Deu-me trabalho encontrar a chave-mestra para desfazer o trem marxista. Seus dormentes, todavia, se estendiam tal qual a Muralha da China, e dispostos sob um terreno para mim ainda mais escorregadio. “A noção de Darwin relativa a sobrevivência do mais adaptável foi elemento chave tanto para o conceito marxista da luta de classes quanto para as filosofias raciais que deram forma ao hitlerismo”. (JOHNSON: 4)
A retirada do entulho me obrigou à prorrogação, e ainda restava reconstituir o dano. Apelei à varinha-mágica, e sua lógica se mostrou tão ou mais saliente do que a falta de lógica que o arranjo darwineano legou à logística materialista. Da mesma maneira que a riqueza, o capital procede da mão-de-obra, do trabalho, e não de uma montanha; a estupenda energia gerou o Big-Bang, e daí o EspaçoTempo; e igualmente a energia direcionada faz-se no liame da procriação, não seria a Seleção Natural que fugiria do padrão, mesmo em nome da sempre útil robustez.
Vidas se destacam por lúdicas. Têm luz própria. São estrelas, atrizes do magnífico cenário, ainda que seja difícil dimensionar o caráter de uma hiena, ou de uma cascavel qualquer. Mas elas entre si elas se reconhecem, e a doméstica eleição da mais apta obrigatoriamente tem que superar a imperiosidade bélica do meio selvagem, tanto quanto deveria a educação privilegiar a integralidade do ser humano, e não apenas prepará-lo à profissão, à subsistência individual e coletiva. Isso não é evolução, mas estagnação.
"Os bens são adquiridos com dedicação; porém, não há empenho algum pela pessoa que os vai possuir." (ERASMO DE ROTERDÃ, idem: 27)
A ideia orientadora é ‘moldar’ os alunos para o mundo fabril que os espera, usando técnicas semelhantes a uma linha de montagem; salas de aulas isoladas e limitadas em recursos; mesas e cadeiras alinhadas em filas; o professor desempenhando a função de dono e empregador principal do conhecimento; e a apresentação da informação limitada aos livros-texto e do quadro negro duma forma linear e sequêncial.’
João Pedro Matos da Costa
O taylorismo educacional produz enorme quantidade de peças com certificados de garantia de bons serviços à uma máquina que elas próprias ignoram como funciona, e para o quê funciona. Gente requer muito mais:
Num mundo em que a grande maioria do trabalho pode ser feito por computadores, robôs e estrangeiros habilidosos de forma mais rápida e barata, ser um profissional mediano não é suficiente. É preciso ser mais arrojado, inventar mais, mostrar que consegue inovar. Portanto, nossas escolas têm uma tarefa árdua pela frente - não só melhorar a leitura, escrita e aritmética dos alunos, mas encorajar neles o empreendedorismo, a inovação e a criatividade. PINK, D., O cérebro do futuro.
"Tudo o que é humano é ao mesmo tempo psíquico, sociológico, econômico, histórico, demográfico. É importante que esses aspectos não sejam separados, mas concorram para uma visão 'poliocular'." (MORIN, Edgar, Contrabandista dos saberes, cit. PESSIS-PASTERNAK: 86)
Apreciações holísticas, no mínimo binárias, interativas, delineam o mosaico pelo qual escolhemos a realidade querida. O estudo integral é mais humano, porque não vivemos só em busca de alimento, moradia e saúde. O mapa à vida requer ser unificado, menú de superposições, diz-se por vários cenários, no fito ensejar o indivíduo colapsar o reduto de sua melhor conveniência.
En passant, profundas transformações conceituais ocorrem na neurociência. A especialidade repele a falsa ideia de que o nosso cérebro é todo formado durante a vida embrionária, nada mais restando após o nascimento senão aproveitar as nossas capacidades congênitas para aprimorá-las. Ele é mutante, e individual. O
hardware cerebral se modifica conforme treinamento. Crianças participantes de um programa de musical durante ano na Universidade de Toronto apresentaram sensíveis aumentos de QIs, mormente comparados com as ausentes. Pergunta o Prof.
ROBERTO LENT, (Ciência Hoje on-line -A educação muda o cérebro, 3/5/2010), do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ:
"Será que chegaremos algum dia a poder orientar os sistemas educacionais segundo princípios científicos, mais do que segundo a nossa intuição de pais e professores?"
Os princípios científicos já não estabelecem barreiras. Descortinam-se insólitos: a água do organismo se transforma em cristal líquido tal qual tela de computador, desse modo ensejando a capacidade de armazenar informações e vibrar a determinadas freqüências. Ela contém e reproduz gens biofótons apropriados aos efeitos quânticos, conquanto dispostos em rede
ferroso-férrica. As moléculas se movimentam pelos diferentes potenciais, mais ou menos oxidados. Estes elementos têm função de produtores de energias circulatórias à prevenção de reações bioquímicas que venham em prejuízo do organismo. (www.dsalud.com/numero85_1.htm) O Universo se expande em todas as direções. Porque a evolução tem que seguir uma linha?
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Agora é oficial: neandertais e humanos anatomicamente modernos se acasalaram e produziram descendentes férteis há mais de 50 mil anos. O dado vem da primeira análise do genoma dos neandertais, a ser publicada na revista "Science" por uma equipe internacional de pesquisadores. Fora um pequeno grupo de cientistas, entre os quais o arqueólogo português João Zilhão, da Universidade de Bristol (Reino Unido), ninguém apostava que o estranho casamento tivesse acontecido, uma vez que análises de DNA mais modestas pareciam não mostrar sinal de hibridização entre as espécies. Os descendentes seriam os humanos da Ásia e da Europa, cujo DNA carregaria entre 1% e 4% de contribuição neandertal. Na África, a mistura não teria ocorrido.
Folha de São Paulo, 6/6/2010
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