O sr. vem precedido de enorme cartaz. A que se deve tanto barulho?
Mereço. Ninguém pode estar mais perto do futuro.
Faz boa viagem? Como está o tempo por lá?
Todos lidam justamente com isso.
Muito quente? Mau tempo? Aeroporto fechado? Neve? Tsunami?
Nada, vivente. A preocupação paira sobre tempo sim, mas o que se vive, o que tem fim. A
passagem do Tempo. Pronto!
Não vamos ler artigos agora. Seja mais claro, senhor Agente!
Preocupa-nos a quase centena que recebemos, especialmente com os últimos, o que faremos.
Qual a dúvida?
A coisa ficou mais complexa, mas ninguém tem pressa. A pressa trás a morte depressa. Aprendemos a coletar o tempo de todos. Isso significa, em primeiro plano, o dos presentes, juntos ou distantes; e inclui-se, por tantas inferências, os tempos que já não são visíveis, ou aguardam conferências. São por demais relevantes.
Quê confusão. Mas bah, tchê, índio véio. Ôigalê!
Até bicho no salão se vê. Em algum nicho vira emaranhado, mas fazer o quê? Somos nós e nossas circunstâncias. Elas estão cada vez mais amplas, desgarradas de modo espantoso; porém, se não as salvarmos, não nos salvamos.
Concordo. Mas se vale o tempo invisível, como remunerá-lo?
Esqueça hábitos antigos, passes de papelucho. A sociedade é de amigos; e não há nenhum gorducho. En passant, coexistem o gaucho e o gaúcho, mas ainda não se cumprimentam. Muito engraçado.
Não fuja da questão, por favor. Queremos saber sobre as remunerações.
Dos reais conta-se muito naufrágios, afogados em furados sufrágios. Reais de cem, desde Féliz hc não mais se vê. Estão náufragos em ilha deserta, propriedade de gente muito esperta. Circunda-lhes tubarões, crocodilos e outros répteis. Ao centro, em paredes de aço, ergueram o templo aos semideuses, Querem bem protegê-los. Estão inacessíveis ao laço, pois.
Não viu nem a cor do dindin?
Disseram que é bilhete-azul. De fato, sumiu com a cor apropriada. Do Triângulo das Bermudas não tem volta. Mas sabemos onde se esconde: jaz por baixo dos panos, abraçado com o remanescente de Cuba, alguns míseros austrais, e os petrodólares, da Venezuela, em preto ou vermelho, mas não rubro-negros.
Mas que conversa. E daí?
Dinheiro, só pelo Paraguai. Nem neto vê o vil objeto.
Afinal, que moeda circula?
São muitas, mas nenhuma transportada por mula. É mula lá, e nós aqui. Vive-se fartura, sem farta. Escambo sofisticado, se preferir.
Mas se ninguém dá bola ao dinheiro, qual é o denominador comum?
Meios de troca: informação, música, técnica, idéia, sonho, conhecimento, arte, cultura, humanismo, compaixão, solidariedade, gratidão. Mister o respeito ao indivíduo. Ele é o átomo que causa o Big-bang. Massa é na pizzaria. Som e luz. Isso é que vara o EspaçoTempo.
Muito lírico. Até sonho é moeda de troca. Queria saber como ele transita. Ademais, dispensam a pizza. Vivem de luz, como atocha a australiana.
Passear pela vizinhança não cansa. O passageiro se alimenta, dorme, trabalha, caminha, ama, vive feliz, quase do mesmo modo como se conhece aí, no passado. Se tiver alguma farinha no saco, passa bem. Quem nada tem, na carona vem. Pessoal gosta de coisas simples: futebol, praia, samba & cerveja.
Quase igual. Não fossem as taxas e os juros cobrados pela farinha, depois de tropeçarmos em pobres ao relento, teríamos um replay. Que inveja! Seria força da lei, nobre mensageiro?
De fato, o povo está bem mais culto, civilizado. Ninguém se vale de medida provisória. Nada é provisório. O tempo passa, e define. Qualquer indivíduo é ensinado a traçar sua própria História, porque ela não tem volta. Quando apto, o cidadão redige a Constituição que lhe é compatível, e a registra erga omnis*. É o primeiro a querer preservá-la. À consagrá-la, cumpre.
E a tramitação burocrática?
Não há. Os registros são calcados na eternidade. São invioláveis e não são falsificáveis. Acabamos com impostos. Não se pode impor nada a ninguém. Nada se cobra. Tudo é patrocinado. Existe apenas um cartório no globo, on line 24 horas for you, tipo de pregão de recados. É o bastante. O resto é ranço daquele gatuno palerma, tal de João VI.
Mas gostaria de acrescentar uma curiosidade.
Pois não.
Por feriadão ninguém reclama. Todos os dias são de realizações, ou de ócio, mas criativo, como ensina teu contemporâneo italiano. Dulce far niente, ou quase. Pela não-ação, tudo pode ser feito também. Mesmo dormindo, mesmo trabalhando, mesmo se divertindo.
Isso vai demorar. E muito. O que interessa mesmo é a Economia. Aqui não tem blábláblá. Só agonia. Informe mais. Abra o jogo.
Não se restrinja a rótulos, muito menos rotule. A demora diminui a cada instante.
Donde vim já não se faz economia. A moeda quanto mais espraiada, maior valor assume. É uma economia que em vez de economizar, gasta, à vontade. No gasto visceja o pasto. A onda sobe a praia e desce revigorada, para encorpar a próxima. Todos ganham, ninguém perde.
Não há inflação, muito menos recessão, como sói acontecer.
Qual locomotiva puxa o trem? Isso é do Agente pra Trás, esse teu 008. O trem vai ao desuso.
Ora preferem seus próprios tapetes, mais compatíveis com a intensidade e leveza cósmicas. São de energia reciclável, e não-poluentes.
E quem não tiver tal veículo?
Aos despossuídos passarinhos se encarregam de trazer as boas novas.
Era só o que faltava.
Sim, os idiomas estudados não se restringem às nacionalidades. A linguagem animal também começa a ser ensinada. Quadrúpedes, aves e outras espécies fazem parte do nosso universo. Porque não devemos interagir? Você já deve saber: as vacas holandesas adoram violino. Já pensou sussurá-las no ouvido? .
Existem o Centro Cultural Norte-Bichano; Aliança da Tigresa;
e Yauau, já sabe para quem. Falta apenas um curso para entender anta. Neste caso, poderão interpretar o que aconteceu no passado recente. Mas há uma determinação expressa: títulos de eleitor são vedados a esses novos participantes. Já chega os analfas. .
.
.
No Paraíso havia esse congraçamento, e os animais votavam.
Mas não os vegetais e inanimados. Ora também recebem atenção..
Fale-me da loco motiva, ou coisa que o valha!
Na avenida dialética, em frente ao eixo monumental, mora o Banco da Ética. Ele substitui a Central do Brasil. Juros foram abolidos, por perniciosos. Em vez do círculo vicioso da especulação, implementamos o círculo virtuoso da produção. Juntos, finalmente, chegamos lá!
Que política adotaram para extinguir tão rapidamente os sanguessugas?
A política prefere o palco. Políticos apenas representam. Quanto menos fizerem, menores se tornam prejuízos, frustrações e atrasos. É a gente que faz.
E não existe nenhuma arrecadação?
Insignificante. São os patrocinadores que amparam os carentes, já disse. Os investidores de campanha ora investem na própria população. Economizamos tráfego, e atravessadores. Aos caciques, que também nada fazem, basta-lhes o cocar. Nada se desperdiça por aqui. Especialmente gente. É investimento de retorno garantido.
Fale mais.
Antes advirto: muitas peculiaridades nos cercam; mas o câmbio é por velocidade de cruzeiro.
Ao assunto, please.
O conhecimento compõe o capital de maior valia.
Curso adiantado é do neolatim, da Escola Electron de Línguagem Universal. A EELU traduz os hieroglifos atômicos. Isso ocasiona um avanço considerável à Medicina. O câncer terá o destino da lepra. AIDS, nunca mais. Terminadas as tarefas, não iremos em busca do tempo perdido, como o tonto, mas à própria fonte da juventude!
.
Não acredito Sr. 009. O futuro que pinta, beleza igual gostaria viver.
Contudo, passarão gerações em "velocidade de cruzeiro". Ninguém
poderá comprovar o acerto de suas palavras. Portanto, são improváveis.
Na EELU aprendemos três conceitos revolucionários: movimento descontínuo, interconectividade não-localizada e, finalmente, somando-se ao conceito de causalidade ascendente da técnica newtoniana, o conceito de causalidade descendente, a consciência escolhendo entre as várias possibilidades o evento que ela quer real.
Isso mais parece escola de mágica.
Nem tanto. Seu contemporâneo, o Físico Amit Goswami, já sabe:
"O núcleo do novo paradigma é o reconhecimento de que a ciência moderna confirma uma idéia antiga - a idéia de que consciência, e não matéria, é o substrato de tudo que existe."
Marx jaz envergonhado embaixo do muro que compôs. Óps, desculpe.
É muita enrolação.
Vislumbro real horizonte. No Hubble faço meu ágape. Pensei bem satisfazê-lo. Todavia, caso goste de provas, indico-lhe locais apropriados, por aí mesmo: escolas, autódromos, tribunais, laboratórios médicos. Licença.
Hum ...
Bem, se me permite, o melhor já descrevi. Considere-se, pois, norteado, não desnorteado, muito menos nocauteado.
Hei, alto-lá! Para onde vai, senhor 009?
Calma. Vim resgatá-los.Vou ancorar. Ficarei em exibição pública até a volta da F1. Ela virá ainda mais opulenta, maior espaço interno; e com navegação totalmente eletrônica. Mas, se duvida de mim, pobre 010.
_____________
* Termo jurídico do Império Romano. Assegura o direito (também a obrigação) perante todos os demais.
Very good!
ResponderExcluir