quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Deus, Furacão e Ciência - 1/3

E no meio repousa o Sol. Com efeito, quem poderia no templo esplêndido colocar essa luminária num melhor lugar do que aquele donde pode iluminar tudo ao mesmo tempo? Em verdade, não foi impropriamente que alguns lhe chamaram a pupila do mundo, outros o Espírito, outros ainda o seu reitor.
COPÉRNICO
É aí que mostraremos causas de estagnação e até de regressão, identificaremos causas da inércia às quais daremos o nome de obstáculos epistemológicos (...) o ato de conhecer dá-se contra um conhecimento anterior, destruindo conhecimentos mal estabelecidos, superando o que, no próprio espírito, é obstáculo à espiritualização. BACHELARD, G., 1996: 170  
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Sandy demonstra que o Arquiteto do Universo talvez tenha exagerado em seus bons ventos. Calamitosa atuação. Coberto de rezas, e glórias, e sacrifícios, promessas e citações, ainda assim S. Exa. inunda os ofertantes com rosário de frustrações e desgraças. Recebendo toda a atenção e respeito, promovido através de impressos, rádios, tvs e internet em impressionantes campanhas publicitárias, por que ainda assim Sinhozinho  resolve dizimar os próprios "servos"?  Isso não é coisa de psicopata? Sim - de quem Lhe introduziu.
Graças a seus braços tecnológicos a ciência  no episódio salva milhares de pessoas, e relevante patrimônio. Twitter ajuda a salvar vidas durante passagem do furacão O rastreamento se faz preciso, e isso permitiu que a população se preparasse com antecedência à fúria da natureza. O número de mortes é irrisório frente a magnitude do fenômeno. Os prejuízos foram de monta, porquanto não há técnica que desvie ou diminua o ímpeto do dragão, porém seriam multiplicados sem prevenção. O que importa é comparar a possante incidência com algum ponto do passado, quando o mau-humor de São Pedro e de Hades, no caso dos terremotos e vulcões, pegava todos de surpresa.
O conhecimento conforta o ser humano em sua viagem pelo cosmos de um Universo indecifrável.  'O mais incompreensível, é mais ou menos isso que dizia Einstein, é que o mundo seja inteligível.' (PATY, M., Einstein: 15) A compreensão pode diminuir, e muito, a carga de sacrifícios que todos suportamos. Merecem ribalta as informações que propiciaram a Nação se precaver no que fosse possível.

Como os gregos explicariam o fenômeno? Os deuses teriam combinado um castigo geral, e aproveitado para mandar mais gente à companhia de Hades - coitado, sempre evitado?
Como se referia o de maior fama? 
Para Platão, a ordem e a beleza que vemos no Cosmo resulta de uma intervenção racional, intencional e benigna de um divino artesão, um "demiurgo" (gr. δημιουργός), que impôs uma ordem matemática a um caos preexistente e, assim, produziu um Universo divinamente organizado, a partir de um modelo eterno e imutável (Pl. Ti. 26a).  www.greciantiga.org    
Platão, impossibilitado de compreender a realidade das contingências do mundo sensível, optou por construir um mundo perfeito a partir de suas próprias idéias, denominou-o, Hiperurâneo, mundo das formas perfeitas, eterno, habitat das almas que ele criara ao dividir o homem em corpo mortal e alma imortal.O mundo racional que Platão idealizara foi tão bem elaborado que Santo Agostinho (354-430 d.C.) adaptou-o ao cristianismo, e a exemplo de Platão criou duas cidades utópicas: a Cidade de Deus e a Cidade dos Homens .PLATÃO E AS CONSEQUÊNCIAS DE SUA FILOSOFIA
O filósofo apregoava a impossibilidade de se demonstrar a existência de Deus, mas fez a ressalva tranquilizadora: Ele não fazia mal, só bem. Então, comparou: "Se o justo aparecer na terra, será açoitado, atormentado, posto em cadeias, cegado de ambos os olhos, e, finalmente, depois de todos os martírios, pregado numa cruz, para chegar á compreensão que o importante neste mundo não é o ser justo, mas parecê-lo. " (PLATÃO, República: 361)
O cristianismo surgiu e obtém pleno êxito justamente por exceder a  pessimista hipótese. Deus, ou melhor, seu Filho poderia enfrentar tamanha tortura, eis que imbuído da missão mais nobre jamais concedida, missão impossível ao ser humano. Além de se fazer sentir, ora Deus "provava" concretamente sua  existência,  tudo afiançado por dúzia de testemunhas.
Mas quando notícias da peste assolavam as fronteiras pré-renascentistas, o que faziam os fiéis reunidos,  em coro implorando clemência, piedade, e tudo o mais - de joelhos pedindo perdão, prometendo dedicar toda a vida em reconhecimento ao Senhor Nosso Pai? Isso queria a peste, para se espalhar com velocidade atômica.

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