provimentos de sobrevivência. Enquanto esta requer dados e elementos precisos, a felicidade é um conceito totalmente abstrato. Ela não é suscetível de avaliação, ou valoração, ou escambo, pelo simples detalhe: em cada ser há um projeto que lhe é peculiar. A sobrevivência permite a vivência, mas nenhuma composição totalitarista sai do primeiro estágio. É primata.
O capitalismo não é criação de algum gênio econômico, tampouco artifício político. Quase todo mundo simplesmente ignora que ele começa na informação da própria pessoa, da concepção ao trilhar da vida. Sua experiência, seu talento, sua aptidão, enfim, são seus bens, geradores da matéria que necessita para cruzar seu EspaçoTempo.
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O átomo compõe a molécula. Pode-se afirmar que ele o faz por todos, e todos lhe acolhem. Um detalhe, contudo, diferencia sua parte do todo: o Princípio da Incerteza não lhe permite predisposiçao. A integração se faz de modo espontâneo, mas impreciso, tanto quanto os peixes que acompanham o cardume. É ele, e não a molécula, o princípio capital. E o maior capital formado não solapa, não substitui, nem exige a perda das propriedades das unidades que o compõe- talvez adaptá-las, tão somente. Não é a soma de todos que dará consistência, mas a combinação que lhe integra, que produz. Como o DNA, cada ponto lavrado deve fidelidade às suas origens. Qualquer segmento do maior capital, não como dizem, acumulado, mas congregado, contém a propriedade de todos, em espécie fractal, não em cinza, mixto de todas as cores, porém que nenhuma expressa.
As tentativas condutoras deram com os burros n'água pelo insólito:
"A manutenção da organização na natureza não é - e não pode ser - realizada por uma gestão centralizada, a ordem só pode ser mantida por uma auto-organização." (BIEBRACHER, C. K., NICOLIS, G., & SCHUSTER, cits. PRIGOGINE, Y: 75)
* * *
A moeda é instituição genuinamente democrática. Não há Estado de Direito sem dinheiro em circulação. Cada eleitor possui uma parcela. Por menor que ela seja, ao exercer seu pequenino poder o consumidor influencia o todo, naturalmente, de modo concreto, muito além da simples esperança do voto. A prevalência do dinheiro afasta a necessidade de armas, posto se estender a todos quadrantes através de consenso.
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sábado, 24 de julho de 2010

O dinheiro na democracia - 1/4


Inicialmente o homem comercializava através de simples troca ou escambo. Algumas mercadorias, pela sua utilidade, passaram a ser mais procuradas do que outras. Aceitas por todos, assumiram a função de moeda, circulando como elemento trocado por outros produtos e servindo para avaliar-lhes o valor. Eram as moedas–mercadorias. O gado, principalmente o bovino, foi dos mais utilizados; apresentava vantagens de locomoção própria, reprodução e prestação de serviços, embora ocorresse o risco de doenças e da morte.
Wikipédia
Um grupo de bancos italianos apresentou uma solução criativa para um problema antigo: como dar empréstimos para pessoas que não têm bens valiosos para oferecer como garantia. Eles agora aceitam queijos como garantia. Alguns bancos estão aceitando queijos parmesão em troca dos empréstimos e já têm estocados milhares de quilos do valorizado produto. Se os devedores não pagam o empréstimo, os bancos vendem o queijo.
BBC, 14/8/2009
Trocar figurinhas é uma boa idéia, mas convenhamos: levar um boi, cavalo ou melancia todo dia ao colégio parece a mais grossa besteira. O escambo somente se presta à eventualidades.
Naquelas priscas eras pouco havia para ser negociado. Sequer os alimentos eram suscetíveis de troca. A Terra pertencia ao Rei, morador daquele belo castelo. Não era, pois, comercializável. Por decorrência, seus frutos só podiam ser de propriedade real. O Rei, sempre bondoso porque providência divina, cuidava do abastecimento de todos.
Para facilitar a vida de todos, e economizar suas provisões, o Rei bolou conceder um vale a cada jornada camponesa, de modo que o acúmulo dava direito ao detentor receber a parte assinalada dentre o gado vacum. A vaquinha era de todos.*
Ainda que o morador do castelo detivesse a primazia desta propriedade, ela não poderia ser valorizada por ninguém. De que serviria mero papelucho? O dinheiro apenas representa o valor. A população nada teria a perder. O decorrer do tempo, entretanto, viu a outrora lúdica propriedade ser a mais efetiva de todas, real, e concreta, muitas vezes excedendo em valor o próprio bem que representava, veja só se é possível! O dinheiro acabou virando o melhor e mais rentável objeto de comércio, ora pois:
"Com o surgimento dos bancos apareceu uma nova atividade financeira em que o próprio dinheiro é uma mercadoria." (Wikipédia)
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Queimaram-se bruxas e lavradores. Veio a Revolução, e a guilhotina se abateu de roldão - sobre padres, reis e ainda milhares de transeuntes. A terra não podia ser de apenas um, ainda mais esta, de dimensão quase continental, imenso coração europeu. Era o número, nem tanto o Verbo, que importava. E como milhões sobrepujam centenas, no máximo a milhar, a terra passou ao domínio de todos. O rei foi degolado, e o povo, coroado. Simples.
A terra trocava de dono, dividida no seio popular, e a propriedade que a representava nem lhe tinha tanto valor assim. Afinal, quem representava era o rei; e este, c'est finis.
A história não registra período de maior anarquia, exceto a bolchevique, esta que encontrou uma solução ainda mais estúpida do que sua mãe. Houve reformas agrárias a mais não poder, mas e quanto ao dinheiro em si? Quem ficaria com a chave do cofre?
O caos da explosão levou o país de volta aos ensinamentos do Império Romano. O povo imperativo exigiu para cuidar de seus negócios aquele mesmo representante máximo - o Imperador.
"O socialismo nasceu da dissolução do Ancien Régime, da mesma forma que o conservadorismo foi criado a partir da tentativa de protegê-lo.” (GIDDENS, A.: 64).
Como o dinheiro em si não é nem pode ser propriedade de ninguém, cabia ao cuidador dos negócios de todos gerir a propriedade capital também, de modo que, a rigor, nada se alterou. Até hoje.
Em Capitalism: a love history MICHAEL MOORE estaciona um carro-forte em frente a um desses grandes bancos que receberam "ajuda" financeira do governo durante a crise, exigindo a devolução do dinheiro que ele, cidadão, pagou como contribunte compulsório dos impostos. É palhaçada, mas evidencia a consciência da perda.
Grandes empresas tem chance dobrada. Conquanto produzem bens ou serviços em atenção ao interesse consumidor, valem-se dos canais políticos para sangrá-lo. Sob os auspícios do Rei, lambuzam-se de vantagens escusas em prol exclusiva de seu próprio negócio.
Numa notável ilustração do potencial de rentabilidade disso que se convencionou chamar de capitalismo de compadres, um estudo concluído recentemente nos Estados Unidos descobriu que a aprovação de uma única lei de renúncia fical provocou lucros da ordem de US$220 para cada US$1 “investido” em lobby pelas empresas interessadas - uma taxa de retorno de 22.000%. O trabalho, realizado por três pesquisadores da Universidade de Kansas, revela em cores vivas por que o lobby (que nos EUA é uma atividade lícita) tornou-se uma indústria que movimenta US$3 bilhões por ano só na capital americana, tendo praticamente dobrado a sua movimentação do ano 2000 para cá.
MOORE cogita estacionar um panzer, com a faixa:
"Seja amada ou à mão-armada, daqui não sai mais nada!"
Onde será que erramos?
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Nota
* Empregamos os termos pecúnia (dinheiro) e pecúlio (dinheiro acumulado) derivadas do latim
pecus (gado). "O capital" vem do latim caput, ou capita (cabeça).

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sexta-feira, 23 de julho de 2010

A esquizofrenia da macroeconomia - 2/2



Caberá a cada um de nós direcionar esforços para que não nos tornemos um eterno 'país do futuro', que perdeu o bonde da história porque seus governantes preferiram uma 'nação ignorante e submissa' a uma questionadora massa que poderia forçar a redução do tamanho do Estado. A diferença será fazer a estatística ou ser a estatística. Pra onde vamos?
NETO, Adeodato, www.imil.org.br . - 22/7/2010
Há lustro o Ministro da Fazenda oferecia o bálsamo à população:

Nós temos que continuar nessa rota que nós estamos percorrendo desde o primeiro mandato, que é continuar aumentando o crédito na economia, continuar reduzindo a taxa de juros, criar um ambiente propício para o investimento privado e aumentar o investimento público.
MANTEGA, Guido, Programa Roda Viva, TV Cultura, 18/12/2006
Dito isso,  S. Exa. restringiu o crédito, aumentou vertiginoso a taxa de juros, e a configuração desestimulou as iniciativas dos empreendedores. Não há o menor investimento público, mas apenas gastos com o dinheiro que dizem ser público, na verdade uma riqueza retirada de quem a produziu. Às voltas com PIB miúdo, governo investe pouco O Brasil prefere financiar aeroporto milionário... na África.  Gana, não sediará Copa do Mundo ou Olimpíadas, mas ganhou financiamento de 174 milhões de dólares (R$ 350 milhões) do contribuinte brasileiro, através do BNDES, para construir o aeroporto internacional de Tamale, ao norte da capital, Acra. A construtora Queiroz Galvão tocará a obra, sob a responsabilidade da administração portuária estatal Ghana Airport.


 Em abril
O Código Penal tipifica o agiota. Desmoralizou-se a sanção como se banaliza a infedilidade conjugal, mas a usura se configurava crime. Para mim, o mais hediondo, mercê de corrosivo em amplitude ilimitada. Tem efeito de devastação atômica. Seu caráter deletério é de tal modo flagrante que além da lei ordinária a própria Constituição lhe deu cunho de vital importância: o artigo 192, parágrafo 3º, limita a cobrança de juros em 12% ao ano. A pétrea foi enterrada, e os bancos cobram de dez a vinte vezes mais! Tal crime subverte o que juram venerar:
Alguns ativos passam a ser mais rentáveis, enquanto outros perdem a atratividade. Manuel Enriquez García, professor da Faculdade de Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Fea/USP) recomenda papéis pós-fixados. 'Para que haja a repercussão da nova taxa'.
ESTADÃO, 22/7/2010
A praça de comércio não apresenta a mesma rentabilidade do mercado especulativo. Ao inibir os empréstimos pelo alto custo cobrado, o produto do esforço de seus correntistas pode ir direto à bolsa. Para eles o capital tem que dormir com a espécie, não com a produção. E mandam avisar:
O Brasil está em lua de mel com o capitalismo, e se lambuza mesmo quem xinga o mercado. Por isso esse casamento veio para durar. Não será o próximo nem o outro governo que mudará o tripé de câmbio flutuante, limites fiscais e inflação baixa/BC independente. MALBERGIER, Sérgio, Deus é brasileiro (e nasceu em Pernambuco). - Folha, 22/7/2010
O câmbio vem "flutuando" graças à mera e despudorada manipulação, não pelo desempenho do PIB:
O Big Mac do Brasil aparece na lista como o quarto mais caro do mundo A economia do hambúrguer sugere que o real está sobrevalorizado em 31%.
The Economist - BBC Brasil, 23/7/2010


'Agora, existe, não há dúvida, uma questão de liquidez em dólar nos Estados Unidos, que é o grande provedor de dólares... Em razão disso, o Banco Central reagiu e tomou a decisão de promover leilões de venda de dólares conjugados com compra futura. Isto é, o BC vai prover liquidez', disse Meirelles, durante entrevista no Consulado do Brasil em Nova York.
(Presidente do Banco Central do Brasil, no Estadão, 19/9/2008)
Depois de alcançar a pontuação máxima de 65.954 pontos (+2,29%), ao meio-Dia do Amigo o Ibovespa registrava valorização de 2,09% aos 65.821 pontos. Se os bancos, que controlam o elevador deste cassino, abiscoitarem apenas a metade disso diariamente, na subida ou na descida, obterão em dias o percentual que congêneres estrangeiros só verão após tres verões de fomento.
As atividades produtivas pagam caro pela  ousadia:
O custo de abertura de uma empresa no Brasil chega a R$ 2.038, de acordo com estudo divulgado hoje pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). O montante representa o triplo do valor cobrado na média de Rússia, China e Índia, de R$ 672.
Ao lograr êxito nesta verdadeira gincana, o empresário se deparará com uma cascata de impostos que incidirão sobre seu objeto, isto se estiver bem consistente em matéria de capital. Não foi o criminoso, o agiota, a exceção que a Lei Magna visou coibir, mas impedir a infinidade de mazelas sociais que o mau-hábito conduz. Mais do que o tráfico, que de fato paulatinamente congrega enorme gama de fornecedores e consumidores, a taxa de juros atinge de imediato toda a população, de modo geral e irrestrito, e por isso é a responsável direta pela harmonia ou deterioração de toda a sociedade, e não apenas de quem depende de dinheiro emprestado. O cidadão que se vale de cheque-especial e o outro do cartão-de-crédito impulsionam a roda da economia. Onde gastam colaboram com a mais sensata distribuição da renda, conquanto premiam quem trabalha. O óbice de pagar o triplo do valor ao fim-do-ano lhes fecha a iniciativa. Tira-lhes o poder. E quem mais perde é o pescador, frustrado em vender o peixe por falta de comprador. Na falta do dinheiro em circulação vem o desespero da população. Em vez do círculo vicioso da especulação, não seria mais prudente contemplarmos o círculo virtuoso da produção? Pois urge:
Quando os empresários comparam as rentabilidades dos projetos de infraestrutura com as taxas de juros que estão amplamente ligadas à 'preferência por liquidez', eles podem eventualmente renunciar a certos investimentos. A sociedade rica entra então numa depressão cumulativa e crônica, sem prespectiva de reerguimento a longo prazo.
GAZIER, Bernard, A crise de 1929: 101


Um relatório divulgado pela Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento) nesta quinta-feira indica que o volume de investimentos diretos estrangeiros (destinados às atividades produtivas) no Brasil caiu 42% em 2009, mais que a média mundial. BBC. - 22/7/2010
A jovem democracia gira em borderline de imenso buraco-negro.
O preço da corrupção custa para o Brasil entre R$ 41,5 e R$ 69,1 bilhões por ano. A estimativa é de estudo do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), divulgado em 19/5/2010.
"O Brasil é feito para nos matar e não para nos fazer viver” (CARDOSO, Pedro, ator, sobre a injustiça social vigente no país. 13/8/2009 - http://emkt.pavazine.com) .
Os Cartolas lhe garantem ser apenas uma noite, mandam a candura nanar porque tudo passará; vestem seus smokings, e se vão ao baile das Pasárgadas:
"O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou hoje um projeto de lei que concede uma ajuda de 25 milhões de reais (cerca de 14 milhões de dólares) para a reconstrução da Faixa de Gaza." (www.consciencia.net/para-o-globo-somos-todos-funcionarios-publicos/)
Muy amigo.
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Capitalismo de Estado brasileiro é ambíguo, diz Economist

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A esquizofrenia da macroeconomia - 1/2

Nós temos que continuar nessa rota que nós estamos percorrendo desde o primeiro mandato, que é continuar aumentando o crédito na economia, continuar reduzindo a taxa de juros, criar um ambiente propício para o investimento privado e aumentar o investimento público. GUIDO MANTEGA, Guido, Ministro da Fazenda do Brasil, Programa Roda Viva TV Cultura, 18/12

Investimentos públicos não decolam e emperram crescimento do PIB
 Insensatez em marcha na política econômica
Brazil's greatest fear is to be trapped between two choices: for slow growth or high inflation. This is what worries Dilma, as everyone in Brazil calls President Roussef; unfortunately, the only way to avoid the trap may be to make exactly the kind of policy choices (spending cuts, labor market deregulation, privatization) that Dilma's electoral base doesn't like. Brazil: The Country of the Future, Again?*

Se você estiver procurando uma abordagem sobre a tradicional patologia, clique em
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Economia de psicopata
Em que ponto do ciclo econômico está a economia brasileira? por Leandro Roque, 16/9/2011
A "economia" brasileira é claramente desequilíbrada.

FMI prevê que Brasil terá o segundo pior crescimento na América do Sul .

BC revisará para baixo crescimento do Brasil, diz Alexandre Tombini
Temos a maior taxa de juros do mundo. Disparadamente a maior. Econ. J. SERRA,   Governador. de São Paulo. - Estadão, 12/12/2008 
Passados dois anos, a comunidade internacional coroa mais esta matéria da Nav's ALL Financial Times': Economia brasileira se comporta de modo 'bipolar'
O Mnistério da Fazenda decreta novo  aumento na taxa. Isso restringe o crédito, e assim vem se refreando a produção, em prol da especulação:.  "Produção industrial fecha 2009 com queda de 7,4%, a maior em 19 anos." (CBN, 2/2/2010)  Segundo pesquisa da consultoria Economática..(24/11/2008).  "o. lucro dos bancos no Brasil superou o resultado de todos os outros setores da economia juntos no terceiro trimestre". "O banco Santander Brasil terminou o primeiro semestre com lucro líquido de R$ 2,02 bilhões, o dobro do apurado no mesmo período do ano passado. " (Folha, 27/7/2010)

Outrora se olhava acima, para os que lidavam com o comércio de dinheiro, mesmo quando se precisava deles: afinal, admitia-se que a sociedade deve ter suas entranhas. Atualmente eles são o poder dominante na alma da humanidade moderna e seu mais ávido estrato. Sua onipresença é de uma voracidade sórdida, insaciável. SHAW, Bernard, O wagneriano perfeito, 1898; cit. Econ. GUEDES, P., O Globo, 26/7/2010
"Tem que remunerar o capital' disse Roberto Setubal, presidente-executivo do Itaú Unibanco, ao responder pergunta sobre a chance do spread bancário cair nos próximos meses." (Folha de São Paulo, 11/8/2009) O aglomerado da insolente excelência carrega a mais apurada visão social:
PT e PSDB não compartilham apenas a política econômica. Suas campanhas presidenciais compartilharam também os financiadores, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral. Dezenove empresas, a maioria delas com interesses no governo, R$ 54,1 milhões na disputa eleitoral. O Banco Itaú, por exemplo, apostou igual em ambos os 'cavalos'. www.claudiohumberto.com.br 6/4/2009
A festa do arraiá
Lula reúne empresários para apresentar pacote anticrise que deve custar R$ 10 bi  aos cofres públicos - As medidas, que devem ser anunciadas hoje, "se destinam ao setor produtivo e consumidor." (Folha de São Paulo, 11/12/2008)
Alguns "empresários"  do "setor produtivo" reunidos no ágape:  Carlos Ermírio de Moraes (Votorantim), Carlos Jereissati (La Fonte), Cledorvino Belini (Fiat), Constantino Júnior (Gol), David Barioni (TAM), Demian Fiocca (Vale), Emilio Odebrecht (Odebrecht), Fabio Barbosa (Santander), Flavio Azevedo (IBS), Jackson Schneider (Mercedes-Benz), Jaime Ardila (GM), Jorge Gerdau (Gerdau), Luiz Fernando Furlan (Sadia), Marcio Cypriano (Bradesco), Marcos de Oliveira (Ford), Sergio Andrade (Andrade Gutierrez), Roberto Lima (Vivo), Roberto Setubal (Unibanco/Itaú),, Thomas Schmall (Volks).
O  público consumidor não foi convidado àquele ágape:
Os juros para as linhas de crédito do cheque especial para pessoa física tiveram alta, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC), em 25/8/2009. A taxa passou de 167% ao ano em junho para 167,3% ao ano em julho.
"Alguma coisa está errada quando o preço da banana é duas vezes mais alto no Brasil do que nos EUA. "O Brasil tem cacife hoje para colocar dinheiro emprestado para ajudar países pobres." (Presidente da Silva, em Londres, 2/4/2009) Ah tá. Onde o Brasil arrumou dinheiro, se nada produz? O dinheiro é dos cidadãos, da produção. Como pode S.Exa. dispor assim do suor do próprio trabalhador que representa, entregando-o a troco de nada ao estrangeiro? 
Os brasileiros somos craques em maquiar. Desde 1810, viemos nos profissionalizando em ludibriar olhares ingleses, com a estratégia de gerar visibilidade sem necessariamente atingir grau algum de efetividade. O problema é que, como se sabe, muitas vezes o feitiço vira contra o feiticeiro. E, hoje, é o próprio brasileiro que sofre com a tradição política de valorizar apenas aquilo que gera repercussão, trazendo benefícios imediatos, sem perspectiva alguma de médio ou longo prazo.  Essas práticas perniciosas podem, contudo, perder suas forças à medida que a população for se desgarrando da ingenuidade dos ingleses, que assistiram, por quase um século, aos brasileiros fingindo combater o tráfico negreiro. João Montenegroh http://www.consciencia.net/para-ingles-ver/
 A dívida externa paira em US$ 254 bilhões, estimativa do BC para outubro.  (Folha de São Paulo, 23/11/2010)  A julgar por aquele  termo empregado em Londres, próprio à mesa de jogo de azar, não poderiam os britânicos apreciarem S.Exa  tal qual  playboy de periferia? Midas, o velho pelego, entende que não:
'Como os países ricos habitualmente tentavam dar lições ao Brasil de como a gente fazer, seria importante que, humildemente, agora eles fossem aprender o que nós fazemos para que eles pudessem fazer políticas iguais', disse Lula após participar de jantar oferecido pelo presidente de Moçambique, Armando Guebuza, em Maputo.
Nenhum país dá lição, exceto pela história. E a história dos países ricos é de denodo, sacrifício e muita dignidade. E a dos pobres, é de covardia, desídias e safadezas, muita safadezas. É isso que S. Exa quer ensinar? Em termos de Economia ele próprio, orgulhosamente, anuncia-se incapaz de entender:
Eu pedi ao Papa que nos seus pronunciamentos ele fale da crise econômica, pois, se todo o domingo o papa der um conselhozinho, quem sabe a gente encontra mais facilidade para resolver o problema. SILVA, L. da, Presidente do Brasil, Estadão, 13/11/2008
Sobre a possibilidade de estar 'na torcida' por alguma redução da taxa de juros, Lula disse: 'Eu não acho nada. Eu, apenas, quando sai o resultado, festejo ou lamento' (Estadão, 21/7/2009)
HILDERFING (p.101), RUSSELL, FRIEDMAN (p. 114 ) e GOYTISOLO (p.: 74) ter-lhe-iam bem informado: "O que se observou no sistema financeiro internacional foi o surgimento de uma brecha entre as duas taxas: os juros incidentes sobre empréstimos bancários mantiveram-se elevados enquanto o retorno esperado de investimentos produtivos declinava.""Na verdade, os interesses dos banqueiros têm sido contrários aos dos industriais: a deflação que convém aos banqueiros paralisou a indústria britânica."  "Por conseguinte, os devedores tendem a perder com a deflação, e os credores, a ganhar’."
Isso, porém, definitivamente não vem ao caso. "O segredo de um demagogo é parecer tão burro como os que o escutam, de maneira que essas pessoas se possam considerar tão espertas como ele." ( KRAUS, Jornalista KARL; cit. REBECCA, G., Incompletude – A demonstração e o paradoxo de Kurt Gödel, Gradiva, Lisboa, 2009: 75) Esta double face é característica fundamental dos pelegos, brilhante profissão criada pelo fascismo para tornar os trabalhadores dóceis por migalhas, pata  depois enviá-los cantarolantes aos campos talados de minas e canhões. Sempre foram, de fato, muito bem remunerados pela vil tarefa, não há dúvidas. Como S.Exa pouco frequentou escola, não deve ter noção sequer da importância da história, assim presumindo que sua torpe faceta jamais virá à tona, ou se vier, terá lá seus defensores, como o suicida Getúlio Vargas. Os tempos, contudo, são outros. Já não temos mais apenas a Rádio Nacional para ordenar o rebanho, de modo que o julgamento que lhe espera terá, certamente, o tradicional epílogo reservado pelo diretor Maquiavel ao seu astro principal, para deleite da platéia. Com certeza. Por enquanto o que lhe importa é dar cobertura a quem absolutamente nada produz. Adotar ajuste fiscal não será fácil para o Brasil, diz economista do Bird
Como a Nav's ALL surfa na proa do tempo costuma apontar com bastante antecedência o distanciamento da realidade tomada pelo diletantes timoneiros. Na mosca, mais uma vez:
* * *
NEWTON logrou ascender à Casa Moeda, mas depois de séculos foi deposto do pedestal que julgava o máximo.  KEYNES também obteve pleno êxito, mas hoje a maioria pode apreciar, por seus fundilhos, a falsidade ideológica que o artifício parcialmente ocultava. Como o capital depende, antes de tudo, do trabalho, é óbvio que elevá-lo de modo artificial, desprovido do ingrediente signfica paulatinamente ir lhe extinguindo! Não parece, pois, a mais aprimorada burrice, até mesmo ao beneficiado? Que adianta remunerar o papeleiro com mais papel? Hoje, contudo, parece vivermos seu inverso. À riqueza produzida não há dinheiro para representá-la. Um colapso é o que se pode esperar.
No Dia do Amigo, o da Onça anuncia novo aumento da campeã-do-mundo. Não lhe cabe gerenciar a produção, mas ele diz ser prudente o ágio parara diminuir as atividades, refrear o crescimento. Maior facilidade pode gerar inflação. Que amor.
Passado mes, lá veio o contabilista elevado à ministro:"É exatamente isso que o BC faz: compra dólares e eleva o endividamento por meio do enxugamento de recursos com operações compromissadas." E passado ano, a esperada notícia:Inflação semanal sobe em seis de sete capitais Certamente sofremos patologia bipolar:
Agora, existe, não há dúvida, uma questão de liquidez em dólar nos Estados Unidos, que é o grande provedor de dólares... Em razão disso, o Banco Central reagiu e tomou a decisão de promover leilões de venda de dólares conjugados com compra futura. Isto é, o BC vai prover liquidez', disse Meirelles, durante entrevista no Consulado do Brasil em Nova York. Estadão, 19/9/2008

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicou detalhes do fundo soberano nacional, que terá como objetivo, em primeiro lugar, apoiar projetos de interesses estratégicos do país no exterior. Mantega admitiu também que a criação do Fundo Soberano servirá para enxugar dólares do mercado interno, no fito de valorização do real. O que tem a ver o dólar com o mercado interno ninguém pode explicar. O governo entende que a combinação das atuações do BC - que ainda pode operar com o swap reverso - e Fazenda, com os instrumentos tradicionais de intervenção, deverá atenuar o processo dos últimos dias. (Estadão, 16/9/2010) 
De fato: "O governo não é capaz de tornar o homem mais rico, mas pode empobrecê-lo." (MISES, L., Uma Crítica ao Intervencionismo: 21).
Você pode explodir o Brasil inteiro e eles ainda dizem:
'Obrigado! Aqui está um macaco para você levar de volta para sua casa'.STALLONE, Sylvester, ator de Os Mercenários, palestra para 6 mil pessoas,em S. Diego, na data de hoje.
O real valorizado é uma coisa ruim?
"Não necessariamente, porque dá ao país mais poder de compra no exterior e também atrai mais capital para os investimentos. Mas naturalmente é ruim para as exportações e para a capacidade de competir das indústrias", disse o economista e Prêmio Nobel Paul Krugman, durante conferência em evento promovido pela IBM (16/9/2010) em São Paulo. Ah tá.
O resumo dessa ópera é que, no campo da previsão econômica, tudo ainda se passa no mundo da chutometria. E não deixa de ser engraçado observar o estilo com que os argumentos que pretensamente sustentam os chutes são articulados para lhes dar um ar de ciência exata. Jornalista-economista José Paulo Kupfe. Estadão, 21/12/2010
 O fenomenal presidente do Banco Central resolveu aparar um pouco o mau gerenciamento monetário às exportações brasileiras, atirando-se usar o dinheiro produzido pela Nação e dela extorquido sob o pomposo nome de Fundo Soberano, para comprar dólares. Ou seja: vamos trocar nossa soberania, pela do EUA! Lesa-pátria?
A notícia vem a publico em um momento em que o governo tem tomado diversas medidas para tentar conter, ainda que sem sucesso, a valorização do real em relação à moeda norte-americana. O ministro Mantega já havia, inclusive, declarado que usaria recursos do FSB para comprar dólares. Além disso, o Ministério da Fazenda e o Banco Central decidiram que vão realizar ‘leilões-surpresa’. Veja, 20/9/2010
"Leilão surpresa?" Mas onde vão arrumar compradores, se não promoverem antecipadamente os pregões? Ou seria apenas para restringir a participação aos cirandeiros? E porque não usar nosso Fundo Soberano para estimular a produção, que é o verdadeiro lastro de qualquer moeda, em vez de restrito aos cantos da especulação?  Para mim, a canhestra medida prejudicará violentamente, não apenas os exportadores, a médio prazo, como toda a Nação.
Apreciemos a surreal explicação que o distinto oferece, em 20/9/2010:
"O problema é que o dólar está se desvalorizando muito, em todas as moedas, e isso causa instabilidade até mesmo no Brasil. Então usaremos o Fundo Soberano para trocar reais por dólares"
Ora, vamos comprar o que se desvaloriza? Quer dizer que o Brasil prefere contribuir para a estabilização do FED? Que adianta facilitar exportação às custas de toda a Nação? E de que maneira girará a a roda da economia, já que é proibida a circulação da verde, e as nossas trancafiadas na Wall Street? Ou será que a maquininha da maior e mais rentável indústria sem-chaminé, também sem nenhuma produção, vai ser azeitada para imprimir a quantidade ou parte dela que voou para especular ao norte? A Águia pelo jeito está usando, de novo, o deplorável expediente, e até poderá sair incólume, mas para nosotros o furo é mais embaixo, vôo-de-galinha. Imediatamente os sinalizadores inflacionários ocuparão as manchetes, porque a quantidade de dinheiro que circula entre nós deve ser percentagem de dígito em relação ao circulante do colosso. É uma barbada controlar intensidade de fluxo do Real, ainda mais considerando as vias que ele percorre, isto é, onde é aceito, restritas a meia-dúzia dos mais de 200 países que repartem o globo.
O que não podemos é estar preocupados com a queda do dólar frente ao real e ao mesmo tempo estarmos preocupados com a subida do dólar, possível ou potencial, em função do aumento do déficit em conta corrente.
No momento em que o dólar, em função do déficit em conta corrente começar a subir, se vier a subir, aí nós deixamos de nos preocupar com a conta corrente e aí passamos a nos preocupar com a inflação.
MEIRELLES, Presidente do Banco Central, Doutor Henrique Meirelles, www.bcb.gov.br, 24/5/2008.
Será mesmo verdade que a intervenção visa refrear a inflação? A julgar pela experiência recente obteremos o contrário - a intervenção inflacionou de tal ordem a moeda que era necessário duplicar a nota:
Durante a crise de 2002, o BC fazia intervenções diárias no valor de US$ 50 milhões. Na época, a cotação chegou a bater em R$ 4 por dólar durante as negociações. A decisão é de caráter temporário e não tem como objetivo influir na taxa de câmbio. Folha de São Paulo, 18/9/2008.

Passados dois anos, o fantasma continua agitado:
"O déficit em conta corrente a longo prazo é um fator importante na determinação do valor das moedas. Com o tempo, o mercado vai reagir a isso", disse Meirelles em palestra a empresários na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep)
O  drama bipolar não excede os trilhos que lhe permitem existir.

Banco Central age para segurar alta do dólar após cotação de R$ 1,95

Correndo de um lado a outro, na corda por ele próprio estendida, o trapezista encanta a platéia, ao gáudio dos patrocinadores. É impressionante a capacidade de mudar de lado. Coisa de gilete.
O dólar não sobe nem desce em função de nossa conta corrente. Era só o que faltava pautarmos o vôo da Águia. Mas este ex-presidente do Banco de Boston por certo ainda não esqueceu o interesse da matriz. Pelo sim pelo não, o recado veio em em 22/9:
Grandes bancos, como o Citigroup, esperavam que o mercado acionário brasileiro batesse nos 80.000 pontos em 2010 passados dois anos do upgrade da nota de avaliação de crédito do país e da habilidade impressionante que demonstrou sobrevivendo ao estouro da pior bolha imobiliária e de derivativos em muitos anos. Agora, tal perspectiva parece pouco provável. Os ganhos obtidos foram sufocados por pressões internacionais, mas nem tudo está perdido. www.wharton.universia.net/index.cfm?fa=viewArticle&id=1949&language=portuguese
Mas querem ganhar mais ainda? Que serviço prestam, a tanto? E o que tem os bancos a ver com mercado acionário? É isso que fazem com o dinheiro depositado pelos produtores,ou seja, em vez de voltarem a fomentar a produção, sendo devidamente pagos com juros por essas triviais operações, preferem usar o dinheiro de todos para proveitos restritos?
A preocupação com risco Brasil não porta o menor sentido, ainda mais perante o estrangeiro. E se ainda assim fosse primordial, não tocaria ao presidente do Banco Central estabelecer nenhuma garantia, exceto de gerenciar virtuosamente, e não viciosamente, a circulação da moeda.
A razão da manipulação cambial atende ao velho costume, implantado a décadas pelo Czar da Economia, e tomado à risca pela legião de seguidores que o convincente professor soube angariar.
O então presidente do Banco Central, o economista Francisco Lopes, vendia informações privilegiadas sobre juros e câmbio – e uma parte de sua remuneração saía da conta número 000 018, agência 021, do Bank of New York. A conta pertencia a uma empresa do Banco Pactual, a Pactual Overseas Bank and Trust Limited, com sede no paraíso fiscal das Bahamas.
Veja, 23/5/2001


O homem que comanda a única e exclusiva fábrica de dinheiro do País deve milhões de reais ao Fisco brasileiro. Por conta de uma mal explicada transação financeira, o presidente da Casa da Moeda do Brasil, Luiz Fernando Denucci, foi multado em R$ 3,5 milhões pela Receita Federal, que quer entender como ele, um funcionário público, enviou de uma conta de Miami, nos Estados Unidos, quase R$ 1,8 milhão para sua conta-corrente no Brasil. Além disso, a Polícia Federal, que flagrou Denucci quase por acaso, descobriu que por três anos ele fez movimentações financeiras que superavam em mais de dez vezes seus rendimentos declarados. A Polícia Federal também quer saber como Denucci conseguiu ampliar em 15 vezes seu patrimônio pessoal em um espaço de apenas seis anos. 'A origem do dinheiro é desconhecida. Ele nunca esclareceu'.
Revista Isto É, 22/1/2010
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O Brasil está em lua de mel com o capitalismo, e se lambuza
mesmo quem xinga o mercado. Por isso esse casamento veio para durar. Não será o próximo nem o outro governo que mudará o tripé de câmbio flutuante, limites fiscais e inflação baixa/BC independente.
MALBERGIER, Sérgio, Deus é brasileiro (e nasceu em Pernambuco). - Folha, 22/7/2010

Especialistas, chineses e brasileiros, afirmam que o Brasil não sabe negociar com os chineses. Enquanto Pequim é fria e calculista como manda a diplomacia econômica eficiente, o Itamaraty parece letárgico, ideológico e emotivo, tendo deixado a recusa (política) chinesa em apoiar a postulação brasileira de se tornar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU contaminar as relações comerciais.
Idem,
21/5/2009
Esta obssessão pelo Conselho de Segurança da ONU tem nos custado caro demais:
As autoridades brasileiras continuam a desrespeitar o povo brasileiro sofrido e desamparado. O governo faz doações em dinheiro extremamente elevadas para os padrões do Brasil e nenhuma instituição se levanta contra este absurdo. (Eduardo Braga)   
"Sem dúvida, há boas lições na área econômica e de planejamento chinês que o Brasil precisa ter humildade para aprender e possibilitar a construção de um país socialmente mais justo."(GERDAU, Jorge, Negócio da China)
"A China aplica US$ 300 bilhões em ações, além de ter participações em bancos e em empresas pelo mundo."
E o Brasil?
Com US 195,849 bilhões em caixa, o Brasil é atualmente a oitava maior reserva internacional do mundo. Se por um lado este dado é bom para o País - pois reduz a vulnerabilidade do Brasil em relação às crises externas -, também traz uma conseqüência negativa: a baixa rentabilidade destes recursos, já que a maior parte está aplicada em títulos dos EUA, que rendem por volta de 4,5% ao ano.
A pergunta que se impõe é a seguinte: qual a razão de nosso técnico manter o que temos de mais caro na reserva?
A Folha (17/09/2010) apurou que entre economistas-chefes respeitados de grandes bancos, há quem vislumbre aperto monetário bem mais forte pela frente. O ex-diretor do BC JOSÉ JULIO SENNA ainda participa, e justifica:
"O país já se encontra bem perto da velocidade potencial, o que abre espaço para o surgimento de novos riscos inflacionários. Com isto, é mister uma taxa de juros mais elevada para 2011."..
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) vai de vento-em-popa, sim senhor! Minha Casa, Minha Vida é coqueluche, sucesso total. Um milhão de pintadas (casas, não onças) vão aparecendo.
Lula ainda citou nominalmente casos de obras que não avançaram - por questões ambientais ou burocráticas - e concluiu, de forma enfática: - O mandato está terminando. É preciso mostrar essas obras para a população em 2010.O Globo, 9/4/2009
O banco gerenciado por S. Exa. oferece juros negativos! (Quack!) O morador ao fim das contas pagará menos do que retirou emprestado para comprá-la. Dizem valer a pena porque investir desse modo o dinheiro, dar crédito à vontade, e de preferência subsidiado, só pode levar o desenvolvimento econômico e social, e isso é o que interessa.
"Dilma se contrapôs à máxima de Washington Luís, ex-presidente da República (1926-1930), segundo a qual 'a questão social é caso de polícia'.”(www.jusbrasil.com.br/politica/5295113/dilma-defende-os-movimentos-questao-social-nao-e-caso-de-policia)
O preço da corrupção custa para o Brasil entre R$ 41,5 e R$ 69,1 bilhões por ano. A estimativa é de estudo do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), divulgado em 19/5/2010..
A canhestra dialética entre a oferta de dinheiro e a produção recrudesceu justamente na época de Washinton, a dos gangsters - legítimo caso de polícia. Ao gáudio da onça, a artimanha preparatória elaborada pelo amigo lograva pleno resultado:
"Hoover, que era secretário de comércio durante os anos 20, considerava Wall Street um cassino deplorável. No entanto, era o mais assíduo promotor do mercado internacional de ações." (JOHNSON: 194)
Hoover instou o Federal Reserve a desaquecer o mercado de crédito elevando as taxas de juros de todo o país. Seus banqueiros controlavam a poderosa agência nova-iorquina do Federal Reserve, ou seja, tinham participação significativa na definição da política monetária.
PARKER, S.,
O crash de 1929 - As lições que ficaram da grande depressão: 47/8
Obtivemos a maior derrocada capitalista que se conheceu.
"O poder excessivo do setor financeiro é o motivo pelo qual o mundo chegou à crise atual." (RUSSELL, Bertrand, O Moderno Midas, 1930/2002: 69)
"Não pode haver dúvida que os nazistas eram o partido da depressão... ganharam proeminência eleitoral apenas em 1930, quando as condições econômicas se deterioraram." (EICHENGREEN, B., & TEMIN, Peter, cits. PARKER, S.: 139)
Friedman mostrou que as autoridades monetárias haviam produzido efeitos indesejados na economia, tais como inflação e depressão devido ao tratamento errôneo da oferta de moeda. Ele culpa o Federal Reserve pela grande depressão da década de 1930, alegando que este, em um primeiro momento, reduziu a oferta de moeda devido ao medo de especulação demasiada no mercado acionário e depois não fez nada de 1930 a 1931, quando houve uma corrida aos bancos. GLEISER, I.: 151
A crise foi resolvida com a oferta abundante de moeda, cheque-sem-fundo saneado graças aos despojos alemães e japoneses.
* * *
A dialética depende de duas éticas opostas, mas ambas lógicas. O ex-presidente afiançava que "governar é abrir estradas", mas para a felicidade da onça, atualmente se inviabiliza as poucas existentes com saraivadas de pedágios. Convém os iluminados promotores pararem de se maquiar.
O Estado de bem-estar era um ardil político: uma criação artificial do Estado, pelo Estado, para o Estado e seus funcionários. É um eco irônico da democracia de Lincoln de, por e para ‘o povo’. Quando seus bem escondidos, porém crescentes, excessos e abusos no governo central e local foram revelados recentemente, havia se passado um século de defesa falaciosa. SELDON: 60

Pindorama ultrapassou a barreira dos 10 milhões de servidores públicos (civis, militares, federais, estaduais e municipais). O ano de 2007 fechara com 9,827 milhões. É provável que a marca tenha sido batida no primeiro semestre. O Brasil ultrapassou a marca dos 10 milhões de habitantes entre 1865 e 1867.GASPARY, H., Folha, 29/3/2009
"No acumulado dos últimos 12 meses, a produção industrial tem retração de 8,9%, o que configura o pior desempenho da série histórica. O setor de bens de capital foi o mais afetado... com redução de 25,7% na produção." (Folha de São Paulo, 2/10/2009)
O custo de abertura de uma empresa no Brasil chega a R$ 2.038, de acordo com estudo divulgado hoje pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). O montante representa o triplo do valor cobrado na média de Rússia, China e Índia, de R$ 672.
Quando os empresários comparam as rentabilidades dos projetos de infraestrutura com as taxas de juros que estão amplamente ligadas à 'preferência por liquidez', eles podem eventualmente renunciar a certos investimentos. A sociedade rica entra então numa depressão cumulativa e crônica, sem prespectiva de reerguimento a longo prazo.
GAZIER, Bernard, A crise de 1929: 101
"O governo não é capaz de tornar o homem mais rico, mas pode empobrecê-lo", e banqueiros, ou funcionários públicos não são padeiros. Pode até não haver dinheiro, mas em casa que falta pão, todo mundo briga, e ninguém tem razão.
E parem de dar ouvidos aos cabos empresariais. Eles não devem ser gerenciados por vósmecês.
O comerciante está convencido de que a lógica é a arte de provar à vontade o verdadeiro e o falso; foi ele que inventou a venalidade política, o comércio de consciências, a prostituição dos talentos, a corrupção da imprensa. Sabe encontrar argumentos e advogados para todas as mentiras, todas iniquidades. Somente ele nunca se iludiu sobre o valor dos partidos políticos: julga-os todos igualmente exploráveis, isto é, igualmente absurdos...
PROUDHON, P.-J., Filosofia da Miséria, Tomo I: 351.
Vai ver por isso o governo quer se por tal comerciante, e inventa mais uma estatal, esta para atuar no setor de seguros, a 12ª inversão do paladino. Lamentável e desumano. Demasiadamente desumano:
"Em um sentido macroeconômico, todos os projetos de investimento que o governo empreende podem ser classificados como desperdício de riqueza." (, O problema com os gastos do governo, 16/7/2010)
O presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, comprou um imóvel por R$ 150 mil. O que me chamou a atenção é que ele pagou em dinheiro vivo. Está aí um ótimo motivo para demitir sumariamente um executivo de banco. Não vou aqui discutir se existe alguma irregularidade na compra nem se o dinheiro tinha origem ilegal. O fato é o seguinte: o indivíduo pago para cuidar do dinheiro dos outros não sabem cuidar de seu próprio dinheiro. DIMENSTEIN, G., Folha, 17/9/2010

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Não dêem ouvidos a emissários, especialmente aqueles das cadeias, digo das cadeias de rádio e TV. Ouçam, e espiem pela janela. Verifiquem de onde e por qual a razão reverberam tantos gritos e controvérsias, assaltos, assassinatos, divórcios, acidentes, pedofilia, estupros, e perdas de toda a ordem. E não me venham com essa nova moda, de dizer "tudo drogado!", para comprar equipamentos militares, e arrochar a repressão. Gente de melhor posição social tem protagonizado as mais tenebrosas ocorrências. Mata-se por falta de meios ou por não querer assumir responsabilidades econômicas. É certo que o crime recrudesce entre marginais, em meio miserável, carente até de luz elétrica, água, e do mais simples tratamento sanitário. O índice criminal recrudesce nessas regiões mais pobres. Seus povos não lidam com drogas, mas com a falta de dinheiro. É muita pobreza. De dinheiro, de conhecimento, e de espírito.
Com os juros altos, o Brasil tem atraído a atenção de investidores famintos por lucros. O Big Mac do Brasil aparece na lista como o quarto mais caro do mundo A economia do hambúrguer sugere que o real está sobrevalorizado em 31%. The Economist - BBC Brasil, 23/7/2010
"O dinheiro é o sangue que corre pelas veias da produção”, advertira o médico Dr. QUESNAY, ilustre desconhecido fundador da Economia. Sua elevação retroalimenta a depressão por estrangulamento progressivo:
“O juro não depende do valor da moeda, mas da sua quantidade” (SMITH, A., Inquérito sobre a natureza e as causas da riqueza das nações, 1999: 26).
Quando o dinheiro se esfumaça pelo ladrão, jorra o próprio o sangue da população. Literalmente:
Os crimes de roubo e latrocínio - roubo seguido de morte - podem, por sua vez, ter aumentado por causa da crise. Quando se fala em crime de natureza patrimonial, a relação de causa e efeito com a crise financeira acaba sendo, no mínimo, intuitiva. Basta uma sacudida na economia para que o último degrau da escada social despenque no abismo de miséria de onde saiu, tornando inevitavelmente maior a sua propensão ao crime (pesquisa recente do Centro de Pesquisa Social da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que São Paulo é a região do País onde mais se produziu miséria - 5,9% - no ano da crise financeira)
SIMANTOB, Fábio Tofic, Estatísticas do crime e discurso do medo 12/2/2010
As corporações centralizadas e autoritárias têm fracassado pela mesma razão que levou ao fracasso os estados centralizados e autoritários: elas não conseguem lidar com os requisitos informacionais do mundo cada vez mais complexo que habitam.
FUKUYAMA, F., 2002: 205
Se na região mais rica miséria & crime abundam, o que restará ao interior do Piauí?
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