Você tem paciência para esperar,Até que a lama se assente e a água fique límpida?Você consegue ficar imóvel,Até que a ação certa ocorra espontaneamente?TAO TE KING.Para lograr o invejado status que supõe glorioso, o transgressor não vacila em abandonar a trilha da virtude, se é que por algum momento lhe avistou. Se a carência de altivez não preocupa o criminoso mais comum, que se dirá do corrupto? O covarde age à traição. Vale-se de ordinárias fraudes, vulgares falsidades. Mistura-se na multidão, ou sob a capa do partido para perpetrar sua má intenção. Qualquer recurso serve para superar ou liquidar virtual opositor.
Se pudéssemos retirar a cobertura turva da antiguidade e rastrear o princípio de suas origens, não encontramos nada melhor que o principal rufião de alguma quadrilha turbulenta cujos modos selvagens ou a astúcia superior lhe valeram o título de chefe entre os saqueadores e que, ao aumentar seu poder e estender o campo de suas depredações, intimidou as pessoas pacíficas e indefesas a comprar sua salvação em troca de tributos freqüentes. A pele não mudou nem com o tempo. PAINE, T., Common Sense,. - The Complete Writings of Thomas Paine, P. Foner, ed. New York: Citadel Press, 1945, vol. 1: 13
Engana-se, todavia, em buscar desse modo o esplendor. Só alcança fracasso, ao invés do êxito que desesperadamente almeja. Ainda que logre atingir a meta estipulada, sempre se decepciona miseravelmente com a felicidade que acredita poder nela saborear..Jamais supõe o incauto que a cada virtude e a cada vício a natureza oferece precisamente a recompensa ou o castigo mais adequado para encorajar aquela, e refrear o outro. Em flagrante, nega, mas chora, copiosamente. A honra de sua elevada posição aparece tanto a seus próprios olhos quanto aos demais, corrompida e maculada pela baixeza dos meios pelos quais ascende. Faz-se digno de pena. É o que tencionam as lágrimas, quando cai a máscara. Até o instante fatal, o crápula presume não ser pego em flagrante, mas o fantasma lhe aterroriza. Como rato, sói encontrar alguma sombra para esconder sua pouca vergonha, mas lembra-se do que fez, e essa lembrança lhe diz que outros também lembrarão. Atormentado, procura invocar os obscuros poderes do esquecimento, aninhando-se em recônditos que julga de seu conforto, seja na venal e vil adulação dos parceiros, entre eventuais inocentes e mais que tolas aclamações populares, ou em ninhos de ricaços, famosos e sabidões. Secretamente, todavia, sofre a perseguição incessante e retaliadora da fúria do remorso. A glória que parecia lhe abraçar a vê distante pela própria imaginação aviltada. A negra e podre realidade que compôs retorna com força dobrada em sua direção, pronta a atacá-lo também pelas costas, justamente de acordo com seu predileto costume. Tanto quanto SHAKESPEARE, ele bem entende:
Maquiavel, o diretor da peça original, programou-a sem margem a maior variação. O sádico renascentista reservou um final melancólico, geralmente trágico, ao seu astro principal, justamente ao deleite da platéia. Ela é quem lhe garante a bilheteria.Para negócio assim, que é só maldade, qualquer traição é honestidade.
Seu texto pode ser usado também como um ataque a um bando de políticos brasileiros que fazem as coisas na surdina,mas uma vez descobertos, choram copiosamente, negam, fazem mil estardalhaços para parecerem dignos de cremência.
ResponderExcluirMuito legal e instrutiva esta postagem. Já estou te seguindo.
Um Abraço!
Olá!
ResponderExcluirInfelizmente, existe uma turma que pensa apenas em benefícios próprios, sem se preocuparem com a nação e nem com as pessoas, principalmente as mais necessitadas. O nosso país deveria ser povoado por pessoas que buscassem a moralidade, a descência, a ética e o respéito em seus relacionamento, pessoais, profissionais e políticos. Infelizmente, estamos longe de vermos isso acontecer. Como temos um povo que não se preocupa verdadeiramente com isso, continuamos a ter um pais governado por pessoas que não merecem.
Abraços
Francisco Castro
Geovani Figueiredo dos Santos,
ResponderExcluirHonrado pela companhia, e grato a tão gentil registro.
Francisco Castro,
ResponderExcluirHonrado pela presença à bordo, grato pelo amável registro. Ele permite uma colocação: ninguém pode ser obrigado a cuidar de alguém, nem o Estado, mas a ninguém é lícito obter renda sem causa, e por isso se apela ao Estado. E o que ele faz? Toma a metade de tudo que o pobre produz ou consome, em nome do pobre, sem nada produzir.