Se os seres humanos houvessem de inspirar-se nos exemplos da Natureza, fazendo deles normas de conduta, a anarquia, a independência, o individualismo e o princípio do menor esforço passariam a ser os ideais humanos. GARBEDIAN, H. Gordon, A vida de Einstein: o criador do Universo:161A prolongada crise econômica que assola o mundo ocidental encontra precedente na época dos gangsters, ditadores, e intervenções estatais em larga escala. Poderíamos identificar entre ambas algum denominador comum? Com certeza. Naquele tempo estipulavam-se metas econômicas coadunadas com a mater, em movimento por mimese. A inclinação dos anos 30 mantinha o viés renascentista, em sentido imititativo não so das ciências, como até mesmo da arte, com Leonardo: "A pintura que tiver mais semelhança com a coisa reproduzida é a mais louvável, e digo isso para os pintores que querem mehorar as coisas da natureza."
Parece-me que essa incapacidade dos economistas em sugerir políticas mais bem sucedidas está intimamente ligada à propensão a imitar, o mais rigorosamente possível, os procedimentos das mais brilhantemente exitosas ciências físicas — tentativa essa que, em nosso campo profissional, pode levar a erros crassos. Esta é uma abordagem que passou a ser descrita como sendo uma atitude 'cientificista'. Friedrich A. Hayek - A pretensão do conhecimento, ao receber o Nobel de Economia, 1974
A II Grande Guerra e a reconstrução européia catalizaram todas as atenções, de modo que as maquiavélicas estratégias governamentais escaparam ilesas. O fascismo, a social-democracia, o estado de bem-estar continuaram efetivas, lucrativas eleitoreiras. "Vivemos no tempo da democracia social, e nele a tentativa reacionária de voltar ao século 19 --o tempo do Estado liberal-- não faz sentido. (BRESSER-PEREiRA, L.C. 30/7/2012, Olimpíada da democracia social) Como vemos, sequer a queda do muro elidiram as pretensões do estado como alavanca do desenvolvimento - ao contrário: com Marx enterrado embaixo daquelas pedras, o grande vencedor foi o preterido Hegel, e sua Totalidade Orgânica de caráter nacional. Longe do rótulo, a democracia apregoada como social é totalitarista par excellence. e por isso, pela falsidade ideológica, já durou até demais. O Euro se fez a última tentativa de escapulir da dialética pela qual o Estado se impõe como a grande e única panacéia, mas, embora moeda única, os estados conservaram suas independências políticas, e assim mantiveram o povo cativo em suas metafísicas altruístas. Como nao há possibilidade de se enfrentar as forças da natureza, sutis, porém tão intransponíveis quanto uma maré adversa, os remadores acabam cansando, sucumbindo diante da fatalidade já por demais anunciada.Como aproveitar as forças naturais em proveito do desenvolvimento geral? Em primeiro lugar, com a humildade dos governantes. Não há política capaz de propiciar a riqueza a ninguém. Precisamente é sua ausência, a não interferência, o famigerado laissez-faire, laissez-passer que propicia o desenvolvimento espraiado, por isto socialmente mais justo. Maior exemplo vem da evolução do próprio universo.Aplicar leis da Física na análise de problemas sócio-econômicos é uma tentação freqüente que se justifica pela sensação de segurança que elas nos inspiram. A aplicação extensiva das leis e dos métodos da Física requer certos cuidados pois o comportamento humano é regido por critérios mais restritivos, de caráter ético, social e religioso. A atividade econômica não racionalizada provoca desequilíbrios cujos resultados negativos já se fazem sentir no desemprego e no agravamento das desigualdades sociais com a redução forçada do consumo do trabalhador pelo próprio desemprego ou pela terceirização. Do mesmo modo, a globalização traz uma desnacionalização da economia que pode acarretar menor uso das potencialidades locais. Em lugar de confiar que um liberalismo econômico - que, contraditoriamente, pratica brutais intervenções no taxa de juros e de câmbio - possa resolver os nítidos sinais de desequilíbrio a que nos referimos, mais valeria ter um pouco de juízo e prestar atenção aos mecanismos de controle da Natureza que forçosamente vão coincidir, no longo prazo, com as verdadeiras forças de mercado. Entropia, economia e desenvolvimento social. - O.C.F., prof. de Ciências e Técnicas Nucleares- UFMG - Concentração em Planejamento EnergéticoPois foi justamente com base na Física edificada a partir de Copérnico e Galileu, e não na Filosofia, que todas as disciplinas, da Engenharia ao Direito, da Medicina à Sociologia e à Economia, e por fim, até mesmo o modo pelo qual em que todos de governo de quase todas as nações evoluíram: "As teorias de Newton lançaram-nos em um curso que desembocou no materialismo que ora domina a cultura ocidental. Esta visão realista materialista do mundo exilou-nos do mundo encantado em que vivíamos no passado e condenou-nos a um mundo alienígena." (BERMAN, M., cit. GOSWAMI: 31) "No decorrer do século XIX, a orientação mecanicista tomou raízes mais profundas - na física, química, biologia, psicologia e nas ciências sociais." (LEMKOW, ANNA: 86) "Durante a segunda metade do século XIX, a economia sofreu uma influência muito grande do avanço das ciências exatas. Invejosos de seu sucesso e prestígio e cônscios do poder das matemáticas e de sua importância para seu próprio progresso, os economistas voltaram sua análise parara essa direção." (ORMEROD, P.: 50) "Há muito estou convencido da importância de aprofundar a teoria das forças sociais que podemos comparar, em larga medida, às forças da dinâmica que agem sobre a matéria." (SOREL, G., Greve Geral Política: 195)
Assim como Newton formulou as leis fundamentais da realidade física, os filósofos e sociólogos, viajando na sua esteira, esperavam descobrir os axiomas e princípios básicos da vida social. Seu universal maquinismo de relógio converteu-se em modelo a partir do qual comparava-se o Estado com um mecanismo preciso, sujeito a leis, e retratavam-se os seres humanos qual máquinas viventes. ZOHAR, D., 2000: 23.
O capitalismo de livre empresa, um mercado onde perdurassem a competição e a livre iniciativa, passou a ser considerado como instrumento de exploração do povo, enquanto uma economia planejada era vista como alavanca que colocaria os países no caminho do desenvolvimento. Caberia ao Estado, portanto, o controle da economia doméstica, das importações e a alocação dos investimentos de maneira a assegurar que as prioridades sociais se sobrepusessem à demanda egoísta dos indivíduos. FRIEDMAN, M., Capitalism and Freedom; cit. PERINGER, : 126Devem permanecer as ciências em geral, especialmente as humanas, e as políticas governamentais daí geradas, com a pauta circunscrita aos conceitos daquele longínquo século da descoberta do Novo Mundo? Infelizmente é o que predomina. Eis a única responsável pelas duas maiores crises econômicas ocidentais
O capitalismo de hoje não é um capitalismo liberal; o que realmente existe é um capitalismo burocrático que está sob forte controle e regulamentação dos governos dos estados nacionais. A característica fundamental deste sistema é um intervencionismo caótico e desordenado — com uma legitimidade precária baseada no sistema redistributivo do estado de bem-estar social e da democracia das massas. O que existe é um sistema altamente precário, um sistema que está sempre em perigo de colapso. Cada crise provoca mais intervenções, produz mais burocracia e mais regulação, mais gastos do setor público e uma carga tributária cada vez maior. Além da boa governança por Antony Mueller , 8/8/2011
Mas e diante da nova Física, e logo pela Entropia, como seria isto possível, uma vez que "todo sistema natural, quando deixado livre, evolui para um estado de máxima desordem, correspondente a uma entropia máxima'.Entropia - a flecha do tempo?
O que governa a dinâmica da natureza, inclusive em seu aspecto mais material, na física, não é uma ordem rígida, predeterminada. Tampouco uma dialética entre contrários em luta, que leve a síntese, até que se produza uma nova antítese, como na visão dialética marxista rechaçada também pela genética, segundo diz MONOD. É precisamente uma interação - que já existe nos níveis materiais mais elementares entre o aspecto onda e o aspecto corpúsculo - o que impulsiona a dinâmica da natureza. Assim o mostram as relações de mecânica ondulatória, que explicou LOUIS DE BROGLIE, síntese genial que tornou possível, como diz RUEFF, uma filosofia quântica do universo, aplicável não somente às ciências físicas, senão também a todas as ciências humanas. GOYTISOLLO, J. Vallet de
A evolução contém uma ordem intrínseca invisível, mas com resultados perfeitamente aquilatáveis
Assim, descobriu-se recentemente que na natureza tudo está subordinado a uma ordem, até mesmo os fenômenos confusos, sem nexo, totalmente imprevisíveis. Esta ordem ‘superior’ é capaz de explicar eventos aparentemente randômicos - não importa se se trata de bolsa de valores, da mudança na temperatura de nosso planeta, ou da maneira que nós formulamos nossos pensamentos – e que podem ser expressos tanto em fórmulas matemáticas e físicas, quanto em belas imagens (os chamados fractals) disformes, mas com uma atraente irregularidade. Todos esses eventos têm algo em comum: o fato de serem atraídos a certos estados da natureza, o que lhes dá unidade, se bem que disfarçada. A nova regularidade dos fenômenos deu origem a uma nova ciência, que tem o ‘caos’ como tema central e na qual, um dia, deve se enquadrar a teoria das ondas. WITKOWSKI, Bergè: 275.
A teoria do caos não só fornece uma explicação para as flutuações de uma economia de mercado, mas também demonstra que o Estado não tem o conhecimento necessário para adotar as medidas anticíclicas corretas. Na medida em que é extremamente baixa a probabilidade de se alcançar um estado final desejado em um mundo caótico, é difícil enxergar como o governo poderia especificar uma política para atingir esse objetivo, a não ser por acaso. ROSSER, J.B. Jr., Chaos Theory and New Keynesian Economics, The Manchester School, Vol. 58, n. 3: 265-291, 1990; cit. PARKER & STACEY, : 95.