Não são poucos os que não conseguem entender. O português estaria a pregar uma ode à fatalidade? Navegar seria mais imprescindível do que simplesmente viver? Tem gente que pensa em suicídio; mas como navegar sem viver? Ou será que a vida se restringe em navegação? De certo modo todos concordamos, pode ser encarada como uma grande navegação, um rally, mas nesse caso teria que ser bem calculada. Nao pode ser isso. Seria excessiva metáfora, e de difícil compreensão. Entao, o que quis dizer o poeta?
Sutilmente a poesia não se vale da metáfora, mas de memorável pegadinha. A resposta pode ser apreciada pela conotação que a genialidade legou à eternidade: "navegar é preciso", mas no sentido de precisão, de correção de rumo, de tempo e espaço, não de necessidade. Se a nau andar à deriva, o destino ser-lhe-á fatal.
"Viver não é preciso" denota a impossibilidade de alguém
passar pela vida de acordo com um planejamento inicial, e
cumpri-lo à risca. Diverge da navegação. Navegar e viver são contrastantes, não somente pelo negativa de um. Incidentes se abatem sobre a vida de todos, mas ao navegar são evitados pelos mapas e controles. À vida acorrem milhões de vetores externos, até internos, qque contribuem para alterar o curso individual, e mesmo social..Definitivamente, viver não é preciso. É incerto.
Na trajetória do ser humano
aparelhos não tem serventia.
A versão corriqueira da malícia de Fernando Pessoa demonstra que o "tradutor"
merece a piada. Os portugas, todavia, não. Eles riem. Como de resto, o globo.
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