segunda-feira, 1 de novembro de 2010

"Brasil elege a primeira mulher"




Virgílio indicou os sinais pelos quais se pode avaliar, de antemão, se o boi é bom de charrua e a vaca para reprodução. Erasmo de Roterdã (1466-1535)
"Acabou o clube do bolinha“, diz o jornal Extra, do Rio de Janeiro. O Estado de Minas também vibra: “Mineira será a primeira presidente”. O Diário de Santa Maria celebra o casamento: “Gaúcha de coração faz história”. Mais uma vez arrisca o coração riograndense ser enganado, tanto quanto a  constatação mineira, e a expectativa do mais patriótico brasileiro que nela votou.
A jornal da Bulgária  DILMA ROUSSEUF disse que "em certa medida" se considera búlgara. Nossa eleita  confessou seus "sentimentos de ternura e amor" com aquele país. Felizmente uma traição neste caso será difícil: The Economist informa que os búlgaros não gostaram, como rechaçam SARKOZY. A excessão vem do pessoal mais chegado, mas que por si  também não oferece perigo à infidelidade:
O que tem de primo da Dilma ligando da Bulgária para pedir emprego na Casa Civil de seu governo, francamente…Nem o Lula tinha tanto parente em Pernambuco quando foi eleito. VASQUES, T., Estadão
Da cidadela onde jaz prefeito recentemente assassinado  o Diário do Grande ABC pinta o novo horizonte e respira aliviado: Brasil cor-de-rosa. Para quem consagrou o primeiro operário, e tornou palhaço campeão de votos, preferir alguém do sexo "oposto" ao costumeiro nem seria assim tão marcante, ou inusitado. Ao argentino não surpreende. O Clarín  toca flauta nos macaquitos brasileños: También en Brasil una mujer llegó a la Presidencia. A coincidência não se restringe ao gênero. JUAN DOMINGOS PERÓN dizia: “eu fiz Evita”. A própria EVITA afirmava ser “uma serva fiel de Perón”. Os sofridos argentinos ainda amargaram uma ISABELLITA, antes de embarcarem na gelada CRISTINA KIRCHNER,  designada candidata presidencial por seu marido, NÉSTOR KIRCHNER, em julho de 2007, sem convenção partidária alguma.
O inglês vê, mas não acredita.
Os eleitores brasileiros optaram pela continuidade do “lulismo” através de Dilma Rousseff, mas a decepção com a próxima presidente será inevitável, na avaliação de um editorial publicado nesta terça-feira pelo diário britânico The GuardianBBC-Brasil
O sarcástico The Economist não economiza:
Lula disse que tinha planos de mudar seu nome para Dilma Rousseff e correr novamente. Brasileiros vão descobrir logo se Dilma Rousseff é mesmo mulher, ou simplesmente Lula no batom.
Até nau lusitana se atreve na piada, porque meio portuguesa, com certeza:

DILMA, A TACHTER DO POVO OU A SÓCRATES DE SAIAS?

«A partir de 1978, Dilma passou a frequentar a Universidade Estadual de Campinas, com a intenção de cursar mestrado. Nessa época, participava de um grupo de discussão em São Paulo com outros ex-integrantes da VAR Palmares, dentre os quais Rui Falcão, Antonio Roberto Espinosa, seu companheiro de prisão e, eventualmente, Carlos Araújo. Com reuniões trimestrais, o grupo durou cerca de dois anos, lendo obras de Marx, Poulantzas e Althusser, discutindo o melhor momento de retomar a atividade política. Sobre a polêmica a respeito de sua titulação, Dilma declarou que  " Fiz o curso de mestrado, mas não o concluí e não fiz dissertação. Foi por isso que voltei à universidade para fazer o doutorado. E aí eu virei ministra e não concluí o doutorado." A universidade informa que ela nunca se matriculou oficialmente no mestrado.
Quase metade da torcida brasileira, porém,  discorda seriamente com o método, com a  tática adotada pelo atual técnico do scratch canarinho. O alemão assinala:
O resultado das últimas eleições presidenciais evidenciou que, no final de seu mandato, o presidente Lula deixa um país dividido – regional, econômica e politicamente.

Do próprio belo sexo vem o primeiro disparo:
O resultado sequer pode ser visto - como pretende a propaganda oficial - como uma celebração à participação das mulheres na política brasileira, porque foi na realidade a vitória de uma mulher eleita não por méritos próprios, mas pela vontade e o esforço de um tutor. DORA KRAMER- O Estado de S.Paulo, 1/11/2010
Veja perde a paciência com o descaso:
'Eu gostaria de uma eleição plebiscitária, ou seja: nós contra eles, pão pão, queijo queijo', desafiou em outubro de 2009 o mais presunçoso dos presidentes, em êxtase com taxas de popularidade anabolizadas por comerciantes de porcentagens. Para transformar em herdeira uma formidável nulidade, o presidente de todos os brasileiros açulou a radicalização maniqueísta, abençoou a beligerância das milícias, colocou a administração federal a serviço de uma candidatura, protegeu os estupradores de sigilo fiscal, aplaudiu a produtividade da usina de dossiês e redimiu previamente todos os pecadores para conseguir o que queria. Ganhou a eleição. Mas o Lula que vai deixando o governo é ainda menor do que o que entrou. E não foi pouco o que perdeu. AUGUSTO NUNES
Nada de novo no front:
Em muitos Estados do Terceiro Mundo, o assim chamado povo soberano não é nada. Ou quase nada. Fica à margem ou ausente do jogo político, limitado a um círculo restrito. Chamam-no somente para ratificar, plebiscitar e aplaudir. [...] Sobretudo por ocasião das eleições presidenciais. SCHARTZENBERG, R.: 320
O Estadão (Editorial)  não poderia ser mais incisivo:
Lula se consagra como o primeiro presidente brasileiro a fazer o sucessor na plenitude democrática, pinçando uma figura de quem a grande maioria do eleitorado não tinha ouvido falar. O que o obrigou a levá-la consigo para cima e para baixo, afrontando a lei, antes do início da campanha. À época, políticos e comentaristas se perguntavam se a popularidade única do presidente bastaria para eleger 'um poste', na expressão clássica que parecia feita sob medida para Dilma.
A ungida nunca disputara sequer uma vereança, e por isso  o fenômeno se torna ainda mais alvissareiro, Trata-se, apenas, do afamado QI - quem indica. Dessarte, crescem as esperanças dos alijados, dos excluídos, dos anônimos e pernas-de-pau, ao pleito coincidente com a Copa do Mundo. Há quem propugne pelo primeiro negro, para combinar com PELÉ, mas encontra oposição: não seria tão bombástico, por clonado do norte. Ela pensa em gay ou travesti. Que tal um primeiro (a) astronauta, acostumado com a uma visão ampla, como requer um (a) estadista? .
Uma vez que o céu é o limite, e a imaginação não tem fim, alguns setores cogitam elevar o primeiro anão;  outros reivindicam pelo primeiro cego. Por mim importaria alguém da China, que apresenta um desenvolvimento fantástico. Seria até bem mais barato, e dispensaria os investidores de campanha, estes patriotas já por demais sacrificados. Brasil elege o primeiro chinês! Que tal? Se nosso reduto é mesmo um país de todos, portanto não somente dos brasileiros, porque excluir o estrangeiro da eleição presidencial?  Mudar a constituição é barbada, posto mera prêt-à-porter. É certo que já não contamos com o formoso CLODOVIL, mas elegemos muitos artistas ao novo Congresso. Eles são até  mais criativos do que os estelionatários do plano cruzado que costuraram a Cidadã, e são capazes de remendá-la a contento, Não é preferível uma piada de bom gosto do que uma toada ao gosto vigarista? Na nova alteração talvez se pudesse privatizar o país inteiro numa tacada só, aberto à licitação internacional. Por mim, venderia minha parte na Amazônia, que dizem ser nossa. Sempre haverá quem discorde, mas quem nada mais tem a perder, nada tem a temer. Como estamos, o Brasil apenas aparece na lanterna, em  127º lugar no ranking que avalia a facilidade de se fazer negócios em 183 países, elaborado pelo Banco Mundial.. Doing Business 2011  considera os fatores que afetam uma empresa durante seu “ciclo de vida", incluindo abertura, comércio exterior, contratação de funcionários, aquisição de sede, pagamento de impostos e fechamento. No País de Todos a situação se encontra por demais precária.
As reformas mais urgentes para o desenvolvimento do país, a tributária e previdenciária, são também as que representam maior desafio para o próximo governo. Dilma Rousseff  se elege no país que possui  uma das cargas de impostos mais altas do mundo, correspondendo a  33% do PIB. www.imil.org.br, 1/11/2010 
Pelo petróleo que também garantem ser nosso, Zé Carioca  paga  o preço da gasolina mais caro da face da Terra. E o Real, que também é nosso, este sim, tenho certeza, sai por juro igualmente campeão-do-mundo. Como de todos não é de ninguém; não há como responsabilizar alguém por  abuso de poder, seja econômico, ou simples usura,
O felizardo cidadão, que assim arca com metade de tudo que conseguir com seu trabalho, e não apenas os 33% supra mencionados, por certo não ficará pior com a inovação licitatória. Caso adotada, garanto que o mundo estampará manchetes em todos incontáveis jornais, por anos a fio, da Lapônia à Paragônia, de Dakar a Tóquio, e principalmente aqueles da Suíça e das Cayman,  Isso sim se constituiria em marketing de efeito nuclear, sem requerer apelo a nenhum mensalão.
É de se considerar, por fim, que especialmente desde 1995 há uma forte emigração, uma debandada do país, a ponto dos estrangeiros constantemente reclamarem. Danem-se.  "Quem sabe faz a hora não espera acontecer." Quem fica anda pela hora da morte
Novos candidatos são raros entre nosotros. Propalado  todos iguais perante a lei, todavia e felizmente, as crianças também querem sua vez. Ufa! Essa sim, teria um efeito jornalístico internacional de difícil comparação. Bomba, bomba: Brasil elege a primeira criança! Duvida? Suas chances são as mais evidentes, seja pela  ficha-limpa, ou pela higidez da mente, talvez a única não contaminada pelo vil metal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário