domingo, 20 de março de 2011

O Sonho Americano e o pesadelo brasileiro

..... o Sonho Americano, aquele sonho de uma terra em que a vida deve ser melhor e mais rica e mais plena para todos os homens, com oportunidade para cada um segundo sua capacidade ou realização. É um sonho difícil para as classes superiores européias interpretarem adequadamente, e muitos de nós mesmos temos desconfiado dele. Não é um sonho de automóveis e altos salários apenas, mas um sonho de uma ordem social em que cada homem e cada mulher devem ser capazes de atingir a maior estatura da qual eles são naturalmente capazes, e serem reconhecidos pelos outros pelo que eles são, independentemente das circunstâncias fortuitas de nascimento ou posição. ADAMS, James Truslow, The Epic of America, 1931. Cit. www.mises.org.br/Article.aspx?id=763, 26/10/2010
Pode-se questionar o valor e a forma de realização do propalado sonho, mas não há como negar o êxito de sua concretização. Qual know how?
Eles transpuseram para suas instituições a idéia de checks and balances e conservaram em seus códigos a firmeza da common law. De modo que sua revolução pode parecer sob muitos aspectos uma seqüência (ou um coroamento) da Revolução Inglesa; uma democratização das instituições inglesas com fidelidade a seu espírito. FURET, 2001: 74
Mais decisivo do que apenas a manutenção dos contrapesos, a formulação cientifico-filosófica do exercício de poder é que enseja a excepcional performance do colosso.
Há uma outra decorrência dessa concepção: não só devemos tolerar as diferenças entre indivíduos e entre grupos, como devemos de fato aceitá-las com satisfação e considerá-las enriquecedoras de nossa existência. Essa é a essência de toda tolerância verdadeira; sem tolerância neste sentido mais amplo, não se pode falar de verdadeira moralidade. EINSTEIN, A., 1994: 23
O sucesso norteamericano se deve a este respeito observado, sem o qual seu futuro estaria tão comprometido quanto qualquer outro grande país, com excessão do Canadà, que sempre andou em seu vácuo. A rigor,  é criação sui generis, não  planificada por LOCKE & MONTESQUIEU, este cético a ponto de recomendar que não se adotasse o regime tripartide em países de grande extensão tereritorial. MABLY (cit. BOBBIO, 1987: 103) testemunhou e registrou a genial solução em suas Observações sobre o Governo e as Leis dos Estados Unidos da América (1784):
Somente através da união federativa a república, que durante séculos após o fim da república romana foi considerada uma forma de governo adequada aos pequenos Estados, pode tornar-se a forma de governo de um grande Estado como os Estados Unidos da América.
Almeja o Brasil  influenciar e dirigir o mundo inteiro na base da retórica e da alegria, já que não possui  nem vírgula das demais virtudes que compuseram a maior potência? Não digo governar,  mas não permitir que o Eua governasse sozinho, isto sim. A U.R.S.S. bem que tentou, mas de peito aberto não resistiu à ventania, ainda mais naquele frio intenso. Agora desponta a China, num esforço inimaginável para escapulir da quimera marxista.
O objetivo é profetizar o futuro de China e Brasil. Para orientar as projeções, uma série de perguntas. Dali a 40 anos, em 2011, qual desses dois países: - estará prestes a superar o PIB nominal dos EUA tornando-se a maior economia do mundo em 2020? - ocupará 60% de seu PIB com atividades de comércio exterior? - será o maior destino de investimento estrangeiros diretos (IEDs)? Todos apostariam suas fichas no Brasil. Estávamos no “milagre brasileiro”, crescendo a mais de 10% por ano. Naquela época, como agora, era grande o entusiasmo pelo País. (A máquina do tempo, março 19, 2011 - Autor: Marcos Troyjo)
O entusiasmo se restringe à setores cooptados. Em que pese a insistência da orquestra, o Titanic verde-amarelo atravessa uma crise total, sem precedentes, porém previsível.
Os impostos no Brasil - com uma gigantesca carga tributária indireta, embutida nos preços de toda a cadeia produtiva, o que gera impostos em cascata - são ainda maiores que aqueles que Obama planeja implementar. O intervencionismo estatal no país é verdadeiramente horrendo. As tarifas de importação são abusivas. As ideias são mais poderosas que exércitos. - www.mises.org.br, em 16/4/2010.
Carga tributária brasileira sobe para 33,6% do PIB em 2010
Na gravura o imperador e o presidente do Eua Ulysses S. Grant abrem a Exposição de Filadélfia, em 1876. Para nós era barbada tomar uma carona sobre o dorso da Águia.
Em corridas de automóvel isso é por demais conhecido, evidente ao aficcionado. O princípio é simples: quem anda atrás pode usufruir do vácuo aproveitando a energia dispendida pelo pioneiro, assim poupando a sua que usará na eventual ultrapassagem, quando preferir. Pronto. Mais ou menos o que faz a China hoje, para liderar já na próxima década. O Brasil sempre teve a chance de andar junto com o ponteiro, mas nossos heróis ou desdenharam, ou até, como recentemente, preferiram a hostilização castrista, talvez apropriada ao tamanho, produção, cultura e posição geográfica da ilhota, mas nunca pertinente a um país da estatura continental brasileira, semelhante ao máximo com os estados norteamericanos unidos.
Enquanto nossos compatriotas não possuírem os talentos e as virtudes políticas que distinguem nossos irmãos do Norte, os sistemas inteiramente populares, longe de nos serem favoráveis, receio que virão a ser nossa ruína. Infelizmente essas qualidades parecem estar muito distantes de nós, na intensidade que se deseja; e, pelo contrário, estamos dominados pelos vícios que foram contraídos sob a direção de uma nação como a espanhola, que só sobreviveu em atrocidade, ambição, vingança e avidez. SIMON BOLÍVAR, em Carta a um cavalheiro que tinha grande interesse na causa repúblicana na América do Sul, 1815
Perdemos o primeiro bonde da história no aniversário da Revolução Francesa,  em 1889.
A elaboração ideológica do autoritarismo nas obras de Torres, Viana e Amaral, produzidas no essencial entre 1914 e 1940, para citar apenas alguns dos nomes mais significativos, pode ser entendida como descendência da linhagem cientificista comtiana, 'autoritarismo instrumental', como sugere Wanderley Guilherme dos Santos (1978). Os eixos dessa elaboração,  já presentes nas críticas de Torres e Viana ao funcionamento e à ideologia da Primeira República, baseiam-se na pretensão de realizarem uma análise científica, que permitisse a crítica das propostas 'liberais' como ilusórias. LOVISOLO, Hugo, Positivismo na Argentina e no Brasil. - www.anpocs.org.br

Na verdade, passados mais de 100 anos da Proclamação da República, podemos nos questionar o quanto de ideológico existia nas colocações dos primeiros republicanos, imbuídos que estavam da vontade de consolidar um regime recém inaugurado e prover a devida justificativa teórica para a mudança da forma e do sistema de governo: de monárquico para republicano e de parlamentar para presidencialista  (http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_II_do_Brasil)
O segundo, já trem-bala, passou no aniversário das duas encrencas - 1989. Todavia, estávamos em plena campanha da primeira eleição, de modo que novamente dispensamos os serviços e as luzes do colosso. O problema era nosso, pois. Em lustro se viu insolúvel.
O estudo da sociedade é tão precioso porque o homem é
muito mais ingênuo como a sociedade do que como indivíduo.

NIETZSCHE, F., Vontade de Potência - Parte 2: 276
PIB per capita brasileiro poderia dobrar com redução do Custo Brasil
No Congresso América 92 - Raízes e Trajetórias, a Prof. MARILENA CHAUÍ aquilatou a formação política de nosso continente, conduzida através do fortalecimento repressivo e violento do Estado, “único sujeito histórico e político do país”. A conceituada catedrática recitou as características dos regimes despóticos que podem incidir sobre uma democracia desvirtuada - basta misturar ps três poderes, veiculados originalmente em MONTESQUIEU, e enfeixá-los nas mãos de um reduzido grupo, apto a se eternizar por arranjada “vontade geral”. Queixou-se: “Não se consegue desenvolver os ideais socialistas da justiça sócio-econômica, da liberdade e da felicidade, da cidadania participativa e da sociedade auto-organizada.” Nada é por acaso:
Logicamente predizia Adam Smith que a América Latina, em contraste com as 'colônias' da América do Norte, ia acabar na pobreza e na tirania porque sua tradição visava reconstituir a velha ordem romana, sustentada na visão mercantilista da riqueza como ouro e prata, numa economia produtiva de grandes latifúndios e na união da Igreja e do Estado. O novus ordu proposto por repudiava esses três sustentáculos do absolutismo.
Pois quando o sonho americano começava a se realizar, o Brasil estava no quarto ao lado. Se o norte contava com Jefferson e Madison, por aqui nosso jockey se mostrava capaz de conduzir o cavalo tropical no vácuo do flamante líder:
 Pedro II governou de 1840, quando foi antecipada sua maioridade, até 1889 ano em que foi deposto com a proclamação da república brasileira. Além dos registros históricos e jornalísticos da época, Pedro II deixou à posteridade 5.500 páginas de seu diário registradas a lápis em 43 cadernos, além de correspondências, que nos possibilitam conhecer um pouco mais do seu perfil e pensamento.
Ele é, ainda hoje, um dos personagens mais admirados do cenário nacional, e é lembrado pela defesa à integridade da nação, ao incentivo à educação e cultura, pela defesa à abolição da escravidão e pela diplomacia e relações com personalidades internacionais, sendo considerado um príncipe filósofo por Lamartine, um neto de Marco Aurélio por Victor Hugo e um homem de ciência por Louis Pasteur e ganhando a admiração de pensadores como Charles Darwin, Richard Wagner, Henry Wadsworth Longfellow e Friedrich Nietzsche. Durante todo a sua administração como imperador, o Brasil viveu um período de estabilidade e desenvolvimento econômico e grande valorização da cultura, além de utilizar o patriotismo como força de defesa à integridade nacional. Apesar de, muitas vezes, demonstrar certo desgosto pelas intensas atividades políticas, o último imperador do Brasil construiu em torno de si uma aura de simpatia e confiança entre os brasileiros. Quando do retorno de D. Pedro II da cidade gaúcha de Uruguaiana, no contexto da Guerra da Tríplice Aliança, onde ele conseguira a rendição das tropas paraguaias e onde ainda recebera o embaixador britânico Edward Thornton, que se retratou publicamente em nome da Rainha Vitória e do Governo Britânico devido à crise entre os dois impérios, a Assembleia Nacional lhe propôs a construção de uma estátua equestre com sua figura. Ele rejeitou a proposta e preferiu usar o dinheiro para construir escolas.
A Constituição do Império era de cunho liberalista  Uma pessoa que assaltou aqui perto, interrogada porque estava fazendo assaltos, disse que estava fazendo a mesma coisa que os governos.. A Carta de 1937, apenas outorgada, longe estava de aceitar a liberdade física e as demais liberdades como direitos do Homem. A regressão psicológica, que ela traduzia, não lhe permitia ver a dimensão da liberdade como resultado da evolução do homem ocidental, a começar de vinte e cinco séculos atrás. Quando vem um regime democrático, liberal, a criminalidade é diminuída. MIRANDA, Pontes de - .MIRANDA, Pontes de, SEM DEMOCRACIA E LIBERDADE NÃO HÁ ESTADO DE DIREITO
O sabre acabou com tudo.  Na moral, graças à Deus.
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NOTAS - * A questão religiosa aconteceu devido ao fato da união entre o trono e o altar, que estava prevista na Constituição de 1824, ser ponto de discórdia e conflito entre as correntes de pensamento da época, pois cabia ao Estado nomear os sacerdotes e pagar suas despesas; portanto, na prática, as bulas papais teriam efeito somente se o Imperador assim o permitisse. Ao assumir o pontificado em 1848, Pio IX criticou as modernidades liberais. O Vaticano em 1870, aprovou o dogma da infalibilidade papal. Em 1873 o Visconde do Rio Branco mandou prender o bispo do Pará e o bispo de Olinda, que foram condenados a trabalhos forçados por quatro anos. O Imperador, mandou aliviar a pena para um encarceramento simples assim liberando-os em 1875. O papa fez com que o problema se alastrasse a nível internacional. Para resolver o impasse, D. Pedro II teve que anistiar os bispos, e substituir o gabinete do Visconde do Rio Branco, pelo de Marquês de Caxias,. e condecorá-lo a Grã-cruz da Imperial Ordem de D. Pedro I; tornando-se o agora Duque o único brasileiro agraciado com a comenda, 
Caxias ficou praticamente esquecido pelo Exército, lembrado apenas de maneira episódica em designações de praças, ruas, avenidas, bairros e cidades, Somente em 1923, o ministro da Guerra introduziu oficialmente o "culto a Caxias" e, em 1925, marcou-se a data do nascimento de seu nascimento como "Dia do Soldado".
Para mim merecia um novo crivo, desta feita a enfrentar um questionamento sobre seu papel. Para mim, não sei se por dolo ou ingenuidade, o reluzente general estava à serviço de traidores nacionais, em prol da pioneira multinacional.

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