No limiar do XX soou o alarme: em súbito o Ocidente declinaria.. A profecia de Oswald Arnold Gottfried Spengler (1880 – 1936) catalizou debates historiográficos, filosóficos, sociológicos, e políticos da intelectualidade européia.
Falou-se muito nestes anos da decadência da Europa. Eu suplico fervorosamente que não se continue cometendo a ingenuidade de pensar em Spengler simplesmente porque se fale da decadência da Europa ou do Ocidente. Antes de que seu livro aparecera, todo o mundo falava disso, e o êxito de seu livro deveu-se, como é notório, a que tal suspeita ou preocupação preexistia em todas as cabeças, com os sentidos e pelas razões mais heteregêneas. GASSET, José Ortega Y, Rebelião das massas.Poderíamos listar quem teria formado essas cabeças? No XIX se encarregaram de alastrar a desgraça os senhores Hegel, Darwin, e Marx, "Hegel influiu nos negócios na Alemanha ao fim das guerras Napoleônicas, diante a profunda humilhação nacional perante a França e as aspirações de unificação política e criação de um estado nacional que correspondesse a unidade e grandeza da cultura germânica."(BOBBIO, N., Estudos sobre Hegel : direito, sociedade civil e Estado: 119) "Sem Hegel não há Darwin." (NIETZSCHE, F., Gaia Ciência.) "As imutáveis leis da História descritas por Marx, a luta desesperada pela sobrevivência de Darwin e as tempestuosas forças da sombria psiquê de Freud devem, em alguma medida, sua inspiração à teoria física de Newton. " (ZOHAR, D., e MARSHALL, I.: 16) "Não será audácia afirmar que em 1917, ano da revolução e insubordinação, assinalou também uma revolução cultural nos EUA - um movimento que iria adotar o vocabulário de Marx somado ao de Freud. (Psicanalista EDUARDO MASCARENHAS: 190)
MARX convocou todos os operários do mundo para provocar o colapso capitalista. "Unidos, jamais seriam vencidos"; só convencidos. .Como proceder tão gigantesco projeto o barbudo não logrou bem formular, mas a condenação da burguesia, de modo explícito, motivou ódios recíprocos.
Na era das chaminés, nenhum empregado isolado tinha um poder significativo em qualquer disputa com a firma. Só uma coletividade de trabalhadores, unidos e ameaçando parar o uso de seus músculos, podia obrigar uma administração recalcitrante a melhorar o salário ou as condições do empregado. Só a ação em grupo podia reduzir ou parar a produção, porque qualquer indivíduo era facilmente intercambiável e, por isso, substituível. Foi esta a base para a formação dos sindicatos de trabalhadores. TOFFLER, A., Powershift: As Mudanças do Poder, Um perfil da sociedade do século XXI pela análise das transformações na natureza do poderr: 23
Dessarte, no XX entraram em cena Sorel, Gramsci, Freud e Keynes para difundir as insanidades peloundo afora. Georges Sorel, “filósofo da técnica e um engenheiro moralista e pessimista” (SOREL, Georges, Reflexões Sobre a Violência, Introdução.) “talentoso intelectual” mais influente ao protótipo iminente da safadeza. "Georges Eugène Sorel (2 de novembro de 1847 – 29 de agosto de 1922) engenheiro formado pela École Polytechnique e teórico do sindicalismo revolucionário, muito popular na França, na Itália e nos Estados Unidos, teve suas idéias aceitas tanto pelo fascismo italiano (Benito Mussolini) quanto pelos comunistas deste país (Antonio Gramsci)" (Wikipédia)
Georges Sorel, o pai espiritual comum do fascismo e do bolchevismo, o ideólogo da violência, seja um homem profundamente pequeno-burguês, representante típico das classes médias francesas, preocupado com a decadência das 'autoridades sociais', que ele concebeu fielmente no espírito conservador de Le Play; preocupado, enfim, com a decadência vital da raça latina, pela qual ele responsabiliza violentamente a Inteligência; ao espírito ele prefere a vitalização pelos instintos bárbaros da massa. (Otto Maria Carpeaux, www.icones.com.br)
Von Mises testemunhou (A Mentalidade Anticapitalista: 102) e lamentou:
A ideologia mais perniciosa dos últimos sessenta anos foi o sindicalismo de George Sorel e seu entusiasmo pela action directè. Gerada por um frustrado intelectual francês, logo cativou os literatos de todos os países europeus. Foi fator de grande importância na radicalização de todos os movimentos subversivos. Influenciou o monarquismo francês, o militarismo e o anti-semitismo. Desempenhou um papel importante na evolução do bolchevismo russo, do fascismo italiano, bem como no movimento alemão de jovens que finalmente resultou no nazismo. Seu principal slogan era: violência e mais violência. O atual estado de coisas na Europa é em grande parte resultado da influência de Sorel.
"A escola maquiavelista considera fundamental e inelutável essa distinção entre o pequeno número de poderosos e a massa. " (SOREL, G., cits. SCHWARTZENBERG, R.-G., Sociologia Política: 226.) Mutatis mutandis o sofisma marxiano propiciou que todo tipo de gangster se agadanhasse do poder aliciando a gigantesca base popular:
Ora, a revolução que cabe melhor no esquema maquiavelista e pior no esquema marxista é a revolução soviética, típica tomada de poder por uma minoria que não era nem detentora dos meios de produção, nem representativa da massa da população, nem exprimia a classe socialmente dominante, mas que, organizada em partido, apoderou-se do Estado. ARON, Raymond, La lutte des classes, 1964; cit. idem: 233
Sorel promovera o hino à violência na homenagem aos primeiros atos de terror comunista (1905). A longa obra, publicada em 1906, foi complementada em vários anos seguintes, tempo que gastou o incendiário a pregar o extermínio da força que entendia contrária. A tanto, contava com a debilidade político-partidária, motivo da preferência às atividades sindicais. Líderes encaminhariam a greve geral antecedente a tomada do poder pelos proletários. O estado prenunciado por Sorel, tal qual a ciência de Hegel, Marx, Platão e a filosofia cartesiana sugeriam, primeiro deveria ser dividido, para em seguida ser colocado em antítese, operação justificada pelo extrato assim arrancado, à sombra dos mandamentos científicos. A idéia cerne de Georges empenhava-se na formação de um Exército Revolucionário tipo Unidos do Saque Geral, composição que Lênin haveria de alcançar dez anos após, curiosamente dispensando a via sindical pensada como único caminho: “O papel da violência surge-nos como singularmente grande na história, contanto que seja a expressão brutal e violenta da luta de classes. Nada se faz a não ser pela violência.” (Idem: 13) Seippel (in Sorel, G, Apêndice; Paul Johnson confirma a aproximação p. 43) mostrou o liame:
Lênin e Trotsky devem ter meditado pausadamente sobre o livro de Georges Sorel. Eles aplicam seus princípios com a lógica mais temível. Necessitam de um exército para impor a um grande povo, amorfo e adestrado a séculos a servidão, a dominação tirânica de uma minoria. Só querem por fim a Guerra estrangeiraaiante a guerra de classes para um Czarismo às avessas. É esse e o ideal que se propõe as nações européias.Bobbio ( Esquerda e Direita, Razões e significados: 9) confirma:
O autor de Reflexões sobre a violência desempenhou politicamente a função e o papel de inspirador de movimentos da esquerda: dele nasceu a corrente do sindicalismo revolucionário italiano, que teve seus quinze minutos de fama nas vicissitudes do socialismo em nosso país; em seus últimos anos de vida, ele próprio se tornou simultaneamente admirador de Mussolini e Lenin, e muitos de seus seguidores italianos confluiram para o fascismo.Einstein (cit. THOMAS, H., & THOMAS, D. L., Einstein, perfil bibliográfico, A Vida do Grande Cientista; Einstein por Ele Mesmo: 73) lamenta e responsabiliza a fórmula do sindicalismo, da contraposição de classes: “Vejo os homens se diferenciarem pelas classes sociais e sei que nada as justifica a não ser pela violência.”
Mussolini, no fim, confessou seguir fielmente os “doutos”conselhos de Sorel, jamais os de Einstein: (Il Nuovo Stato Unitario Italiano, cit. OCTÁVIO, Machiavel e o Brasil: 224) “Fiz a apologia da violência durante quase toda a minha vida.” (11) O socialista Poulantzas (Fascismo e Ditadura: 218) registra o escambo e a origem "intelectual":
O jogo de forças concebido nesse universo todo dialético constituiu convincente apelo, oportunidade jamais tão latente para que gangsters, fantasiados de heróicos príncipes, tentassem a ascenção ao poder. Eis legitimadas a sordidez e a violência de comunistas internacionalistas, sociais-nacionalistas e, em seguida, declarados fascistas, nazistas e simpatizantes.
O Marxismo introduziu dois axiomas: o de que a sociedade está dividida em classes cujos interesses estão em eterno conflito; e o de que os interesses do proletariado - só realizáveis através das lutas de classes - exigem a nacionalização dos meios de produção, de acordo com seus próprios interesses e em oposição aos interesses das outras classes. MISES, Ludwig von, Uma Crítica ao Intervencionismo: 139.BisMarx tomou a dianteira na terra de MARX. Espertamente o filantropo ofereceu à classe reivindicante a primeira série de concessão de pequenas benesses. Depois mandou os proletários aos campos talados de minas e canhões, para diminuir a despesa: “Na Alemanha o socialismo está impregnado do mesmo espírito despótico. O militarismo prussiano é o irmão inimigo do marxismo”. (SEIPPEL, P., cit. SOREL, G., Reflexões sobre a Violência, apêndice III: 314)
Depois de apanhar dessa Prússia, o marxista GEORGE SOREL sugeriu que a França poderia ser submetida pelos seus operários, desde que ordenados tal qual o Império Romano - uma arquitetura de ataque dividida em falanges, e assim os sindicatos foram paulatinamente engrossados.
ROSA DE LUXEMBURGO (Ao Conselho Nacional do Partido dos Trabalhadores Francês, 1901) tratava da mobilização:
A França hoje é o campo experimental dos assim chamados 'métodos práticos' do socialismo, que propõem, não destruir a sociedade capitalista, mas infiltrá-la, fundir-se com ela em uma mistura composta. Camaradas, vocês estão lutando hoje um combate difícil; vocês estão nos postos mais expostos na defesa das várias bases da emancipação proletária: a luta de classes. É em nome, no interesse de todos – da democracia socialista internacional – que vocês defendem o futuro do socialismo na França.Os grandiosos Jogos Olímpicos já tinham demonstrado as vantagens da paz, carreando a fraternidade e a prosperidade ao francês do XX recém nascido.
LENIN teve a chance de usar direto o esquálido exército arregimentado e refugado da I Grande Guerra, suficiente para surpreender os espraiados e desarmados agricultores russos. A Bolchevique foi uma ópera de sangue, por isso tão fácil quanto covarde, e alarmou o mundo inteiro. O preço do cumprimento da prediçaõ marxista fora longe demais. Não obstante, os operários ficariam a ver navios, enquanto a Nomenklatura se instalava nos cômodos palacianos.No primeiro quarto do XX, Gramsci, Sorel. E para coroá-los, o popular Spengler. The Decline of the West atingiu cem mil cópias vendidas. (LIONEL, Richard, A República de Weimar (1919-1933): 247) Se o futuro parecia assombroso, e a U.R.S.S já se adiantara, muito pior se tornou pelo convencimento da negritude pintada:O Declínio do Ocidente (1918) de Spengler, que pretendia reconhecer a ascendência morfológica da vida sobre a razão e do dinheiro e da máquina sobre a cultura e o indivíduo, atraiu intelectuais revoltados com os Estados Unidos por ser uma 'civilização comercial' puritana. Nos anos trinta, o texto de Spengler foi escolhido como um dos dez 'livros que mudaram nossa mente'. SPENGLER, O. Der Untergang des Abendlandes cit. DIGGINS, J.P: 42Prussianismo e Socialismo, justo neste 1919 (3), propugnara por organização rigorosa, mas ainda capitalista e, como Max Weber havia pedido, sob a égide de um senhor. Ao fanático formulador, cabia à Alemanha salvar o ocidente, desde que eliminasse a luta de classes. “Difundiu-se rapidamente a lenda de que a nação havia sido 'apunhalada pelas costas' pelos socialistas e judeus do governo.” (BURNS Edward McNall, LERNER Robert E. e STANDISH, Meacham: 702) Não era lenda. Leon Trotski encetou temerária participação, para o protesto de Webber (Diggins, J.: 271): “Com a típica vaidade de um literato russo, ele queria mais e esperava, por meio de uma guerra de palavras e do mau uso de certas palavras como 'paz' e 'autodeterminação', desencadear a guerra civil na Alemanha. “As ruas alemãs, mais uma vez, eram lavadas com sangue e lágrimas: “Durante vários dias as metralhadoras crepitam em Berlim. As tropas governamentais distribuem até armas aos civis que se apresentam como voluntários para liquidar os spartakistas.” ( RICHARD, L.: 42) Apesar do auxílio soviético, a rebelião foi esmagada. Rosa de Luxemburgo e Karl Liebknecht , que convocaram a luta nas ruas, ali mesmo tombaram. Tiveram o pouco de suas vidas jogadas em vão. O ambiente se adequava à demência de ambos os lados, confirmando os prenúncios de Seippel, e mesmo de Spengler, por inevitável fáustica. Esta peculiaridade, a vocação da civilização tecnológica e científica moderna para a arregimentação autoritária, ao gigantismo estatal, também seria motivo da pessimista inspiração do Admirável novo mundo de ALDOUS HUXLEY, e 1984, de GEORGE ORWELL. Mister a presença do pai, o paladino, o herói, o exemplo do super-homem esperado, ora até por "sociólogos":Ao se dedicar a um estudo do mundo contemporâneo, Weber concluiu ser inevitável que as sociedades caissem, cada vez mais, sob a influência de burocracias crescentes e potencialmente totalitárias. Reconhecendo o grau em que isso poderia ameacar a liberdade humana, Weber postulou a idéia da liderança 'carismática' como meio de fugir a mortífera tirania do controle estatal. O próprio Weber admitia os perigos, assim como as vantagens da autoridade carismática, perigos estes que as carreiras de Hitler e Mussolini logo tornariam gritantes. BURNS Edward McNall, LERNER Robert E. e STANDISH, Meacham: 710
E lá se veio a inditosa Revolução Socialista germânica a promover o despotismo bolchevique pelo Der Sozialismus:
Em Munique centenas de trabalhadores ocuparam estações ferroviárias e praças, enfrentando um exército de soldados e policiais. Arames farpados e barricadas brotavam por toda a parte, enquanto rajadas de metralhadoras varriam as ruas. Os vizinhos se acusavam mutuamente: 'Seu maldito bolchevique!' Ninguém estava a salvo dos delatores. Os revolucionários presos eram tratados como traidores. Em questão de semanas, os membros da Guarda Vermelha perceberam que haviam perdido sua mal concebida tentativa de tomar o poder; mas render-se significaria possivelmente enfrentar um esquadrão de fuzilamento. A loucura continuou assolando as ruas. DIGGINS, J.: 271
Após a I Guerra do outro lado dos Alpes, quando a precária situação já estava mais ou menos controlada, Mussolini procedeu a guinada. Na Marcha sobre Roma, fulgurou a gratidão do Duce: “É a Sorel que mais devo. O fascismo será soreliano".
O fascismo não acredita na possibilidade nem na utilidade da paz perpétua . Rejeita o pacifismo que esconde uma fuga diante da luta e uma covardia diante do sacrifício. Só a guerra eleva ao máximo de tensão todas as energias humanas e imprime uma marca de nobreza aos povos que tem coragem de enfrentá-la. O fascismo é contrário a todas utopias e às inovações jacobinas. Não crê na possibilidade de felicidade sobre a terra, no sentido pregado pelos economistas do século XVIII. BENITO MUSSOLINI, cit. MANSOUR, Challita, Mansour, ³. Vol.: 157.
“Il liberismo che non é che un aspetto piú vasto della dottrina del liberalismo economico, il liberismo viene colpito a morte.” (MUSSOLINI, Opera Omnia)
“É bem verdade que na cultura italiana daquele tempo o Filósofo por excelência era Hegel.” (cit. BOBBIO, N., Ensaios sobre Gramsci e o conceito de sociedade civil,: 92)
Vinte anos depois da Marcha sobre Roma Mussolini perdeu tudo, até mesmo a própria vida, mas havia oferecido ao mundo um exemplo de compactação da classe operária para conduzir qualquer aventureiro ao delírio. Passados mais dez anos, e lá se veio Fidel Castro a repetir o levante fascista, facilitada impostura pela docilidade cubana, quase nula tradição, a insignificância do exército nacional, e o reduzido cenário em que atuou. Nos molde soreliano Castro arregimentou parca milícia, intensificando a intenso treinamento de guerrilha. Ao poucos foram se juntando algumas altas patentes alijadas das benesses governamentais; por fim ingressaram alguns generais para consolidar a vitória da Revolução, "marchando até Havana, onde entrou em 8 de janeiro. Então conclamou:
A via que escolhi é a guerrilha que devemos desencadear nos campos e através da qual me integrarei definitivamente à Revolução Latino-americana. A guerrilha é, para mim, a única maneira de unir revolucionários brasileiros e de levar nosso povo ao poder. Como comunista, estou convencido de que meu gesto servirá ao menos para mostrar que comportamento revolucionário deve ter. CASTRO, FIDEL, cit. em ALVES, MÁRCIO MOREIRA, 68 Mudou o Mundo: 30.Mergulhados em mar-de-lama, a crise econômica sem precedentes se mostra de plano devastadora. Com nosotros, macaquitos brasileños, nada se faz por acaso.
O Centro Internacional do Livro, da Fundação Biblioteca Nacional, está recebendo, as inscrições de editoras dos estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa que queiram apoio para editar autores brasileiros. As editoras poderão receber apoio máximo de US$ 6 mil por obra. O objetivo é estimular a difusão da literatura e dos livros brasileiros nos países da África onde o português é a língua oficial. O novo edital está aberto a projetos de edição (e reedição) de obras literárias ou na área de humanidades já lançadas no Brasil. As inscrições são gratuitas, através do email programacplp@bn.br
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