quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Quarentinha desce na SiderALL Base


Boa noite pessoal,
Salve o ancião Quarentinha, inesquecível Agente 968! Fez boa viagem? E as Harley?
As motos vieram no compartimento de carga da P40.
Mas a que devemos a honra da auspiciosa visita do velho agente?
Desde que fui, jamais voltei. Esta viagem ganhei de aniversário. Faz exatos 40 anos que parti. Na naquela época se exigia que a imaginação chegasse ao poder. Ora, nuvens de fumaça alarmam nosso povo. Sabemos que políticos muito imaginativos tomam conta do Brasil, e se mantém. Vim sondar. Dar uma espiada no salão, ver qual a tonalidade da cor impingiram.
Seja bemvindo, Óh grande mestre de todos os mestres.
Nada disso. No reino da imaginação não há competição. Mas agradeço a honrosa recepção. Será um bom momento para cotejarmos as idéias libertárias que meu mundo respira. Elas vararam o muro, mas não o Atlântico. Minha gente de cara-pintada não se conforma. Vim como embaixador, algodão entre cristais, ou melhor, entre os cacos.
É nosso interesse prestar todas as informações. Não queremos guerras tribais, ainda mais nas estrelas. No war.
"No war." Make Love, Not war. Remember? Os que passaram a juventude no meu reduto, pelos cálculos ainda estão vivos, ou não? Pelo menos alguns, já vi.
Sim, Agente 968. Mas a maioria, infelizmente, anda como locomotiva.
Mas ainda tem isso por aí?
Estão muito aperfeiçoadas. O homem deveria poder, de vez em quando, olhar para trás, dar um passeio nos vagões, quem sabe. Mas nada. Ninguém se lembra da juventude. Esqueceram tudo. O que às vezes ouvia era Pra Não Dizer que Não Falei das Cores. Nunca mais apareceu. Pensei que tivesse ficado em algum ano anterior. Era um bom rapaz, dedicado.
Estou tão chocado quanto batida de trem, de frente.
Mas com o quê, seu retardado?
Ora, retardados são voces. Por acaso estou até adiantado: só quarenta anos! E vocês aí ainda na minha estação? Gostaram mesmo. Vem me falar no Dedé. Pobre das cores, caminhando há décadas, e nada!
Não estamos assim, tão mal. Está certo que se trata de exceção, quiçá a única no mundo, mas um operário que nem era tão padrão assim pode, no meio da vida, abandonar o chão-de-fábrica e sair voando! Não vivemos 20 anos de exceção? Agora é só um momento, mas que serve de exemplo ao mundo.
Mas que exemplo! É exemplar. De Zoo. Não pode ser. É marmelada pra TV. Não acredito!! Jô, me tira o tubo.
Ora, Bush tem o Number 1; Menem comprou o Tango1. O ALLmirante tem a Nav's ALL; 008, a F1. Até você, prateleira debilitada, tem sua nave, a P40. Porque operário que pouco foi não pode ter suas asas de metal? Estamos numa democracia ou o quê? Que discriminação é essa?
Isso é combinação por baixo dos panos. Matogrosso descreveu. Chico já tinha avisado.
Mas até nem tem tanta diferença com antecessor...
Quack! Supus, mas não acreditei. Os indícios eram evidentes. Andavam de mãos dadas. Sim, os vi de mãos dadas, e na frente de todo mundo!
Não exagera.
Já esqueceu, como toda locomotiva. Depois fala dos conterrâneos. Refresco-lhe a memória. Como se cantava o Hino Amoral naqueles palanques dos artistas das Diz retas já?
Tatá foi cantar em Porto Gal. Tancêdo, deram-lhe um jeito. Só restou ao povo apagar da memória a curta esperança.
Está custando caro a aventura. Deram mesmo pra trás. São mais burros que o eleitorado de 930. Mas o que deu em vocês para aceitarem tudo? O que fazem? Onde se metem?
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Bem amigo, está na hora de dormir. Amanhã continuaremos com a total cobertura sobre a visita do renomado agente 968, em carne e osso, aqui na Siderall Base. Nosso anfitrião aproveitará para relatar como se desencadeou a superversão, já que não gostam de falar em subversão. 968 saberá onde nos metemos.
Não perca.
Uma boa noite, e um alegre despertar.
A Produção.

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