segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O stress de Kirchner


O homem mau sente-se bem
até quando o mal não der frutos.
Mas quando o mal frutificar,
o mau sim, o mal sentirá.
DARMAPADA: 66
POIS MAL concluí o desenho do fim-de-semana, e o homem mais famoso da Argentina – e também dos mais impopulares – sentiu braços e pernas adormecidos.
Parece coisa de vidente, mas qualquer um que tenha noção de que nada é estático, pode lá estabelecer virtualidades.
Ora, o Universo é um cercado ou circunscrição.
Tudo no homem reflete sua própria alma

EMERSON, Ralph Waldo, Caráter.
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Se o futuro não oferecesse generosos flancos às profecias, ao se confirmar o porvir, fazendo-se pretérito, ainda assim dificilmente lhe compreenderíamos. Na relevância e na quantidade de dados coletados o rastreador se equipara a um profeta invertido. Cruz credo!
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A Argentina ficou pendente da carótida do marido da presidente CRISTINA KIRCHNER, o ex-presidente e atual deputado pelo "virtuoso" partido peronista, NÉSTOR KIRCHNER.
O nacionalismo de Perón era tal que sua política agrária fez a carne esfumar-se do cardápio nacional durante 52 dias, deixou o campo exaurido e acabou com todas as reservas acumuladas durante o agitado comércio dos tempos de guerra. Como conseqüência, o general apossou-se do gás, da eletricidade, dos telefones, do Banco Central, das estradas de ferro e de tudo que tivesse pegadas forasteiras.
MENDOZA, P. A., MONTANER, C.A., LLOSA, A. V: 267
"C. Kirchner está levando a pecuária argentina à bancarrota. Estima-se que em 2011 os argentinos farão churrasco com carne importada." (www.claudiohumberto.com.br, 16/5/2009)
Não obstante, por ironia, há dez dias a fogosa teve a capacidade publicar sua receita:
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, recomendou comer carne de porco para melhorar a vida sexual - uma receita que, segundo ela, é muito mais 'gratificante' do que tomar Viagra. Segundo ela a gordura produzida pelo porco é muito parecida com a gordura do ser humano e, portanto, é menos nociva do que a gordura da carne bovina.
Efe, Buenos Aires, 27/1/2010
O Cardeal JORGE BERGOGLIO chegou a enviar um sacerdote ao hospital para fornecer a “unção dos doentes” ao “primeiro-cavalheiro”.
É certo que o risco de morte sofrido por KIRCHNER pode ter várias origens - tabagismo, atividade física reduzida, alcoolismo, diabetes, colesterol, hipertensão, obesidade, fatores hereditários, e sei-lá mais quantas incidências. Porém, ouso meu costumeiro diagnóstico. Seria plausível a ligação do entupimento da veia, a provocação deste stress com a conduta moral desse governo? O distúrbio físico pode ser conseqüência do mau-caráter? Perfeitamente. A dupla enfrenta acentuado drama de consciência, consubstanciado com intensa pressão popular.
Para o escritor peruano Mario Vargas Llosa a presidente argentina Cristina Fernández de Kirchner é um desastre total, e a Argentina está conhecendo a pior forma de peronismo: populismo e anarquia.
Corriere della Sera, 20/3/2009
Estive em Buenos Aires recentemente. A cidade admirava os participantes do Rally Dakar 2010. O obelisco concentrava uma massa visivelmente decaída.

O título de 'Paris da América do Sul' já não vale para Buenos Aires. A cidade, que já vinha empobrecendo, acelerou o processo de exclusão social. Os mendigos, que antes não se viam, espalham-se por todo o centro. Sem a conotação poética do 'clochard', o homeless boêmio parisiense, mais de mil pessoas passam todas as noites ao relento na capital argentina. 3,5 milhões de argentinos não conseguem adqurir a cesta básica de alimentação e serviços. Este nível é o mais alto desde 1990, quando a economia do país havia sido arrasada pela hiperinflação. A situação social é mais grave no segundo cinturão de municípios da Grande Buenos Aires, o setor mais pobre da área mais populosa do país. A proporção de pessoas pobres passou em um ano de 38,5% para 44%. Além dos pobres, este país, uma vez denominado 'o celeiro do mundo', não consegue fornecer alimentos para 7,5% dos habitantes da Grande Buenos Aires.
A inflação se acelera. O dólar cerca $4. Para este ano os cálculos apontam taxa acima de 20%.
Nos últimos seis anos, um total de 130 processos tramitaram versando sobre a corrupção dos funcionários kirchneristas. Todos foram arquivados, por evidente manipulação no Judiciário. A Argentina foi capturada, há muito. Povo e imprensa querem explicações à cerca dos numerosos escândalos. Ninguém esquece da famosa mala-preta enviada por CHÁVEZ em jato particular, à eleição da senhora. É flagrante o enriquecimento abrupto, evidentemente ilícito da família K. Só no primeiro ano de governo da presidente (2008), o aumento foi de 158%. A expansão patrimonial do casal atinge a assombrosa cifra de US$ 12 milhões, concentrados em imóveis na província de Santa Cruz e na cidade de Buenos Aires.
De quebra, o casal vem sofrendo várias derrotas políticas, e enfrentamentos dentro do próprio seio do governo, especialmente a partir do mes passado, com o affaire do presidente de seu Banco Central, e a negociata para forçar a venda da filial argentina da TELECOM ITÁLIA..
A bomba maior foi deflagrada na semana passada: a descoberta que a forte crise econômica desencadeada pelo governo da esposa ensejou que nas vésperas da desvalorização do peso o astuto ex-presidente providenciasse a compra de 2 milhões de dólares. A moeda americana equivalia a $ 3,22, e fechou a $ 3,39, proporcionando do dia para noite um formidável lucro aos operadores e amigos, sem o menor trabalho. A oposição permanece em pé-de-guerra.
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Por certo ciente das conseqüências dos atos aparentemente impunes, nesta mesma semana a sra. K havia perguntado pela saúde do nosso presidente durante um encontro com o chanceler CELSO AMORIM, em Buenos Aires.
Como ontem frisei, bem conheço o filme. Os argentinos também. O corrupto CARLOS MENEM estrelou no mesmo cenário, operado da carótida. Na época, o país estava sendo privatizado; ou mais precisamente, loteado. Seu ex-Ministro da Economia pedira a prisão do Secretário-Geral:
Kohan é colaborador íntimo do Presidente Menem. Cavallo disse que, no ano passado, afirmou, em frente ao Presidente e ao próprio Kohan, saber do pagamento de comissões ilegais em um contrato anulado entre o Banco de La Nación e a IBM.
No início do milênio coube a FERNANDO DE LA RÚA experimentar as dores da safadeza. A obstrução de sua carótida ocorreu em meio à grave crise econômica e à fuga de divisas, deixando o país atolado em dívidas.
Periga o velho efeito Orloff. Há quem já esteja com as barbas de molho. Candidatos se apresentam alhures. A pergunta que deixo no ar: quem será o próximo habilitado, digo, debilitado?
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