sábado, 29 de outubro de 2011

Epistemologia da alma

Dedico essas linhas para os especiais surfistas das ondas gravitacionais que na praia almoçavam comigo.
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
Camões  
Alma é um termo que deriva do latim anǐma, este refere-se ao princípio que dá movimento ao que é vivo, o que é animado ou o que faz mover... A crença na imortalidade da alma chegou aos judeus através do contacto com o pensamento grego e principalmente através da filosofia de Platão (427-347 a.C.)... A Alma sempre foi motivo de controvérsia entre as diferentes denominações religiosas e crenças, mesmo porque nunca foi totalmente compreendida, explicada ou observada. Wikipédia

 É impossível dar uma definição concreta da alma, pois a alma não é uma entidade concreta mas abstrata. Alma
Na Grécia, berço das artes e dos erros e onde se levou tão longe a grandeza e a estupidez do espírito humano, raciocinavam sobre a alma como nós.
VOLTAIRE, «13.ª carta», Cartas Filosóficas 
Nos primórdios e a rigor até o presente, a ciência prima por intuição. O fenômeno  significa apreender a realidade antecipadamente de sua comprovação, desde que possa coincidir com o objeto. almejado. A evolução trouxe instrumentos para aferir a veracidade ou falsidade das proposições heurísticas, mas dentro da caverna, até encontrar um elemento que prostrasse a elucubração, o ser humano trilhava longo tempo por descaminhos. Mais do que mera intuição, seus sentidos lhe indicavam que o Sol e tudo o mais circundava a Terra. Como objetar esta visível realidade? Como encarar a  morte senão fim em si mesmo, se visível a parada total e a decrepitude do corpo? De que modo convencer o infante de que seu preparo se destinava a morrer pela Pátria, e isso ser-lhe-ia  glorioso, se a glória seria usufruída apenas pelos instrutores? O criativo Pitágoras chegou com a solução: a morte era apenas uma passagem para outra vida, confirmada por alguém que tivera a ventura de no mundo dos mortos conferir, e de lá retornar. ORFEU trouxera as melhores notícias do point.  HADES garantia a eternidade das almas .A LENDA DE ORFEU   “O orfismo ensina a divindade da alma e a impureza do corpo. A morte é uma libertação. O centro de suas preocupações é a vida futura” (Dicionário Básico de Filosofia. Hilton Japiassú/Danilo Marcondes. Ed. Zahar. RJ) O afilhado da Pítia ainda assegurava: "A sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas os homens podem desejá-la ou amá-la tornando-se filósofos."  "Pitágoras apreciava a tal ponto a teologia órfica que dela fez modelo para plasmar a própria filosofia. Em decorrência disso, as sentenças de Pitágoras passam a ser chamadas sacras na medida em que são derivadas dos esquemas órficos." (PICO DELLA MIRÀNDOLA, A dignidade do homem:73) Ao conhecê-lo, PLATÃO lhe dedicou o melhor do amor platônico.  "Assim trava  (conhecimento com o Pitagorismo, que veio a exercer uma duradoura influência sobre todo o seu pensamento e a sua atividade: na sua doutrina da pré-existência das almas." (Apresentação da biografia e livros de Platão – História da Filosofia Antiga – Hirschberger) “Platão, sonhando com uma retórica digna do filósofo, queria que os discursos deste pudessem convencer os próprios deuses”. (Fedro, 273e, cit. Perelman, C.:  536.) Sua “engenharia teológica" submeteu o homem ao infinito pêndulo.  "Dilacerado entre o desejo de eternidade e a solicitação do corpo, jamais ele poderia superar essa contradição se a sua alma não fosse naturalmente votada ao divino."
Eis a razão porque, quem quer que leia seriamente as obras de Platão, nelas encontrará, evidentemente, tudo, mas em particular essas duas verdades eternas: o culto reconhecido de um deus conhecido e a divindade das almas, onde reside toda a compreensão das coisas, toda a regra de vida e toda a felicidade. E tanto o mais que, sobre estes problemas, a maneira de pensar de Platão é tal que, de entre outros filósofos, foi a ele que Agostinho escolheu para modelo, como sendo o mais próximo da verdade cristã, afirmando que, com pequenas alterações, os platônicos seriam cristãos.’
Seu Epinomis prescreve: "A ciência dos números, dentre todas as artes liberais (?!) e ciências contemplativas, (ou seja, apenas especulações, isentas de responsabilidade porque improváveis) é a mais nobre e excelsamente divina."  Ao ser questionado porque o homem se diferenciava dos animais, Platão foi categórico: "Porque sabe lidar com números."
As mútuas relações entre Platão e a filosofia pitagórica constituem, de fato, um eixo fundamental para a crítica: se a filosofia pitagórica influencia o platonismo, é verdadeiro também o contrário... Aqui Platão estaria evidentemente utilizando os princípios (archaí) pitagóricos para fundamentar, do ponto de vista da dialética dos princípios supremos, sua teoria das Idéias. CORNELLI, Gabriell, CAMINHOS DE DUAS MÃOS: TROCAS FILOSÓFICAS ENTRE PITAGORISMO E PLATONISMO. - www.puc-rio.br
 Um célebre baluarte da Teoria Quântica, não se furtou em detoná-lo:
Percorri laboriosamente o texto, embora ele me parecesse um absurdo. Como quer que fosse, todas essas idéias me pareceram uma especulação desvairada, talvez perdoável por faltar aos gregos o necessário conhecimento empírico. Não obstante, entristeceu-me ver um filósofo da agudeza crítica de Platão sucumbir a tais fantasias. HEISENBERG, WS., 1996: 17
O resultado de tamanha alienação até hoje podemos contabilizar:
Existem todo o tipo de pessoas, mas acho que seria razoável dizer que ninguém que se diga filósofo realmente entenda o que se quer dizer com a descrição da complementariedade. A relação entre os cientistas e os filósofos é bastante curiosa. A dificuldade é que é inútil que haja qualquer tipo de compreensão entre os cientistas e os filósofos diretamente. BOHR, NIELS, cit. PAIS, ABRAHAM, Einstein viveu aqui: 33 ¹
O primeiro a embarcar pela miragem fora o pretenso sábio, no intuito de se conhecer completamente:
Ninguém deixava de ser persuadido por sua palavra e por seu caráter, que parecia com sua fisionomia, e, para ser franco, por tudo que esta pessoa tinha de especial. Porém, apenas enquanto não lhe acendia a cólera. Quando esta paixão lhe queimava, sua ruindade era horrível. Não evitava, então, nenhuma palavra e nenhum ato... Este magnetismo interior que possui é, sem dúvida, o motivo de fascinar todas as naturezas ardentes, seja a de um Alcibíades ou a de um Platão.BRÉHIER, Émile
SÓCRATES antecipou a partida embriagado na obsessão por sabedoria.  
Segundo Platão o oráculo disse que ninguém era mais sábio do que Sócrates, e a sabedoria socrática é identificada como autoconhecimento. Xenofonte usa a anedota para respaldar seu retrato convencio0nal da virtude moral de Sócrates. Platão, para apresentar a investigação socrática como cumprimento de uma missão divina, e portanto como um ato supremo de piedade... Existe, portanto, uma relação íntima entre o autoconhecimento e a melhor alma possível; ou o autoconhecimento é idêntico a este estado da alma, ou é condição dele, necessária, suficiente, ou talvez necessária e suficiente.  TAYLOR, C.C.W., Sócrates: 30/1
A maiêutica o levou aos braços de HADES.  "Aos segundos diz imaginar que a morte deva ser um grande bem, seja ela um sono tranquilo ou o convívio no Hades com os grandes homens que lá habitam." (PLATÃO, Apologia de Sócrates. LPM, 2009: 16)  
"Quando se coloca o centro da gravidade da vida não na vida, mas no além - no nada -, então se priva a vida de qualquer centro de gravidade." (NIETZSCHE, F., O anticristo: maldição contra o cristianismo:78) SÓCRATES partiu sereno, em plena lucidez. Deixou o simpósio como o último dos beberrões, nos primeiros raios da manhã, augurando começar nova jornada. Foi sua própria e já extremada curiosidade que lhe traiu, arrebatando-lhe a vida. Topou ingressar no subterrâneo de HADES porque a viagem implicaria de plano desvendar sua parte mais sublime - para ele, completamente estranha, mas excitante - qual convencida alma. O mais famoso pupilo colheu o ensejo para explicar e endossar a sapiência:
A alma . . . se ela partir pura, não arrastando consigo nada do corpo, . . . parte para o que é como ela mesma, para o invisível, divino, imortal e sábio, e quando chega ali, ela é feliz, liberta do erro, e da tolice, e do medo . . . e de todos os outros males humanos, e . . . vive em verdade por todo o porvir com os deuses. PLATÃO. Phaedo (Fédon), 80, D, E; 81, A.
Uma concepção particularmente típica do pensamento platônico é a sua doutrina da transmigração das almas. Depois de ter a alma saído das mãos do Demiurgo. é ela entregue ao 'instrumento do tempo'; vive a sua primeira encarnação sobre a nossa, terra. Este primeiro nascimento é igual para todos, para nenhuma alma ficar prejudicada. Ao cabo desta primeira vida, apresenta-se a alma, junto com o corpo, ao tribunal dos mortos, para dar contas da vida nesta terra Conforme o juízo, entrará ela no campo dos bem-aventurados ou será transladada para lugares de castigo no mundo subterrâneo. Mil anos durará esta sua peregrinação, seguindo-se-lhe então o seu segundo nascimento.O homem como alma em Platão – História da Filosofia Antiga – Johannes Hirschberger
Como seu mestre Sócrates, Platão busca descobrir as verdades essenciais das coisas. A alma humana enquanto perfeita participa do mundo perfeito das idéias, porém este formalismo só é reconhecível na experiência sensível... Também o conhecimento tinha fins morais, isto é, levar o homem à bondade e à felicidade. A obtenção do autoconhecimento era um caminho árduo e metódico. Wikipédia
Desde então não poucas vidas tem assim sido abreviadas:
Não chorem, não sofram, eu estou ABSOLUTAMENTE FELIZ!!! Era tudo o que eu queria: ter paz eterna com meu Deus e, se possível, com minha mãe. LEILA LOPES,  atriz, carta publicada em 8/12/2009, O Globo
O fito platônico, entretanto, era de outro calibre: 
Durante o século IV a.C., verificou-se, no mundo grego, uma revivescência da vida religiosa. Segundo alguns historiadores, um dos factores que concorreram para esse fenômeno foi a linha política adotada pelos tiranos: para garantir seu papel de líderes populares e para enfraquecer a antiga aristocracia, os tiranos favoreciam a expansão de cultos populares ou estrangeiros. Dentre estes cultos, um teve enorme difusão: o Orfismo (de Orfeu), originário da Trácia, e que era uma religião essencialmente esotérica. Os seguidores desta doutrina acreditavam na imortalidade da alma, ou seja, enquanto o corpo se degenerava, a sua alma migrava para outro corpo, por várias vezes, a fim de efetivar sua purificação. Wikipédia
EINSTEIN (cit. GABERDIAN, H. GORDON: 314)  bem identificou:
No homem primitivo era o medo, acima de quaisquer outras emoções, que o levava à religião. Esta religião do medo – medo da fome, de animais selvagens, de doenças e da morte – revelava-se através de atos e sacrifícios destinados a obter o amparo e o favor de uma divindade antropomórfica, de cujos desejos e ações dependiam aqueles temerosos sucessos. Como o entendimento do homem primitivo sobre as relações de causa e efeito era pobremente desenvolvido, essa religião do medo criou uma tradição transmitida, de geração a geração, por uma casta especial de sacerdotes que se postara como mediadora entre o povo e as entidades temidas. Essa hegemonia concentrou o poder nas mãos de uma classe privilegiada, que exercia as funções clericais como autoridade secular a fim de assegurar seu poderio. Nesse ínterim se verificava a associação dos governantes políticos à casta clerical, na defesa dos interesses comuns.
Na mosca:
Ao legislador não podemos, em nenhum ponto, lhe recusar a nossa, fé; e assim será também quando nos assegura ser a alma algo de completamente diferente do corpo e que, na vida, é justamente a alma, e não outro ser, que nos torna a cada um de nós o que propriamente somos. O corpo, pelo contrário, nos segue a cada um somente como uma espécie de sombra, dizendo-se, por isso, com razão que, sobrevindo a morte, os cadáveres não são mais do que simulacros dos mortos; pois, o verdadeiro homem é um ser imortal, cujo nome próprio é a alma, que entra na comunhão dos deuses para dar contas de si. PLATÃO Leis, 959
A interpretação religiosa assenta nessa mesma ambiguidade: una est religio in rituum varietate, proclama Ficino, que, na Teologia Platônica – título revelador – desenvolve o acordo entre o platonismo e o cristianismo.
‘Eis a razão porque, quem quer que leia seriamente as obras de Platão, nelas encontrará, evidentemente, tudo, mas em particular essas duas verdades eternas: o culto reconhecido de um deus conhecido e a divindade das almas, onde reside toda a compreensão das coisas, toda a regra de vida e toda a felicidade. E tanto o mais que, sobre estes problemas, a maneira de pensar de Platão é tal que, de entre outros filósofos, foi a ele que Agostinho escolheu para modelo, como sendo o mais próximo da verdade cristã, afirmando que, com pequenas alterações, os platônicos seriam cristãos.’
O estereotipado MAQUIAVEL também considerava a religião e sobretudo o temor a Deus, essenciais "para comandar os exércitos, para estimular a plebe a manter os homens bons, para fazer os reis se envergonharem."’  Ao Secretário Florentino o culto da alma,  e o temor a Deus eram necessários, sobretudo nas repúblicas: "Como a observância do culto divino é origem da grandeza das repúblicas, também o desprezo daquele é origem da ruína destas.Porque onde falta o temor a Deus, convém ou que aquele reino desabe, ou que seja sustentado pelo temor a um príncipe que supra os defeitos da religião.".
A cronologia é apenas mais uma invenção grega, lógica do Divino Chronos. Eis a teologia, pura mitologia, mas por tudo assim cronometrado, HADES não admite ninguém furando fila.  SÓCRATES não foi nada sábio. Nota zero na Física, e duplo zero na Metafísica. Não maior nota para quem se julga apto para interpretar, compreender, fazer a vontade ou querer ler a mente de DEUS. Ele não vem ao caso. E se o caso for até Ele, será o fim;  A ciência, contudo,  admite  a Eternidade. Se não há alma separada do corpo, e o corpo evidentemente fenece, apelaremos ao milagre? Negativo. Como sair do impasse? Há muitas aproximações cientificas a partir do nosso conhecimento sobre a carga energética atômica que permeia o Universo, e por consequência, a todos nós. É o que veremos. Por ora, assinalo a pista: 
 O físico David Bohm chega a desenvlver idéias muito audaciosas que 'abrem um novo caminho para se aprender a relação que o espírito mantém com a matéria'... Em A dança do espírito (1985) declara que o grande erro da filosofia mecanicista é o de afirmar-se como uma filosofia da fragmentação, reduzindo o Universo a um agregado de entidades independentes, separadas, fechadas nelas mesmas, e, por conseguinte, incapazes de comunicação real: como se a Natureza fosse um gigantesco mecanismo submetido a forças cegas; como se, nela, o homem fosse privado de alma e significação. Ora, reduzido ao estado de autômato bioquímico, o homem não pode integrar-se à vida do Universo. O que seria uma enorme frustração... ' O espírito e o corpo não são realidades independentes, tampouco o pensamento e o sentimento. JAPIASSÚ, H., Ciência e destino humano: 185. 
Tanto quanto E=Mc².  Se colocarmos a inicial da alma,  fonte energética do ser humano,podemos constatar que ela migra a todo instante, em cada batida do coração - portanto, com nosso corpo, com nossas informações, nosso histórico. Com nosso DNA. Pronto.
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Matéria sem espírito não tem sentido.
Espírito sem matéria não é sentido.  
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Simples assim.
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1.* O “princípio da complementariedade” vem explicado no original por NIELS BOHR em Atomic Physics and Human Knowledge; Nova York, 1963. Existe uma tradução editada no Brasil.(Física atômica e conhecimento humano)  DAVID BOHM o interpreta em Wholeness and Implicate Order, London, 1980. A primeira apresentação pública da teoria foi em Como, IT., 1927. GERALD HOLTON tem publicado um texto na revista Humanidades, nº 9 (1984), pp. 49-71, da Universidade de Brasília, intitulado As Raízes da Complementaridade. Se você estiver dando os primeiros passos no fantástico mundo quântico:  http://www1.uol.com.br/vyaestelar/fisicaquantica_yin_yang.htm

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O caráter platônico da psicanálise

Enquanto estivermos presos ao corpo e a nossa alma estiver conglutinada. com este mal, nunca poderemos atingir plenamente a verdade do que buscamos. Pois, mil e uma inquietações nos causa o corpo, pelas exigências de sua nutrição, sem falar ainda em toda espécie de paixões eróticas, desejos, temores, e um sem número de imaginações e infinitas ninharias. Em suma, ele nas coloca num estado no qual não temos um momento de quietação. Pois, também as guerras, as revoltas e batalhas são conseqüências do corpo e das suas concupiscências. Porque todas as guerras nascem do desejo de adquirir haveres e bens. E haveres e bens somos forçados a adquirir por causa do corpo, cujas exigências devem ser satisfeitas. 
PLATÃO, Fédon-, 66.

A psicanálise trata  as dores da alma. E é um processo tão longo para diluir a dor quanto foi para implantá-la. A substância com a qual a psicanálise lida não obedece às leis da mecânica. Não tratamos de matéria, não tratamos de concretudes: são dores da alma, substâncias de outra categoria
Psicanalista e colunista da Folha de São Paulo.

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D'alma
Segundo Platão o oráculo disse que ninguém era mais sábio do que Sócrates, e a sabedoria socrática é identificada como autoconhecimento. Xenofonte usa a anedota para respaldar seu retrato convencional da virtude moral de Sócrates. Platão, para apresentar a investigação socrática como cumprimento de uma missão divina, e portanto como um ato supremo de piedade... Existe, portanto, uma relação íntima entre o autoconhecimento e a melhor alma possível; ou o autoconhecimento é idêntico a este estado da alma, ou é condição dele, necessária, suficiente, ou talvez necessária e suficiente.  TAYLOR, C.C.W., Sócrates: 30/1
Alma é um termo que deriva do latim anǐma, este refere-se ao princípio que dá movimento ao que é vivo, o que é animado ou o que faz mover. De anǐma, derivam diversas palavras tais como: animal (em latim, animalia), animado. Religiosamente definida como um ser independente da matéria e que sobrevive à morte do corpo, que se julga continuar viva após a morte do corpo, podendo o seu destino ser a beatitude celestial ou o tormento eterno. Segundo este ponto de vista, a morte é considerada como a passagem da alma para a vida eterna, no domínio espiritual. A grande maioria das religiões, cristãs e não-cristãs, concorda em linhas gerais com esta definição. O conceito de uma alma imortal é muito antigo. De facto, as suas raízes remontam ao princípio da história humana. Wikipédia
 "A separação metafísica da alma e do corpo teve efeitos desastrosos sobre a filosofia." (RUSSELL, B.,  Por que não sou cristão: 43) "Na Grécia, berço das artes e dos erros e onde se levou tão longe a grandeza e a estupidez do espírito humano, raciocinavam sobre a alma como nós." (VOLTAIRE, «13.ª carta», Cartas Filosóficas.)
A disposição e o conceito são flagrantemente ideológicos, fito de domínio:
E como se desce, desse mundo de ironia e razão e veridicidade, ao reinado do sábio de Platão, cujos poderes mágicos o elevam muito acima dos homens comuns, embora não tão alto que dispense o uso de mentiras ou despreze o triste mercado de cada curandeiro, a venda de feitiços, de encantamento e criadores de raça, em troca de poder sobre seus concidadãos! PEREIRA, J.C., Epistemologia e Liberalismo - Uma Introdução a Filosofia de Karl R. Popper: 153
Platão assimilou os rasgos de Parmênides e a compaixão melancólica do legislador Pitágoras para interpretar a dialética do perscrutador de almas, o suicida Sócrates.
Quando Parmênides, agora, voltava a olhar para o mundo do devir, cuja existência antes tentara conceber graças a especulações tão engenhosas, irritava-se com os próprios olhos porque viam o devir, contra os próprios ouvidos, porque ouviam. 'Não acreditei nesses olhos estúpidos', ordena agora, 'não acrediteis no ouvido barulhento ou na língua, mas examinai tudo com a força do pensamento'. Assim realizou a primeira crítica ao aparelho do conhecimento - crítica extremamente importante, embora insuficiente e nefasta nas suas consequências: ao dissociar brutalmente os sentidos da capacidade de pensar abstrações, portanto, da razão, como se fossem duas faculdades completamente separadas,  destruiu o próprio intelecto e encorajou a cisão inteiramente errônea entre 'espírito' e 'corpo'  que, sobretudo desde Platão, pesa como maldição à filosofia. NIETZSCHE, F., A filosofia na idade trágica dos gregos: 67
E lá se veio a locomotiva da alienação, travestida com a marcante sapiência:
Ao legislador não podemos, em nenhum ponto, lhe recusar a nossa, fé; e assim será também quando nos assegura ser a alma algo de completamente diferente do corpo e que, na vida, é justamente a alma, e não outro ser, que nos torna a cada um de nós o que propriamente somos. O corpo, pelo contrário, nos segue a cada um somente como uma espécie de sombra, dizendo-se, por isso, com razão que, sobrevindo a morte, os cadáveres não são mais do que simulacros dos mortos; pois, o verdadeiro homem é um ser imortal, cujo nome próprio é a alma, que entra na comunhão dos deuses para dar contas de si. PLATÃO Leis, 959
A cisão primordial garante a subsistência dos pregadores da divindade, e dos noveis profissionais. A psicanálise foi gerada à luz da metonímia: 
Freud buscou inspiração na cultura Grega, pois a doutrina platônica com certeza o impressionou em seu curso de Filosofia. As partes da alma de Platão correspondem ao Id, ao Superego e ao Ego da sua teoria que atribui funções físicas para as partes ou órgãos da mente (1923 - O Ego e o Id). No centro do Id, determinando toda a vida psíquica, constatou o que chamou Complexo de Édipo, isto é, o desejo incestuoso pela mãe, e uma rivalidade com o pai. Segundo ele, é esse o desejo fundamental que organiza a totalidade da vida psíquica e determina o sentido de nossas vidas. COBRA, Rubem Queiroz - www.cobra.pages.nom.br/ecp-psicanalise.html
Para Deleuze e Guattari, psicanalistas se perfilam como novos padres. Ambas categorias visam impor a concepção de moral e desejo. 
O superego é um juiz malévolo, como seu inconsciente é um carcereiro obtuso: velando sempre tão zelosamente sobre seu segredo, ele acaba por designar o local onde se esconde. Sob o pretexto de liberar os complexos, as pessoas se enredam cada vez mais nos assuntos sociais, familiares. BACHELARD, GASTON, cit. QUILLET, PIERRE: 61
A separação ou a identificação da alma no molde até hoje difundido, e tão bem observado na citação de abertura já define o caráter platônico, dúbio. até mesmo deletério - por que não dizer - do profissional encarregado de eliminar ou arrefecer a esquizofrenia, fenômeno que a priori ele próprio estabeleceu: "Não há erro mais perigoso do que confundir a conseqüência com a causa: chamo-a de a verdadeira corrupção da razão." (NIETZSCHE, F., Crepúsculo dos Ídolos: 49)
Para soldá-la com o vestido científico, tal qual a maciça maioria das formulações em voga, a original psicanálise também se obrigou a utilizar a outra perna cabeluda do ardiloso pederasta grego, ambas clonadas da parceria: 
As mútuas relações entre Platão e a filosofia pitagórica constituem, de fato, um eixo fundamental para a crítica: se a filosofia pitagórica influencia o platonismo, é verdadeiro também o contrário... Aqui Platão estaria evidentemente utilizando os princípios (archaí) pitagóricos para fundamentar, do ponto de vista da dialética dos princípios supremos, sua teoria das Idéias. CORNELLI, Gabriell, CAMINHOS DE DUAS MÃOS: TROCAS FILOSÓFICAS ENTRE PITAGORISMO E PLATONISMO. - www.puc-rio.br
"Pitágoras apreciava a tal ponto a teologia órfica que dela fez modelo para plasmar a própria filosofia. Em decorrência disso, as sentenças de Pitágoras passam a ser chamadas sacras na medida em que são derivadas dos esquemas órficos." (MIRANDULLA, Pico della, A dignidade do homem: 73)
A oficina mecânica 
Os animais, incluindo os seres humanos, têm seu comportamento movido pelos inseparáveis instintos do sexo e da agressão. Nos humanos, estes instintos controlam as forças escuras e hidráulicas do id, e são a causa subjacente, inconsciente de tudo o que fazemos  FREUD, S.:194.
A  procura dessas forças "hidráulicas" já de plano demonstra o pressuposto platônico-pitagórico, newtoniano par excellence. .
Sua 'psicologia científica' procura uma compreensão do ser como entidade biológica semelhante a plantas e animais, mas sua interpretação mecanicista da própria biologia empresta um aspecto determinista e algo brutal, tanto para nós mesmos quanto para nossos camaradas biológicos. ( ZOHAR,  D., : 194) 
Michel Polanyi (Personal Knowledge; ROSZAK, T.,  A contracultura: 232.) encontra o comum viés :
A neurologia baseia-se na premissa de que o sistema nervoso - funcionando automaticamente segundo as leis conhecidas da física e da química - determina todas as operações que normalmente atribuímos à mente do indivíduo. O estudo da psicologia revela uma tendência paralela no sentido de se reduzir o objeto a relações explícitas entre variáveis mensuráveis; relações que sempre poderiam ser representadas pelos desempenhos de um artefato mecânico.
Um pequeno número de idéias simplistas e ingênuas orientam este modo de pensamento. Conhecidas as cadeias causais próprias dessa coisa que é o homem, poderíamos então submetê-lo a uma manipulação racional e científica (métodos pedagógicos, higiênicos, eugênicos, reflexológicos, etc.) em analogia com os processos usados na criação de animais domésticos. HORKEIMER, Filosofia e Teoria Crítica, 1937
No auge da postulação freudiana já havia respeitável advertência:
Einstein insinua que a ciência se deve ocupar, em primeiro lugar, não de noções que, na sua essência, estão marcadas por uma grande carga metafísica, como as de 'força' e 'matéria', mas antes daquilo a que agora chamamos 'intersecções’ no espaço-tempo de linhas do universo. HOLTON: 127.  
A tradição dialética, contudo, notadamente desde Galileu, passando por Hobbes, Bacon, Descartes, até Hegel, Malthus e Darwin melhor se prestava às forjas psicanalítica e marxista: "No futuro distante, vejo campos abertos para pesquisas muito mais importantes. A psicologia será baseada num novo fundamento, baseado na necessária aquisição de cada poder e capacidade mental via gradação. Luz será lançada sobre a origem do homem e sua história." (DARWIN, C., A Origem das Espécies, 1859.) Freud embarcou na metonímia: “Em seus primeiros anos, (Freud) achou-se fortemente atraído pelas teorias de Darwin, pois sentia que 'elas ofereciam esperanças de um avanço extraordinário em nosso conhecimento do mundo.' (DOWNS, R. B. :211) "As imutáveis leis da História descritas por Marx, a luta desesperada pela sobrevivência de Darwin e as tempestuosas forças da sombria psiquê de Freud devem, em alguma medida, sua inspiração à teoria física de Newton." (ZOHAR, Danah, & MARSHALL, I. N.:16)
A psicologia freudiana é basicamente uma psicologia de conflito. Em sua luta existencial, Freud foi indubitavelmente influenciado por Darwin e os darwinistas sociais, mas para a dinâmica detalhada de 'colisões' psicológicas ele recorreu a Newton. No sistema freudiano, todos os mecanismos da mente são impulsionados por forças semelhantes as do modelo da mecânica clássica.  CAPRA, F., O Ponto de Mutação: 173
"De Rousseau a Freud, o homem rolou todos os abismos e, rolando, incapaz de se reter, convencido aos poucos de toda sua negrura interior, perverteu todos os caminhos, comprometeu todos seus atos, justificou todas as acusações futuras e passadas.". (FARIA, O., Machiavel e o Brasil: 186)  “Marxismo e Psicanálise como ciências não seria o casamento da violência com o charlatanismo?” (EVANGELISTA, Walter, in OLIVA, Alberto, Org., A Questão da Cientificidade em Teorias de Conflito: Marxismo e Psicanálise; Epistemologia: A Cientificidade em Questão: 213)
É esse o erro de Descartes: a separação abissal entre corpo e a mente, entre substância corporal, infinitamente divisível, com volume, com dimensões e com funcionamento mecânico de um lado, e a substância mental, indivisível, sem volume, sem dimensões e intangível, de outro; a sugestão de que o raciocínio, o juízo moral e o sofrimento adveniente da dor física ou agitação emocional poderiam existir independentemente do corpo. Descartes pensava que o calor fazia circular o sangue, que as finas e minúsculas partículas do sangue se transformavam em espíritos animais, os quais poderiam mover os músculos. Porque não censurá-lo por uma dessas noções? A razão é simples: há muito tempo que sabemos que ele estava errado nesses aspectos concretos, e as perguntas sobre como e por que circula o sangue receberam já uma resposta que nos satisfaz completamente. O mesmo não sucede com as questões relativas à mente, ao cérebro e ao corpo, em relação as quais o erro de Descartes continua a prevalecer. Para muitos, as idéias de Descartes são consideradas evidentes por si mesmas, sem necessitar de nenhuma reavaliação. DAMÁSIO, Antônio R. O erro de Descartes: 113
Ao apartar, ao cingir a cabeça do ente em egos e tataraegos, conscientes, inconsciente, subconciente,  este determinismo redutor  elimina a chance do diagnóstico. "A viciosidade peculiar do racionalismo é que ele destrói o próprio conhecimento que possivelmente viria salvá-lo de si próprio." (FRANCO, P., cit. GIDDENS, A.: 39).
É a cientificidade talvez apenas um temor e uma escapatória ante o pessimisto? Uma sutil legítima defesa contra - a verdade? E, moralmente falando, algo como covardia e falsidade? E amoralmente, uma astúcia? Ó Sócrates, Sócrates, foi este porventura o teu segredo?, ironista misterioso, foi esta, por ventura, a tua - ironia? O desalmado NIETZSCHE, O nascimento da tragédia: 12
"O sujeito foi expulso da Psicologia, expulso da História, expulso da Sociologia; e pode-se dizer, o ponto comum às concepções de Althusser, Lacan, Lévi-Strauss foi o desejo de liquidar o sujeito humano." (GUSDORF, George, Tratado de metafísica: 210;  cit. FAZENDA, 2002: 48) A mesma separação permitiu que pelo fulcro ascendesse enorme contingente de cientistas e filósofos. "O dualismo cartesiano, ao criar a bifurcação mente-matéria, observador-observado, sujeiro-objeto, moldou o pensamento ocidental, poucos filósofos discordando dele, cujos mais notórios foram Spinoza e Schopenhauer." (GOTTSCHALL: 189) 
É uma questão que atualmente deve ser reconsiderada, tendo em vista que a fragmentação já se espalhou completamente, não apenas na sociedade, mas especialmente em cada indivído; e isso conduz a um tipo de confusão generalizada da mente, que por sua vez cria uma série infinita de problemas, interferindo com a nossa clareza de percepção de maneira tão grave a ponto de bloquear nossa capacidade de resolver a maioria deles. BOHM, D., Totalidade e ordem implicada: 17 
"A história da psicologia, depois de Descartes, poderia ser escrita como seguindo um movimento dialético entre a ciência da psiquê e uma ciência naturalista do homem que recusara tanto o dualismo metafísico quanto o metodológico. " (FRAISSÈ, Paul, cit. PENNA, Antônio Gomes:32)  Não dá  Qualquer formulação dialética necessita do dualismo. Aberta a chance a exceção, o operador tem engatilhado o pontal metafísico que lhe convém. Há tentativas dissidentes. As obras de JUNG, LACAN  e FOUCAULT, por exemplo, são bem consideradas. Menos mal, especialmente a conceituada dupla da geração 68; mas nenhuma elimina o mal que se propõem a conhecer:
Chego a considerar minha contribuição como minha própria confissão subjetiva. É a minha psicologia que está nisso, meu preconceito que me leva a ver os fatos da minha própria maneira. Mas espero que Freud e Adler façam o mesmo, e confessem que suas idéias representam pontos de vista subjetivos. Desde que admitamos nosso preconceito estaremos realmente contribuindo para uma psicologia objetiva. Jung
O resultado disso, dessa crueldade para com a parte melhor da própria espécie, é que o homem de qualidades, psicologicamente mutilado, 'vem a tornar-se um animal doente', alguém eternamente atormentado por ter que viver com uma carnalidade e uma sensualidade latente, exigindo coisas que ele sempre terá que negar, ocultar, e sepultar. Obrigam-no, assim a rastejar frente a deuses que ele pensa que julgam culpado. SCHILLING, V., Nietzsche: em busca do super-homem: 44
"Para falar em termos fisiológicos: na luta com o animal, torná-lo doente é talvez o único meio de enfraquecê-lo". (NIETZSCHE, F. Crepúsculo dos ìdolos, ou como filosofar a marteladas:5)

Na real
Embora não haja consenso sobre este ponto específico, o grande corpo do volume de informações disponíveis aponta para o fato de que ainda não existe cura para a Esquizofrenia. Embora muitos pacientes, adequadamente tratados, possa produzir uma vida com qualidade, produzirem, estudarem.  http://medico-psiquiatra.com/principal/esquizofrenia
Mais de dois mil anos já se passaram desde o dia em que Platão ocupava o centro do universo espiritual da Grécia e em que todos os olhares convergiam para a sua Academia, e ainda hoje se continua a definir o caráter da filosofia, seja ela qual for, pela sua relação com aquele filósofo. JAEGER, Werner. Paidéia. A formação do homem grego: 581
"A nova geração, pelo menos, devia ser ajudada a libertar-se dessa fraude intelectual, a maior talvez da história de nossa civilização.” (POPPER, Karl, 1998: 85)
A imagem poética não está submetida a um impulso, Não é o eco do passado. É antes o inverso: pela explosão de uma imagem, o passado longínquo ressoa em ecos a imagem poética existe sob o signo de um ser novo. Esse ser novo é o homem feliz. Feliz na palavra, portanto infeliz no fato, objetará imediatamente o psicanalista. Para ele a sublimação não passa de uma compensação vertical, de uma fuga para o alto, exatamente como a compensação é uma fuga lateral. E logo o psicanalista deixa o estudo ontológico da imagem; aprofunda a história de um homem; vê, mostra os sofrimentos secretos do poeta. Explica a flor pelo estrume. (BACHELARD, G.,  La Poétique de l'espace, cit. PESSANHA, J.A. Motta, O Direito de Sonhar:  xxix)
Várias vezes, nos diferentes trabalhos consagrados ao espírito científico, nós tentamos chamar a atenção dos filósofos para o caráter decididamente específico do pensamento e do trabalho da ciência moderna. Pareceu-nos cada vez mais evidente, no decorrer dos nossos estudos, que o espírito científico contemporâneo não podia ser colocado em continuidade com o simples bom senso. BACHELARD, Gaston, 1972: 27 
O físico David Bohm chega a desenvolver idéias muito audaciosas que 'abrem um novo caminho para se aprender a relação que o espírito mantém com a matéria'... Em A dança do espírito (1985) declara que o grande erro da filosofia mecanicista é o de afirmar-se como uma filosofia da fragmentação, reduzindo o Universo a um agregado de entidades independentes, separadas, fechadas nelas mesmas, e, por conseguinte, incapazes de comunicação real: como se a Natureza fosse um gigantesco mecanismo submetido a forças cegas; como se, nela, o homem fosse privado de alma e significação. Ora, reduzido ao estado de autômato bioquímico, o homem não pode integrar-se à vida do Universo. O que seria uma enorme frustração... ' O espírito e o corpo não são realidades independentes, tampouco o pensamento e o sentimento. JAPIASSÚ, H., Ciência e destino humano: 185
É uma questão que atualmente deve ser reconsiderada, tendo em vista que a fragmentação já se espalhou completamente, não apenas na sociedade, mas especialmente em cada indivíduo; e isso conduz a um tipo de confusão generalizada da mente, que por sua vez cria uma série infinita de problemas, interferindo com a nossa clareza de percepção de maneira tão grave a ponto de bloquear nossa capacidade de resolver a maioria deles. BOHM, David, Totalidade e ordem implicada: 17
"A matéria e a mente evoluíram dentro de um mesmo útero cósmico: o campo de energia do váquo quântico. A interação de nossa mente e consciênciacom o vácuo quãntico nos liga a outras mentes em torno de nós, assim como à biosfera do planeta. Ela 'abra' nossa mente para a sociedade,, a natureza, e o universo." (LASZLO, Ervin Ph.D, cit. ARNTZ, W.: 224)
O pedaço de matéria nada mais é senão uma série de eventos que obedece a certas leis. A concepção de matéria surgiu em uma época em que os filósofos não tinham dúvidas sobre a validade da concepção 'substância'. A matéria era a substância no espaço e no tempo; a mente, a substância que estava só no tempo. A noção de substância tornou-se mais vaga na metafísica no decorrer dos anos, porém sobreviveu na física porque era inóqua - até a relatividade ser inventada. Um pedaço de matéria, que tomávamos como uma entidade persistente única, é na verdade uma cadeia de entidades, como os objetos aparentemente contínuos em um filme. E não há razão pela qual não possamos dizer o mesmo quanto à mente: o ego persistente parece tão fictício quanto o átomo permanente. Ambos são apenas uma cadeia de eventos que têm certas relações interessantes uns com os outros. A física moderna nos permite dar corpo à sugestão de Mach e de James de que a 'essência' do mundo mental e do mundo físico é a mesma. RUSSELL, Bertrand, Ensaios céticos: 74
"A massa de um corpo é a medida de seu conteúdo de energia." (ALBERT EINSTEIN) ) ."A luz pode ser definida como uma transmissão de energia entre corpos materiais à distância. (BOHR, Niels, Física atômica e conhecimento: 6) "O vácuo quântico é o 'mecanismo de informação holográfica que registra a experiência histórica da matéria'. (LASZLO, E., A Ciência e o Campo Akáshico: 72)
27/09/2011 Psicanálise
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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

República dos Punguistas

 A política apressa-se a apagar as luzes para que todos estes gatos sejam pardos. ORTEGA Y GASSET, J.  A rebelião das massas
José Dirceu quando atacado, ataca o outro. Esse é o esquema do pega-ladrão, que ele fundou no Brasil; ele bate carteira, sai correndo e grita: 'pega-ladrão, pega-ladrão'. (José Serra)
MEC gasta R$ 14 milhões para imprimir 7 milhões de livros e ensinar que 10 menos sete dá quatro.  
Roubalheiras generalizadas, desvios, comissões, propinas. Rouba-se tudo, em toda parte. Roubam-se recursos do governo na União, nos estados e nos municípios. Roubam-se donativos humanitários e verbas emergenciais destinadas a socorrer flagelados. Rouba-se material, rouba-se combustível, rouba-se o que é possível roubar. Qual é, então, o gancho? Só pode ser a ladroagem. Não há outro, pelo menos que eu veja. É o tema do dia, não adianta querer escolher outro, ele se impõe.  O crime compensa', um artigo de João Ubaldo Ribeiro 25/10/2011
O ministro denunciado por receber propina para conceder polpuda verba à irrisória academia da periferia do Distrito Federal  alega que o acusador não merece crédito. Para firmar sua inocência ele informa que o mistério, digo ministério exige a devolução pura e simples dos mais de tres milhões repassados àquela "organização não-governamental. Delator conta como funcionava esquema
“Durante um ano esse sujeito procurou gente do ministério e fez ameaça, insinuação. E qual foi a nossa posição? Amigo, denuncie, fale o que você quiser. Por quê? Porque como nós temos convicção de que o que foi feito foi o correto, nós não tememos. E falávamos para ele: não nos interessa. Ele falava que existia um dossiê, que ia denunciar... A resposta era: faça, procure o Ministério Público, a polícia, a justiça, faça o que você quiser fazer”, afirmou. o ministro implicado.
A imprensa chapa-branca se mostra aliviada com o desempenho do artífice:
O ministro do Esporte, Orlando Silva, foi bem na forma de seu depoimento na Câmara dos Deputados. Treinado em anos e anos de palanques, discursos e assembleias estudantis em que representava o PC do B, ele estava firme, parecia à vontade. Não é uma postura comum para quem está sob suspeita. Se não houver provas e se não aparecerem fatos novos, fica a palavra do PM "desqualificado" contra a do ministro acuado.  Cantanhêde: A esta altura do campeonato 
Infelizmente não tratamos de mero joguinho de campeonato, onde duas agremiações disputam o cetro. 'Faxina era para inglês ver', afirma ACM Neto  "De acordo com nota do Ministério, os pedidos de devolução refletem o trabalho constante de vigilância e a atenção à lei. Só essa piada bastaria para justificar a demissão do ministro e de sua equipe. Que vigilância, quando os órgãos de controle apontam irregularidades em 67 convênios?" (Dilma, a gerente omissa Rolf Kuntz)   E se não foi por receber um percentual sobre a específica benemerência, ´afora as outras sessenta e seis, então por qual minerva o Ministro de Estado dos Esportes da República Federativa do Brasil, oferece assim, graciosamente, o volumoso dinheiro arrecadado pela União de todos estados brasileiros, inclusive dos mais pobres? O que lhe seduziu para destinar a formidácel cifra a essa espelunca de Kung-Fu, localizada em satélite do Distrito Federal,  e que agora diz ser de bandidos?
Com a tranquilidade de quem "nem parece estar sob suspeita", na certeza de crime perfeito  Palloci foi cantar noutra freguesia: "Trabalhei dentro da mais estrita legalidade. Mas o mundo jurídico não trabalha no mesmo diapasão do mundo político. O embate político não permitiria que eu continuasse desempenhando minhas funções na Casa Civil."
Ministros serem pegos com a mão na combuca já nem causa maior comoção. Só neste exercício foram defenestrados cinco ministros
Paralisado pela incompetência crônica que não poupa nenhum dos quase quarenta ministérios e sufocado por um rosário interminável de denúncias de corrupção, o governo federal e sua base alugada empregam mais tempo na tentativa de minimizar os estragos da bandalheira institucionalizada do que no dedicado à solução dos graves problemas conjunturais e estruturais que se acumulam e cobrem de incertezas o futuro do país. Acuados, refugiam-se covardemente nas maravilhas de um país de araque que existe apenas no imaginário deturpado desse bando que, liderado por um dos maiores blefes políticos que já se teve notícia, utiliza-se da mais indecente campanha publicitária para mentir à Nação. É só uma questão de tempo 
Dados da Advocacia Geral da União obtidos pelo GLOBO mostram que pelo menos R$ 67 bi foram desviados dos cofres federais em 8 anos Segundo estimativas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a cifra é dez vezes maior. A legislação tributária mais injusta e confusa do mundo é o fertilizante que faz brotar uma rede de corruptos em órgãos como a Receita Federal e o INSS. (O custo da corrupção no Brasil) O que me traz maior espanto é ver os governadores calados, enquanto seus estados são espoliados, e seus recursos assim ao léo atirados.  Não há estado que não bata à porta do Planalto implorando por verbas para saúde, por exemplo. Imploram esmolas pelo que é seu, surrupiados por vários expedientes tributários. "Os impostos impregnados na cadeia produtiva subtraem o resto das esquálidas economias dos agradecidos prosélitos." A crise dos miseráveis  O Governo Federal sabe ,melhor gerir os rendimentos dos trabalhadores, do que os próprios trabalhadores? Pois este ministro apreciador de tapioca agora sim, presta relevante serviço à Nação. Suas benemerências demonstram cabalmente a distorção de ambos, do Governo Federal e dos agrupamentos de não-governo. Posso ainda elencar  um rosário de anomalias e arbitrariedades que vem sendo perpetrados pela União, por certo presumindo que por representar todos os estados seja mais importante, ou hierarquicamente superior a quem representa, e assim pode impor as leis que quiser, instituir e exigir os impostos que lhe aprouver,  para jogar esses frutos no terreiro que lhe apraz.  "Onde há alguém capaz de usar seu poder para impor ou remover custos sobre outra pessoa, há alguém capaz de ser corrompido." (Os poderes e os escândalos dos ministérios) Nesta sexta-feira passada lavrou-se mais uma enormidade com os rendimentos retirados dos trabalhadores de todos os estados: Este mesmo ministério jogou a bagatela aproximada de R$100 milhões `na conta de uma indústria paulista, que em contra-partida fornecerá 5 milhões de camisetas, quatro milhões de bermudas, mais  3o mil camisas polo, Quando 99% trabalham para enriquecer 1% Considerando  grosso modo 200 milhões, 195 milhões de brasileiros são assim lesados, arcando com este verdadeiro  capricho, na verdade punga governamental.  Se tamanho disparate não é motivo para um imediato impeachment, pode me tirar o tubo. Orlando Silva comprou à vista terreno sobre duto da Petrobras (Revista. Exame)
No Brasil, quem fica com a renda dos trabalhadores é o Estado. Devolve depois? Para os trabalhadores das empresas privadas, pouco. O componente fiscal no Brasil é terrível em qualquer atividade. Na distribuição da receita bruta de uma empresa não financeira, o primeiro beneficiário é o Estado, que fica sempre com mais de 42% da receita. Os trabalhadores ficam com cerca de 20%. Fornecedores, credores, prestadores de serviço públicos e privados e os acionistas ficam com o restante. Desde 2002 a União investe menos de 1% do PIB. Existem estudos empíricos que mostram que os trabalhadores com menos de dois salários mínimos pagam mais de 50% da sua renda em impostos. E o Bolsa Família custa 1,7% da receita da União.. Só depois de impostos 
Vírus da 'porteira fechada' contamina Esplanada 
"Principais órgãos federais cobiçados por PT e PMDB encabeçam a lista de desvios de recursos investigados pela CGU nos últimos quatro anos; recordista é o Fundo Nacional de Saúde (FNS), com R$ 663,12 milhões desviados de 2007 a 2010." (Estadão, 22/1/2011) (Seis meses depois, há o reconhecimento: Agindo como Al Capones)  
A política brasileira torna-se, nessa perspectiva, cada vez mais “pornográfica”, pois os partidos partem imediatamente para a satisfação dos seus desejos mais imediatos, particulares, procurando mostrar que o Poder é somente um instrumento de sua satisfação.  Os “vitoriosos” vão usufruir o Poder exclusivamente para si.

Velhas oligarquias se alternam com as novas. O jeito lulista de governar terminou produzindo uma afinidade entre oligarquias alicerçadas na tradição patrimonialista e clientelística brasileira e oligarquias “modernas”, ambas se disputando espaço em um governo de “unidade”, capaz de preservar os interesses de ambas. “Peemedebistas” maranhenses tornam-se companheiros de “socialistas” cearenses, cada qual apresentando suas “demandas” por favores e privilégios. O aparentemente novo é nada mais do que uma reapresentação de uma velha forma de fazer  
política. Denis Rosenfield
"Nos mais diversos setores da República, a perda de parâmetros, o abandono a princípios, a inversão de valores... Há de buscar-se, a todo custo, a correção de rumos, sob pena de vingar a Babel". (Min. MARCO AURÉLIO, STF, Folha de S.Paulo,  29/9/2009)
De que modo enquadrar esta mentalidade impregnada no vértice  desde a Proclamação da República, incrementada na Ditadura do Estado Novo, e agora neste regime absolutista tocado por Medidas Provisórias, porém defiinitivas?
Foi Lula quem propôs a Dilma Rousseff a permanência de Orlando Silva e Wagner Rossi, a nomeação de Antonio Palocci, a recondução de Alfredo Nascimento e a anexação do Ministério dos Transportes ao latifúndio de José Sarney, um Homem Incomum. Dilma conhecia todos muito bem. (“Melhor que eu”, disse Lula mais de uma vez). Apesar disso, ou por isso mesmo, a presidente eleita convocou os cinco prontuários para o primeiro escalão. Proposta de chefe é ordem.  NUNES, A., Direto ao Ponto.
A evolução da elite política brasileira no sentido de uma tendência abertamente fascista, com o Estado Novo, não poderia ter ocorrido sem trabalho prévio, ao longo de várias décadas, seja do castilhismo, no meio político, seja do positivismo, no meio militar. A base comum que possibilitou o trânsito de uma a outra das posições pode ser apreendida na análise de uma obra que expressa melhor que qualquer outra essa evolução: o Estado Nacional de Francisco Campos (1891/1968).  
Faz 24 anos da redemocratização e 21 da promulgação da Carta que restabeleceu o estado de direito democrático, e mesmo assim percebe-se que as instituições republicanas, base da democracia representativa, ainda padecem de investidas do autoritarismo e dão sinais de ainda não estar consolidadas. O Globo, História conhecida (Editorial)
Deputado faz fortuna com emendas ao Orçamento
Orçamento aprova crédito adicional para ministérios; "Estado democrático de direito" no qual as leis são decretadas  por medidas provisórias, a política econômica ditada pelo Banco Central, o Congresso controlado pelo Executivo, que também designa o quadro do Poder Judiciário até pode ser admitido pela turba, mercê de maciça publicidade; todavia, inadmissível à qualquer cidadão que possua a mínima capacidade de discernir o princípio fundamental da Separação dos Poderes. 
Quando na mesma pessoa, ou no mesmo corpo de magistrados, o poder legislativo se junta ao executivo, desaparece a liberdade; pode-se temer que o monarca ou o senado promulguem leis tirânicas, para aplicá-las tiranicamente. Não há liberdade se o poder judiciário não está separado do legislativo e do executivo. MONTESQUIEU, Do Espírito das Leis, Livro XIX.
A usurpação subverte a democracia. Surpreende-me a leiniência de empresários, entidades sociais, advogados, magistrados, economistas,. sociólogos, filósofos, jornalistas e os respectivos órgãos de classe
Cada vez mais gente vem se dando conta estarmos em snooker de bico, a mercê de gangsters. A julgar por abalizadas opiniões, pela performance doméstica, mas principalmente pela faina de conquista exterior, subsiste um viés imperialista,  É o que pensam os bolivianos, por exemplo; e também argentinos. Tanto os incas como los hermanos desta feita me parecem com toda razão. Em Angola  as oportunidades do negócio e os investimentos brasileiros se concentram no governo de Angola. Honduras deplorou a indevida intromissão, e o Haiti clama por desocupação. Ora  a presidenta busca apoio da  Índia e África do Sul para se meter na  Síria. As  atitudes são, dissimuladas como emissárias de paz, típicas fascistas, flagrantes na condenação da morte do amigo. Lula se reuniu quatro vezes com o 'amigo e irmão' Kadafi
As cenas de júbilo popular na Líbia e no planeta com a morte brutal de Muammar Gaddafi deixam claro o erro do governo brasileiro ao se opor à coalizão de EUA, França, Otan e países árabes contra o sanguinário ditador. A suposta bandeira dilmista da defesa dos direitos humanos e da democracia no mundo não fica em pé diante dos fatos, da posição omissa do Brasil nas revoltas árabes. (Diplomacia de Dilma errou).