quarta-feira, 15 de junho de 2011

A conturbação mundial

 A magestosa terceira onda 
Pois o chamado ‘fim da história’ nada mais é do que a emancipação da multiplicidade dos horizontes de sentido. É o nome de uma ruptura, de uma crise relativamente à tradição. Estamos diante de uma nova episteme: da indeterminação, da descontinuidade, do deslocamento, do pluralismo (teórico e ético), da proliferação dos projetos e modelos, da ampliação de todas as perspectivas e do tempo da criatividade.
JAPIASSÚ, H., Nascimento e morte das ciências humanas: 10
O fim da história coincide com o fim das estórias que a compuseram. As transformações anunciadas há meio século surgem avassaladoras. As soluções tecnológicas tem evoluído de  maneira vertiginosa, porém em meio linear, no compasso do tempo, e por ele, um tanto previsíveis.  Pelo lado humano, contudo, em suas expressões sociológicas, políticas e econômicas,  invade-nos uma fulminante catarse, um tsunâmi, pero de luz, com amplitude ilimitada, apta a solapar de verêda costumes de todo o globo. Mercê de espaçonaves o trenzinho da história circulará apenas no playground infantil.
Por largo tempo, a rigor ao través de todo o século, a Filosofia se manteve no ostracismo, marginal por estéril, até imprestável, coisa de louco. Depois de Nietzsche, não mais que dúzia  de pensadores fulguram com alguma contribuição mais consistente. Importava a certeza, a ciência e seus frutos. A certeza científica se foi ao nascer do XX, mas os filósofos não souberam disso, porque avessos à ciência. Eric Kraemer (La grand mutation cit. Goytisolo: 69), estabeleceu contundente crítica: "Entre a teoria dos quanta, que sustenta o edifício científico da idade atômica e o pensamento dos economistas e filósofos, marxistas e tecnocratas, parece terem deccorridos séculos. Já não falam a mesma língua. Já não têm nem uma idéia comum."
Desde então, felizmente, desde essa década famosa, tudo se reaproxima, e curiosamente, por iniciativa popular. O enorme movimento vem se imiscuindo sutilmente no meio da gente, encorpando-se para nos elevar à mira de horizonte muito além dos jardins. A. Malslow e A. Toffler bem divisaram o choque que a Terceira Onda já estava ensejando: 
É cada vez mais claro que uma revolução filosófica se encontra em marcha. Um sistema abrangente está se desenvolvendo com rapidez, como uma árvore que começa a dar frutos em todos os seus galhos ao mesmo tempo. MASLOW, cit. FERGUNSON, M.: 54
A revolução filosófica aniquilou ambas ditaduras - de direita e de esquerda. Foram anos despencando nomenklaturas pelo mundo afora, as últimas ainda balançando pelo Oriente. O mundo civilizado supôs cumprida a tarefa. Os sistemas mais ou menos democráticos mantiveram o mundo na paz, raramente se impondo por armas, como a dupla aloprada.  Os príncipes acreditaram  que  a diferença fosse apenas a legitimação pelas urnas. Esta força, este exército derruba qualquer país.
Uma das mais importantes e fundamentais bases de desenvolvimento de uma nação é a conscientização da força política que reside nas mãos de todos os cidadãos, e não nesta alienação generalizada que prega que o povo é impotente ou incompetente para cuidar de si, como ocorre, similarmente, na ideologia que prega que o 'paciente' (= passivo) é incompetente para cuidar de si mesmo, cabendo ao sábio 'médico' (que é o doutor ativo) a responsabilidade sobre o corpo que não lhe pertence, como a um mecânico a que não pertence a máquina que cuida. Ora, somos nós, os cidadãos, os destinatários da nação. Somos nós que temos o poder de escolher. Somos os senhores desta sociedade institucionalizada que forma o Estado Brasileiro, e não o inverso. E isto está escrito bem em frente ao livro que se chama Constituição: 'Todo o Poder emana do Povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente'. (Haddad, Claudio L.S., Quem precisa de Política Industrial. - Perspectiva Econômica, Gazeta Mercantil, outubro de 1994 )
E assim pretensamente legitimados porque representantes eleitos  todos conservam o cerne das estratégias, digo das vitoriosas artimanhas co cores sociais veiculadas pelas ditaduras, essas  perversões, cuja plataforma excede dezena de gerações. Neste campo sei contar apenas o que cabe na palma da mão.
De fato, é como as nações modernas estivessem repetindo cegamente o erro que foi fatal para as cidades gregas, dois mil e quinhentos anos atrás. Por mais incongruente que isso possa parecer, minha impressão é de que a peça que estamos encenando já foi montada na Grécia, na época do nascimento da filosofia socrática. É que, desde Platão, as coisas praticamente não mudaram. É como se a espécie humana não pudesse escapar da mediocridade de seu destino. SAUTET, Marc, 2006: 15/86
Diante da parcimônia generalizada, na verdade expectativa, tal qual voto de confiança naqueles que se apresentavam para trabalhar por todos, alguns príncipes obtiveram carta-branca e cartão-corporativo para levarem as nações onde melhor lhes aprouvesse. Dessarte o rebanho foi mantido no brete, enquanto os pastores se rejubilam com a fartura de  lã e carne:
O Brasil oficial é o poder e sua face visível; o real é a vida, o dia a dia das pessoas. Políticas públicas são feitas com base no oficial. Gestores têm que estar bem com seus pares e chefes para permanecerem nos cargos ou serem promovidos. Não existe incentivo para políticas que priorizem a ponta da linha, o beneficiário, a população.
Quanto mais forte a vontade de poder, menor o apreço à liberdade. A negação total do valor da liberdade, a maximinização do domínio - eis ai a idéia de autocracia e o princípio do absolutismo político, que se caracterizam pelo fato de todo o poder do Estado estar concentrado em um único indivíduo, o governante . KELSEN, H., A Democracia: 181
O que se vê alhures são convulsões sociais sem haver nenhuma guerra internacional para culpar, ou motivar, ao contrário. Ao mais afoito o rei Juan Carlos sugeriu apenas calar a boca. Nenhum deles se deu conta da responsabilidade assumida, preferindo manter o estilo de nomenklatura, porém de modo ainda mais acentuado, porque agora de alcance global. Países amigos dão-se as mãos, facilitando o câmbio, naturalmente. Se no XIX os governos contavam com um armamento fortíssimo, não havia, contudo, transações financeiras entre eles. Bem sabemos, a força hoje em dia está completamenrte desmoralizada, de tal maneira que os mais armados derrubaram o muro e depuseram suas armas, de livre e expontânea vontade,  mas hoje as nomenklaturas  contam com este instrumento infinitamente mais poderoso, e, claro, também infinitamente mais perigoso, que é a manipulação das suas respectivas economias frente as demais moedas circulantes. O capital já não obedece fronteira. Os petrodólares venezuelanos rechearam malas argentinas. Nosso BNDEs financia porto cubano, mas a obra é afeta a empreiteiro patrocinador de Lula. A Europa minimizou a gravidade com a instituição do Euro, mas no restante, todos ficaram livres para gerenciarem seus tesouros de modo que melhor lhes aprouvesse. A única coisa intolerável, comum a todas ditaduras,  seria a manutenção inflacionária. Como as economias estão interligadas, o FMI monitora este perigo,de modo que até pode tolerar um pouco mais, como no caso argentino, mas não há mais como prosperar qualquer sistema monetário calcado em promessas de cobertura. Restou aos principes trabalharem livremente com uma montoeira de dinheiro jamais recolhida em tempo nenhum, com o compromisso de satifazer seus proprietários - os cidadãos. Não lembro de nenhum que tenha trabalhado a contento. Nem  poderiam, como não podem. Usar os mésmos métodos daquele insano XIX, só pode levar seus proprietários à bancarrota semelhante aos dois predecessores.
Não existe tirania mais cruel do que a exercida à sombra da lei e com uma aparência de justiça, quando, por assim dizer, os infelizes são afogados com a própria prancha em que tinham sido salvos. MONTESQUIEU,O espírito das leis: : 109
Persiste, todavia, a mais a notável diferença entre a terra arrasada,  o ato perfeito consumado nos EUA, U.R.S.S., Itália e Alemanha,  e agora, de novo ameaçando a Europa e Eua. Na década de trinta era fácil enganar. Hoje o povo acorda a tempo de se reunir mais rapidamente do que os exércitos. Os príncipes não contavam com essa, Julgavam-se senhores até mesmo do tempo, uma vez que a cadência de sua banda é que fazia o povo marchar. Qualquer  chama era facilmente apagada com extintor, ou brucutú. Hoje qualquer uma, por menor que seja a fagulha, tende a se proliferar na velocidade da luz. Impossível detê-lal. Os príncipes estão embretados. Véspera de mudanças radicais
O estilo de vida Web muda a natureza da relação entre empresas e clientes, e entre governos e cidadãos. Em última análise, põe o consumidor-cidadão no comando da relação. GATES, B., A empresa na velocidade do pensamento: 136.
 
Quando a Lua estiver na sétima casa, e Jupiter alinhado com Marte, então a paz conduzirá os planetas, e o amor orientará as estrelas.
Este é o início da Era de Aquarius
Nosso Estado costuma postergar,  mas na vanguarda aceleraram-se as mudanças, até como jeito de salvar a própria pele. De início haverá  apenas trocas de personagens, de atores,  mas a Nova Era exigirá alterações constitucionais em todos os países, a maioria de modo radical  Tvs  norteamericanas já exibem debates à eleição futura.  Enorme contingente se opõe ao modo de conduzir  a locomotiva..  Perú, Portugal e Itália saíram na frente. Os europeus determinaram fragorosas derrotas aos governantes, a última impondo mais um vexame ao fanfarrão intérprete do Duce. Não vou aqui listar um a um Nenhum governante parece agradar.
Então, agora me permita. Se em todos os países há desagrado com os governos, a ponto das pessoas se revoltarem e saírem às ruas, ou seja, os proprietários exigirem o que é seu, isso significa simplesmente que não  somente as escolhas dos representantes está equivocada, mas o sistema que  vem ensejando tanta manifestação de desagrado e com razão. Grosso modo todas economias parecem arruinadas. Não obstante, a montanha arrecadada pelos governos cada dia aumenta mais, de modo que é completamente inexplicável qualquer economia se danar -  a não ser. é claro, por gerenciamento temerário, corrupto, ao estilo '30. Ninguém de sã consciência pode se sentir satisfeito com este quadro, totalmente inesperado. Mas, dizia, se todos estão desagradando, o defeito não está apenas e mal escolher, mas nos sistemas que ainda permitem esses governantes manejarem os enormes recursos com os ideais e com instrumentos  do XIX, os que mantiveram as ditaduras. Este é o grande desafio para o Século XXI de que modo proceder uma democracia dentro do espírito pelo qual ela foi criada, se isso significa retroceder ao século XVIII?
Bem, poderemos fazer apenas uma escala, um flash-back para depois, ao invés de pervertê-la, como bem souberam França, Itália, Alemanha e até o Eua, aprimorá-lo com os conhecimentos e instrumentos de nosso século, ora essa. Infelizmente a estaca fincada naquele longínquo século não mais levou nenhum retoque. Isso não deixa de ser muito estranho, mais ainda em mundo absurdamente diverso daquela época. 
Do lado da sociologia, sabe-se que mesmo um autor como Luhmann acabou por se ver compelido a introduzir uma mudança radical no paradigma das relações entre a pessoa e o sistema social. Deixando de ser categorizada como mero ambiente do sistema social, a pessoa passa a valer, também ela própria, como sistema. A pessoa vê-se, assim, chamada - e legitimada - a desafiar permanentemente o sistema social, como fonte de 'contingência', 'irritação', mesmo desordem. De acordo com o 'novo paradigma luhmanniano', na construção de sistemas sociais, a complexidade opaca dos sistemas pessoais aparece como indeterminabilidade e contingência. Não sobrando para o sistema social outra alternativa que não seja 'interiorizar a complexidade' irredutível, emergente da pessoa. O que bem justificara a pretensão de apresentar a nova teoria de Soziale Systeme (1984) como uma Zwang zur Autonomie.
ANDRADE, M.: 26
A dimensão não significa retorno ao maldito liberalismo, mas apenas uma tentativa de perceber o elo-perdido, porém não desconhecido no country que se mantém incólume desde então - aliás, o único!  Naisbitt (p.96) reconhece:
De fato, a vida no espaço cibernético parece estar se moldando exatamente como Thomas Jefferson gostaria: fundada no primado da liberdade individual e no compromisso com o pluralismo, a diversidade e a comunidade.
Se o Iluminismo resplandeceu pelo farol de Shaftesbury, hoje contamos com  iluminação a laser (Light amplification by stimulated emission of radiation), para desfazer as mais velhas sombras de dúvidas. Com tamanho equipamento fica fácil flagrar quem trilhou a sapiência, quem optou pela tapeação, ou preferiu a violência, e os resultados por todos os lados colhidos. Cada cidadão torna-se elemento multiplicador, sopro direto no velame do nosso habitat espacial. E com o crescente vento pode ser içada, junto ao mastro padrão, a vela mestra constitucional  peculiar a cada país, suficientemente forte para não se rasgar por sofismas; enxuta, para não arrastar a inércia e eficaz para não obstaculizar, considerando sempre e o máximo possível, a relatividade do universo de cada ser, de cada cidadão. Assim são balizadas a Teoria da Relatividade e a Teoria Quântica. Dessartes se antecipava o Século das Luzes, imediatamente apagado pelos amigos do alheio.

Um comentário:

  1. As principais bolsas de valores européias abrem o dia em baixa moderada hoje pela manhã, com os investidores em dúvida em relação ao resgate financeiro da Grécia. O Euro também perde valor em relação ao Dólar, com o clima de pessimismo em relação às economias européias. A maior preocupação agora é com a saúde financeira dos bancos gregos, que segundo analistas, poderiam contagiar toda a região em caso de moratória da dívida pública pelo governo da Grécia. O Primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, está disposto a renunciar ao seu cargo caso isso ajude os políticos do país a se unir na aprovação de novas medidas de austeridade fiscal. No entanto, o mercado reagiu mal à oferta, imaginando que a situação pode ser pior do que parece. O mau humor nos mercados financeiros afeta, em menor parte, os futuros dos índices norte-americanos agora pela manhã. No Brasil será divulgada a ata da última reunião do COPOM, que decidiu por aumentar a taxa Selic para 12,25% ao ano no país. Os analistas acreditam que os membros do comitê de política monetária indicarão um novo aumento de 0,25% na próxima reunião.

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