quinta-feira, 15 de abril de 2010

À evolução da Teoria da Evolução



A visão da evolução como uma crônica competição sangrenta entre indivíduos e as espécies, um desvirtuamento popular da noção de Darwin da 'sobrevivência dos mais aptos', dissolve-se diante de uma nova visão de cooperação contínua, forte interação e dependência mútua entre as formas de vida. A vida não conquistou o globo pelo combate, mas por um entrelaçamento. As formas de vida multiplicaram-se e tornaram-se complexas cooptando outras, e não apenas matando-as. SAGAN, D., cit. DAWKING, R.: 288
Dentre as teorias cientificas, a única que não evolui é a Teoria da Evolução. Por mim, a rigor, nem teria essa importância, a não ser para brecar sua nefasta repercussão sobre as Ciências Humanas.  Francamente, não me faz a menor diferença que o LUCA - Last Universal Common Ancestor tenha sido ADÃO, um chipanzé, se aportou por algum disco-voador, ou mesmo foi fruto de algum especial núcleo atômico. O BigBang incita pela última, mas não sou dado a ficar olhando  pelo espelhinho. 
Apraz-me mirar o futuro. Ele é mais amplo do que o passado, e depende de nossa consciência. SIMONE DE BEAUVOIR concorda::"o presente não é um passado em potencial; ele é o momento de escolher a ação."   O Universo se expande em todas as direções. Porque a evolução tem que seguir uma linha? O modo fatalista condiciona o porvir, justamente pelo preconceito. Constitui-se num dos mais proeminentes obstáculos epistemológicos  A pretensa inexorabilidade de sua metafísica piroduz efeitos catastróficos sobre todos nós, especialmente por enfatizar a obviedade da sobrevivência do mais apto, porém calcada no conceito de força, de choques entre os vetores .“A causa final da confrontação entre machos parece ser esta: o animal mais forte e mais ativo deve propagar a espécie, que desta maneira é melhorada.” (ERASMUS DARWIN, cit. THUILLIER: 198."Depois de ter sido incorporada por Charles Darwin como uma metáfora para ilustrar o mecanismo evolutivo das espécies biológicas, foi reincorporada por sociólogos como uma confirmação oferecida pela história natural dos processos que atravessam a história humana'. SCHWARTZ, J.: 57
Dessarte apuramos no dia a dia um darwinismo social, um sentido competitivo entre nações e indivíduos às raias da mais completa insensatez: "Há muito estou convencido da importância de aprofundar a teoria das forças sociais que podemos comparar, em larga medida, às forças da dinâmica que agem sobre a matéria." (SOREL, G., Greve Geral Política: 195.) Nem é necessário relembrar o mundo tornado entre esquerda e direita, ambas direções riscadas pela malfadada postulação "científica" de DARWIN. Desculpe. Para mim é máxima expressão de ignorância. Animalesca. Pronto. A teoria da Seleção Natural  é totalmente desconforme à evolução do Universo, em especial quando apreciada sob as luzes quânticas, mas também sob o crivo da Relatividade,  ainda mais se colocada no laser da Teoria das Cordas.
É precisamente uma interação - que já existe nos níveis materiais mais elementares entre o aspecto onda e o aspecto corpúsculo - o que impulsiona a dinâmica da natureza. Assim o mostram as relações de mecânica ondulatória, que explicou LOUIS DE BROGLIE, síntese genial que tornou possível, como diz RUEFF, uma filosofia quântica do universo, aplicável não somente às ciências físicas, senão também a todas as ciências humanas.
Quando DARWIN compôs o seu arranjo, uma seleção ditada pela luta da vida contra a morte,  dispunha dos dados técnicos manipulados por NEWTON. O sistema universal seria consequência de mero jogo de forças atrativas, que o futuro presidente da Casa da Moeda inglesa chamou gravitacionais. O postulante não sabia explicar como essas forças atuavam, ainda mais nas grandes distâncias, mas isso deveria ser coisa de DEUS. Como poderia o religioso-financista-matemático-materialista inglês supor que até mesmo a matéria contém energia, isto é, ela é pura energia, e apenas precariamente condensada?
Impressionavam DARWIN as antecipadas elucubrações dos conterrâneos HOBBES, o qual prognosticava uma guerra de todos contra todos, caso não interviesse o LEVIATHAN, e principalmente MALTHUS.  Os recursos eram escassos para todo mundo. Alguém tinha que morrer. O extermínio provocado por NAPOLEÃO, e mesmo sua derrocada, per se reforçavam a percepção de que era a força, a força física, bem entendido, que decidia os destinos não só dos povos, como dos animais, das plantas e de todo o Universo. Para completar, ainda veio o venerado HEGEL para corroborar o desatino dialético; do enfrentamento, da adversidade é que se apuraria a perfeição. O entendimento de que “da guerra da natureza, da fome, da morte, forma-se o mais nobre objeto que somos capazes de conceber: a produção de animais superiores” o menos avisado pensaria ser discurso nazista; porém, assim não o é. Esta eloqüente frase foi proferida pelo nosso parente símio. (DARWIN, C., cit. CARVALHO, E.M.M.: 21).  Hoje se tem idéia das enormidadades subjacentes. Todavia, o que continua se ensinando são essas duas mais primatas concepções: ou o absurdo de ADÃO, ainda remendado pela Arca de Noé, ou então a sapiência darwinista de decretar que somente o mais apto, a rigor o mais forte, quiçá o mais esperto merece ser selecionado. "A partir do momento em que a vida surgiu há aproximadamente quatro bilhões de anos, sua história e a da Terra tornaram-se uma só. Sem um plano, ou um planejador, o processo de seleção natural ditou a evolução das espécies." (GLEISER, M., 2010: 222)
Neste instante lembro de dois magníficos equívocos "óticos" levados à cabo pelos que se dedicaram a desvendar os segredos naturais: primeiro,  que o Sol girava em torno da Terra, onde habitavam os homens. esses feitos à imagem e semelhança do Criador, e por Ele protegidos. Como negar esta evidência?, Descoberta a "farsa", a explicação de novo reputou a DEUS, o grande Relojoeiro, a genialidade da construção: Ele colocara o Sol no centro do Universo, para nos iluminar. Os colegas de GLEISER sentiram-se obrigados a vir a público: "Queremos nos desculpar coletivamente por haver confundido o público instruído em geral, fazendo-os acreditar em idéias sobre o determinismo de sistemas que satisfazem as leis de movimento de Newton, as quais, a partir de 1960, foi provado serem incorretas." (COVENEY, P. & HIGHFIELD, R., A flecha do Tempo: 242)
Cogito que novamente possam estar enganados, até porque neste caso, como eu, pescamos em águas turvas, e estrangeiras. Pois assim como não é o Sol que passa por nós, e sim nós é que lhe circundamos, ouso inverter, e invocar: em vez de nós sermos obrigados à adaptação nas circunstâncias, quem sabe não somos nós mesmos os responsáveis por elas. Elas fazem parte do nosso  habitat e mesmo the way of life. Assimcomo somos nós que escolhemos onde queremos morar, o percurso a fazer, e mesmo o emprego do tempo,  de uma maneira ou de outra, somos todos nós que elaboramos nossas circunstâncias, escolhas que não são exclusivos privilégios dos homens, mas também prerrogativas dos  animais e até dos vegetais. E exagero: como é p átomo o componente primordial, toda energia concentrada possui condições de estabelecer suas características.  É difícil supor que uma mente de cobra prefira ser cobra, e um hipopótamo ache melhor um banhado do que uma praia? À heresia, que não é pretensão, mas tentativa de conscientização, encontro amplo respaldo: "É a informação - a informação como um fator real e efetivo que estabeleceu os parãmetros do universo em seu nascimento, e, portanto, governou a evolução de seus elementos básicos em sistemas complexos.' (LASZLO, Erwin: 2) 'Toda a fala, toda a ação, todo comportamento são flutuações da consciência. Toda vida emerge e é mantida na consciência. O universo inteiro é expressão da consciência. A realidade do universo é um oceano ilimitado de consciência em movimento." (MAHARISHI MAHESH YOGI)
O que bem sei é discernir os métodos. A dialética decompõe. A ética compõe.
Não é a adaptação bem sucedida a um dado ambiente que constitui o mais notável formador da vida, mas a teia de processos ecológicos em um sistema ambiental que forma os padrões psicológicos e comportamentais, os quais podem apoiar-se na genética. A evolução acontece não como resposta às exigências da sobrevivência, mas como um jogo criativo e necessidade cooperativa de um universo todo ele evolutivo. LEMKOW, A. F.: 183
O entrelaçamento, a interatividade só é possível por mútua compreensão, jamais por confronto, ou choque de forças, por mais absurdo que possa parecer um procedimento consciente dos animais, por exemplo, ou da própria vegetação.
Vendo a riqueza da vida aqui, e sabendo que as leis da física e da química permanecem válidas por todo o cosmo, voltamos nossos instrumentos para nossos vizinhos planetários, buscando avidamente por companhia. Infelizmente, apesar da convicção de que encontraríamos algo, nos deparamos apenas com mundos mortos. Belos, sem dúvida, mas destituídos de qualquer sinal óbvio de vida. GLEISER, M., Criação Imperfeita
Certa vez ouvi que a natureza era cega, surda e muda. Bem sabemos que ela responde. E o que dizer das inteirações atômicas? Se tudo se mexe, como considerar algo morto? O que pode haver em caráter mínimo, mas sustento que há, é a consciência, nada mais do que a memória condensada na energia que compõe qualquer partícula. A rigor, não é propriamente apenas uma consciência quem escolhe, quem colapsa o futuro, mas uma interação atômica, natural e até indescritível, responsável por tudo que conhecemos,
Assegura-nos o equívoco da formulação
darwineana não somente as disposições do gigante HUBBLE, como as assinaladas pelo mais aprimorado microscópio:
A própria genética solapou com severidade o neodarwinismo, que depende do DNA como o mais importante mecanismo para estabilidade e transformação evolucionárias. Descobertas recentes mostram que os próprios genes tem uma natureza fluida ou mutável. Na bactéria, o DNA pula para frente e para trás dos cromossomos, expandindo-se e contraindo-se, de modo que o próprio conceito de gen agora exige revisão. O Prêmio Nobel e descobridor da Vitamina C, Albert Szent-Gyorgi argumenta que a célula na verdade realimenta o DNA com informações e muda suas instruções. Em outras palavras, o DNA parece ser afetado por algumas próprias coisas que se supunha que ele controlasse. Isso levou Waddington e outros biólogos a sugerirem que os genes na verdade interagem com o ambiente.
Mas e agora, em que mar podemos aferir nossas suspeitas antropólogicas?

Hoje a Antropologia não pode abster-se de uma reflexão sobre: o princípio de relatividade einsteniano; o princípio de indeterminação, de Heisenberg; a descoberta da ‘antimatéria’, desde o anti-elétron (1932) até o antinêutron (1956); a cibernética, a teoria da informação; a química biológica; o conceito de realidade. MORIN, E.: 64
O Universo nasceu por informação. A vida se desenrola pelo mesmo padrão:

Uma onda periódica é uma perturbação periódica que se move através de um meio. O meio em si não vai a canto nenhum. Os átomos individuais e as moléculas oscilam em torno das suas posições de equilíbrio, mas a posição média delas não se alteram. À medida que elas interagem com os vizinhos, elas transferem parte da sua energia para elas. Por sua vez, os átomos vizinhos transferem energia aos próximos vizinhos, em sequência. Desta maneira, a energia é transportada através do meio, sem haver transporte de qualquer matéria. C.A. Bertulani
Com tudo isso, ainda há jeito do Carma hidramático vir lá com outra cabeça:
A conclusão que se impôs, pelo caminho da ciência pura, é que o Universo é matematicamente inconsistente sen a existência de um conjunto superior, no caso Deus. Acreditam os pensadores citados que esses estudos se desenvolverem, Deus será objeto da ciência, e não apenas da religião.
LIMA, Moacir Costa de Araújo, Afinal, quem somos nós?: 110
O Brasil comemora na semana vindoura duas importantes passagens: o Descobrimento, e a homenagem a Tiradentes, nosso mártir da Liberdade. Parecem-me bem oportunas.
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