terça-feira, 17 de julho de 2012

A inversão do Capitalismo - Trabalhadores capitalistas

A expectativa em relação ao Brasil é outra, totalmente diferente do que era há seis meses. Há, hoje, uma avaliação mais negativa sobre a capacidade do país de responder à crise. O ambiente econômico piorou e a visão geral é de que vai piorar mais. A fama de boa gerente da Dilma era mito’
O Brasil e a Argentina vem adotando integralmente a receita daqueles anos '30. Primeiro promoveram uma absurda recessão, disfarçada por intensa publicidade contrária. Quando agora ela bate firme na porta, valem-se de intervencionismos, controles financeiros, subsídios, descontos de impostos setoriais, incentivos segmentados, privilegiando empresas e pessoas a seu belprazer. Não adianta. Como dizia JK, "Cinco anos [de retrocesso] em um":
Nada mais me surpreende neste grande bordel que um dia foi a promissora República Federativa do Brasil. O mais lamentável é que não consigo vislumbrar no horizonte político o raiar de algum indício de melhora; ao contrário. É desalentador ver uma nação, vocacionada para conduzir, ser conduzida por porteiros de casas de tolerância de quinta categoria. O gigante continua deitado, só que não mais em berço tão esplêndido. Apequena-se com disseminação da desfaçatez e sente diminuir seu fulgor ante a sanha destruidora dos que teimam em reduzí-lo a mais uma mera republiqueta terceiromundista. ‘Distanciados da razão, Lula debocha dos brasileiros enquanto o PT devasta o país’,
Tal qual os espertalhões da época dos gangsters, ainda supõem os falsos malandros condutores do Brazilianic que a máquina acionada a todo vapor, o dinheiro em profusão será capaz de desviar do formidável iceberg, e destarte saírem ilesos da triste chanchada. Ledo engano, o mais clássico dos erros. "As políticas mundiais de crescimento induzido pelo Estado tiveram exatamente o efeito oposto do que pretendiam: tinham aumentado, e não reduzido, o custo da produção de bens e serviços e tinham abaixado, e não aumentado, a capacidade das economias de conseguirem uma produção vendável."(SKIDELSKI: 140)
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A cultura medieval superior floresceu porque o povo seguia a visão da cidade de Deus. A sociedade moderna floresceu porque o povo foi vitalizado pela visão do crescimento da Cidade Terrena do Progresso. Em nosso século, porém, esta visão deteriorou-se no que foi a Torre de Babel, que está agora começando a ruir e em última análise sepultará a todos em suas ruína. Se a Cidade de Deus e a Cidade Terrena foram tese e antítese, a única alternativa para o caos é uma nova síntese. FROMM, E., 195 
"Mirem-se no exemplo" não das alienadas "mulheres de Atenas", e sim daquelas de Berlim, conduzidas pela Dama de Aço Ela sofreu na carne ainda mais do que os soviéticas as consequências das insanidades sociais. Merkel mantém o Euro com uma firmeza capaz de garantir a harmonia social, sem prejuízo de ninguém. Não por acaso, o desempenho germânico ora é o carro-chefe da reversão.. Toda a geração passada almejava fugir daquela Oriental. Hoje há verdadeira romaria a seu destino Alemanha vira destino dos desempregados da Europa. A receita obedece uma simplicidade acaciana:
A implicação geral da teoria do equilíbrio competitivo é que o papel do governo deve ser o menor possível e um setor público pequeno implica que os custos de manutenção serão pequenos, assim como os impostos necessários para financiá-los. Na medida do possível, segundo esse modelo, as funções do Estado devem desaparecer. Para melhor servir aos interesses do povo, não deveria existir Estado. Essa é, evidentemente, uma conclusão muito semelhante aquela a que Karl Marx chegou em seus escritos políticos: sob a ótica do socialismo, o Estado desapareceria. Pode parecer irônico que o modelo econômico do livre-mercado afirme que, sob o capitalismo de livre-mercado esse fenômeno também deve acontecer; mas existem mais semelhanças do que se poderia imaginar entre a teoria econômica de uma sociedade socialista e a teoria econômica de uma sociedade baseada exclusivamente na livre iniciativa. ORMEROD, P; 1996: 86
O senso comum percebe que a matéria é uma coisa, e a energia, ou espírito, ou o intangível outra. Do mesmo modo a convenção estipula que o capital é um, e o trabalho outro. Quem ousaria dissuadir tamanha obviedade?
Por isso não é de estranhar que muitos universitários ainda imaginem Einstein como uma espécie surrealista de matemático, e não como descobridor de certas leis cósmicas de imensa importância na silenciosa luta do homem pela compreensão da realidade física. Eles ignoram que a Relatividade, acima de sua importância científica, representa um sistema filosófico fundamental, que aumenta e ilumina as reflexões dos grandes epistemologistas - Locke, Berkeley e Hume. Em conseqüência, bem pouca idéia têm do vasto universo, tão misteriosamente ordenado, em que vivem. BARNETT, LINCOLN, O Universo e o Dr. Einstein: 12
LOCKE, SMITH, e ABRAHAM LINCOLN (cit. CHALLITA, Mansour: 157) antecipadamente observaram o que MARX e seus descendentes ignoraram: "O trabalho é anterior ao capital e independente dele. O capital nada mais é do que fruto do trabalho. Não existiria se o trabalho não tivesse existido primeiro. O trabalho é superior ao capital e merece uma consideração mais elevada. Todavia, o capital tem direitos dignos de serem protegidos, como qualquer outro direito."
Houve uma ruptura mundial com a tradição do ‘fordismo’, na qual a produção em massa reinava suprema e os trabalhadores individuais eram um fator de custo a minimizar. A nova abordagem da manufatura valoriza o indivíduo e as equipes de trabalhadores qualificados, constantemente treinados, capazes de assumir responsabilidades, de usar redes e de se organizarem em regime de autogestão os empregados terão, graças ao aumento de seus conhecimentos, uma fatia maior dos meios de produção. DERTOUZOS: 270
Classe média quer empreender Antigamente o capital se resumia no valor da terra - quase impossível de outra forma.  Hoje ele se forma através de enorme gama, em conjugação, ou não: pela criatividade, inovação, educação, conhecimento, vocação, vontade, trabalho, dedicação, cooperação, disciplina, preparo, capacitação, imaginação, informação, intercâmbio, interatividade, música, técnica, idéia, sonho, conhecimento, arte, cultura, humanismo, compaixão, solidariedade, gratidão; fé e amor. Romântico? Utópico? Como vimos. nem tanto.
Uma coisa é certa, a hora uniforme do relógio não é mais pertinente para a medida do trabalho. Essa inadequação há muito era flagrante para a atividade dos artistas e dos intelectuais, mas hoje se estende progressivamente ao conjunto das atividades. Compreende-se porque a redução do tempo de trabalho não pode ser uma solução a longo prazo para o problema do desemprego: ela pereniza, com um sistema de medida, uma concepção de trabalho e uma organização da produção condenadas pela evolução da economia e da sociedade. Só se pode medir – e portanto remunerar – legitimamente um trabalho por hora quando se trata de uma força de trabalho-potencial (já determinado, pura execução) que se realiza. Um saber alimentado, uma competência virtual que se atualiza, é uma resolução inventiva de um problema numa situação nova. Como avaliar a reserva de inteligência? Certamente não pelo diploma. Como medir a qualidade em contexto? Não será usando um relógio. No domínio do trabalho, como alhures, a virtualização nos faz viver a passagem de uma economia das substâncias a uma economia dos acontecimentos. Quando irão as instituições e as mentalidades acolher conceitos adequados? Como aplicar os sistemas de medida que acompanham esta mutação? LÉVY, P.: 61
No futuro haverá uma possibilida­de de metamorfose sociológico-cultural que responderá à realidade da interde­pendência planetária atual. Tudo deve ser reformado, a Justiça, a economia, a burocracia, o consumo, o modo de vida, o amor. MORIN, E. Pela rebelião sustentável
Do lado da sociologia, sabe-se que mesmo um autor como Luhmann acabou por se ver compelido a introduzir uma mudança radical no paradigma das relações entre a pessoa e o sistema social. Deixando de ser categorizada como mero ambiente do sistema social, a pessoa passa a valer, também ela própria, como sistema. A pessoa vê-se, assim, chamada - e legitimada - a desafiar permanentemente o sistema social, como fonte de 'contingência', 'irritação', mesmo desordem. De acordo com o 'novo paradigma luhmanniano', na construção de sistemas sociais, a complexidade opaca dos sistemas pessoais aparece como indeterminabilidade e contingência. Não sobrando para o sistema social outra alternativa que não seja 'interiorizar a complexidade' irredutível, emergente da pessoa. O que bem justificara a pretensão de apresentar a nova teoria de Soziale Systeme (1984) como uma Zwang zur Autonomie. ANDRADE, M.: 26.
BRUNO LATOUR (Das Sociedades Animais às Sociedades Humanas; cit. WITKOWSKI: 207) apresenta sua contribuição:
Depois do livro do americano Edward O. Wilson, Sociobiology e dos ensaios do inglês Richard Dawkins, os geneticistas das populações, assim como os especialistas em insetos sociais, procuraram compreender a organização social a partir dos interesses individuais. Não existe o formigueiro; só existem as formigas. Não existe a espécie; só existe o indivíduo. Falar de um sacrifício pelo grupo é, portanto, uma impossibilidade - pelo menos se estudarmos a evolução darwiniana dos caracteres sociais. Era preciso repensar a sociedade animal como a resultante do cálculo dos indivíduos e não mais como um vasto sistema dentro do qual os animais nascem e morrem. Esta revolução entre os animais assemelha-se às revoluções que as ciências políticas conheceram duzentos anos antes.
“Ninguém duvida de que os indivíduos formam a sociedade ou de que toda sociedade é uma sociedade de indivíduos.” (ELIAS, A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1994: 16)
Existe uma acentuada complementariedade entre a condição de agente individual e as disposições sociais: é importante o reconhecimento simultâneo da centralidade da liberdade individual e da força das influências sociais sobre o grau e o alcance da liberdade individual. Para combater os problemas que enfrentamos, temos que considerar a liberdade individual um compromisso social. Essa é a abordagem básica que este livro procura explorar e examinar. A expansão da liberdade é vista, por essa abordagem, como o principal fim e o principal meio do desenvolvimento. O desenvolvimento consiste na eliminação de privações de liberdade que limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer ponderadamente sua condição de agente. SEN, A. 2000:10
"Todas as formas de cooperação social legítima são portanto obra de indivíduos que nela consentem voluntariamente; não há poderes nem direitos exercidos legalmente por associações, inclusive pelo Estado, que não sejam direitos já possuídos por cada indivíduo que age sozinho no justo estado de natureza inicial." (RAWLS, J.: 11) Por isso o físico nuclear Richard Feynman (O significado de tudo: reflexões de um cidadão cientista, p. 14) assim abria suas palestras: “Não há praticamente nada do que vou dizer esta noite que não pudesse já ter sido dito pelos filósofos do século XVII”. Para encerrá-las o pesquisador de Los Alamos trocava o “vou dizer” por “eu disse“; e praticamente repetia as concepções de Locke e Smith:
Nenhum governo tem o direito de decidir sobre a verdade dos princípios científicos nem de prescrever de algum modo o caráter das questões a investigar. Também nenhum governo pode determinar o valor estético da criação artística nem limitar as formas de expressão artística ou literária. Nem deve pronunciar-se sobre a validade de doutrinas econômicas, históricas, religiosas ou filosóficas. Em vez disso, tem para com os cidadãos o dever de manter a liberdade, de deixar os cidadãos contribuírem para a continuação da aventura e do desenvolvimento da raça humana. Obrigado.
O Físico Amit Goswami há muito já sabe: "O núcleo do novo paradigma é o reconhecimento de que a ciência moderna confirma uma idéia antiga - a idéia de que consciência, e não matéria, é o substrato de tudo que existe." Acompanha-lhe Ben-Dov (p.149): "Ora, nossas observações do mundo exterior, que nos conduzem à física, nos revelam um universo constituído de uma multiplicidade de sistemas ‘abertos’, todos em incessante interação com seu ambiente." 
O Iluminismo é uma paisagem distante das belas praias de Pindorama, onde se banham os filhos de Macunaíma – “um herói sem nenhum caráter, o herói da nossa gente”, segundo os epítetos de Mario de Andrade – com sua frivolidade de Maria Antonieta, hedonismo de carpe diem horaciano e ignorância de Crassus, a assim chamada ignorância crassa. Mario Guerreiro
A velocidade das comunicações, e, por conseqüência, das alterações, as quais já não conhecem tempo, nem barreira, sequer distância, indica que o político tem que ser sua imediata expressão, sob pena de um fim profundamente lamentável, soterrado nos escombros de sua própria morada. Resta-lhe se despirem dos adereços e abandonarem o palco ilusionista no qual florescem as ervas daninhas e o podre odor suavizado nas gotas dos seus falsos ideais. A mudança para um humanismo congraçado com a natureza, por isto mais sensível, solidário e complementar, mostra-se tarefa inadiável, envolvente, prazeirosa e natural, bem ao gosto da Teia da Vida, de CAPRA. O imperativo da melhor convivência do habitante com o meio ambiente, contudo, não pode olvidar, por óbvio pre-requisito ou extensão, o semelhante. Isto condiciona, pois, o aprimoramento das relações pessoais; por conseguinte, sociais. Em outras palavras: pelo respeito e consideração ao indivíduo (só por ele), chegamos ao resultado social: "A época moderna pode ser considerada como fim da história, se tomarmos ‘fim’ no sentido de ‘telos’ coletivo da humanidade. Cumprindo esse ‘telos’, não haveria outros fins universais e sim individuais ou particulares. Isso representaria a possibilidade da multiplicação indefinível dos fins." (FUKUYAMA, F., O fim da história e o último homem)
O novo Individualismo – a serviço do qual, quer queira, quer não, está o socialismo – será a harmonia perfeita. Será o que o Grego buscou, mas não pôde alcançar completamente, a não ser no plano das Idéias, porque tinham escravos, e os alimentava; será o que a Renascença buscou, mas não pôde alcançar completamente, a não ser no plano da Arte, porque tinham escravos e os entregavam à fome. Será completo e, por meio dele, cada homem atingirá a perfeição. O novo Individualismo é o novo Helenismo. WILDE, O.: 86
Escritório sem chefe: utopia ou caos?
O escritório sem chefe: nova onda do futuro ou uma ideia que será sempre um sonho utópico, dada a indefectível capacidade de intromissão da natureza humana? Artigos recentes na imprensa corporativa exaltam os benefícios dos locais de trabalho sem chefes e gente sem títulos de cargos, onde os empregados decidem em que projetos trabalhar, a quem contratar e demitir. Os professores da Wharton e especialistas de outras instituições analisam a viabilidade da ideia e em que circunstâncias ela poderia funcionar.
http://www.wharton.universia.net/index.cfm?fa=viewArticle&id=2249&language=portuguese
"Os interesses dos indivíduos se compensam entre si e o produto final coincide com o interesse da comunidade. Em outras palavras, a consciência do indivíduo é árbitro e condutor, tanto do interesse público quanto do privado, que não é obra do acaso." (TOCQUEVILLE, A.,1997:18) “De fato, a vida no espaço cibernético parece estar se moldando exatamente como Thomas Jefferson gostaria: fundada no primado da liberdade individual e no compromisso com o pluralismo, a diversidade e a comunidade.” (NAISBITT, J., Paradoxo Global: 96)
Thurow se utiliza desta imagem potente para invocar cinco forças econômicas que moldam o nosso mundo material, seja ele econômico, seja político: o fim do comunismo; mudanças tecnológicas para uma era dominada pela inteligência humana; demografia inédita e revolucionária; uma era multipolar que desconhece qualquer tipo de dominância econômica, política, ou militar por qualquer nação. RAIMAR, R., in THUROW, L., O Futuro do Capitalismo: 7
Naturalmente nada disso tem a ver com socialismos de maior ou menor amplitude, muito menos comunismos. Mas a sociedade capitalista montada exclusivamente na vela-mestra está fadada ao encalhe. O dinheiro é letárgico, amorfo, sem criatividade, gordo, ruim das cadeiras, impotente. 
Tanto quanto a religião e as “leis” de movimento descritas pelos telescópios de Galileu e Kepler avalizadas por Newton, as contemplações sociais são provenientes de jogo de espelhos a refletirem coincidências pelas quais operam os encantadores mágicos sociais; não fotografam a realidade, mas a projeção da crença no céu, para proventos na Terra. O materialismo clássico, qualquer determinismo enfim, conduz justamente a uma "teologia", não à Ciência, tampouco a Filosofia, que lhes são muito mais amplas; e por conseguinte, superiores.
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Um comentário:

  1. Os interessados em participar do processo de renovação dos colegiados setoriais que compõem o Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) terão até o dia 8 de agosto para realizarem o cadastramento como eleitores e candidatos na plataforma disponibilizada pelo Ministério da Cultura (MinC) através de seu portal.Os mecanismos do processo eleitoral foram estabelecidos pela portaria nº 51 que escolherá novos representantes da sociedade civil para os colegiados setoriais de Artes Visuais, Circo, Culturas Indígenas, Culturas Populares, Dança, Livro, Leitura e Literatura, Moda, Música e Teatro. Além disso, serão instituídos os novos colegiados de Arquitetura e Urbanismo, Arquivos, Arte Digital, Artesanato, Culturas Afro-brasileiras, Design, Patrimônio Imaterial e Patrimônio Material. Os novos representantes da sociedade civil vão exercer mandatos no período de 2012 a 2014. Documentação necessária - Para participar como eleitores, os interessados deverão ter, no mínimo, 18 anos, preencher o formulário de cadastramento, comprovar a atuação de três anos no setor em que desejam participar e apresentar cópia digitalizada dos documentos pessoais e do currículo profissional, dentre outros. Para o cadastramento como candidato, será necessário, também, a apresentação de carta de apoio subscrita por entidade com atuação na área em que concorre ou pelo menos dez eleitores da mesma área.

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