terça-feira, 29 de setembro de 2009

O milagre e o desastre econômico do Brasil

O senhor iria criticar o AI-5.
O ato foi lavrado com a mesma intenção que rege os atuais regimes latinoamericanos: a mordaça.

Receio do proselitismo comunista?
Não creio que os militares estivessem tão preocupados com manifestações ideológicas. Eles já estavam soberbos. Façamos uma escala na partida. O desafio era colocar o país na senda da dignidade, impedir a manipulação monetária. Os economistas do primeiro período foram imbuídos de acabar a inflação, ainda que ás custas de recrudescer o centralismo tributário. Tiveram tanto êxito que a emergente intervenção se tornou permanente. O sucesso indicava: o gerenciamento poderia passar totalmente à cargo dos economistas, logo alcunhados tecnocratas. Qualquer milico poderia ser presidente, desde que bem acompanhado na contabilidade.
O escorpião se imiscuiu coberto pelos
fuzis, para fulminar os próprios soldados.
Não sei do venenoso. Parece-me acertado contar com o apoio dos profissionais; afinal, os militares não entendiam de Economia, como o senhor bem disse, e ela é a chave de qualquer governo, como o senhor também frisou.
Sim; porém, nem tanto assim:
As considerações econômicas são meramente aquelas pelas quais conciliamos e ajustamos nossos diferentes propósitos, nenhum dos quais, em última instância, é econômico (exceto os do avarento ou do homem para quem ganhar dinheiro se tornou um fim em si mesmo).
SEN, Amartya, Premio Nobel Ecnomia: 328
No calor dos aplausos os pilatos não foram capazes de melhor discernir, e este momento agravou peremptoriamente o que a Revolução de '64 se dispunha extirpar:
O Banco Central era autônomo e independente quando foi criado em 1966, no primeiro governo militar do marechal Castello Branco, e seus diretores não podiam ser demitidos, a não ser por motivo grave. Mas quando o general Costa e Silva assumiu, em 1967, seu superministro Delfim Netto queria indicar o amigo e sócio Ruy Leme para a presidência do Banco Central. Foi fácil: manipulada por Delfim, a imprensa começou a publicar suspeitas de que os integrantes da equipe econômica do general Castello Branco - Roberto Campos, Otávio Gouvêa de Bulhões e Denio Nogueira, este presidente do BC — teriam tirado proveito pessoal de uma desvalorização cambial. Foi instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados e a diretoria do BC acabou afastada.
Wikipédia
Ruy Aguiar da Silva Leme, professor da USP e um varão de Plutarco, foi um grande presidente do Banco Central do Brasil nos anos 60. Ruy foi uma das mais finas inteligências com quem tive a ventura de conviver ao longo da minha vida. A política monetária (o ‘estado da arte’) era então simples: tentar acomodar a taxa de crescimento da base monetária à taxa desejada de inflação mais o esperado aumento da taxa do PIB. Usavam-se, também, instrumentos simples, como as reservas bancárias primárias, o redesconto e os depósitos compulsórios.
DELFIM NETTO, Antônio, Folha de São Paulo, 11/2/2004
Inteligente, einh?
Campeão. Do cinismo, da arrogância, prepotência e autoritarismo. Não surpreende. A preferência identifica, de plano, o caráter:
"Qual é a origem da sociedade? Está no velho Platão, antes do Aristóteles" (DELFIM NETTO, A., entrevista para Agência Estado. - www.avozdavitoria.blogspot.com, 31/12/2008)

PLATÃO de fato antecedeu a ARISTÓTELES, pois não?
Se formos pela origem, ela está nos macacos. O ex-secretário do Tirano de Siracusa apenas desenhou a maneira de escravizá-los. O amoral, porém, acha tudo normal. "Varão de Plutarco"? Só podia ser mesmo presente grego, entregue por este primeiro office-boy de PLATÃO. "Estado da arte?" Bem apropriado, artista:
Para Lanchester ... a possibilidade de dinheiro produzir dinheiro numa escala nunca antes imaginada, e sem qualquer relação com indústria, comércio ou qualquer outro tipo de negócio concreto, equivale ao advento do abstracionismo na arte.
VERÍSIMO, L. F., O Globo, 1/10/2009



Inusitado tudo passar em branco.
Fosse pelo BRANCO não passava não. CASTELLO percebeu a sordidez, e tentou intervir. Pagou com a vida. Aliás, um pouco antes, o próprio COSTA E SILVA fora alvo, ainda na campanha à presidência. Escapou por pouco do acontecido no Aeroporto Internacional dos Guararapes, Recife, (25/7/1966), onde era esperado por cerca de 300 pessoas. Foram vários mortos e feridos, no que ficou conhecido como o Atentado dos Guararapes (www.ternuma.com.br/guara.htm.) Seu avião já acusava pane naquele dia, em João Pessoa, e COSTA, como lhe chamava a esposa, dirigiu-se a Recife de automóvel, por isso escapando do atentado atribuído aos terroristas de esquerda. Não eram esses. Não havia por que liquidar um, se viria outro. Provavelmente era mesmo só intimidação, no intuito de forçar edição do AI-5. Somente no assassinato de CASTELLO BRANCO, há exato ano de Guararapes, deu-se conta COSTA e SILVA do alcance da armadilha na qual havia se metido. O Marechal tentou a reversão ao convocar uma equipe de juristas à emenda constitucional, cujo fito extinguiria o AI-5. A ameaça se tornou cumprida ao lhe "arrumarem" uma trombose cerebral. DELFIM e o AI5 vararam o governo subsequente.
"Quando comandou a economia no período militar, Delfim usou e abusou de seu expediente preferido: contra o galope da inflação, a maxidesvalorização da moeda." (FIUZA, Guilherme, Gurú aloprado, revista Época, 14/4/2008)
Somente depois de quase década os militares se deram conta da enormidade. GEISEL sutilmente baniu o maquiavélico ministro ao nomeá-lo embaixador na França. Tarde demais. O escorpião já havia contaminado prosélitos, e ele próprio retornaria à trincheira, para dizimar o restante, e permanecer soberbo até hoje. A gestão de Figueiredo disparou a inflação, aumentou vertiginosamente a dívida externa, rompendo a marca dos 100 bilhões de dólares, o que levou o governo a recorrer ao Fundo Monetário Internacional em 1982. O país mergulhou na moratória. No ano seguinte sangrou abundantemente com a maxidesvalorização de praxe, desta feita descomunal, mas tolerada como plausível:
"O máximo que o dólar subiu de uma só vez nas décadas mais recentes foi durante a gestão de Delfim Netto: maxidesvalorização de 30%." (RITTER, Afonso, Diário Popular, Pelotas, 4/12/2002)
Considerando-se este módico percentual sobre uma base monetária de 120 bilhões de reais, qualquer escolar está apto para identificar a enormidade do valor surrupiado.
O ardiloso mestre que regressara para encaminhar o desfecho, ministrou a extrema-unção ao sepultamento da ditadura militar:
O programa de incentivo à agricultura tinha o slogan "Plante que o João garante". Esse programa foi criado por Antônio Delfim Netto, então Ministro do Planejamento, e seu vice José Flávio Pécora. Muitos pequenos agricultores quebraram por causa dos incentivos, que visavam modernizar a agricultura brasileira.
No sétimo-dia Sancho Pança reapareceu integrado na delegação adversária:
"Na passagem do regime autoritário para a democracia era aquilo que eu disse, o que existia era ruim, então, multiplica por menos um que fica bom." (NETTO, Delfim, www.zedirceu.com.br)
O um ao revés era o próprio carneiro-guia:
"Sarney, em matéria de política, faz croché com sete agulhas. Sabe tudo do ofício." (DELFIM NETTO, www.independenciasulamericana.com.br, 27/1/2009)
A bilheteria que um filme faz reverte num adicional que volta para o diretor, para o desenvolvimento do próximo projeto... É um filme que mescla as duas vertentes. A indignação pelo cinismo que parece ter tomado conta do Brasil é essa coisa visceral, de dentro."
Cineasta BABENCO, Hector, Virei um brasileiro para filmar denúncias'. - Folha de São Paulo, 18/8/2009)
Para o traíra presidir a Nação, e DELFIM permanecer de patrão, mais um presidente teve que ser antecipadamente sacrificado. Assim se foi TANCREDO, vítima de uma doencinha trivial, mas fatal porque picada. Os generais já conheciam o filme. JOÃO FIGUEIREDO negou passar a faixa presidencial ao calhorda nordestino. Na mosca: o que tivemos foi uma sequência de cruzados vigaristas de toda a espécie.
FHC realizou o derradeiro finório cambial:
Depois de garantida a reeleição e de perder bilhões de Dólares em reservas, o governo fez então uma maxidesvalorização do real de 8,3%, no dia 13 de janeiro, por meio da hoje folclórica "banda diagonal endógena" do professor Chico Lopes (aquele mesmo, ex-presidente do Banco Central e que responde à processo judicial), que criava um espaço maior de variação do Dólar. O resultado foi um desastre tão grande que a tentativa de controlar a desvalorização durou 48 horas. Em dois meses, o Dólar disparou 73,6%, pulando de R$ 1,21 para R$ 2,10.
www.tisf.blogspot.com/2009/01/10-anos-da-maxidesvalorizao-do-real.html

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Economia e mordomia no período militar

O senhor lembra mais de 500 mil pessoas reunidas, implorando pelos militares. Eu recordo 2 milhões da geração seguinte, em showmício no mesmo lugar, protestando pelo fim do regime.
Showmício? Está bem. Foram atraidos, então, pelas atrações. Ora vejo inúmeros movimentos espontâneos com pregações de impeachment e voto nulo, num ceticismo cada vez mais niilista.

Vamos por partes.
A primeira já expliquei a contento.

Nem tanto. Se a plêiade de corruptos fora defenestrada, por que mesmo assim o Exército não acalmou a Nação?
Em grande parte satisfez. O partido que lhe dava sustentação formava maioria esmagadora, por escolha popular. A repulsa veio aumentando por conta das oscilações no gerenciamento econômico. Não por má-fé, todavia, tal qual a gente cassada, e sim por inaptidão vocacional. Por isso vacilavam.
Porque não se valeram de economistas?
Pensava-se que a Economia fosse a chave-mestra de um governo eficiente. Disso, pelo menos, ele teria que entender. Não era o caso. Você admite um rumo traçado por terceiro? .
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E havia este terceiro? Era, pelo menos, economista?
Sim, mas além de tudo, estrangeiro. Dos Estados Unidos. Eu já sabia dessa ascendência. Por isso visitei Cuba e enviei meu vice à China, veja só, esta que hoje salva o mundo do colapso econômico.

Brasil não tinha economistas?
O mundo se dividia entre os economistas de esquerda - enfeitiçados pelo sofisma marxista, e os de direita, inebriados pelo contraveneno keynesiano. Este era tão forte que atraia até mesmo simpatizantes mais ou menos socialistas, entre os quais o famoso professor e ex-ministro CELSO FURTADO (Estadão, 5/6/1994, Agenda 95, p. 2). S. Exa. reverenciou a inflação:
“Ela desenvolveu grande parte do país”.
Não por acaso ROBERTO CAMPOS expressou:
Há três maneiras de o homem conhecer a ruína: a mais rápida é pelo jogo; a mais agradável é com as mulheres; a mais segura é seguindo os conselhos de um economista.
O molde americano foi forte para contaminar todos que não quisessem o desfecho soviético.
Inspirados por essas certezas keynesianas, desenvolvimentistas e social-democráticas - já amplamente consensuais - Estados Unidos, Itália, Espanha, França e Inglaterra, além de vários países latino-americanos, entre os quais o Brasil, apertaram o gatilho e dispararam políticas desenvolvimentistas, trabalhistas e sociais.
MASCARENHAS, E.: 130
Montaram-se teatros trabalhistas alhures, por conta de dinheiro falso, porque sem lastro.
Para LUCAS LOPES, (p. 219) ocupante do Ministério da Fazenda de Juscelino e pai do ex-presidente do Banco Central do Brasil de FHC, FRANCISCO LOPES, vulgo CHICOLOPES, este algemado na frente das câmeras de TV ao término de sessão investigativa do Congresso Nacional, tudo isso era desprezível:
"Os políticos brasileiros não acreditavam em inflação, acreditavam em obras bem feitas. Pouco se incomodavam se essas obras resultavam ou não de um processo inflacionário, de emissão de recursos."

Os EUA se livraram da iminente derrocada do New Deal graças aos despojos alemães e japoneses, mas nós ficamos pendurados no pincel.
A desordem monetária, produzida pelas intrépidas teses keynesianas, teve como conseqüências a inflação, a desorganização institucional, a diminuição real do lucro e, por conseguinte, o empobrecimento dos assalariados.
MENDOZA, P. A., MONTANER, C.A., & LLOSA, A. V. : 128
Eu me elegi, e nada fiz. Daí o povo suplicou pelos militares.
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Que outro modelo poderia ser implementado pelos militares?
Igualmente não sabiam. E tampouco economistas:
Eu não tinha a menor idéia de planejamento econômico no estilo moderno, implicando decisões macroeconômicas e monetárias. O planejamento no período em que trabalhei como planejador era o planejamento do Roosevelt, do Lillienthal, planejamento de obras e construções.
LOPES, L.
Memórias do Desenvolvimento: 219
O novo governo se deparou com as consequências dessa irresponsabilidade. Na verdade o Brasil requeria um think thank mais moderno. Os militares apenas garantiam a execução, especialmente cerceando a corrupção. Os novos articuladores promoveram o centralismo tributário, para mim um risco que se tornou real e ora letal, e calibraram as emissões, de maneira a arrefecer o ímpeto inflacionário. Não obstante, os americanos injetavam dólares para financiar a infraestrutura, no fito de catapultar o desenvolvimento geral, e assim aplacar as reivindicações que se diziam socialistas.

Parece razoável; mas o povo se revoltou pelo quê, afinal, se já havia diminuído a corrupção, e a inflação estava mais ou menos sob controle?
Estava. Ocorre que o governo militar aos poucos foi se entusiasmando com as grande obras, conquanto permitia que a área econômica se valesse da velha artimanha. Supunha que tudo seria devidamente coberto pela produção decorrente. Ledo engano:
Uma concepção adequada de desenvolvimento deve ir muito além da acumulação de riqueza e do crescimento do Produto Nacional Bruto e de outras variáveis relacionadas à renda. Sem desconsiderar a importância do desenvolvimento econômico, precisamos enxergar muito além dele.
SEN, Amartya: 28
Mas com toda a história, o governo não foi capaz de ver que iria se quebrar?
Não existiu um governo militar; foram vários. Cada qual adotou uma prática.
Teve, porém, um instante decisivo, que a rigor comprometeu aquele presente, e todo o futuro de qualquer austera gestão. Os entrincheirados não perceberam um fatídico escorpião:
O Banco Central era autônomo e independente quando foi criado em 1966, no primeiro governo militar do marechal Castello Branco, e seus diretores não podiam ser demitidos, a não ser por motivo grave. Mas quando o general Costa e Silva assumiu, em 1967, seu superministro Delfim Netto queria indicar o amigo e sócio Ruy Leme para a presidência do Banco Central. Foi fácil: manipulada por Delfim, a imprensa começou a publicar suspeitas de que os integrantes da equipe econômica do general Castello Branco - Roberto Campos, Otávio Gouvêa de Bulhões e Denio Nogueira, este presidente do BC — teriam tirado proveito pessoal de uma desvalorização cambial. Foi instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados e a diretoria do BC acabou afastada.
Wikipédia

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Ruy Aguiar da Silva Leme, professor da USP e um varão de Plutarco, foi um grande presidente do Banco Central do Brasil nos anos 60. Ruy foi uma das mais finas inteligências com quem tive a ventura de conviver ao longo da minha vida. A política monetária (o ‘estado da arte’) era então simples: tentar acomodar a taxa de crescimento da base monetária à taxa desejada de inflação mais o esperado aumento da taxa do PIB. Usavam-se, também, instrumentos simples, como as reservas bancárias primárias, o redesconto e os depósitos compulsórios.
DELFIM NETTO, Antônio, Folha de São Paulo, 11/2/2004
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Costa e Silva deu a Delfim instrumentos que nenhum outro ministro já teve para manobrar a economia em direção ao crescimento. Em dezembro de 1968, baixou o AI-5. A partir daí, ele tratou de usar o instrumento autoritário para tomar decisões sem consultar ninguém e, assim, turbinar índices de crescimento. 'Fui oportunista', ele admite. Em alguns setores suas intervenções eram tão freqüentes que surgiram suspeitas que possuía interesses particulares em jogo.Em cinco anos como ministro do Planejamento do governo Figueiredo, Delfim assinou sete cartas de intenções com o FMI, em que detalhava como pagaria um empréstimo de US$ 2,7 bilhões que tomara logo no início de sua gestão. Não cumpriu nenhuma. Seus 'Delfim Boys', os negociadores da dívida José Augusto Savasini, Luis Paulo Rosemberg e Ibrahim Eris, tinham uma estratégia para reduzir as pressões do fundo, que passava, principalmente, por cultivar estreito relacionamento com os técnicos de Washington.Em Brasília, as missões chefiadas pela economista Ana Maria Juhl eram recebidas em alegres reuniões caseiras regadas a vinho e uísque.Delfim, enquanto isso, agia teatralmente. Enquanto tentava driblar o FMI no front externo, Delfim reconhece claramente que, no campo doméstico, operou os resultados da balança comercial.Para barrar as encomendas externas, Delfim contava com os serviços de um de seus assessores. Carlos Viacava era encarregado de engavetar os pedidos de importação levados ao governo.
ISTO É,
19/11/2003
A precipitação do AI5, como vemos, nem foi tanto por motivo ideológico, mas por exclusiva induçao do venenoso, no interesse de acobertar sua prática inconfessável.
Quando ficou patente a imprudência assumida, os militares procederam a guinada. O novo rumo descolava dos EUA. Extinguiram o AI 5, reataram com a China, estreitaram com a Alemanha através de tratado nuclear, aproximaram-se de tantos europeus quanto puderam, criaram contratos de risco à Petrobrás, e incrementaram relações com Iraque, Egito, até o Equador. O ingresso de várias divisas desatrelou a dependência do dólar, e aliviou as pressões.

E a corrupção?
Tirante a monstruosa tunga imiscuída no Ministério da Fazenda, totalmente fora do alcance da informação, portanto do povo, a restante fora praticamente extinta, pelo menos por lustro. Não havia necessidade das torpes contribuições de campanha, e isso impediu o suborno antecipado, como hoje sói acontecer. O que se noticiava era sobre um carro oficial do Ministério do Trabalho deixando os filhos do ilibado ministro na escola. Esta notícia virou comoção nacional, veja só. Daí é que surgiu o famoso termo mordomia. Hoje se tolera cartão-corporativo, atos secretos, e dólares em cuecas. Irônico.
Mas compare a original mordomia, com a atual gigante:
BRASÍLIA - Líderes da oposição cobraram do governo e do presidente Silva explicações sobre o uso de um avião da FAB para transportar, de São Paulo para Brasília, Fábio Luís da Silva, o Lulinha, e mais 15 acompanhantes. Segundo publica em 24/11/2009 a 'Folha de S. Paulo', o Boeing 737 da FAB, mais um da frota que serve à Presidência, estava a dez minutos de pousar em Brasília quando na sexta-feira, 9 de outubro, recebeu ordem para voltar a São Paulo, pegar o filho do presidente e seus convidados.
Essa gentalha não tem a menor noção.
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Fale sobre o escorpião. Onde ele foi parar?

Defenestrado à França. É bem verdade que em seguida voltou, e até hoje marca o compasso da sangria, que, diga-se pela verdade, desanda como nunca!

Espera um pouco. Naquele staff pintava o sujeito que depois daria o grande golpe do Banco Econômico.
O Ministério de Indústria e Comércio padecia. Milicos pouco entendem disso, também. Valeram-se de indicações, como em quase todas. Neste período um ministro permaneceu por dois anos, e refugou para a oposição. Infelizmente pagaria esta atitude com a prória vida, sucumbindo junto com o líder adversário num acidente de helicóptero jamais explicado. O famigerado ACM colheu o ensejo e apresentou seu coringa, para assumir pelos meses restantes. Ninguém sabia das promíscuas relações com o czar da economia. Provavelmente foi aí que todos se encontraram. O golpe do Econômico foi perpetrado vinte anos depois, por ironia, com os mesmo atores, mas também com a participação de novos discípulos. A mesa era farta; e a pizza, oceânica.

Não sei de onde Delfim Netto tirou a informação sobre a CIA. Só sei que ele é muito chegado a Daniel Dantas, que contratou a Kroll para desencavar as contas de Lula no exterior. Daniel Dantas tem uma poderosa bancada no Congresso Nacional, com representantes de todos os partidos, de Jorge Bornhausen a Paulo Delgado, de José Agripino Maia a José Eduardo Cardozo. Nos últimos anos, graças sobretudo a Naji Nahas, Delfim Netto passou a ser considerado um deles. Não é desarrazoado supor que a informação sobre a CIA tenha sido assoprada ali, naquele meio.

MAINARDI, Diogo, www.my-forum.org/Artigos_Interessantes_79008/Quem_sabe_disso_e_a_CIA___Diogo_Mainardi_151620.html
Por outra ironia, logrou êxito porque contava com a garantia antecipada de cobertura feita pelo pessoal das Diretas Já, já na qualidade de titular do poder.

Ninguém menos do que DANIEL DANTAS negociou a solução para o Banco Econômico, em conjunto com PEDRO MALAN, Min. da Fazenda, e GUSTAVO LOYOLA, presidente do Banco Central.
E o desfalque não foi só nele.* A festa correu solta até mesmo em bancos oficiais. Desse modo invertemos a lição: os EUA precipitaram a recente crise mundial copiando exatamente o sucesso brasileiro.
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O senhor até parece militar.

Procuro descrever de acordo com suas indagações. Mas se insiste posso melhor detalhar.
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Ótimo. A palavra é sua.
Se é minha, vou dormir com ela. Enquanto isso, aprecie melhor o desenrolar em

O milagre e o desastre econômico do Brasil

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* Contando, ninguém acredita. Uma montanha de cinco mil páginas contendo os documentos originais do maior escândalo do sistema financeiro brasileiro, a quebra do Banco Nacional, sumiu durante 20 dias nas barbas daquele que deveria dar o exemplo de responsabilidade ao mercado, o Banco Central. Rumores sobre desaparecimento do dossiê do Banco Nacional já circulavam entre os funcionários do BC duas semanas antes do anúncio oficial do sumiço.
Revista Isto É Dinheiro - 29/9/2009

sábado, 26 de setembro de 2009

Foca Liza e o ex-presidente


Quando os príncipes eram eles próprios suficientemente inteligentes, também eram maquiavélicos. Viviam planejando e tramando destruir uns aos outros, roubar os companheiros mais fracos, destruir os rivais, para que, por um breve intervalo, lhes fosse dado o supremo prazer de pisar soberba e orgulhosamente sobre todos. Não tinham nenhuma visão de qualquer plano dos destinos humanos superior ao do pequenino jogo entre eles próprios. WELLS, H.G., História Universal, segundo tomo - Da ascenção e queda do império romano até o renascimento da civilização ocidental: 507
O Brasil sempre primou pela neutralidade em conflitos internacionais. Na II Mundial "este país" praticamente aguardou o desfecho para escolher o lado. Ora o governo incrementa desempenho à revelia da Nação que lhe compete gerir. Mete os pés pelas mãos. As críticas vão se sucedendo, mormente através de pilhérias, mas nada demove a ousadia dos atores, intrépidos em levantar o sabre na defesa de inexpressivas e escusas personalidades estrangeiras. Os protestos se avolumam. Milhares de correspondências inundam os órgãos informativos. A Nav' s ALL recebeu mensagem até do além. O presidente outrora dissidente, de certo modo também culpado pela atual situação, queria manifestar sua repulsa pelo rumo tomado. A medium Foca Liza partiu a entrevistá-lo. Apresentamos a primeira parte da sensacional reportagem.
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O senhor deve mesmo explicações. Sua renúncia frustrou o povo que lhe consagrou. Ninguém entendeu.
Fui eleito com o símbolo da vassoura. Queria varrer a ampla rede de corrupção instalada a partir do golpe de 1930.. Não podia prová-la, por isso falei de "forças ocultas". Hoje é fácil entender. As "forças ocultas" apareceram tranbordando pelas cuecas. A politicalha queria mensalão.
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Precisava largar tudo?
Com tamanho apoio popular, pensei reformar todo o sistema. A renúncia foi tacada estratégica. Infelizmente não deu certo. Foi preciso a presença militar para acabar com a safadeza.

Mas não acabou. Hoje a safadeza é maior, e explícita.
Vero. Em meu círculo vigem os dignos, e somos maioria. Não há a menor razão para serem todos conduzidos a mesquinhos endereços. Eis a razão de minha eterna inconformidade.
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Sua maioria não joga.
Não joga, mas fiscaliza. Observamos tudo, daqui de cima. Podemos sinalizar alguns arietes.
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O quê, por exemplo, de aproveitável?
A demarcação da trajetória me parece essencial.

Como todos sabemos o Brasil é um país subdesenvolvido, o 13º mais corrupto do mundo e tecnologicamente atrasado. Vocês talvez estejam se perguntando porque esse cara só xinga o seu próprio país. Bem a resposta é simples: é tudo verdade. Todavia, estou certo que dentro de poucas décadas tudo isso vai mudar, seremos um país desenvolvido, a maior potência do Hemisfério Sul e a 5ª maior economia do planeta.
www.reportercurioso.blogspot.com
Como vemos, pessoal sói manter os olhos no futuro, levado pelo otimismo, pela fé, pela crença que tudo se superará. Não vê que não existe frente. O jato que andar na mesma altura, em linha reta, chegará no seu ponto-de-partida!
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O senhor é muito teórico. Diz-se obervador. Pois bem. Comente os fatos, então.
Isso é o que mais tem. Bombeiros não permanecem jogando água mesmo depois de apagado o incêndio? Tanto quanto eu, o Exército veio apoiado pelas forças populares, mas saiu antes do tempo! .
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Tres cruzes! Agora prefere a ditadura? Isso sim é voltar ao ponto-de-partida.

A época é outra. A força não está mais na truculência, mas na sapiência. Por isso o Brasil navega mal. Precisa reexaminar seus mapas, os planos de viagem.
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Todos condenam a supremacia militar.
Conversa. Compram guerras. O suor do povo serve para adquirir armamento. Não se satisfazem com o imenso território? Querem todo o continente, ou o quê?
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As aquisições são para defender nossas fronteiras, a Amazônia, o petróleo.
Ah tá. Defender perante quem, ou de quem? Que ladrão pode carregar essas reservas?
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Diz o ditado: "Se queres a paz, arma-te para a guerra."
Fosse por isso os nazistas não seriam os mais pacíficos da face da Terra, até hoje?
Aceitas um convite ao almoço?


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A crise de Honduras e o Itamaraty



Informaram-nos que o presidente Zelaya estava nas imediações, nos perguntaram se podia vir à embaixada e demos a ele autorização. CELSO AMORIM, chanceler de bolso da Fraternidade Bolivariana, ao informar na ONU que nem sabia que o companheiro golpista estava em Honduras, procurando acumular pontos com os patrões cucarachas para garantir um emprego perto do Brasil quando perder a boca no Itamaraty. NUNES, Augusto, Veja, 21/9/2009
Celso, você tem conseguido dormir? CLINTON, H. , cit. CHACRA, Jorn. Gustavo, Estadão, 25/9/2009
Nas trevas que caíram sobre o Brasil, a única luz que alumia, no fundo da nave, é o talento de Ruy Barbosa. DOM PEDRO II
O que ocorreu em Honduras é uma questão que não ameaça a paz nem a segurança internacionais. Em consequência não deveria haver uma intromissão nem de países nem de Governos nem de organizações internacionais. LÓPEZ, Carlos, ministro Relações Exteriores de Honduras
Houve uma evidente intromissão do governo do senhor Lula da Silva nos assuntos internos de Honduras ao acolher Zelaya. Governo de Honduras, BBCBrasil, 24/9/2009
O governo brasileiro transformou a embaixada do Brasil em um palanque para um golpe contra uma democracia latino americana. Celso Amorim deu margem a que Honduras rompa relações diplomáticas com o Brasil, estabeleça um período de horas para a saída dos diplomatas brasileiros do território hondurenho, invada a ex embaixada e prenda o caudilho Zelaya. O governo Lula por suas ações demonstra todo o seu repúdio aos governos democráticos e constitucionais. www.brasillivreedemocrata.blogspot.com - 21/9/2009
Ao ser indagado pelos repórteres se poderia falar sobre a crise em Honduras, Lula respondeu, pouco antes de entrar na limousine que o levaria ao jantar com os chefes de Estado: "Deixa o presidente golpista sair".

Qualquer que for o desfecho da patuscada brasiliana em Honduras os estragos na projeção do nosso País no cenário internacional são certos e sabidos. A declaração do embaixador dos Estados Unidos na Organização dos Estados Americanos, Lewis Anselem, de que o retorno de Manuel Zelaya foi uma atitude irresponsável e idiota é só um começo de conversa. NOBLAT, R., O Globo, 1/10/2009
Diante do interminável papelão que vem sendo protagonizado pelo Brasil no cenário internacional, dispus-me à pequenina pesquisa sobre o modus operandi preferido pelas estrelas tupiniquins. Ufa! Quase não dou conta de tantas citações. Fiquei estarrecido com a avalanche de deslizes, certamente por inaptidão, mas cogito o pior. Há de merecer uma obra, até no fito de orientar as próximas gerações dos custos da pusilamilidade, somada à má-fé, a dubiedade, principais atributos de vigaristas e traidores. Infelizmente domina "este país" uma impostura jamais experimentada. O Itamaraty mostra várias facetas, em esquizofrenia múltipla. Em bunda de vedette todo mundo passa a mão.
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Falsidade Ideológica
Em julho do corrente a jornalista MALU GASPAR noticiou no blog da Revista Exame: o título de doutor que CELSO AMORIM ostentava na verdade era falso. O ministro jamais concluíu doutorado, mas usava o título indiscriminadamente - como em sua biografia no site do Ministério das Relações Exteriores e em artigos de jornal. Acabou rendido:
"Nunca terminei meu doutorado, provavelmente por causa do meu excesso de ambição à época. O tempo da academia e da burocracia não coincidiram, então fui transferido de Londres antes que pudesse terminá-lo." Ele ficou conhecido pela designação de FHC, sendo guindado a Ministro por escolha do ex-sindicalista atual Presidente do Brasil. Entre seus principais objetivos são listados a " a luta contra a fome, a pobreza e o unilateralismo." De fato:
A chefe do Escritório de Representação do Brasil em Ramallah, Lígia Maria Scherer, entregou à Autoridade Nacional Palestina uma doação de US$ 10 milhões do governo brasileiro para projetos de desenvolvimento nas áreas de saúde, educação e agricultura na Cisjordânia.
China, Rússia, Brasil e Índia mantêm políticas Buy National, que restringem significativamente a participação das empresas dos EUA nas suas aquisições. Os Estados Unidos não têm obrigação de deixar nenhum país participar nas compras governamentais a não ser que esse país tenha concordado em permitir acesso recíproco e justo para os fornecedores americanos nas aquisições deles.
KIRK, R. Secretário de Comércio Exterior dos EUA; Folha, 13/3/2009
"O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim disse que o governo brasileiro não está preocupado com a insatisfação de Israel por conta da visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil." (O Globo, 30/4/2009)
CELSO AMORIM e o iraniano MANOURCHERCH MOTTAKI negociaram secretamente a cooperação entre os sistemas bancários do Brasil e Irã, conforme reportagem da revista Isto É (29/6/2009), em flagrante violação das advertências do Conselho de Segurança da ONU e sanções dos EUA.
LULA se encontrou com AHMAFINEJAD nesta quarta-feira, 24, em Nova York, onde os dois líderes participaram da Assembléia da ONU.
O presidente em exercício, José Alencar, defendeu nesta quinta-feira que o Brasil domine a tecnologia nuclear para o desenvolvimento de armas atômicas. O Brasil é signatário da convenção de não proliferação de armas nucleares. A Constituição federal proíbe o país de fabricar bombas atômicas. Mas, para Alencar, isso não é problema.
O Globo, 25/9/2009
"O governo do Irã foi acusado de ocultar da comunidade internacional a existência de uma segunda instalação nuclear para enriquecimento de urânio." (Estadão, 25/9/2009)
Agora estamos sendo criticados por causa da embaixada na Coreia do Norte. Mas, se não tivéssemos embaixada, não teria tido tanto destaque na mídia internacional a decisão do governo brasileiro de suspender a ida do embaixador para lá.
AMORIM, C., www.coturnonoturno.blogspot.com, 31/9/2009

"É ou não é o pior caráter da política brasileira?"(idem)
"Mais um problema internacional para o País: a ONU (Organização das Nações Unidas) criou uma comissão de investigação para apurar uma grave acusação contra soldados brasileiros que participam da Missão de Paz no Haiti." (www.odia.terra.com.br)

Após as eleições presidenciais de Evo Morales em 2006, a Bolívia anunciou a nacionalização do gás e do petróleo em seu território, utilizando o exército para a ocupação de empresas estrangeiras, entre elas a estatal brasileira Petrobras. Celso Amorim afirmou que a nacionalização era um "cenário esperado".
Houve um tempo em que o companheiro Hugo Chávez estava sozinho. Quem imaginava, há dez anos, o nosso querido Evo Morales ser presidente? Quem imaginava que um bispo da Teologia da Libertação fosse Presidente do Paraguai?
SR. DA SILVA , Presidente do Brasil
(Folha de São Paulo, 17/12/2008)
ALFREDO VALLADÃO, da Universidade de Paris, não comprende a preferência governamental pelos estrangeiros, em detrimento da Nação. O professor criticou a postura diante dos países vizinhos, em entrevista à BBC-Brasil (16/12/2008). Segundo o renomado pesquisador, a política externa do país é "limitada" por refletir a crise de identidade de sua elite.
O Brasil não sabe se quer ser o primeiro entre os pobres ou o último entre os ricos.. Essas cúpulas me fazem lembrar aquelas bonecas tradicionais russas (matrioshkas). Vem uma atrás da outra e é tudo vazio... Não quero minimizar a importância desses encontros. Ao contrário: acho que são extremamente importantes, mas é preciso mais conteúdo.
The samba beat, with missteps
(O ritmo do samba, com passos em falso)
A britânica The Economist ironiza a "política" externa brasileira, calcada numa "harmonia ilusória" da região:
'A promessa de Lula de ser generoso com os vizinhos menores não é recíproca' diz a revista, em tom de blague, lembrando a inércia do Brasil diante do esbulho causado pela Bolívia à Petrobrás, do calote do micro Equador, e do affaire com novo Tratado de Itaipu,,.requerido pelos tradicionais falsários paraguaios.
O Brasil virou corrimão, bunda de vedette: todo mundo passa a mão. .
No dia 23 de setembro de 2008, o presidente equatoriano RAFAEL CORREA determinou o embargo dos bens da construtora brasileira Odebrecht, ocupando suas obras por meio do exército e proibindo funcionários de deixar o país. Exigiu então uma indenização de 43 milhões por falhas no funcionamento da central hidrelétrica San Francisco, a segunda maior do Equador; caso não fosse feito o pagamento, a Odebrecht seria expulsa. No dia seguinte, Amorim anunciou que o Brasil estava dando proteção à empresa. CORREA então ameaçou não pagar o empréstimo de mais de 200 milhões de dólares do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que contraiu para financiar a San Francisco. Mesmo assim, os presidentes CORREA e LULA disseram que acreditavam que a questão da Odebrecht não afetaria as relações das duas nações. Em 30 de setembro, AMORIM informou que a empresa aceitaria o acordo proposto pelo Equador. Logo depois, uma missão de LULA ao país para discutir o apoio brasileiro a obras de infra-estrutura viária foi cancelada. Em 20 de outubro, a Petrobras confirmou um novo acordo com o Equador, no qual o Estado fica com todo o petróleo e a empresa, com uma remuneração pelos seus investimentos e seu serviço.

CARACAS, Venezuela, 22 Mai 2009 (AFP) - Hugo Chávez, negocia um empréstimo de 10 bilhões de dólares com o brasileiro Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), revelou o próprio líder venezuelano nesta quinta-feira. Segundo Chávez, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, está na Venezuela para analisar os 'mecanismos' destes projetos comuns de 'desenvolvimento'. 'Coutinho me disse que o Brasil está disposto a financiar projetos aqui por até 10 bilhões de dólares'.

A China fez o negócio da China e o Brasil papel de otário, no empréstimo de US$ 10 bilhões à Petrobras em troca de 200 mil barris/dia de petróleo por dez anos. Especialista respeitado, John Forman, ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo, fez as contas: a China pagará US$ 2.739.726,02 por 200 mil barris/dia. Cada barril, hoje cotado em US$ 28,37 (valia US$ 138 há um ano), sairá pela merreca de US$ 13,70.
www.claudiohumberto.com.br - 28/05/2009
A ação política doméstica e internacional brasileira parece seguir o molde sindicalista, doble-face. Convém o alerta. Das águas profundas do Mar do Caribe pode surgir o mais terrível iceberg. Prudente imediata cambagem, sei-lá de que jeito.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O linchamento de Nelsinho & Briatore

Foi um choque. Sempre achei que o Nelsinho não havia feito aquilo. Acho que a Fórmula 1 perde muito com isso.
R. BARRICHELLO, à rádio
Jovem-Pan, SP; cit. Terra, 24/9/2009
Como o automobilismo ou qualquer esporte, o futebol é disciplinado por regras mais claras possíveis, mas nenhuma logra definir ou eliminar a catimba. Não obstante, há muitos torcedores que dizem preferir ganhar o jogo nos descontos, através de um gol efetuado por jogador em impedimento, com a mão, e depois de empurrar o goleiro. MARADONA logrou êxito ao usar a boba em plena Copa do Mundo. Nem por isso o craque foi linchado, ou banido do futebol. Ao contrário, recebeu tratamento de herói. Posteriormente, dopado confesso, ainda assim foi brindado com a confiança argentina, na entrega da própria seleção nacional. O que diz a FIFA? Nada, e talvez nem possa mesmo.
No fito de retardar as partidas, esfriar o adversário, muitos atletas simulam lesões. De que modo a lei pode predizê-las?
Se um player breca a passagem do goleador, ou coloca a mão na bola para evitar o gol, é evidente que também usa de meio escuso, turva o espetáculo. Neste caso a esquadra sofre nada menos do que seis (6) punições, sobre o único ato: o team enfrenta a cobrança do penalty; o jogador é expulso; a equipe fica inferiorizado numericamente; o "criminoso" sofre a suspensão automática, impedido de jogar a próxima partida, recaindo prejuízo ao team, de novo; por fim, julgado, o atleta se sujeita à exclusão de prélios subsequentes, assim aumentando o dano do clube indefinidamente.
E como entender o infeliz derrubado na área, e ainda por cima tomar advertência por suposta encenação?
O exagero é flagrante. Nas regras de futebol nada disso existe. É invencionice de cartola, e abuso de autoridade. Só falta advertir ou expulsar jogador pilhado em off-side, porque quis enganar.
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Não há como negar a perspicácia, a inteligência do plano da equipe Renault, e a perícia em sua execução. Coisa de artistas. NELSINHO foi perfeito na batida, fazendo o carro sobresterçar no início da reta principal.*
Os danos não foram lá de grande monta. Ao colocar a traseira para confronto com o muro, na frente dos boxes, minimizou as consequências, e não deixou dúvidas aos mentores da manobra.
Ademais, convém ressaltar: já que era para se "suicidar" naquela prova, bem que o piloto brasileiro poderia ter levado um rival consigo - bastaria provocar um acidente de modo direto contra o adversário, recurso bem ao alcance dos competidores, e por várias vezes utilizado. Ao contrário, NELSINHO assumiu todos os riscos, não implicando nenhum colega.
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legal

O determinismo 'científico' requer a capacidade de prever qualquer acontecimento com qualquer grau de precisão que se deseje, desde que nos sejam dadas condições iniciais suficientemente precisas. (…) É evidente que temos de explicar 'suficientemente' de uma maneira tal que nos privemos do direito de alegar – todas as vezes que falhemos nas nossas previsões – que nos foram dadas condições iniciais que não eram suficientemente precisas.
POPPER, K. O universo aberto. Lisboa: Dom Quixote, 1988: 31
As disposições sobre corridas de automóveis variam ano após ano. Tradicionalmente no ponto acidentado os fiscais agitavam bandeiras amarelas, (ainda agitam) sinalizando o perigo, e por isso ultrapassagens não são admitidas. Nada mais evidente. Contudo, o restante do circuito era liberado, também nada mais evidente, por nada a ver com o episódio localizado.
O ingresso do carro-madrinha para impedir ultrapassagens em todo trajeto foi idéia importada recentemente da Fórmula Indy. Ao invés de largada costumeira, os bólidos americanos iniciam a corrida de modo lançado, quando o madrinha deixa o passeio. Os Indy trafegam em ovais de curta dimensão, e de altíssima velocidade, bem maior do que a imprimida na F-1. Se uma frenagem radical acima de 400/h é totalmente impraticável, um choque intencional é impensável. Os carros andam sempre agrupados, a volta é curta, e as diferenças quase não são modificadas com a estranha entrada. A rigor a classificação se altera apenas pelos momentos de box, porém compensáveis pela constante proximidade dos grupos. Nada disso se aplica no Mundial de F-1.
Havia três pessoas que sabiam o que estava acontecendo. Ninguém mais estava envolvido. Estas pessoas estavam diretamente ligadas a Briatore. Não penso que esta punição era necessária, mas estava na comissão, então sou tão culpado quanto os outros. Foi demais. Definitivamente demais.
BERNIE ECLESTONE. - ESPN/Brasil, 24/9/2009
Os regulamentos não prevêem a utilização da salvaguarda em proveito exclusivo de algum participante. Ninguém pode ser apenado sem prévia cominação legal. Salvo melhor juízo, é inviável tipificar o delito em tela. As normas vetam a prática antidesportiva, mas a vagueza terminológica e a anemia designativa, por demais genéricas e subjetivas, não resistem a uma defesa mais apurada, em pleito de positividade. Não poucas vezes houve acidentes propositais, mas ninguém enfrentou o tribunal. A equipe francesa se valeu justamente da lacuna, de regulamento mal-arranjado.
Malgrado trazer a sensação por rejuntar o pelotão, conquanto atende aos interesses publicitários da marca escolhida, a dispensa do madrinha, alcunhado safety-car, seria a melhor providência, Sempre será injusto, mormente para quem estiver na dianteira. Que arrumem outra!
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NELSON PIQUET SOUTO MAYOR traz a marca da inovação e da simplicidade. Foi pioneiro na importação dos Super-Vs, antecipando-se em ano ao primeiro campeonato nacional da categoria. Na época tive oportunidade de diretamente lhe questionar a tamanha aplicação. O kartista foi categórico:
"Quem quiser andar na frente, tem que partir antes."
Na F-1 o brasiliense surpreendeu com a primazia dos pit-stops para reabastecimento, bem como na introdução dos motores turbo. Contrário ao desapontamento do notável BARRICHELLO, cuja performance ao longo da carreira sempre foi muito criticada, em especial pelo tricampeão, entendo que os PIQUET mais uma vez contribuem para o aperfeiçoamento do Circo, desta feita no sentido de se aprimorar a normatização:
"A coisa mais positiva que surge por trazer isso à atenção da FIA é o fato de que nada parecido acontecerá novamente." (NELSON ÂNGELO PIQUET - www.npiquet.com - 21/9/2009)
Como quem diz a verdade não merece castigo, propugno pela absolvição de todos, inclusive de mim.
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*O mesmo não se pode dizer da pilotagem do atual substituto de NELSINHO: sem motivo aparente, nos treinos livres de hoje, 25/9/2009, o francês ROMAINS GROSJEAN acaba de se precipitar no mesmo muro, cena idêntica a protagonizada no ano passado por PIQUET.



quarta-feira, 23 de setembro de 2009

70 anos da morte de Freud

As imutáveis leis da História descritas por Marx, a luta desesperada pela sobrevivência de Darwin e as tempestuosas forças da sombria psiquê de Freud devem, em alguma medida, sua inspiração à teoria física de Newton. ZOHAR, Danah, & MARSHALL, I. N.: 16
E as desgraças também:
A fim de melhor compreender a arte da propaganda, Hitler estudou as técnicas propagandistas dos marxistas, a organização e os métodos da Igreja Católica, a propaganda britânica da Primeira Guerra Mundial, a publicidade norte-americana e a psicologia freudiana. DOWS: 147
Aniversários são apropriados a relembranças. Recentemente tivemos as comemorações dos 200 anos de DARWIN. Há exatos setenta, aconteceu o funeral de SIGMUND FREUD. Se vivo, por certo o analista seria muito requisitado para explicar a interminável megalomania que assola a plêiade governamental, em especial a sulamericana.
TV Cultura | Roda Viva | Elisabeth Roudinesco | Historiadora da psicanálise
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O sucesso

A tese de FREUD aparentemente escapulia dos ditames deterministas e mecanicistas que engolfavam a civilização ocidental. Animais, e entre esses o ser humano, não deveriam ser tratados como máquinas, porque imbuídos do elemento vital - o desejo. Todavia, no afã de se ver reconhecido pela comunidade científica, o Pai da Psicanálise primou pelos mesmos métodos que antevia inaplicáveis, inclusive lançando mão de uma terminologia eminentemente mecanicista. Serviu-se especialmente da dialética platônico-hobessiana-hegeliana-darwineana, não sem antes retalhar a cabeça do sujeito, por ele virado objeto, de acordo com o molde cartesiano.
Os animais, incluindo os seres humanos, têm seu comportamento movido pelos inseparáveis instintos do sexo e da agressão. Nos humanos, estes instintos controlam as forças escuras e hidráulicas do id, e são a causa subjacente, inconsciente de tudo o que fazemos.
FREUD, S., cit. idem:194.

A psicologia freudiana é basicamente uma psicologia de conflito. Em sua luta existencial, Freud foi indubitavelmente influenciado por Darwin e os darwinistas sociais, mas para a dinâmica detalhada de 'colisões' psicológicas ele recorreu a Newton. No sistema freudiano, todos os mecanismos da mente são impulsionados por forças semelhantes as do modelo da mecânica clássica.
CAPRA, F., O Ponto de Mutação: 173
OCTÁCIO DE FARIA (Machiavel e o Brasil: 186) estabelece o liame de efeito social:
De Rousseau a Freud, o homem rolou todos os abismos e, rolando, incapaz de se reter, convencido aos poucos de toda sua negrura interior, perverteu todos os caminhos, comprometeu todos seus atos, justificou todas as acusações futuras e passadas.
O edifício assim tem suas bases de antemão comprometidas, a ponto de paulatinamente ser abandonado. Periódicos de hoje se limitam em assinalar a data, enquanto os profissionais trabalham com outras hipóteses, ainda dialéticas, é verdade, mas que excluem ou minimizam a preponderância do famoso Complexo de Édipo. Ora a moda é bi-polar, "criação" aparentemente lógica, mas que peca por semelhante enquadramento linear, eixo pelo qual se "digladiam" as emoções.
Em meia-dúzia de approaches elenco inúmeras máculas científicas e metodológicas precipitadas, de modo que, pelo menos para mim, essas elucubrações não merecem o menor crédito. Entretanto, pelo inusitado, pelo bizarro, e pela turbulência vivida nos anos trinta, FREUD logrou convencer ampla clientela.
“Nem mesmo Einstein impressionou a imaginação e afetou a vida de seus contemporâneos como Freud.” ( BRIAN, D.: 176)
Hoje, quando leio psicanalistas freudianos norte-americanos ou ingleses fico impressionada com os clichês que estão presentes. É um símbolo muito grave de encerramento sectário. Sim, os psicanalistas estão em todo lugar, mas sob que formas! É ridículo!
ROUDINSCO, Psicanalista, historiadora, docente e escritora Elisabeth,
Na década de 1920, a influência da vanguarda europeia sobre os modernistas brasileiros abre uma picada à penetração das ideias psicanalíticas: elas são úteis no Manifesto Antropofágico, de OSWALD DE ANDRADE; e MÁRIO DE ANDRADE sugeriu o termo sequestro para verter o nome do principal mecanismo de defesa proposto por FREUD - Verdrängung - o qual posteriormente seria melhor traduzido como repressão ou recalque.
Os iniciais posicionamentos eram cobertos por respingos jornalísticos. Raras conferências eram acompanhadas de alguma incredulidade, prestigiadas com atenção digna de peça surrealista. Pouco a pouco a psicanálise se fez assunto para conversas mais populares, e os cochichos tomaram conta do salão.  Em meados daquela década, PIERRE JANET (cit. CREWS, Frederick, O gênio da retórica. - Folha de São Paulo, 22/10/2000: 20) já bem alertara:
A meu ver, parece que o método psicanalítico é, antes de tudo, um método de construção simbólica e arbitrária; mostra como os fatos 'poderiam ser' explicados se a causação sexual das neuroses tivesse sido definitivamente aceita; mas a sua aplicação não pode ser adotada enquanto essa teoria ainda não estiver provada.
Não houve ressonância. Quem conheceria esse JANET? Aliás, sequer os alertas do mais famoso cientista foram ouvidos:
Por estas razões, devemos ter a precaução de não superestimar a ciência e os métodos científicos quando há problemas humanos em causa.
EINSTEIN, Albert, Escritos da maturidade: artigos sobre ciência, educação, relações sociais, racismo, ciências sociais e religião: 130

Em 1928 Einstein recusou-se por duas vezes a co-assinar a indicação de Freud para um prêmio Nobel em psicologia ou medicina. Em 1949 ele escreveu o seguinte sobre Freud a um conhecido: 'O velho tinha uma visão aguçada; nenhuma ilusão o ajudava a dormir, exceto uma fé muitas vezes exagerada nas suas próprias idéias'.
PAIS,
Abraham, Einstein viveu aqui: 223.
Em 1932, MARIE BONAPARTE, (cit. RODRIGUÈ, Emilio, Somos bicéfalos. - A Tarde: 5 Salvador, 14/10/1995) preocupada com as sensacionais descobertas da Física Quântica, completamente desconsideradas pelo homem do charuto, enviou-lhe uma carta:
Fiquei conhecendo aqui (Copenhagen) Niels Bohr que, como o senhor deve saber, é um dos mais proeminentes físicos de nosso tempo. Contudo, não posso aceitar um dos pontos de suas teorias sobre o 'livre arbítrio' do átomo. O átomo deve, agora, ser excluído do determinismo.
Ao que FREUD ( Idem, ibidem) respondeu:
“O que a senhora me diz sobre os físicos modernos é realmente notável. É aqui onde a cosmovisão de nossos dias efetivamente está se realizando. Cabe-nos apenas esperar para ver.”
O que lhe esperava só poderia lhe desmontar.
BOHR
(cit. JAMMER, Max: 173) disse ainda mais:
Além disso, o problema do livre-arbítrio, muito pertinente na filosofia das religiões, recebeu nova fundamentação, através do reconhecimento, na psicologia moderna, da frustração das tentativas de olhar a experiência, no que diz respeito a nossa consciência, como uma cadeia causal de acontecimentos, tal como originalmente sugerido pela concepção mecanicista da natureza.
Em 32 as certezas da Física Quântica e da Teoria da Relatividade já haviam alcançado unanimidade. Não se tinha mais nada a esperar; havia, isto sim, muito a reformular, mas DURVAL MARCONDES se apressaria para que as elucubrações freudianas se impusessem entre nosotros, macaquitos brasileños. Em correspondência direta com FREUD, o tupiniquim fundou a Revista Brasileira de Psicanálise (único número,1928), e organizou em São Paulo a Sociedade Brasileira de Psicanálise (1927). Em seguida convidou alguns europeus titulados para ministrarem as lições, e assim formarem um primeiro grupo de psicanalistas verde-amarelos. Por fim, no esteio de MELANIE KLEIN chegou na capital paulista a Dra. ADELHEID KOCH (1937) para encerrar "a fase diletante da psicanálise brasileira" e o peculiar hermetismo que guardava o Pantheon. Pronto. Com a "democracia" do Estado Novo, proliferaram-se as sociedades de Psicanálise em diversas capitais; e à medida que atingiam determinados padrões, eram aceitas como filiadas pela Associação Internacional de Psicanálise (IPA, em inglês). Para completar, durante as décadas de 1950 e 1960, até Londres servia de meca psicanalítica. O fato britânico afiançava a correção científica, não meramente ideológica, da metonímia psicanalítica. A publicação dos três volumes da biografia de FREUD, por ERNEST JONES, assim como dos primeiros volumes da nova tradução inglesa dos Gesammelte Werke, de JAMES E ALIX STRACHEY, vasto empreendimento com 24 tomos, (Standard Edition of the Complete Works of Sigmund Freud) estimulou especialmente os analistas cariocas. Segundo observa o Prof. RENATO MEZAN. todavia, essas traduções resultaram fracassadas, por desprovidas de coerência terminológica, eivadas de erros.
JACQUES LACAN colheu o ensejo da década famosa e empreendeu o "retorno de Freud ao Quartier Latin". O estudo resultou maior familiaridade com o pensamento do mestre de Viena, e na transformação de LACAN como interlocutor tanto para a teorização quanto para a prática clínica, o que não era o caso nos países de língua inglesa. A partir de 1970, as doutrinas lacanianas começam a ser divulgadas na América Latina, em especial na Argentina. Os porteños vinham para cá - primeiro como conferencistas visitantes, e depois como emigrados políticos - para oferecer a "nova visão da obra freudiana" desfrutada na França.
Durante a década de 1980 nosso país mantinha vários convênios com a Universidade de Louvain, Bélgica, importante centro lacaniano. Os pesquisadores retornaram com expressiva bagagem, com conhecimento e valorização extremada de FREUD, assim contribuindo para incrementar sua difusão entre nosotros.
A presença da psicanálise e da psicologia entre los hermanos é significativa. Existe um psicólogo a cada 649 argentinos, número que torna a Argentina no país com maior número desses profissionais em todo o continente americano. O segundo colocado está na sua frente: no Uruguai, há psicólogo para cada 900 habitantes. O Brasil tem um para 1.154 pessoas. Por coincidência, mas não por acaso, todos também apresentam os mais altos índices de catolicismo. Eis as pernas platônicas. Eis nosso carma.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Resista, Honduras!

CONSTITUCIÓN DE LA REPÚBLICA DE HONDURAS (1982)

ART 42. La calidad de ciudadano se pierde:
5. Por incitar, promover o apoyar el continuismo o la reelección del Presidente de la República.

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A tolerância e a provocação que se realiza desde o local dessa representação do Brasil são contrárias às normas do direito diplomático e transformam a mesma e seu governo nos responsáveis diretos dos atos violentos que possam suscitar dentro e fora dela (embaixada). O senhor Zelaya tem processos a responder em Honduras. O conveniente seria: ou lhe dão asilo em seu País ou o entregam às autoridades. (Governo de Honduras)


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"O governo brasileiro está se inserindo em um cenário político que não lhe diz respeito." -,,,,,,,,,, (R. RICUPERO, Terra, 22/9/2009

Hugo Chavez, Zelaya e Luís Ignácio. Nada de Huguinho, Zezinho e Luizinho.



segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A importância da Relatividade na Educação

Existem tempos nos quais os homens são tão diferentes uns dos outros que a própria idéia de uma mesma lei aplicável a todos lhes é incompreensível.
TOCQUEVILLE, A.
1997, Livro Primeiro, Capítulo III: 61
Qualquer manual de poupança ou investimento indica: não se deve colocar todos os ovos na mesma cesta. Antigamente, havia o conselho ao casal não viajar no mesmo avião. E não há quem não condene monopólios. As premissas não necessitam delongas, mas o que vemos nos programas educacionais? O Estado se subroga na incumbência de ditar a formação de todo mundo. Fatalmente ele sempre atinge seus objetivos, mas
se ele estiver errado, aliás, como sói acontecer?.
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A ciência não se faz mais de modo estanque. Nenhuma verdade é inconteste. São sistemas de relações, constantemente revistos, e até retificados. Portanto, não há como nos apropriarmos da ciência, mas apenas dela nos aproximar, mais ou menos. Por que cargas-d'água devem todos seguir uma única batuta, um único diapasão, ou critério, ainda que oficializado?
* * *
MONTEQUIEU
advertira: a salvaguarda dos tres poderes era apropriada apenas para pequenas extensões territoriais. A História consagra o célebre autor: o regime democrático se mostrou competente para varar o EspaçoTempo, mas apenas em países com dimensões reduzidas.
O Estado alemão era, evidentemente, uma burocracia. E, embora outros Estados também o fossem, a burocracia alemã entrou para a história como um exemplo, enquanto mecanismo de controle e regulação da sociedade. O povo alemão lhe dispensava um respeito e uma obediência sem paralelo no resto da Europa. Comparando-se com outros impérios, somente na Rússia se incluia uma gama tão vasta de profissões e vocações nas categorias de serviço público como a que se registrava na Alemanha da época.
AMORIM: 48
A excessão superou o óbice ao previamente dividir o Country em vários pequenos estados, e por isso logra o apogeu.
Sempre atento às questões humanas, EINSTEIN ( Liberty magazine, 9/1/ 1932; cit. Pais, A., Einstein viveu aqui: 216) retomou as preocupações originais de LOCKE e MONTESQUIEU, mesmo aparentemente desconhecendo suas obras. Fulminou:
"A burocracia prende o espírito como as faixas da múmia."
A preocupação de Grande Relativo teve a constante:
Como é possível, em face da ampla centralização do poder político e econômico, evitar que a burocracia se torne todo-poderosa e arrogante? Como proteger os direitos do indivíduo e, com isso, assegurar um contrapeso democrático ao poder da burocracia?
EINSTEIN, A., Escritos da maturidade: artigos sobre ciência, educação, religião, relações sociais, racismo, ciências sociais: 137
Nosotros adotávamos uma caricatura do modelo americano, técnica que vinha sendo utilizada com algum êxito pelo Império, mas a Guerra do Paraguai lhe turvou.
Haveria algum motivo concreto para MONTESQUIEU restringir sua própria criação?
Pode-se cogitar que na medida que aumenta o contingente populacional, reduz-se a possibilidade do consenso, a pedra-de-toque da concepção democrática. Mas o fundamento de seu receio era a constatação de que não se pode exigir conduta igual a povos distantes. O comando centralizado, ainda que escolhido pelo povo, e mesmo obedecendo o molde iluminista, é completamente inapropriado à quaisquer circunstâncias:
O Estado não tem o conhecimento necessário para adotar as medidas anticíclicas corretas. Na medida em que é extremamente baixa a probabilidade de se alcançar um estado final desejado em um mundo caótico, é difícil enxergar como o governo poderia especificar uma política para atingir esse objetivo, a não ser por acaso.
ROSSER, J.B. Jr., Chaos Theory and New Keynesian Economics, The Manchester School, Vol. 58, n. 3: 265-291, 1990; cit. PARKER & STACEY: 95.
A tendência à centrifugação se acentua nas bordas; e quanto maior o disco, acelera-se o efeito, de modo que a desintegração é apenas questão de tempo.
Entender a Amazônia é não impor o etnocentrismo.
É entender a sustentabilidade de um povo que quer a floresta de pé.

SILVA, Jornalista Marilene. - www.dihitt.com.br/usuario/tapajonica
Na floresta não há gado; no cerrado falta praia. O que é mínimo na megalópolis pode ser o máximo da vila. Em Brasília, 19 horas; e chove pouco. Gaúcho está mais próximo da argentina do que da nordestina. Que tal um frevo no Acre? Horário de trabalho ao baiano? Reforma-agrária no Espírito Santo? Cartão-ponto ao agricultor? Carne-de-sol à paulista? Mignon à pescador? Valsa na Sapucaí? Aplicar as leis de Gegê no século XXI? Não dá.
NORBERTO BOBBIO,(2001:16) o grande cientista político do século XX, recentemente falecido, reconheceu a importância, e a atualidade do método mais plausível ao gigante:

O federalismo é o princípio mais profundamente inovador da era contemporânea... Quando se diz que o federalismo marca o rumo da história contemporânea, no sentido de uma efetiva ação de liberdade, significa dizer que o federalismo executa, no âmbito da sociedade civil, o acordo entre o poder central e os grupos periféricos, com um maior respeito às autonomias das partes individuais do que se refere ao todo, e com um menor fortalecimento do todo no que se refere às partes, levando-se em conta o que ocorreu nos sistemas históricos até aqui conhecidos.
A federação é aquela forma de Estado que garante melhor do que qualquer outra a liberdade dos cidadãos, assegurando-lhes uma mais extensa e direta participação do poder, e promove com maior zelo os seus interesses, subtraindo, o máximo possível, o cuidado do setor público a uma burocracia distante e incompetente.
(Idem: 23)
Não somente tudo isso, como ainda mal-intencionada.
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Ainda que sejamos obrigados a padecer sob as asas da grande galinha, em prol de uma discutível segurança, por qual Minerva devemos manter nossos filhos sob a égide da metonímia?
“O mundo da inteligência está bem longe de ser tão bem governado quanto o mundo físico.” (MONTESQUIEU, cit. BOBBIO, N., 1992: 128)
Mas se o Estado visa apenas o poder, e os religiosos propagam somente o amor, embora eles próprios sequer nisso acreditem, qual fonte poderia ensejar um verdadeiro conhecimento?
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Conselho Citadino de Educação
O antigo direito não é obra do legislador;
o direito, pelo contrário, impõe-se ao legislador.

COULANGES, Fustel: 100
Sempre ouço: "Nada mais importante na vida do que os filhos." Concordo. No entanto, o que vemos? Professores se queixando de salários, escolas fechando, alto índice de abandono escolar. Há reclamações de todo o gênero - planos de carreira, currículos defasados, falta de equipamentos basilares, etc. Todos os pleitos tem o endereço central, do comando supremo, que tudo quer e logra reger, sem nada fazer. É muita energia, tempo, dinheiro e vidas desperdiçadas pelo ralo da falta de imaginação e má-vontade. Porque a gente não se reúne e monta a escola que melhor convém? Falta capital? Isso é o de menos. Existem linhas de financiamento até internacionais. Com clientela cativa, e com produção asssegurada, não há risco na tomada de empréstimos. Ademais, não entendo a razão de empresas não patrocinarem os colégios, até livros.

Lembro da mãe Petrobrás,
a jogar milhões em estéreis porfias,
em camisetas de futebol, até argentinas,
em grandes equipes de rallye intercontinental,
e britânicas de Fórmula 1, etc.


O pai Banco do Brasil não fica atrás.
Outrora voltado especialmente ao meio agrário,
há muito vem oferecendo vultosas verbas para
equipes e imensas torcidas de esporte amador,
assim como vários congêneres estaduais, e privados.
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Milhares de empresas dispõem fortunas às campanhas políticas. Presume-se que todos tenham interesse direto no desenvolvimento, mas isso requer conhecimento, não apenas política. Neste caso, contribuindo mais diretamente para o enriquecimento cultural, as entidades não só continuariam o intento de vender seus produtos, como ampliariam a possibilidade de aperfeiçoá-los. Instituições financeiras, civis, clubes de serviço, entidades de comércio, indústria e agricultura poderiam liderar facilmente qualquer movimento no sentido de aprimorar seus filhos e futuros colaboradores, incrementando o manancial inesgotável dos recursos humanos que tanto veneram. Seria o caso de promover até "leilões" de bons profissionais da educação, como acontece com comunicadores de massa, artistas de TV, ou técnicos de futebol, por exemplo, esta atividade emocionante, mas infinitamente menos importante do que a exposta. As cidades deveriam possuir autonomia para deliberarem sobre o decisivo assunto, porque lhe recai diretamente o bônus de sua atuação, ou o ônus da desídia; porém não incumbir a casta política, já assoberbada com viagens, diárias e mordomias, e sim através de um conselho integrado pelos diretamente envolvidos - pais, professores, até alunos, ex-alunos, e eventuais patrocinadores, e, afinal, quem quisesse participar, porque não? Aos estados federados cumpriria apenas suprir as mais carentes, mas nunca a União.
Não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo seu país.
JOHN F. KENNEDY
O ultrapositivista PONTES DE MIRANDA (cit. MOREIRA: 103) superou os próprios preconceitos, e conclamou:

O princípio da relatividade deve ser mais geral ainda - devemos procurar a diferença de tempo nas realizações biológicas e sociais, - o tempo local das espécies e dos grupos humanos. Isto nos poderá explicar muitos fenômenos que resistem às explicações atuais. Mas para conseguir tais fórmulas muito terá que lutar o espírito humano contra os preconceitos que o rodeiam e contra as obscuridades da matéria que irá estudar.
A mais variada gama de aprendizado deveria ser não só estimulada, mas reconhecida.
"Cada sociedade, para empregar uma expressão simples mas cômoda, tem um estilo; e esse estilo se reflete em sua concepção sobre o Conhecimento." (THUILLER: 26)
O que me parece vital ressaltar: nossos filhos e netos não merecem permanecer ao sabor dos mesquinhos interesses políticos, ou do proselitismo religioso. Mas qual a colaboração dos pais em sua educação, ou no estipular o que devem aprender?
Como criar organizações que continuem vivas? Como criar organizações que não nos sufoquem com seus ditames de controle e obediência? A resposta é clara e simples. Precisamos confiar no fato de que nós temos a capacidade de organizar a nós mesmos e precisamos criar condições que favoreçam o florescer da auto-organização.
WHETLAY, KELLNER-ROGERS,
Um caminho mais simples: 58
Assim como as leis são extensões dos costumes, a educação pode e deve ser diversa, variando conforme necessidade e/ou interesse da região.
"De fato, a vida no espaço cibernético parece estar se moldando exatamente como Thomas Jefferson gostaria: fundada no primado da liberdade individual e no compromisso com o pluralismo, a diversidade e a comunidade.” (NAISBITT, J., Paradoxo Global: 96)