quarta-feira, 20 de junho de 2012

A boa idéia da governança mundial

 A crise serviu para acabar com a histeria ideológica que dizia que o Estado não presta... nos fez perceber que é imprescindível que o setor privado seja competente, mas que é imprescindível que o Estado exista.' Lula da Silva, Estadão, 20/10/2009
A intervenção deve-se dar de maneira mais ou menos permanente, sob a forma de uma política de manipulação monetária com o objetivo de atuar sobre três elementos variáveis, acima indicados, elementos esses dos quais depende o volume de emprego e da produção. CUNLIFFE, Marcus, The Intellectuals in the USA: 29; cit. LIPSET, Seymour Martin: 357
Sou avesso à governantas. Elas soem agir a mando de alguém, não da gente. Ademais pressuponho que ninguém deva possuir a prerrogativa de governar quem quer que seja. Dado à emergência, todavia, admito ser interessante um Estado Mundial. A eleição de um dirigente político internacional me parece oportuna, até para dirimir tantas controvérsias e enganos cometidos em cascata pelo mundo afora. Como vivemos em democracias, portanto sujeitos ao legítimo pleito universal, viriam candidatos de todos os quadrantes do globo. Talvez atraísse até os marcianos, sempre escondidos esses gaiatos.
Poderíamos equacionar a contenda  por regiões do planeta, nos moldes futebolísticos. O turno  latino-americano definiria nosso representante. Às finais, os mais capazes mosqueteiros: Brasil, Argentina, Venezuela, e Cuba.  Na telinha, em horário nobre, apreciaríamos dona Dilma, senhora K, Chávez, e qualquer Castro. O povo se manifestaria pela internet, pelos órgãos de pesquisa, por rádio, recados ou boca-à_boca. Como todos são medíocres, ainda mais uniformizados em paupérrimo prêt-à-porter, qualquer um que vá dá no mesmo. Esta eleição parece já ter sido realizada, contudo. Alguém escolheu Dilma, e todos parecem concordes. Ela é a porta-voz do BRICS - o fantástico quinteto que assombra o mundo com a velocidade de seu crescimento. A inicial tem precisamente o nome do Brasil. Qual latinoamericano desdenharia o tamanho galardão de governar a Terra? Dona Dilma já se arvora em campanha. Se esmagamos qualquer oposição no Brasil, na América Latina inteira, esmagaremos a Europa Ocidental, e depois a  Oriental.
Vocês lembram que o Nelson Rodrigues tinha um personagem chamado Sobrenatural de Almeida? Pois eu acho que tem um personagem, e ele é internacional, chamado Inexorável da Silveira. Não se pode ocultar a realidade. São problemas que decorrem do fato de terem uma moeda e não terem um ente que sustente essa união monetária. Você tem uma união monetária e não tem Estado, nem um Banco Central com as funções que qualquer Banco Central nacional tem, que é de ser emprestador em última instância. O que nós esperamos é que sejam tomadas medidas no tempo certo, e o tempo certo não é a gente que impõe, são as necessidades das populações, e isso é uma questão política, e do mercado, que é uma questão financeira. No G20, Dilma cita Nelson Rodrigues ao falar sobre crise - BBC
Qual conduta do Banco Central pleiteado?  A mesma pela qual foi criado, na década fascista. Não conheço de nenhuma economia que se desenvolva à base de "empréstimos" - conselho felizmente seguido pela maioria, desde a mais tenra idade. Os europeus, por anciões, recordam os custos dessas emergências.
O que agora excita... é o efeito, considerado desastroso, das políticas keynesianas adotadas pelos Estados econômica e politicamente mais avançados, especialmente sob o impulso dos partidos social-democráticos ou trabalhistas. Nestes últimos anos lemos não sei quantas páginas sempre mais polêmicas e sempre mais documentadas sobre a crise deste Estado capitalista mascarado que é o Estado do bem-estar, sobre a hipócrita integração que levou o movimento operário à grande máquina do Estado das multinacionais. Agora estamos tendo outras tantas páginas não menos doutas e documentadas sobre a crise deste Estado socialista igualmente mascarado que, com o pretexto de realizar a justiça social (que Hayek declarou não saber exatamente o que seja), está destruindo a liberdade individual e reduzindo o indivíduo a um infante guiado do berço à tumba pela mão de um tutor tão solícito quanto sufocante  BOBBIO, Norberto, O Futuro da Democracia: 132
"Quando há uma queda no PIB como neste ano e também desonerações, que já chegaram a R$ 15 bilhões, é natural que a arrecadação caia", disse o Ministro da Fazenda Guido Mantega, após o lançamento da 9ª edição do 'Anuário Valor 1.000'. Os europeus há muito sabem também que não é o mercado financeiro que planta, fabrica, presta serviços, tem efetiva participação social, mas sim os que labutam diretamente para alavancar o PIB. E quem faz qualquer trabalho que não seja meramente alcançar uma nota de Euro, dá valor ao trabalho e não à manipulação financeira. Alertada à gafe, S.Exa tenta trocar o slogan:
'O que o Brasil quer é que os países assumam a responsabilidade de resolver os desequilíbrios do comércio global, que, apesar dos compromissos, vive uma onda protecionista por trás do 'biombo da crise internacional'. Para a presidente, a prorrogação do standstill, na prática, estende barreiras levantadas durante as turbulências e impede o livre comércio, com consequências para países como o Brasil. É óbvio que há muita resistência à reabertura da Rodada de Doha. O que se prefere é o free lunch, o almoço grátis. O café da manhã, o jantar, pode colocar a refeição que for, o importante é que seja grátis.'  Para a presidente, os desequilíbrios do comércio internacional são amplamente conhecidos - subsídios agrícolas excessivos, altas tarifas industriais, falta de critérios no setor de serviços - e é hora de as nações sentarem à mesa de negociações para oferecer soluções e promover um sistema justo, com regras claras, em que países não se aproveitem de brechas e falta de regulações para levantar barreiras. O acordo foi de rechaçar o protecionismo e esticar por um ano o standstill, preservar o estado atual das coisas até 2014. Houve resistência, mas o importante é a postura. Todos manifestaram a importância do poder do comércio para gerar empregos e crescimento. Brasil é derrotado na proposta de retomar a rodada de Doha
Quando comprar e vender é controlado por legislações, as primeiras coisas que são compradas e vendidas são os legisladores. 
P. J. O'ROUKE 

Com único torpedo lá se foram as boas intenções da perua, destemida cruzadora:
Os europeus consideraram o slogan do Bolsa-Família EuropéiaMundo rico é o mundo dos BRICs —   uma mensagem 'imperialista' e 'draconiana'. A conjuntura dos emergentes transforma-se e abre janelas ao desenvolvimento, mas essas janelas parecem estar viradas para o quintal dos fundos. Empoderamento desenvolvimentista
 E quanto ao glamour de condenar o protecionismo?
O protecionismo não se resume a aumento de tarifas ou controle de importações. Ele inclui qualquer tipo de intervenção governamental que afete artificialmente o mercado em favor de empresas domésticas. Os pacotes de estímulo e os vultosos empréstimos governamentais são também medidas de proteção. Eles melhoram condições de competição das empresas beneficiadas, tanto no mercado doméstico quanto em terceiros mercados. Quanto mais forte o Tesouro, maior será o impacto comercial. AZEVÊDO, Roberto, http://desempregozero.org/2009/02/16/chefe-da-delegacao-brasileira-na-omc-denuncia-protecionismo-sofisticado-o-nacionalismo-esta-a-um-passo-da-xenofobia-isso-so-aprofunda-a-crise/
O melhor propulsor de paz entre as nações é a liberdade econômica. Os horrores do século 20 estão fortemente conectados ao protecionismo. Ele coloca os países uns contra os outros e substitui a amizade e o comércio por hostilidade e guerra. Já a globalização reforça o estado de direito e a democracia. Nações que adotaram o livre comércio tiveram aumentos na renda per capita, na expectativa de vida, na educação, na saúde. A liberdade para o comércio é o caminho para a prosperidade. PALMER, Tom, Guerra ao protecionismo, in revista Exame, 10/7/2008
China, Rússia, Brasil e Índia mantêm políticas Buy National, que restringem significativamente a participação das empresas dos EUA nas suas aquisições. Os Estados Unidos não têm obrigação de deixar nenhum país participar nas compras governamentais a não ser que esse país tenha concordado em permitir acesso recíproco e justo para os fornecedores americanos nas aquisições deles. RON KURK, Secretário de Comércio Exterior; Folha, 13/3/2009
Estamos sofrendo a intolerável concorrência de um rival estrangeiro que, ao que parece, se beneficia de condições muito superiores às nossas para a produção de luz, com a qual ele inunda completamente o nosso mercado nacional a um preço fabulosamente baixo. No momento em que ele surge, as nossas vendas cessam, todos os consumidores recorrem a ele, e um ramo da indústria francesa, cujas ramificações são inumeráveis, é subitamente atingido pela mais completa estagnação. Este rival, que vem a ser ninguém menos que o sol, faz-nos uma concorrência tão impiedosa, que suspeitamos ser incitado pela pérfida Inglaterra (boa diplomacia nos tempos que correm!), visto que tem por aquela esnobe ilha uma condescendência que se dispensa de ter para conosco. Pedimos-vos encarecidamente, pois, a gentileza de criardes uma lei que ordene o fechamento de todas as janelas, clarabóias, frestas, gelosias, portadas, cortinas, persianas, postigos e olhos-de-boi; numa palavra, de todas as aberturas, buracos, fendas e fissuras pelas quais a luz do sol tem o costume de penetrar nas casas, para prejuízo das meritórias indústrias de que nos orgulhamos de ter dotado o país - um país que, por gratidão, não poderia abandonar-nos hoje a uma luta tão desigual. BASTIAT, Frédéric 
A genialidade hoje apresenta mais um absurdo: Governo pagará mais por sapatos e roupas nacionais. Como o governo nada produz, ele extorque toda a produção  para pagar a exorbitância que lhe agrada cumprir. Francamente, essa nunca tinha visto. Nos pampas  dir-se-ia "Cosa de lõco, tchê!"
Protecionismo brasileiro preocupa América Latina Prática é o pior inimigo para as economias da região, afirma diretor do FMI  Brasil cai seis postos em ranking global de competitividade.
União Europeia acusa governo brasileiro de subsidiar indústria 
Protecionismo… contra brasileiros - Alexandre Barros critica o aumento de impostos  O imposto cobrado pelo automóvel asiático, por exemplo, torna-lhe pelo triplo do preço. Outros produtos sequer com custos alfandegários é permitido o ingresso!
O resultado final é que o protecionismo não é apenas uma tolice, mas uma tolice perigosa, destruidora de toda a prosperidade econômica. Nós não somos, e creio que nunca fomos, um mundo de fazendeiros auto-suficientes. A economia de mercado é uma vasta rede entrelaçada pelo mundo afora, na qual cada indivíduo, cada região, cada país, produz aquilo que ele faz melhor, com maior eficiência relativa, e então troca esse produto pelos bens e serviços de outros. Sem a divisão do trabalho e o comércio baseado nessa divisão, o mundo inteiro iria passar fome. Restrições coercivas nas trocas - tais como o protecionismo - mutilam, dificultam e destroem o comércio, que é a fonte de vida e prosperidade. O protecionismo é simplesmente um pretexto para que consumidores, bem como a prosperidade geral, sejam prejudicados apenas para garantir privilégios especiais e permanentes para um grupo menos eficiente de produtores, às custas de empresas mais competentes e às custas dos próprios consumidores. Mas é também um tipo de salva-guarda peculiarmente destruidor, porque ele permanentemente amarra o comércio, sob o manto do patriotismo. ROTHBARD, M.  www.mises.org.br..
"A presidente da República está longe de ser a única a dar aulas de “boa governança”, como se diz hoje, aos países ricos – e só a eles, claro, porque dar conselho a país pobre não tem graça nenhuma. O que há em comum entre eles é que pouco ou nada de útil resulta de todo o seu palavrório pelo mundo afora". Aulas para o mundo’, J. R. Guzzo)
Nas terras indígenas não há a menor proteção aos residentes, sequer respeito às suas atividades, e justamente pelo governo. Eles se obrigaram a vir do mais longínquo rincão para enfrentá-lo.  
Os conselhos de Dilma Rousseff contra o protecionismo soam de forma hipócrita, principalmente após o Brasil ter anunciado o aumento do imposto incidente sobre automóveis importados. (IPI) O país que está listado em 152º lugar no ranking do Banco Mundial por seu desajeitado e pesado sistema de impostos está dando conselhos sobre impostos restritivos e políticas cambiais. Financial Times
A Organização Mundial do Comércio (OMC) cobra uma liberalização do mercado nacional, a redução das taxas de juros e levanta suspeitas sobre os programas de incentivo à exportação do Brasil. A OMC já realizou uma sabatina da política comercial do Brasil, o que se transformou em uma avaliação de todo o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O recado foi claro: nos últimos anos, o Brasil elevou a proteção e, agora, a liberalização do mercado precisa ganhar novo ímpeto diante da recessão. A participação do Brasil no comércio mundial aumentou de 1,05% para apenas 1,16% em cinco anos. A OMC ainda ataca os picos tarifários, além do aumento do número de medidas antidumping, 63 sobretaxas contra produtos. Na prática, o que a OMC pede é que o País não proteja apenas setores ineficientes, já que o impacto seria negativo para a competitividade. A União Europeia fez questão de atacar esse ponto e pediu explicações do Brasil, além de solicitar que o governo tenha cuidado em expandir o Proex para não violar as regras da OMC. A OMC ainda alerta para o controle na prática da Petrobras no setor de energia no País. A entidade aponta que, pela lei, o setor seria aberto a estrangeiros. Nem no setor agrícola a OMC poupa advertências ao Brasil.
O inglês vê, e lamenta a insanidade:  'Economist': salário de servidor no Brasil é 'roubo' ao contribuinte'  Não será exatamente por isso que o Brasil vê reduzida sua produção?  
Luíza Erundina deixou a troupe agarrada no pincel. Requintes de crueldade
Para negócio assim, que é só maldade, qualquer traição é honestidade. "O Lula tem andado muito ruim da cabeça. Foi visitar o Maluf em casa. Eu até podia ir, mas ele não." (Dep. Fed. Sérgio Guerra, PSDB-PE), À mosqueteira do Estado Mundial resta o consolo de manter incólume o cinturão  do Brasil e da América Latina. Graças à falta de contendor
Reunião de chefes de Estado e  de governo começa esvaziada
Cristina Kirchner deixa Cúpula 'escondida' e volta para Argentina
Atolado en Paris-Dakar, ou  em mar-de-lama, cada vez que o viandente se meche afunda mais. O que parece todo dia mais evidente é que cada peça movida pela governanta, ou cada passo dado pelo ex-presidente revelam o estado de desespero, um perdido caráter como chancela do rumo nacional. Eis a maior vantagem de um pleito global: acelerará o desaparecimento dos lentos e anacrônicos suicidas.
Estados Unidos tentaram adiar Rio+20
 Baía de Guanabara continua poluída 20 anos após promessas da Rio 92  
 Dilma cobra países ricos e elogia modelo brasileiro

 Rio registra roubos e furtos à delegações
 Dilma chega para a Rio+20, pede cabeleireiro e Financial Times'
Hollande lamenta ausência de metas 'verdes'
Anonymous ataca site em protesto sobre Rio+20 
Imprensa internacional vê a Rio+20 com ceticismo 
Presidente tratará de política mundial 
Multidão toma as ruas para pressionar líderes
Crise atual é a mais grave desde a 2ª Guerra, avalia Dilma em discurso
Sociedade civil critica texto e já fala em ‘Rio menos 20’ 
Os verdadeiros emergentes agem sem visar hegemonias:
Sem o mesmo destaque dos eventos no Velho Mundo, surge a Aliança do Pacífico, um novo bloco regional anunciado por México, Colômbia, Peru e Chile, com a adesão prevista de Panamá e Costa Rica ainda no segundo semestre de 2012. O Acordo de Antofagasta, com 215 milhões de consumidores, 35% do produto interno bruto e 55% das exportações da América Latina, prescreve a livre circulação de mão de obra, de capitais, de bens e serviços, além da integração de redes educacionais, um sinal da extraordinária importância atribuída à formação de capital humano para o futuro da região. Alívio e esperançaPaulo Guedes


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