segunda-feira, 16 de junho de 2008

O retorno do 68

Nav's ALL mais uma vez antecipou o futuro para você, desta feita com tres anos de vantagem às maiores sumidades:  "É como em 1968", diz diretor de Conselho Europeu

Cessa tudo quanto a musa canta quando um poder mais alto se levanta. Camões
É cada vez mais claro que uma revolução filosófica se encontra em marcha. Um sistema abrangente está se desenvolvendo com rapidez, como uma árvore que começa a dar frutos em todos os seus galhos ao mesmo tempo. Abraham Maslow
AS CHICANAS PLATÔNICAS enredaram a humanidade em reboliços. O século passado vivenciou o ápice da estupidez. O mecanicismo levou a civilização de roldão, mas no meado duas atômicas acabaram com a escuridão. A nova geração veio por outro norte, mais consistente. O discurso político perdeu seu privilégio. "O explosivo ano de 1968 começou luminoso", relata o jornalista Flávio Tavares. (ZH, 4/12/2007, p. 21.)
Paulatinamente a ética veio  se impondo à armação dialética:
"O ano de 1968 talvez haja constituído um divisor de águas: desde então assistimos ao progressivo refluxo da maré, o qual se acentuou em 1989/91. O século XXI poderá conhecer, após calamidades imprevisíveis - guerras, novas revoluções e catástrofes ecológicas - o princípio da reconstrução da ordem internacional, uma reorganização em escala mundial do Estado de Direito Liberal." (Penna, J. O. de Meira, O Espírito das Revoluções, p. 46.)
Tudo parecia muito claro, e fatal:
"A consciência humana está transpondo um limiar tão importante como o que transpôs da Idade Média para a Renascença. O homem está faminto e sedento após tanto trabalho fazendo o levantamento de espaços externos do mundo físico começa a ganhar coragem para perguntar por aquilo que necessita: interligações dinâmicas, sentido de valor individual, oportunidades compartilhadas, efeitos. Nosso relacionamento com os símbolos de autoridade do passado está se modificando, porque estamos despertando para nós mesmos como seres, cada qual dotado de governo interior. Propriedades, credenciais e status não são mais intimidativos. Novos símbolos estão surgindo: imagens de unidade. A liberdade canta não só dentro de nós, como em nosso mundo exterior. Sábios e videntes previram esta segunda revolução. O homem não quer se sentir estagnado, o que deseja é ser capaz de mudar."
(Richards, M.C., The Crossing Point; cit. Ferguson: 57)
"A sociedade da alienação tem que desaparecer da história. Estamos inventando um mundo novo e original. A imaginação está tomando o poder", anunciavam os artífices.
O laser do Quartier Latin de fato logrou alguma mudança. Muros ruíram, o congraçamento se fez iminente, mas o que ora temos? Com o arquinimigo prostrado, e as atômicas vetadas, resplandece flamante o leviathan, com corte modernizado. Ele não mais se põe de farda. Engalana-se com cartola. Tampouco prosperará. Sequer os coelhos estão dispostos à patos.

O poder da força bruta
A maior parte da trajetória humana pautou a força em detrimento da razão. Quando explodiram as atômicas, contudo, ela constatou que uma menor poderia sobrepujar a união de todas. Doravante, a força deveria ser mais sutil.
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O poder do dinheiro
Não há dúvidas da capacidade geradora do dinheiro, mas, até o limiar do século passado, nem era assim, tão considerado. Afinal, o que adquirir com cartões corporativos, numa sociedade que desconhecia até mesmo a luz elétrica? Aos poucos, contudo, sorrateiramente, foi a força da pecúnia carreando o incremento acelerado da indústria de chaminé. Hoje as crianças usufruem de pujante parque, repleto de quinquilharias.
Ligando as atômicas com a riqueza de quem as detinha, a humanidade obteve a certeza: era a abundância, e não a mendicância, era o capitalismo, e não o socialismo, era a força do rico que deveria comandar o rebanho. Então voltaram os pastores, desta feita não mais prometendo acabar com os diabos, posto já liquidados, mas acenando com pasto-verde para todos, no fundo do corredor. Nem assim.

O precipício
Supondo estarem de posse de todos os prerequisitos ao exercício do poder, ou seja, com os inimigos esmagados, com a força bruta do Estado concentrada, e a captura da chave do cofre, inúmeros incautos ascenderam e permanecem usufruindo de seus parcos e inconfessáveis ideais. Julgam-se incólumes, e para eles o melhor era o mundo se cristalizar. Lêdo engano.

2008
Vemos no globo revoltas generalizadas. Seja na Itália, na França; na Ásia ou no Oriente Médio.
Nos EUA uma reversão espetacular se anuncia, sob o comando de uma estirpe nada anglosaxã.
A pacata América Latina acende suas tochas. Não há mais lugar para os Chávez, os Kirchners, os Bachelets. A Bolívia se divide. A Colômbia balança. O Paraguai se modifica. O Perú correu com o japonês, e seu sucessor.
No Brasil, jamais houve uma catarse tão formidável, uma expurgação alastrada. Governo Federal e governos estaduais são pilhados diariamente em flagrante delito, mas ainda resistem.
A teimosia é inóqua, destinada ao completo fracasso. Desta feita o efeito atômico é quase imperceptível; porém, ainda mais decisivo:

Depois do ano 2000, aproximadamente por volta do ano 2014, dizer que este eixo passa para a constelação de Aquário, dando assim início a uma nova Era da História da Humanidade. Ela anuncia um estado superior da evolução humana - um estado de esclarecimento individual - iluminação ou lucidez da consciência. O homem da Era de Aquário é o homem independente. É o homem que elabora o processo da liberação total. (Martha Pires Ferreira (1972))
Alvin Toffler foi capaz de perceber, e adiantar:
“A aceleração da mudança na nossa época é, ela própria, uma força elementar, fundamental. Este impulso de aceleração oferece conseqüências pessoais e psicológicas, assim como sociológicas.” (Toffler, Alvin, O choque do futuro, Introdução.)
As mudanças serão no seio do poder, em esplêndida powershift. Ele já acusa o abalo.
A responsável pela façanha é a capacidade cognitiva.
O conhecimento sobrepuja a força bruta e até mesmo a do dinheiro, e ambas juntas:
"O núcleo do novo paradigma é o reconhecimento de que a ciência moderna confirma uma idéia antiga - a idéia de que consciência, e não matéria, é o substrato de tudo que existe." (Amit Goswami)
Tudo isto havia sido predito logo após a II Guerra, por um astrólogo muito diferenciado:

Esta organização não pode ser abandonada à iniciativa dos governos: será alcançada quando os povos tiverem uma vontade firme e ativa, porque é renovação radical de todas as antiquadas tradições politicas. A compreensão e a vontade de resolver o problema estão-se generalizando. Acredito na influência de um individuo sobre outro e acredito no processo de seqüência e encadeamento entre os homens.
(Fala Einstein sobra o futuro da humanidade, Folha da Manhã, 4/3/1949.)
A tábula está rasa:

Os sintomas desta Era da Intuição já se fazem presentes - em pequenos núcleos - nos mais diferentes setores da atividade humana. A crise é cultural, moral, política, econômica, religiosa, sociológica. E esta crise entrará num crescente enorme - a fome aumentará cada dia mais -, o descontrole geral chegará às vias do absurdo!!! Velhas tradições, velhas convicções, velhos ideais e costumes, velhas leis éticas e metafísicas sofrerão assombrosas modificações antes do surgimento do Novo Ciclo da Raça Humana.
(www.constelar.com.br/constelar/04_outubro98/memoria1.php)
É apenas quando a casualidade é levada aos seus limites que se descobre que o contexto real no qual os eventos ocorrem precisa se estender indefinidamente. Em outras palavras, tudo o que acontece no nosso universo é causado por tudo o mais. Sem dúvida, o universo inteiro podia ser pensado como se desdobrando ou se expressando em ocorrências individuais. E dentro dessa visão global que se torna possível acomodar as sincronicidades como eventos significativos que emergem do coração da natureza. (Gleick, James, Chaos, cit. Lemkow, Anna, p. 216)
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Notícias
Londres, 17/6/2008 - "Enfrentamos uma combinação global de desafios que ameaçam causar ainda mais deslocamentos no futuro", afirmou em Londres o comissário da Acnur, António Guterres. "[Os desafios] são diversos: emergências relacionadas a novos conflitos em algumas áreas, má governança, degradação ambiental relacionada ao clima que provoca um aumento na competição por recursos escassos e o aumento dos preços, que atingiu os mais pobres de maneira mais forte e que está gerando instabilidade em diversos locais."
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Buenos Aires, 17/6/2008 - Os argentinos realizaram, na noite desta segunda-feira, panelaços e buzinaços em vários pontos do país. Desta vez, o protesto durou mais de uma hora e não ocorreu somente nos bairros de classe alta de Buenos Aires, como no fim de semana, mas também nos bairros de classe média, como Almagro, e baixa, como La Matanza, na capital do país, e em diferentes cidades da Argentina.Thailândia, 20/6/2008 - Milhares de pessoas protestam pacificamente pela deposição do Primeiro-ministro. Quase 2000 se quedaram presos pela repressão governamental.
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Brasil, Rio Grande do Sul - 13/junho/2008 - Milhares de agricultores, operários, campesinos e estudantes de caras-pintadas exigem a renúncia da Governadora; inspetores de polícia, delegados e integrantes de diversos órgãos policiais efetuaram uma pomposa faxina na rua e na calçada de acesso ao Palácio Piratini, na mais completa desmoralização já assistida pela população a um governante.
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Brasil, 20/6/2008: Caminhoneiros do país inteiro paralizarão suas atividades neste fim-de-semana, em protesto contra a impostura dos pedágios, o alto preço do diesel cobrado pela Petrobrás, e a insignificância dos valores dos fretes estipulados.

Coréia do Sul, 20/6/2008 - Toma gigantesco corpo o protesto da Nação frente às políticas de importação implementadas naquele país, notadamente ao que se refere à carne americana.

São Paulo, 20/6/2008: Manifestação de professores bloqueia a Avenida Paulista.
Índia, 23/6/2008: "Queremos nossas terras de volta" e "Queremos a independência da Índia".
Filipinas, 23/6/2008: Milhares nas ruas protestam pelo preço dos combustíveis.

Bolívia, 23/6/2008 : Centenas de estudantes de Santa Cruz de La Sierra queimam várias viaturas do poder central. Propugnam pela confirmação do plebiscito. Querem autonomia.

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