sexta-feira, 13 de junho de 2008

Da 13

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Sexta Feira 13 é considerado popularmente como um dia de azar.
Como azar ou sorte só depende do lado em que se está no tabuleiro,
há quem veja nesta data motivo de grande júbilo.

Os jornais, por exemplo, atraem milhares de extracuriosos.
É gente ávida para saber o significado, a história, e
as possibilidades que pode o dia oferecer.

Cartomantes, horoscopistas e astrólogos, desde ontem são muito solicitados.
A turma do Divino cataliza ainda maior ibope.
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Invoca-se Santo Antônio mercê de suas atribuições de cupido:
"Conhecido como santo casamenteiro, nascido em Lisboa em 1195, este é o santo certo se o que você quer é que o namoro vire casamento ou simplesmente quer saber se vai para o altar algum dia. Seu dia é comemorado em 13 de junho e é o campeão das simpatias."
Não falta, entretanto, quem se arrependa da oportunidade ensejada pelo auxiliar.
Neste caso, o incauto apelará por São Jorge.
* * *
Quem tem receio do dia é suscetível aos maus agouros.
O risco é
precipitar o infortúnio só para se dizer com razão.

As oficinas se vêem assim repletas de carrões.

Lojas de amuletos, umbandas e até igrejas tem no 13 a sagração.
Ao brasileiro, contudo, tem sido mesmo perdição.
Muitos acreditam que o treze dá sorte.
Casas lotéricas com o número são mais de 13 mil.

Com Zagallo e seu 13, ganhamos 70.
Mas com ele, trocamos uma copa por um porta, logo denominado São Paulo.
Desse modo, merece o retorno a Saulo.

O 13 é uma boa desculpa. Tudo o que hoje acontecer, nada é de nossa culpa.
* * *
O número do tempo
A idéia de um tempo linear vem desde Platão.
Todas suas alegorias, ainda levam a humanidade de roldão.
Em que pese de toda noite nascer novo dia, entretanto, não é mister condicionar nossa
própria existência na contagem desse trânsito. Alías, nem é ele quem passa.
Nós é que passamos por ele.

O pretérito é definido, pode até ser contabilizado, mas até ele é mutante:
depende da interpretação. E o futuro é infinito:
"Pois o chamado ‘fim da história’ nada mais é do que a emancipação da multiplicidade dos horizontes de sentido. Um desses desafios é o de repensar o pensamento científico, libertando-o de sua ganga positivista, de sua mania contábil, a fim de instalar em seu seio a argumentação filosófica capaz de regular as relações do conhecimento científico com as demais modalidades de pensamento e ação. Outro, não menos importante, é o de pensar a modernidade. Porque esta não é um momento datado da história, definindo uma época. É o nome de uma ruptura, de uma crise relativamente à tradição. Estamos diante de uma nova episteme: da indeterminação, da descontinuidade, do deslocamento, do pluralismo (teórico e ético), da proliferação dos projetos e modelos, da ampliação de todas as perspectivas e do tempo da criatividade." (Japiassú:10)
Na Divina Comédia, o castigo do inferno para quem tenta prever é ser preso com uma corda no pescoço, com a cabeça sempre voltada para trás.
O folclórico Dante tinha premonição. Não há
flecha do tempo preponderante, ou a todos comum. O maior castigo é querer identificá-la. São bilhões os vetores imprimidos! É experiência pessoal.
Hoje pode ser dia 13, em relação ao mês de junho; mas o décimo-quarto, ou mais, para quem nasceu em maio.
De todo modo, o tempo não se faz, pois, tão toscamente engrenado como o relógio.
Isto é apenas acordo, lavrado quando a vela era a rainha da noite.
Como no mundo o Sol nunca se põe, podemos viver uma nova aurora, a cada segundo.
Só depende de onde quisermos estar, para tudo mudar.
"O fato de o tempo ser próprio de cada corpo, não uma ordem cósmica única, envolve mudanças nas noções de substância e causa." (Russell, cit. Fadiman: 165)
O tempo é delineado a cada instante, por cada um de nós, na unidade cósmica.
Beba com moderação.

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