A CARÊNCIA DE ALTIVEZ não preocupa o criminoso, tampouco o corrupto.
Para alcançar o invejado status que supõem glorioso, não titubeiam abandonar a trilha da virtude.
O covarde age à traição. Vale-se de ordinárias fraudes, vulgares falsidades, mistura-se na multidão para perpetrar sua má intenção. Vale qualquer recurso para superar ou liquidar o virtual opositor.
Engana-se em buscar desse modo o esplendor. Só alcança fracasso, ao invés do êxito que desesperadamente almeja. E ainda que logre atingir a meta, sempre se decepciona miseravelmente com a felicidade que acredita poder nela saborear. Jamais presume que a cada virtude e a cada vício a natureza oferece precisamente a recompensa ou o castigo mais adequado para encorajar uma e refrear a outra.
Em flagrante, nega, mas chora, copiosamente. A honra de sua elevada posição aparece tanto a seus próprios olhos quanto aos demais, corrompida e maculada pela baixeza dos meios pelos quais ascendeu. É digno de pena. É o que tencionam as lágrimas, quando cai a máscara.
Até chegar o instante fatal, jamais cogita ser pego em flagrante. Como rato, procura a primeira sombra para esconder sua pouca vergonha, mas lembra-se do que fez, e essa lembrança lhe diz que outros também lembrarão. À toa invoca os obscuros poderes do esquecimento. Seja na venal e vil adulação dos parceiros, no meio de eventuais inocentes e mais que tolas aclamações populares, ou nos ninhos dos sabidões, é secretamente perseguido pela retaliadora fúria do remorso.
Sheakspeare entende: "Para negócio assim, que é só maldade, qualquer traição é honestidade."
Enquanto a glória parece lhe abraçar, o traíra tem sua imaginação aviltada. E vê a negra e podre realidade avançar em sua direção, pronta a atacá-lo também pelas costas, justamente de acordo com seu predileto intento. Não raro, tem razão. É que Maquiavel, o diretor da peça, programou-a sem variação, reservando um final melancólico, senão trágico, ao seu astro principal, para deleite da platéia.
Enquanto a glória parece lhe abraçar, o traíra tem sua imaginação aviltada. E vê a negra e podre realidade avançar em sua direção, pronta a atacá-lo também pelas costas, justamente de acordo com seu predileto intento. Não raro, tem razão. É que Maquiavel, o diretor da peça, programou-a sem variação, reservando um final melancólico, senão trágico, ao seu astro principal, para deleite da platéia.
( Na gravura, o partner: TriPullante Adam Smith. )
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