segunda-feira, 14 de março de 2011

Ética x Moral

 
Moral deriva do latim mores, "relativo aos costumes" Ética (do grego ethos, que significa modo de ser, caráter, comportamento) é o ramo da filosofia que busca estudar e indicar o melhor modo de viver no cotidiano e na sociedade. Diferencia-se da moral, pois enquanto esta se fundamenta na obediência a normas, tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano. Wikipédia
A ética pode ser definida como um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. Etica sustentável ou sustentabilidade ética??
A pretensa distinção entre a ética e a moral é intrinsecamente confusa e não tem qualquer utilidade. A pretensa distinção seria a seguinte: a ética seria uma reflexão filosófica sobre a moral. A moral seria os costumes, os hábitos, os comportamentos dos seres humanos, as regras de comportamento adoptadas pelas comunidades. Antes de vermos por que razão esta distinção resulta de confusão, perguntemo-nos: que ganhamos com ela? http://criticanarede.com/html/fil_eticaemoral.html
Pois convém ao novo mundo pelo menos acautelar-se dos perigos do antigo. "A ciência moderna está estreitamente associada a um poder sobre as coisas, e sobre o próprio homem, e é por isso que ela aparece ligada à tecnologia a ponto delas serem indiscerníveis." (Ladrière, J., Um saber do tipo operatório: as questões da racionalidade; Le défit de la science et de la technologie aux cultures [O desafio da ciência e da tecnologia às culturas], Aubier-UNESCO, 1977; Chrétien: 205)
Ao se distinguir moral da ética, pela fresta resplandece o horizonte. O assunto requer, engloba e suporta obras de vulto. Enquadrá-las é pré-requisito. A rigor, a ética nada tem a ver com a moral. A moral quer ser vista como ética apenas para se justificar. A recíproca, todavia, não se estabelece -  A ética não apela para moral no fito de ser reconhecida. 
Cada vez mais gente sabe, discute, e enaltece a moral. Parece ser  mais fácil delineá-la, porquanto se presume única, autêntica, insofismável. Ledo engano. Ela é esquizofrênica, bipolar  par excellence. Seu leitmotiv é enriquecedor e empobrecedor - depende da posição dos agentes. Quem  infringe a moral de alguém é obrigado a pagar vultosa quantia pelo deslize. O dano é banquete, pato ao molho pardo aos operadores do Direito.
A "ciência moderna" desfilava com a maior moral. Espatifou-se no raiar do XX. Por elevar o ser humano à cobertura da Babel, poucos se deram  conta que ela vinha sobre o gelo:
A grande epopéia das Luzes incluía no mesmo movimento o justo e o belo. Organizava um afresco tranquilizador da natureza e da sociedade. Os romances de aprendizagem diziam como se conduzir e se comportar. Ora, as indicações foram se desagregando nas sociedades industriais contemporâneas. Como poderiam ter consciência? DESCAMPS, C., As Idéias Filosóficas Contemporâneas na França: 27.
Costuma-se divisar a ética num espectro bastante amplo: a profissional, a ética na política, ética  médica, jurídica, na mesa, aqui e acolá. 
O tema da ética – como indagação universal que percorre a história do Ocidente – traduz na contemporaneidade anseios, expectativas, crenças e desejos dos sujeitos sociais em seus mais diversos territórios. (http://www.hottopos.com/videtur16/carlota.htm)
Alguns tem noção de uma ou outra. Raros tem consciência: "A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta." (VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 7a edição Ed.Brasiliense, 1993: 7)
Moral em alguim ponto preserva,  mas no geral solapa a ética,
O que ocorreu foi que as premissas tecnocráticas quanto à natureza do homem, da sociedade e da natureza, deformaram-lhe a experiência na fonte, tornando-se assim os pressupostos esquecidos de que se originam o intelecto e o julgamento ético. MISES, Ludwig von,1990: 112
Eis a razão do título em adverso.
O Estado Poder inverte a ordem dos fatores. Para ele a força do Estado é que confere liberdade e prosperidade aos cidadãos. Seu princípio prioritário é a autoridade. Ávido de tudo reger, sequioso de tudo regular, o Estado Poder absorve e centraliza um número sempre crescente de atividades. Apoiando-se num aparelho tecno-burocrático, ele dirige, comanda, ordena. O mantém a nação sob tutela. Para fazer a felicidade dos cidadãos a despeito deles, senão contra. SCHWARTZENBERG, 1978: 329 
O culto do Leviathan é uma enormidade moral, (no sentido de um grande absurdo ou de uma anomalia moral) mesmo em sua forma mais nobre ou suave. TOYNBEE, A.J., Estudos de História Contemporânea - A civilização posta à prova: 219.
Não há ética sem verdade. Para a moral, tanto faz. Basta-lhe a retórica para sensibilizar o rebanho.
Platão admite que a crença em Deus não pode ser demonstrada, nem sua existência; mas fala que ela não faz mal, só bem. O mal para Platão é apenas a ignorância do bem, e ele procura demonstrar que o mal inexiste, e ninguém opta por ele de forma voluntária.
Panúrgio virou sinônimo de 'espertalhão, astuto'. Um sujeito panúrgico passou a ser identificado como aquele que imita outro, que procede por espírito de imitação.  Esta se tornou uma expressão adagiária para indicar a mentalidade gregária do povo: basta que alguém eleve a voz para que a maioria o siga sem raciocinar.
Tudo depende, portanto, de se fazer com que os súditos acreditem que o governo é bom e justo, e de os cidadãos sentirem-se felizes em obedecer às suas ordens - daí todo conjunto de medidas draconianas, aniquiladoras de toda liberdade de pensamento, sugeridas por Platão tanto na República quanto nas Leis, a fim de produzir e conservar nos súditos essa crença. KELSEN, H.: 501
Moral é o espírito que se julga superior. Quem supera Robespierre? A realidade. E quem ou o quê suplantaria o venerável compositor da realidade expressa em nosso pavilhão? Para Augusto Comte os brasileiros tinham uma existência mais efeitva do que o brasileiro. O indivíduo pode pensar e querer o que quiser, desde que rendido no Grande Ser Coletivo. Toda a moral é assim dirigida pelo princípio de que só vale moralmente aquilo que contribui para a unificação moral do gênero humano. A moral de rebanho se afirma perante todos, sobre a totalidade orgânica, predisposta pelos estrategistas sociais como um manto de proteção e esperança, Como o povo não irá defendê-la?  O Volksgeist sufoca o núcleo, e com ele tudo vai. "Uma ilusão geral constitui uma força social, que serve potentemente para cimentar a unidade e a organização política de um povo, como de uma inteira civilização." (MOSCA, G., Scritti politici (Teorica dei governi-elementi di scienza política) vol.II, 633; cit. RÊGO,  W.D.L.: 88/9.). E lá se veio Comte, na moral: vibrou com o aceno da baioneta, no golpe da República; dizimou Canudos, reduto feiticeiro. Festejou a impostura de Vargas, deu guarida à Revolução de 1964; e empunhou a bandeira das diretas, especialmente confeccionadas para sua glória. Em todos os casos a moral venceu; e a ética, padeceu. Eis seu mais notável defeito, desumano defeito:
Todo homem possui sua finalidade particular, de modo que mil direções correm, umas ao lado das outras, em linhas curvas e retas; elas se entrecruzam, se favorecem ou se entravam, avançam ou recuam e assumem desse modo, umas com relação às outras, o caráter do acaso, tornando assim impossível, abstração feita das influências dos fenômenos da natureza, a demonstração de uma finalidade decisiva que abrangeria nos acontecimentos a humanidade inteira. NIETZSCHE, F., Da utilidade e do inconveniente da História para a vida: 74
A moral, quando bem disseminada, pode servir a todos indistintamente:
Não puderam (os homens), com efeito, tendo considerado as coisas (da natureza), como meios, supor que elas tivessem sido produzidas por elas mesmas, mas, tirando a sua conclusão dos meios que se acostumaram a obter, tiveram que persuadir-se de que existiam um ou mais diretores da Natureza, dotados de liberdade humana, que tivessem provido todas as necessidades deles e tivessem feito tudo para seu uso (dos homens). Não tendo jamais recebido (a) respeito do propósito destes seres informação alguma, tiveram também de julgar segundo o seu próprio, e assim admitiram que os deuses dirigem todas as coisas para uso dos homens, a fim de que esses se lhes liguem e para que sejam tidos por esses na maior honra. Do que resulta que todos, referindo-se ao seu próprio propósito, inventaram diversos meios de render culto a Deus, a fim de que fossem amados por ele acima de todos, e para que obtivessem que dirigisse a Natureza inteira em proveito de seu desejo cego e de sua avidez insaciável. 
SPINOZA, B,, Ética, Prop. XXVI, Apêndice
 A ética apenas sobrevive se houver conhecimento tácito, e consentimento. A moral, pela ilusão, expressão e força empregada:  
Os impostos não são, em absoluto lesões do direito de propriedade, a ponto de se considerar que reclamá-los seja algo ilícito. O direito do Estado, é algo mais alto do que o direito do indivíduo a sua propriedade e a sua própria pessoa. HEGEL,  G.W. , cit. Bobbio, N., Estudos sobre Hegel : direito, sociedade civil e Estado, p. 119.
A moral sequer precisa cogitar sabedoria.
As principais características do indivíduo no grupo são, portanto, o desaparecimento da personalidade consciente, o domínio da personalidade inconsciente, a orientação de pensamentos e sentimentos em uma só direção mediante a sugestão e contágio, a tendência à realização imediata de idéias sugeridas. O indivíduo não é mais ele mesmo, é um autômato destituído de vontade. Ademais, pela mera participação num grupo, o homem desce vários degraus na escada da civilização.  LE BON cit. KELSEN, H.  A Democracia: 315
Ela  se julga mais certeira do que a ética. É muito burra. Ciclista não anda no meio da rua, mas se acompanhado cresce a moral. Uma passeata toma conta da avenida, obviamente. Ela passa garbosa, de cabeça erguida frente ao algoz que lhe espreita, raivoso.  A moral do motorista se  julga  suprema, porque mantém centenas de cavalos em baixo do capô. A artéria pertence aos quadrúpedes, que pagam impostos. Então eles atropelam as bicicletas.  Se pelo menos um dos protagonistas cogitasse pela ética, nenhuma desavença, que dirá as graves lesões corporais teriam se precipitado, ainda mais a troco de mero capricho.
Se todas as partes do universo são solidárias numa certa medida, um fenômeno qualquer não será o efeito de uma causa única, mas a resultante de causas infinitamente numerosas; ele é, como se diz com freqüência, a conseqüência do estado do universo um momento antes. POINCARÉ, H. 36
A moral vive de julgamentos. Necessita opostos, ao confronto." É necessário que tal cidade não seja una, mas dupla, a dos pobres e a dos ricos, habitando no mesmo solo e conspirando incessantemente uns contra os outros". (PLATÃO, A República, livro VIII., cit. SAUTET, M.: 252) Seu mais servil lacaio  justificou a insensatez. “A cisão é a fonte da exigência da filosofia”, diz Hegel no Differenzschrift.  Isto não é ético.  É dialético. A ética se comunica pela compreensão e solidariedade entre agentes e objetos  Ela conserva o objeto. A moral só visa se conservar. Ligo moral à paixão. A ética, à razão. A moral se põe de ética, mas a ética não cabe na moral. Animal não tem moral; no entanto age em função ética.  Ações de golfinhos, bebuínos e cachorros fazem exemplos surpreendentes deste quase paradoxo. "O animal é tão ou mais sábio do que o homem: conhece a medida da sua necessidade, enquanto o homem a ignora. DEMÓCRITO_ "Onde quer que vejamos vida, de bactérias a ecossistemas de grande escala, observamos redes com componentes que interagem uns com os outros de maneira tal que toda a rede regula e organiza a si mesma." (CAPRA, F.,  1996: 176) 
Elimine a moral e as leis
e as pessoas farão o correto.
TAO TE KING: 19
"O universo é constituído de uma multiplicidade de sistemas ‘abertos’, todos em incessante interação com seu ambiente." (BEN-DOV: 149)  "A evolução acontece não como resposta às exigências da sobrevivência, mas como um jogo criativo e necessidade cooperativa de um universo todo ele evolutivo." (LEMKOW, A. F.: 183)
Todas as formas de cooperação social legítima são portanto obra de indivíduos que nela consentem voluntariamente; não há poderes nem direitos exercidos legalmente por associações, inclusive pelo Estado, que não sejam direitos já possuídos por cada indivíduo que age sozinho no justo estado de natureza inicial. RAWLS, J.: 11
O costume indígena era andar nú. A moral jesuíta obrigou-os às vestimentas. Faltou com a ética ao não respeitar a mais ingênua etnia. Assim não há salvador que lhe acorra.
Ninguém se arvorou tanto de moralista quanto o Império Romano. Com a pecha ele se adonou da Gália, mais um monte, e devastou os nórdicos.
A moral é apropriada à guerra. A ética, ao usufruto comum. Exige adequação. A moral é impositiva, e não admite variação. Quem preserva a moral pensa que é ético. Quem a introjeta sabe que não. O nazismo tinha moral, - e quê moral - refletida no passo-de-ganso com pescoço espichado! Ética ao nazi jamais veio ao caso.
Constantino foi abençoado com emblema moral,
Cquote1.svg In hoc signo vinces Cquote2.svg
Pelo signo  ele ´promoveu justo massacre, liquidando com a ética, se é que ainda havia algum resquício naquele EspaçoTempo.
"Cada forma de vida inventa seu mundo (do micróbio à árvore, da abelha ao elefante, da ostra à ave migratória) e, com esse mundo, um espaço e um tempo específico." (LÈVY, Pierre, cit. PELLANDA e PELLANDA: 118)
Moral visa poder. Existe apenas uma verdade, um Deus, uma matemática, um único tempo, linear e inquebrantável, rumo ao infinito.. O Brasil tem hora certa.  A Hora do Brasil é uma só.  Então o moralista Getúlio Vargas queimou as bandeiras estaduais. E enfiou um monte de leis para complicar as relações produtivas - esses malvados patrões a explorar miseráveis. Pilhado em flagrante delito preferiu o suicídio a se despir perante quem enganou, por tanto tempo. Mas aí é outra coisa.
“A Igreja defende a moral e os bons costumes: a sociedade precisa de uma nova moral". Moral de cuecas.
Com o homem primitivo é acima de tudo o medo que invoca noções religiosas - medo de fome, bestas selvagens, doença, morte. Já que nesse estágio da existência a compreensão das conexões causais é geralmente pouco desenvolvida, a mente humana cria seres ilusórios mais ou menos análogos a ela mesma, de cujas vontades e ações dependem esses acontecimentos temerosos .(EINSTEIN, cit. PAIS, ABRAHAM, Einstein viveu aqui: 139)
O moralista colhe qualquer ensejo para trocar sua cabeça de Hydra.  Seu leitmotiv é sempre o mesmo: o medo de tudo quanto puder alcançar sua aviltada imaginação. O manual  romano recomendava ao homem submeter a Terra e os animais ao belprazer, inclusos escravos. Agora ele defende os animais e a natureza, contra o malvado filho de Deus:
Do ponto de vista moral, os “ambientalistas” se colocam numa posição moralmente superior, como se fossem proprietários do “dever ser”, dos valores que deveriam nortear a sociedade e o Estado. Produziram, para os inadvertidos, tal simbiose com as palavras “natureza” e “moralidade” que, muitas vezes, fica difícil se colocar como seus adversários. A razão é evidente. Os que seriam contra a sua posição seriam, por definição, contra a “natureza” e contra a “moralidade”.  Denis Rosenfield - Convidado
A ética acata a natureza, que não é nova. A natureza não é predeterminada, como pregavam as sapiências. Ela trabalha de forma orgânica, isto é, levando em conta a participação de tudo, e disso se ocupa a Ecologia, na moral.  
O ser humano é parte do todo, chamado Universo, uma parte limitada no tempo e no espaço. Ele experimenta seus pensamentos e sentimentos como algo separado do restante - numa espécie de ilusão ótica de sua consciência. Essa ilusão é uma espécie de prisão para nós, e nos restringe às nossas decisões pessoais e aos afetos por algumas pessoas mais próximas de nós. EINSTEIN, Albert, cit. LASZLO, Ervin, A Ciência e o Campo Akáshico: 56
A ética é imperativo categórico, na expressão de Kant. A moral é dogmática; por isto, excludente. Tudo que não for dentro da moral é imoral. A moral precisa da baioneta para se impor. Até admite o livre-arbítrio, mas para poder castigar ."Para falar em termos fisiológicos: na luta com o animal, torná-lo doente é talvez o único meio de enfraquecê-lo". NIETZSCHE, F. Crepúsculo dos ìdolos, ou como filosofar a marteladas:. 5
Foge por um instante do homem irado, mas foge sempre do hipócrita. CONFÚCIO
A Moral é tecnológica -requer sempre a metafisica. "A ideologia cria uma 'falsa consciência' sobre a realidade que visa a modo de suprir , morder e reforçar e perpetuar essa dominação." (Wikipédia) A Moral nada mais é do que a mais genuína estratégia ideológica:
Ideologia é um conjunto lógico, sistemático e coerente de representações (idéias e valores) e de normas ou regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e como devem pensar, o que devem valorizar e como devem valorizar, o que devem sentir e como devem sentir, o que devem fazer e como devem fazer. Ela é, portanto, um corpo explicativo (representação) e prático (normas, regras, preceitos) de caráter prescritivo, normativo, regulador. CHAUÍ, MARILENA, O que é Ideologia: 113; cit. COELHO, L.F., Teoria Crítica do Direito: 337.
A Ética é científica, epistemológica. Sua fonte é a própria física: "A ação de um átomo sobre o outro pressupõe também a sensação. Algo de estranho em si não pode agir sobre o outro."  (NIETZSCHE, F. , O livro do filósofo: 45)
A ética é atômica. E a moral, anatômica.
Isto é ético: 
Na língua dos pássaros uma expressão tinge a seguinte.
Se é vermelha tinge a outra de vermelho.
Se é alva tinge a outra dos lírios da manhã.
É língua muito transitiva a dos pássaros.
Não carece de conjunções nem de abotoaduras.
Se comunica por encantamentos,
E por não ser contaminada de contradições
A linguagem dos pássaros
Só produz gorgeios
Eis a moral:

Então veio, parece, um sábio astuto,
o primeiro inventor do medo aos deuses...
Forjou um conto, altamente sedutora doutrina,
em que a verdade se ocultava
sob os véus de mendaz sabedoria.
Disse onde moram os terríveis deuses das alturas,
em cúpulas gigantes, de onde ruge o trovão,
e aterradores relâmpagos do raio aos olhos cegam.
Cingiu assim os homens com seus atilhos de pavor
rodeando-os de deuses em esplêndidos sólios,
encantou-os com seus feitiços, e os intimidou –
e a desordem mudou-se em lei e ordem.
CRÍTIAS, tio de PLATÃO, e líder dos Trinta Tiranos .
Ao fim de papo:
Acredito que quem estiver entrando no caminho da iluminação será absolutamente impecável em tudo o que fizer. E por causa do medo da condenação? Não. Ou de punição de Deus, ou porque pequei e não alcancei o perdão? Não, não, não. Os verdadeiros iluminados verão que toda a ação tem uma reação com a qual eles terão de lidar, e se formos sábios, não faremos coisas que nos levarão a ter deenfrentar resolver e equilibrar isso em nossa alma mais tarde. Esse é o verdadeiro critério. LEDWIN, M., cit. ARNTZ, W.: 2o

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