sexta-feira, 24 de julho de 2009

Carma Ocidental - A impregnação em Einstein


Deus é sutil, mas não malicioso. Deus não joga dados. Albert Einstein
EINSTEIN era um Físico;portanto, tnto, necessariamente matemático.  Não foi, contudo, pelo modo racional que chegou ao brilhantismo da Relatividade, e sim pela imaginação, pela Filosofia, pode-se dizer. Além de revolucionar a ciência o gênio enfrentou o campo político. De plano o alemão condenou a destra e a sinistra. Porém,mais dedicado por profissão à exatidão, Einstein não vasculhou a raiz epistemológica ocidental, e assim, pela vox que se tornou populi, se fo levado de roldão., não logrando se desvencilhar integralmente do carma gerador, fato que particularmente lhe restou resignado à cerca das peripécias eletrônicas junto aos núcleos atômicos.
O carma
Para Platão, a ordem e a beleza que vemos no Cosmo resulta de uma intervenção racional, intencional e benigna de um divino artesão, um "demiurgo" (gr. δημιουργός), que impôs uma ordem matemática a um caos preexistente e, assim, produziu um Universo divinamente organizado, a partir de um modelo eterno e imutável (Pl. Ti. 26a). A visão platônica da origem do Universo também teve enorme influência na filosofia, especialmente na neoplatônica, no ocultismo e na teologia desde o século -IV até nossos dias. www.greciantiga.org
... Exemplo de Ser Positivo é o 'Deus Organizador', em que a divindade (ou divindades) exerce o papel de controlador da oposição primordial entre Ordem e Caos. O Caos representa o Mal, a desordem, e é simbolizado em vários mitos por monstros como serpentes ou dragões, ou simplesmente deuses maléficos que lutam contra outros deuses em batalhas cósmicas relatadas muitas vezes em textos épicos, como no caso do Eubuma elis dos babilônios.  GLEISER, MARCELO, A Dança do Universo Dos Mitos de Criação ao Big-Bang: 31
Tal qual a Hidra, que possui sete cabeças, podendo morrer seis que ainda assim ela conserva sua serventia, a cabeça-de-ponte religiosa ficou de tal modo impregnada que não bastou para EINSTEIN sorver o panteísmo de SPINOZA, tampouco buscar incessantemente, durante a maturidade, uma alternativa ao determinismo divino que julgava reger o mundo.
Tanto o platonismo quanto o cristianismo distanciam os seres humanos do meio que os rodeia. A natureza e a experiência eram encaradas como o mundo das modificações perturbadoras, o mundo do erro e do caos. Para o cristianismo, a dúvida e a incerteza são obra do diabo.
ZOHAR, D., O Ser Quântico, Uma visão revolucionária da natureza humana e da consciência, baseada na nova física:
188.
A razão da coincidência é meridiana, por isso ouso afirmar: ambas provém do mesmo corpo. A primeira cabeça da Hidra veio valente. Acabou ceifada, ainda que o Império Romano durasse uns quatro séculos. A segunda se apresentou dócil, e por isso substituiu a primeira, com vantagem: o Império Romano pode se estender a todos os confins da face da Terra, por longos séculos a go, até o presente.

A impregnação em EINSTEIN
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Einstein fez o curso de religião católica regulamentar e acabou gostando imensamente daquelas aulas. Na verdade ia tão bem nos estudos católicos que ajudava os colegas a estudar... 'Era tão fervoroso em seus sentimentos que, por conta própria, observava os preceitos religiosos judaicos nos mínimos detalhes', relatou a irmã... Contudo, ele preservou de sua fase religiosa infantil uma profunda reverência pela beleza e harmonia do que chamava a mente de Deus, conforme essa se expressava na criação do Universo e de suas leis. (ISAACSON, W.: 35)
Com todo o respeito: se Deus é onipotente, e onisciente, porque necessitaria de mente, ou pensar?
O curioso é que o copiloto da Nav's ALL ao tempo em que reverenciava a picardia não tinha idéia de sua abrangência:
"No ginásio Einstein despreza o aprendizado mecânico de idiomas como o latim e o grego, problema exacerbado pelo que ele mais tarde define como 'memória ruim para palavras e textos'." (Idem, 36)
A dimensão do tempo, segundo o carma
O Gênesis oferece a cronologia, desse modo já fracionando a grande obra. O carma é flagrante na ordem numérica:

No Princípio Deus criou o céu e a terra. A terra, porém, estava informe e vazia, e as trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus movia-se sobre as águas. E Deus disse: Exista a luz. E a luz existiu. E Deus viu que a luz era boa; e separou a luz das trevas. E chamou a luz de dia, e as trevas noite. E fez-se tarde e manhã: o primeiro dia.
Novamente se apuram inúmeras contradições. Deus precisaria ver para crer?
Pois é tal preconceito que coloca a humanidade no comboio da ilusão:
Foi a tradição judaico-cristã que estabeleceu o tempo linear (irreversível) de uma vez por todas na cultura ocidental... O tempo irreversível influenciou profundamente o pensamento ocidental. Preparou a mente humana para a idéia de progresso, para o conceito de tempo profundo, para a surpreendente descoberta dos geólogos de que a evolução humana é apenas um episódio recente e curto na história da Terra. Preparou o caminho para a evolução de Darwin, que fala de nossa união com criaturas mais primitivas através dos tempos. Em resumo, o advento da idéia de tempo linear e da evolução intelectual desencadeada por essa idéia corroborou a ciência moderna e a promessa de melhoria da vida na Terra.
COVENEY: 22
O tempo não é tão toscamente engrenado. Isso é apenas convenção, lavrada quando a vela era a rainha da noite. Ele não pode ser único, absoluto, porque é pessoal, subjetivo, dependente do ator:
O verdadeiro tempo (o que Bergson chama de 'duração') consiste propriamente na experiência vivencial da própria vida; é, por conseguinte, radicalmente intuitiva.

Entretanto, para a maioria de nós, esse tempo verdadeiro foi inapelavelmente deslocado pelo ritmo do tempo marcado pelo relógio. Aquilo que constitui fundamentalmente o fluxo vital de experiência torna-se então um gabarito externo, arbitrariamente graduado, a que nossa existência é subordinada - e sentir o tempo de qualquer outra maneira torna-se 'místico ou louco'. Se a sensação do tempo pode ser assim coisificada, porque não haverá de ser tudo o mais? Por que não inventarmos máquinas que coisifiquem o pensamento, a criatividade, a tomada de decisões, o julgamento moral? (ROSZAK, T.:230)
Curiosamente, foi o próprio EINSTEIN que demoliu essa outra estaca platônica. Não há flecha do tempo, mas uma infinidade de arcos temporais. .
No "espanto" da Gravidade qualquer corpo curva mais ou menos o meio-ambiente.
Ao transformar o EspaçoTempo, o presente exclui a flecha almejada. Isso decide:
O fato de o tempo ser próprio de cada corpo, não uma ordem cósmica única, envolve mudanças nas noções de substância e causa.
RUSSEL, cit. FADIMAN: 165
O "mal", segundo o carma
Deus havia oferecido algumas idéias claras e precisas para encontrarmos a verdade, "desde que nos ativéssemos a elas, e não caíssemos no pecado".
"O erro, o Mal entra pelo corpo para transformar o divino Bem da alma," e isso já bem ensinara PLATÃO. (cit. KELSEN, 1998: 3):
“A terra, ou seja, a matéria, é contraposta à verdadeira natureza da alma, quer dizer, ao seu ‘ser boa’. A matéria representa o mal.”
Pela mais famosa e também mais simples equação EINSTEIN logrou demonstrar que a matéria é apenas uma expressão energética, portanto o corpo não pode divergir da alma, mas isso jamais fez-se hegemônico para demovê-lo. Pela paixão o indelével professor gastou quase toda a vida tentando unificar as disposições epistemológicas de acordo com o UNO, e desse modo permaneceu também preso aos grilhões da metafísica. Dessarte o gênio gastou sua vida tentando a unificação da Física Quântica com o Eletromagnetismo e a Relatividade. O Universo procederia do 'logos' divino", o qual, por dedução, só poderia ser único:

Einstein discordou da interpretação de Copenhagen porque ela defendia que a realidade era aleatória ou probabilística. Einstein concordava que a Mecânica Quântica era a melhor teoria disponível, mas procurou sempre uma explicação determinista, isto é não-probabilística.
EINSTEIN viveu dramaticamente, na enorme dificuldade para escapulir do marco introjetado. Deu-se conta, ainda assim parcialmente, apenas no apagar das luzes:
"A palavra de Deus para mim é nada mais que a expressão e produto da fraqueza humana, a Bíblia é uma coleção de lendas honradas, mas ainda assim primitivas, que são bastante infantis." (Carta escrita em 1954, um ano antes de sua morte, ao filósofo alemão Eric Gutkind)
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A "razão" do carma

A ciência sem a religião é manca.
A religião sem a ciência é cega.

(Albert Einstein)
A oração é impactante, mas totalmente preconceituosa, certamente por desatenção.
Quando no limiar ele próprio definiu E=Mc2, ficou bastante claro que qualquer dialética, mormente a primordial platônica, sagazmente adotada pela Igreja, entre o corpo e a alma, aquele mundano, essa divina, era totalmente desprovida de razão; portanto, sequer merece fé, que dirá uma investigação mais rigorosa. Num rasgo de luzidez, bem que EINSTEIN (cit. GABERDIAN, H. GORDON: 314) no fim teve presente:
No homem primitivo era o medo, acima de quaisquer outras emoções, que o levava à religião. Esta religião do medo – medo da fome, de animais selvagens, de doenças e da morte – revelava-se através de atos e sacrifícios destinados a obter o amparo e o favor de uma divindade antropomórfica, de cujos desejos e ações dependiam aqueles temerosos sucessos. Como o entendimento do homem primitivo sobre as relações de causa e efeito era pobremente desenvolvido, essa religião do medo criou uma tradição transmitida, de geração a geração, por uma casta especial de sacerdotes que se postara como mediadora entre o povo e as entidades temidas. Essa hegemonia concentrou o poder nas mãos de uma classe privilegiada, que exercia as funções clericais como autoridade secular a fim de assegurar seu poderio. Nesse ínterim se verificava a associação dos governantes políticos à casta clerical, na defesa dos interesses comuns.
Religião significa o ato de religar, e naturalmente deve ser precedida por um desligamento. Deste tratou a Igreja com a estória da criação, da expulsão de Adão e Eva do Paraíso. O sagaz cientista jamais poderia sustentar, como de fato não sustentou, tal efeméride:
Graças à leitura de livros de divulgação científica, cheguei à convicção que muitas das histórias da Bíblia não podiam ser verdadeiras. A conseqüência foi uma orgia positivamente fanática de livre-pensamento, acoplada à impressão de que o jovem é iludido de maniera intencional pelo Estado por meio de mentiras; foi uma impressão acachapante.
ISAACSON, W.: 40
Nunca fomos, nem é possível estarmos desligados do Universo. Tal privilégio, ou prerrogativa, é incondicional, e não depende como nadamos, ou afundamos. Assim como não há possibilidade de uma vez mergulhados no oceano permanecermos enxutos, igualmente não há como não estarmos totalmente integrados no plasma cósmico, na eternidade, e em tudo o mais, mesmo que a Igreja nisso não acredite.

A última cabeça da Hidra

Admiro RICHARD DAWKINS, que ainda não li: (Deus é um delírio. - Companhia das Letras, 2007). Mas se não for, nem vem ao caso, a não ser para nos alertar sobre a necessidade de nos livrarmos da fé: ainda que possa ser apreciada como genuinamente virtuosa, ela nada mais é do que preconceito, flagrante manifestação do carma. Não chegaria a tanto, mas BERTRAND RUSSELL (p. 21), detonou:
“Se houvesse um Deus, ele (ou ela, aquilo, ou eles) deveria ser julgado por crimes contra a humanidade.” .
Deus faltou com a palavra. Ele nunca disse nada para ninguém. Moisés veio com uns escritos, colhidos atrás dos montes. A Voz ninguém jamais ouviu. Dizem que é a populi, mas esta é inacreditável: costuma eleger energúmenos e oportunistas. Na Sua ausência, deveriam sentar na cadeira dos réus todos seus microondas, empilhadinhos, de acordo com o venerado feitio.
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A educação de nossas crianças ainda está a cargo dos papagaios religiosos, ou do corrupto Estado, último refúgio da Hidra.
Lia-se Marx, Weber, Dobb, Mannheim, Lukács, Heller e, em 1968, muito Marcuse. Também Gramsci começava a ser estudado. De início, no curso de História das Idéias, foram introduzidos os seus escritos sobre Maquiavel, mas nos anos 70, tornou-se um dos autores mais trabalhados, a ponto de, no princípio dos anos 80, ter sido tema de tese de livre-docência de um dos professores da Cadeira. Nos cursos de Instituições Políticas Brasileiras discutia-se desde as questões referentes ao escravismo, ao feudalismo e ao capitalismo na formação do estado brasileiro, debate que foi uma constante durante certo período, até os aspectos mais atuais do país, ou seja, a revolução brasileira, o populismo e o autoritarismo. Caio Prado e Celso Furtado eram leituras obrigatórias...
QUIRINO, Célia, Departamento de Pós-graduação em Ciências Políticas da USP
Como não há mal que sempre dure, e como mentira tem pernas curtas, ainda que seculares, antes que se confirme de uma vez o Declínio do Ocidente não convém elaborarmos algum plano B?

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