terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Em busca de personalidade


Vivemos à base de idéias, de morais, de sociologias, de filosofias e de uma psicologia que pertencem ao século XIX. Somos os nossos próprios bisavós. BERGIER, Jacques e PAWELS, Louis, O despertar dos mágicos: 31
Personalidade é o conjunto de características psicológicas que determinam a individualidade de senso comum e não o conceito científico aqui tratado. Encontrar uma exata definição para termo personalidade não é uma tarefa simples. O termo é usado na linguagem comum - isto é, como parte da psicologia do senso comum - com diferentes significados, e esses significados costumam influenciar as definições científicas do termo.
Assim na literatura psicológica alemã persönlichkeit costuma ser usado de maneira ampla, incluindo temas como inteligência; o conceito anglófono de personality costuma ser aplicado de maneira mais restrita, referindo-se mais aos aspectos sociais e emocionais do conceito alemão[1]. pessoal e social de alguém. A formação da personalidade é processo gradual, complexo e único a cada indivíduo. O termo é usado em linguagem comum som o sentido de 'conjunto das características marcantes de uma pessoa', de forma que se pode dizer que uma pessoa 'não tem personalidade'; esse uso no entanto leva em conta um conceito do senso comum e não o conceito científico aqui tratado. Wikipédia
Trata-se de caráter genuíno, individual, não há dúvidas. E requer integridade. Todavia, considerando o ser humano como produto do meio, instruído de acordo com as crenças e tradições do reduto, sendo obrigado ao cumprimento dos ditames legais, morais e sociais, comunicando-se através dos mesmos códigos, sinais e idioma, clichês e convenções,  valendo-se dos métodos e conhecimentos em voga, e por fim dividido em gênero, idade, classe, afazer, e tudo o mais que se puder fatiar, de que modo podemos divisar alguém com personalidade?
Ao contemplar nas grandes cidades essas imensas aglomerações de seres humanos, que vão e vêm por suas ruas ou se concentram em festivais e manifestações políticas, não há como não dar razão ao antigo filósofo. Pode alguém manter aceso um projeto de vida mediante seus esforços particulares? Quase improvável. Não há espaço para alojá-lo, em que a pessoa possa se mover segundo o próprio ditame. A massa antipatiza com a discrepância. O desânimo o levará adaptar-se, a renunciar o desejo pessoal em troca da solução oposta: uma vida standard, composta de desiderata comum.
À parte as doutrinas particulares de pensadores individuais, existe no mundo uma forte e crescente inclinação a estender em forma extrema o poder da sociedade sobre o indivíduo, tanto por meio da força da opinião como pela legislativa. Ora bem, como todas as mudanças que se operam no mundo têm por efeito o aumento da força social e a diminuição do poder individual, este desbordamento não é um mal que tenda a desaparecer espontaneamente, mas, ao contrário, tende a fazer-se cada vez mais formidável. A disposição dos homens, seja como soberanos, seja como concidadãos, a impor aos demais como regra de conduta sua opinião e seus gostos, se acha tão energicamente sustentada por alguns dos melhores e alguns dos piores sentimentos inerentes à natureza humana, que quase nunca se reprime senão quando lhe falta poder. E como o poder não parece achar-se em via de declinar, mas de crescer, devemos esperar, a menos que uma forte barreira de convicção moral não se eleve contra o mal, devemos esperar, digo, que nas condições presentes do mundo esta disposição nada fará senão aumentar  MILL, John S. La liberté, trad. Dupont-White: 131.
Uma vez que a mediocridade tomou conta do salão, convido-lhe a um day-escape diversionista. Vá que encontremos algum instrumento cibernético capaz de produzir alguma personalidade  já que pelos meios corriqueiros há décadas só assistimos clones, arremedos, falta de imaginação, estereotipados, psicopatas e esquizofrênicos, estes aos borbotões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário