quinta-feira, 11 de outubro de 2012

À profissionalização política

Educar os educadores!
Mas os primeiros devem começar
Por se educar a si próprios.
E é para esses que eu escrevo.
Nietzsche
Nas campanhas municipais houve forte publicidade do TRE para conscientizar o eleitorado sobre os prejuízos da corrupção. Há enorme esforço para erradicar a mazela, ora desde a mais tenra idade: "O Núcleo Regional da Educação (NRE) de Cascavel realizou a palestra 'Combate a Corrupção' para os Jovens Vereadores, na Câmara Municipal de Cascavel. A atividade faz parte do projeto 'Paraná Sem Corrupção',  iniciativa do Ministério Público do Paraná (MP-PR) em parceira com a Secretaria de Estado da Educação (SEED) e Núcleos Regionais."
Deparamo-nos com outro fenõmeno quase tão prejudicial quanto a má-fe:  embora exceções, os eleitos não são profissionais do metier.  A razão é pueril: não há nenhum curso que contemple uma formação política - nem técnico, muito menos superior - apenas raras pós-graduações.  E sequer é ventilado.
A partir da reforma, na Universidade passou a ser mínima ou inexistente a discussão politica no meio do movimento estudantil. Se após a redemocratização muitos professores passaram a militar pelo PT, no meio estudantil a discussão passou a ser cada vez mais reduzida. Hoje, na maioria das escolas não federais, não existe discussão politica entre o corpo discente. Na data de hoje, estamos formando alienados politicos em massa. Quando não analfabetos funcionais.
Os representantes podem até serem bons especialistas em uma ou outra área, mas o universo da política é holístico.
Nossa Universidade atual forma, pelo mundo afora, uma proporção demasiado grande de especialistas em disciplinas predeterminadas, portanto artificialmente delimitadas, enquanto uma grande parte das atividades sociais, como o próprio desenvolvimento da ciência, exige homens capazes de um ângulo de visão muito mais amplo e, ao mesmo tempo, de um enfoque dos problemas em profundidade, além de novos progressos que transgridam as fronteiras históricas das disciplinas  LICHNEROWICZ; cit. MORIN, E., 2002: 13
Em que pese a carreira política se iniciar por assessorias, diretamente na vereança, percorrer meandros estaduais, e alcançar federais, as atividades políticas não são consideradas profissionais. São, então, amadoras.
Existem abissais distâncias entre pessoas com formação profissional, e aquelas que exercitam alguma atividade, geralmente esporádica, apenas por "ouvir falar". Gigantesco flagrante pode ser obtido entre atletas. É óbvio ululante que a disparidade impede qualquer disputa.
Qualquer profissional se esmera em desenvolver suas capacidades competitivas de modo responsável, sob pena de ser simplesmente excluído. O amador não tem compromisso. Com nada,  Faça o que fizer, cometa os erros mais primários, sua carreira não ficará manchada - ao contrário - pode servir até como um tempero, disposição humana do elemento.
O profissional tem responsabilidade por cada ato que exerce. O amador não deve explicações a ninguém. A cada eleição as empresas despejam altos volumes de recursos aos candidatos É claro que a maioria não o faz por nenhum patriotismo, tendo interesse direto nas administrações e legislações, a ponto de promoverem até mesmo a forma de suborno antecipado, com vistas à altos spreads, mas a tônica das pequenas e microempresas, com certeza, não se presta ao expediente. Desde as "Diretas Já' as empresas participam com vultosos apoios. 
 PT e PSDB não compartilham apenas a política econômica. Suas campanhas presidenciais compartilharam também os financiadores, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral. Dezenove empresas, a maioria delas com interesses no governo, investiram R$ 54,1 milhões na disputa eleitoral. O Banco Itaú, por exemplo, apostou igual em ambos os “cavalos”. www.claudiohumberto.com.br
Hoje publicado no The New York Times, com foto de Alice Braga,  “a atriz brasileira que conquistou Hollywood”. Diz o anúncio: “Um banco latino-americano global.”  No ano passado o Itaú lucrou R$15 bilhões.
A arrecadação do PT, PSDB, DEM e PMDB explodiu em 2008 com doações recebidas de empresas que exacerbaram, no ano passado, o mecanismo usado para ocultar a identificação dos reais financiadores dos candidatos a cargos públicos. (Folha, 3/5/2009)
O resultado de tão brilhantes soluções fulgura nas mansões de Brasília e nos casebres da Baixada Fluminense: "Quando visitei o Brasil há dois anos, a polícia executava suspeitos de crimes e cidadãos inocentes durante suas operações em favelas. Policiais fora de serviço operando em esquadrões da morte e em milícias também assassinavam civis." (ALSTON, Philip, ONU - BBC-Brasil, 1/6/2010)
"O poder excessivo do setor financeiro é o motivo pelo qual o mundo chegou à crise atual. (RUSSELL, Bertrand, O Moderno Midas, 1930/2002: 69) Aos banqueiros, e radicalizo - ao governo, por eles comandado em suborno antecipado - não interessa o comércio, mas a recessão econômica, assim valorizando sobremaneira o seu "produto". O Real se encontra hipervalorizado porque entesourado para compra de dólares. A escassez lhe torna de suma importãncia, quando não passa de um meio de pagamento, apenas, não propriamente objeto de riqueza. A tolice se constata na trajetória: "Isto reduziu o ritmo de crescimento de todos. Houve uma redução muito forte das trocas comerciais. Em 2012, está havendo um dos menores crescimentos do comércio internacional, que vai avançar menos de 3%", (Mantega admite: crise internacional já afeta os Brics) No entanto, S..Exa determinou aumento nas tartifas de importação, e hoje mesmo, a Receita Federal "decretou" uma série de obstáculos para o registro e funcionamento de empresas dedicadas ao comércio internacional. 
Sob o falso pretexto de defender os interesses do povo, esse gigantesco Leviatã consome a renda da população, gere mal os recursos e fecha a economia do país a seus desejos, inibindo investimentos internos ou externos. Com políticas econômicas frágeis e na maioria das vezes mal formuladas (dado o fraco entendimento dos governantes nesse assunto), o crescimento econômico pode se iniciar acelerado, mas ao longo do tempo mostra-se ineficiente e frágil, fadando o país a um atraso monstruoso em relação a regiões mais democráticas. VASCONCELLOS, Daniel, A ameaça do "Estado-pai", O Globo, 27/8/2010
Ives Gandra: “35% da riqueza nacional custeia uma máquina burocrática esclerosada”
A já estupenda mas sempre crescente carga tributária, a legislação trabalhista, o arranjo proselitista inventado pelo fascismo, e periodicamente  ampliado, desse modo também mantendo a escravidão proletária, as burocracias municipais, estaduais e federais recrudescidas a cada instante, enquanto se deteriora a logística (
Apagão logístico) e a educação em geral - (Burocracia trava investimento em pequenas empresas do petróleo) e um sistema bancário, cada vez mais perverso compõem o quadro do subdesenvolvimento diretivo. As melhores práticas no transporte
Trabalhador solteiro, em situação regular, com carteira assinada, com R$ 2 mil mensais de salário, entre os descontos a que é submetido e os custos impostos ao empregador, resultará em R$ 837 que passam para os cofres públicos. Ora, a mim parece extorsiva essa contribuição a que o trabalhador e o empregador estão sujeitos inexoravelmente, sem ter a quem apelar, quando os serviços públicos devolvidos à sociedade são defectivos, não são bons e em geral são maus, especialmente os mais vitais, como os referentes à saúde, à assistência médico-hospitalar, à educação, à segurança pessoal do trabalhador e de sua família. Por isto já foi dito que, entre nós, as contribuições são de padrão escandinavo, enquanto os serviços públicos são de escala africana. O outro assunto que também me impressionou, vivamente, conhecidas as condições históricas do serviço, tradicionalmente reumático, é referente aos serviços portuários. Só no porto de Santos, o maior da América do Sul, na entrada ou saída de navios, exigem-se 17 toneladas de papel por ano; para cada navio são necessários 112 formulários, em diversas vias, com 935 informações a serem encaminhadas a seis diferentes entidades da administração! BROSSARD, P. ,Peleguismo eleitoral 8/6/2010
Estudo divulgado pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) aponta o custo de abertura de uma empresa no Brasil: R$ 2.038, O montante representa o triplo do valor cobrado na média de Rússia, China e Índia, de R$ 672. E depois, na produção? "Os impostos no Brasil - com uma gigantesca carga tributária indireta, embutida nos preços de toda a cadeia produtiva, o que gera impostos em cascata - são ainda maiores que aqueles que Obama planeja implementar. O intervencionismo estatal no país é verdadeiramente horrendo." (ROCWELL, Lew, As ideias são mais poderosas que exércitos)  "O país que está listado em 152º lugar no ranking do Banco Mundial por seu desajeitado e pesado sistema de impostos está dando conselhos sobre impostos restritivos e políticas cambiais." (Financial Times) Empresas brasileiras gastam 2.600 horas (3,6 meses) pagando impostos, segundo levantamento da Latin Business Chronicle’s (LBC). O mesmo estudo classifica o Brasil como o país com o pior sistema tributário da America Latina. Essas incidências deprimem, estrangulam a produção - fato aferido por PIBs minguantes, e recrudescimento criminal. 
A política comercial brasileira parece ter pelo menos três patronos: o Barão de Itararé, Stanislaw Ponte Preta e Nelson Rodrigues. É uma mistura do Febeapá, de Ponte Preta (o 'festival de besteiras que assola o País'), com o 'de onde menos se espera, é daí mesmo que não sai nada', de Itararé, gerando as 'lágrimas de esguicho', de Nelson Rodrigues. Política comercial deplorável
"A solução para a competitividade brasileira não é aumentar a altura do muro, mas baixar as ineficiências que temos." (Medidas protecionistas são 'paliativo', diz ex-ministro)    "A complacência do Senado e da Câmara dos Deputados frente aos indícios de crimes cometidos em massa por muitos de seus integrantes leva a perda de confiança da população nas instituições parlamentares e no processo eleitoral, o que configura uma crise institucional." (www.transparencia.org.br)
É certo que os partidos visam impressionar as classes mais baixas, porque mais volumosas, mais rentáveis sob  as urnas, porém muito mais do que isso, todas as mazelas que a classe produtiva da Nação vem enfrentando se deve praticamente à ignorãncia dessas lideranças políticas, populares.
A nova lei redigida por Edwin Chadwik, ex-secretário particular de Jeremy Bentham, e aprovada quase sem discórdia, refletia de modo claro a idéia burguesa e liberal sobre o propósito de 'alcançar o maior número defelicidade para o maior número de pessoas'. As depressões econômicas da década de 1840 mostraram ser falsa essa idéias e arruinaram os planos dos cuidadores das leis dos pobres. Novamente instituíram os donativos e novamente aumentaram os impostos. BURNS: 561.

2 comentários:

  1. Prezado Sr. All,

    “É que a verdade se desdobra em tantas que é impossível extingui-las. Cada ser humano, cada átomo, cada ponto do Universo mantém sua peculiaridade, e a ciência respeitando tal princípio, demonstra não ser nem axiológica, nem ideológica, muito menos dogmática.”

    Agradeço-lhe a reserva do seu precioso tempo em alinhavar algumas considerações nesse enriquecedor diálogo. Prefiro, de certo modo, ouvir e, quiçá, aprender algo que o próximo tem a nos ensinar.

    Sem pretensão de esgotar a riqueza de suas considerações, gostaria apenas ressaltar o brilhantismo do trecho epigrafado, rico em consequências-constatações, inobstante a singeleza. De outra sorte, tentando não tomar parte nem adentrar nas questões de fundo, interessante a perspectiva que V. Sa. tem de Platão. Parece que o referido pensador faz as vezes de Machado de Assis (“O Bruxo do Cosme Velho”, segundo alguns registram), o qual tanto “enfeitiça” seus leitores: um magnetismo quase irresistível…

    Em relação à esquizofrenia, são interessantes os trabalhos da gigante Nise da Silveira, a qual propôs um processo de tratamento revolucionário, aplicado na “Casa das Palmeiras”, no Rio de Janeiro. Baseado no Afeto, seu processo inclui oficinas de arte e tem por intermediários terapeutas (equipe médica e demais funcionários) e co-terapeutas (cães e/ou gatos) [os papeis, às vezes, se invertem, segundo a própria Nise].

    O ambiente acolhedor e de liberdade propicia a melhora clínica do público assistido. Há casos em que a ruptura com o mundo externo fora suplantada pela reordenação do inconsciente. Os trabalhos de Nise tiveram reconhecimento inclusive de Jung, com o qual manteve intercâbio.

    Quanto a Bohr, embora tivesse certa noção geral da influência desse renomado cientista, nunca tive a oportunidade de um contato maior com seu sistema, mas procurarei fazê-lo daqui em diante.

    Mais uma vez, fico-lhe agradecido pelas considerações-aulas-orientações as quais ensejastes a este humilde seu leitor-interlocutor, como também ao público da TI-Online.

    Estamos à disposição.

    Um Fraterno Abraço,
    Cordialmente,
    Christian.

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  2. Prezado Christian,
    Muito agradecido pelo prestígio, ainda mais enriquecido por tão gentil registro. O feitiço não é pessoal, carismático, ou sedutor. É o método de mentir por ele articulado que tem o dom de tornar a civilização inteira esquizofrênica, por repetição. Desse modo para quem quiser se livrar da esquizofrenia basta desconsiderar as mais elementares separações lavradas pelos pedófilos de Atenas: o corpo da alma, a Terra do Céu, a poesia da ciência: http://allmirante.blogspot.com.br/2010/09/cura-da-esquizofrenia-pela-filosofia.html
    Para iniciar com Bohr, sugiro-lhe:
    http://allmirante.blogspot.com.br/2008/04/influncia-de-bohr-sobre-fsica-e-os.html
    Espero vê-lo sempre à bordo de nossa nave.
    Aquele abraço.

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