terça-feira, 5 de junho de 2012

Estranhas visitas

 O banco Santander figura no rol dos estabelecimentos espanhóis pagos para auferirem estratosféricos rendimentos em nosso país. Tocava-lhes gerenciar as contas dos correntistas de um dos bancos que aplicaram  o formidável golpe coberto pelo PROER, em 1995. Antes disso, o próprio presidente do Brasil estivera diversas vezes na capital espanhola, em contato com o estrangeiro que viria a tomar parte do já conhecido capitalismo patromonialista brasileiro. Coube ao Santander a apetitosa fatia do BANESPA, na ocasião sob a égide do partido presidencial.

Dentre todas atividades brasileiras, tirante a cidadela dos corruptos nada rende mais do que o setor bancário. Durante este largo período os bancos vem cobrando os juros mais altos do mundo, e ainda autorizados a estipularem taxas até mesmo para recibos de duplicatas, algo sem similar pelo mundo afora.
 
Colapso da Espanha poderia causar 'desinvestimento' na América Latina  Depois de mês e meio em repouso pelo tombo na fatídica viagem para caçar elefantes na África, o Rei Juan Carlos voltou a caminhar. Charge no “El País” de domingo ilustra a nova missão: “Estou recuperado. Agora, é recuperar a América” Ontem o rei deixou seu riquíssimo barco, que está meio à deriva, para a missão programada ao Terceiro Mundo, com escala na Casa da Dilma. Chegou aqui beijando a mão da dona de casa.  Dois assuntos para inglês ver foram veiculados na imprensa brasileira: a questão de somenos importância, pelo menos à Espanha, sobre as constantes repatriações de brasileiros, e o pleito alterado do governo brasileiro, para que os países ricos cumpram sua parte no desenvolvimento global, porque insuportável aos ombro dos Brics. Acompanhou-lhe na excursão  Emilio Botín (Santander), César Alierta (Telefónica) José Ignacio Sánchez Galán (Iberdrola), Javier Monzón (Indra), Antonio Brufau (Repsol), José Terceiro (Abengoa) e Antonio Vázquez (Iberia) .Em seguida o team atravessa a cordilheira, rumo ao promissor Chile, do presidente Sebastian Piñera. Barbas de molho:
O monopólio, os privilégios, as restrições a livre atividade dos particulares no domínio econômico e em outros são tradições profundamente arraigadas nas sociedades de origem espanhola. Diante dessa situação, a reação espontânea de um chefe de governo, herdeiro da tradição mercantilista espanhola, será sempre a de intensificar controles, multiplicar restrições e aumentar impostos. MENDOZA, MONTANER, & LLOSA: 126
O Brasil integra a sigla do BRICS apenas porque RICS soaria pior.  A emergência do país  não significa seu despertar, uma vez já "despertado" à morte pelo Milagre Econômico do senhor Delfim Netto. A nova emergência do Brasil se refere às luzes vermelhas que, malgrado inúmeros sinais e avisos, acendeu repentinamente. Ela acusa imensos furos no casco, amplos para trazer de volta, com maior ênfase e rapidez, aos seus costumeiros muitos pés de profundidade, submerso no mar-de-lama.
Brasil e Argentina freiam PIB da América Latina
Oficialmente, o rei veio ao Brasil  no intuito de formular pessoalmente o convite à participação de S.  Exa. dona Dilma na 22a Cúpula Iberoamericana, em novembro, em Cádiz.  Esta está muito longe; e um convite pessoal dispensa o enorme séquito de sequiosos empresários. O real assunto entre os governantes tão díspares financeiramente como distantes ideologicamente passa em branco pelos investigadores e especuladores jornalísticos. Quem sabe um pedido do ibérico para que dona Dilma interceda junto a nossa vizinha senhora K. no sentido de que a minúscula clone de Evita purgue a vultosa cifra devida à desapropriação da Repsol? Também pode ser,  mas hoje o Palácio abre as portas para receber solenemente o chairman do banco espanhol.
O que de tão forte precisa da presidência da República o Santander, uma vez que é o Banco Central o escoadouro dos pleitos bancários, e estes vem sendo atendidos com toda parcimônia? Alguma queixa contra o simpático gorducho presidente do BC?  Pois o testa largou na frente:
Tarifas bancárias têm alta de até 41% em um ano, aponta Procon

Qual minerva autoriza a República  se envolver com mero estabelecimento privado, agravado  estrangeiro, assim olvidando não apenas a ética política, mas principalmente a Nação que lhe cabe guardar? Professores de 49 instituições federais já aderiram à greve  Seria tomar ciência da intenção do banco em abandonar o barco, junto com uma intimação tipo "arrume um comprador"? Ou quem sabe o tubarão tenciona abiscoitar o moribundo América do Sul, e novamente receber polpuda verba pelo serviço? A saída mais viável à crise que  assola a Espanha é  aquele governo agir na recapitalização  dos seus bancos, seja apurando a fantástica cifra com mais emissão de títulos da dívida, ou venda de ativos no exterior. Neste caso estará atendendo a súplica da contrapartida, como requer a "líder" do Brics; porém, às custas de retirar de uma vez os polpudos dividendos e os investimentos efetuados em nosso estádio.  Suspeito que um curto espaço de tempo apenas seja suficiente à viagem desta verdade.
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2 comentários:

  1. Sou um dos 15 mil aposentados do Extinto-BANESPA, aquele banco (Banco do Estado de São Paulo) privatizado em Nov/2000, ou melhor, abocanhado pelo banco SANTANDER. Quero deixar claro que os “Títulos Inegociáveis” que o Senado emitiram para cobrir as aposentadorias dos aposentados Banespianos, foram USURPADOS pelo Santander, na realidade fomos a moeda de troca. O Santander deu 5 bilhões a mais para comprar o Banespa e levou nossos títulos que valiam 5 bilhões, com correção pelo IGP-DI mais 1% a.a. A folha de pagamento era menos de 1%. E agora o Santander está quebrado na Espanha e vem visitar a Dilma a troco do quê? Como os aposentados ficarão? E nossa ação coletiva das Gratificações que já ganhamos em todas as Instâncias e que já completaram 14 anos na justiça? Como ficam?

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    1. Senhor Guerra,
      Honrado pelo prestígio, grato por seu registro, e oportuna contribuição.

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