sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Mister instruir os vértices

Esse episódio, como outros recentes, demonstram que estamos perdendo a capacidade de pensar, de refletir. Está faltando inteligência até mesmo entre os homens escolhidos para ajudar o Parlamento a legislar. Em entrevista à televisão sobre as amarras que dificultam o nosso desenvolvimento, o professor José Pastore disse que não temos trabalhadores qualificados, porque o ensino básico é precário, e os alunos não aprendem a pensar. Não aprendendo a pensar, são incapazes de realizar os trabalhos mais elementares. Não só de trabalhadores que pensam estamos necessitados. Precisamos, com urgência, de juristas e de parlamentares que também aprendam os rudimentos da razão lógica – e da ética humanista Um Código sem prumo
Dificilmente uma escola de formação política obterá algum êxito, será atrativa, exceto se gerida por partido. Os maiores partidos mantém lá seus cânones de formação, mas eles, par excellence, sempre serão ideológicos, portanto sem compromisso com a correção oferecida pelas ciências. Há que se obedecer a metafísica traçada pelo partido, óbvio.
Das cãmaras de vereadores â Presidência da República vemos um estupendo quadro de nulidades, papagaios, copiadores de regimes e inventores de tradições completamente estranhas à Nação, ao desenvolvimento. Candidata que só teve 2 votos não sabia que disputava eleição
O Iluminismo é uma paisagem distante das belas praias de Pindorama, onde se banham os filhos de Macunaíma – 'um herói sem nenhum caráter, o herói da nossa gente', segundo os epítetos de Mario de Andrade – com sua frivolidade de Maria Antonieta, hedonismo de carpe diem horaciano e ignorância de Crassus, a assim chamada ignorância crassa. Mario Guerreiro
Temos sido governados por personagens que, com sua retórica populista e demagógica, nos tratam como se fôssemos mulas, aquelas nas quais se amarra uma cenoura à frente para estimulá-las a seguir adiante, irracional e resignadamente, perseguindo uma isca, um objetivo, que jamais alcançarão. Vivemos sob a égide de uma economia regida pelo Estado, sempre autocrático, por demais castrador, e invariavelmente perdulário. Nossos revolucionários acabam completando giros de 360 graus e terminam seguindo no mesmo sentido e direção para onde rumavam aqueles que lhes antecederam. A revolução à brasileira
Não há escala de valores, algum parâmetro á atuação dos eleitos, exceto as limitações orçamentárias, em linha com promessas ou vontades populares.
Na Suécia, com pouco mais de 9 milhões de habitantes, o índice de alfabetização atinge 99%. No Brasil, os analfabetos estão perto de 15 milhões, sem contar a imensidão de analfabetos funcionais: são tantos que um deles já ocupou a Presidência da República. Lá, a renda per capita anual vai chegando aos US$ 40 mil e as diferenças salariais na pirâmide social são irrelevantes. Aqui, a renda de R$ 10 mil é uma abstração destroçada por distâncias abissais entre ricos e pobres.
"Pior do que está não fica" garantia Tiririca. O  palhaço-deputado,  a presidenta da República, e de resto todos os políticos contam, claro,  com assessorias especializadas. Conforme constatamos na comparação ou na vida diária, entretanto, esses doutores não garantem nenhuma correção ou eficácia às proposições dos "representantes" eleitos.
A Economia pretende ser a linha básica, mas se faz quase infantil, de tão simplória. Restrita às quatro operações aplicada em todos os setores, a "triste ciência' enfuna as velas, encanta o comandante; porém, como a bússula não conhece algarismos, e vice-versa, os barcos sóem perseguir cantos-de-sereia, enfeitiçados por uma racionalidade aparentemente incontestável, mas que na verdade lhes guiam a trágicos desfechos. "Enfim, por toda parte, a poupança privada está sendo requisitada para ajudar a tirar os Tesouros soberanos da encalacrada." (Parte no ajuste) Walter Lippmann (cit. POPPER, K., Sociedade Democrática e Seus Inimigos:  88) há muito tempo antecipou a tolice, a insanidade:
Os coletivistas tem o empenho de progresso, a simpatia pelos pobres, o ardente sentido do injusto, o impulso para os grandes feitos, coisas que tanto vem faltando ao liberalismo nos últimos tempos. Mas sua ciência se baseia num profundo mal-entendido; e suas ações, portanto, são intensamente destrutivas e reacionárias. Assim, os corações dos homens são destroçados, suas mentes divididas e são apresentadas alternativas impossíveis.
Observemos como o modelito desses anos '30 ainda encanta o desinformado meio acadêmico "O Welfare State – o Estado do Bem-Estar Social – está aí como prova dessa afirmação. Se não é o paraíso, é muito próximo dele." (Roda-Viva, uma aula e tanto, por Maria Helena RR de Sousa) Compreensível o interesse:
Nessa e em outras questões, o papel da maioria dos economistas tem sido o de propagar servilmente o ideário dominante. Mutatis Mutandis, aplica-se a eles o que dizia Schopenhauer dos filósofos do seu tempo: submetidos a regra do primum vivere, estão sempre dispostos, e com o mais solene desprezo por realidades inconvenientes, a deduzir a priori absolutamente tudo o que lhes for pedido, o bom Deus, o diabo ou o que seja. ROSZAC, Theodore. 62
Ora o período do Welfare foi de preparo à Guerra. O Eua empregava a Nação inteira em esforço da altíssima produtividade, mas não de rentabilidade - ao contrário. Não fossem os despojos de japoneses, alemães (mormente os cientistas) e os italianos, ao cabo daquela década estava prestes uma inflação jamais experimentada pelo colosso, mercê dos gigantescos gastos sociais e no exuberante equipamento bélico que necessitava. Por certo não teremos esta desventura.
A visão keynesiana dos governos como benignos maximizadores de benefícios sociais está hoje desacreditada irremediavelmente. SKIDELSKI: 148
Brasil avança, mas ainda está no meio do caminho para ter competitividade Metemo-nos no dilema: ou se esconde o dinheiro, assim sufocando a produção inteira, ou coloca incentivos e tal à produção, com isso abrindo o parque de diversões do dragão da inflação.
O Direito, tornado positivista e formalista, e entre nós "provisório', ainda se presta a oferecer faixa de irresponsabilidade, na suposição de que fazendo o que for, o que quiser, sempre encontrará guarida no legítimo respaldo do corpo jurídico. Diante de um povo semianalfabeto os tres poderes legislam á vontade. Isso pressupõe também a especial ignorância do Executivo, posto não precisar pensar, nem raciocinar, tampouco se explicar - basta mandar. Eis novo dilema: de que modo conservar a liberdade, sem responsabilidade?
Nem sequer um doutrinário da democracia como Rousseau, com a concepção organicista da volonté générale, princípio tão aplaudido por Hegel, pode forrar-se a essa increpação uma vez que o poder popular assim concebido acabou gerando o despotismo de multidões, o autoritarismo do poder, a ditadura dos ordenamentos políticos.  BONAVIDES, P. : 56 
A Sociologia lhe fornece preciosos subsídios, estatísticas e tal, de modo que tudo o mais deveria se manter mais ou menos dentro dos conformes propostos ao início da jornada. A cátedra, contudo, tem errado tanto quanto as estatísticas das quais se vale. "Já em matéria social, falamos em famílias, eleitorado, mercado como se fossem uma entidade indistinta das pessoas que as constituem. Perdemos, com isso, nada menos do que a emergência." (Domesticando o acaso)
Nossa Universidade atual forma, pelo mundo afora, uma proporção demasiado grande de especialistas em disciplinas predeterminadas, portanto artificialmente delimitadas, enquanto uma grande parte das atividades sociais, como o próprio desenvolvimento da ciência, exige homens capazes de um ângulo de visão muito mais amplo e, ao mesmo tempo, de um enfoque dos problemas em profundidade, além de novos progressos que transgridam as fronteiras históricas das disciplinas. LICHNEROWICS, cit. MORIN, 2002: 13
Não há foco no elemento fundamental ao exercício político, consequência do somatório, a conjunção das elencadas, e outras tantas,
O conhecimento crítico da Filosofia, e principalmente da História, podem de antemão confirmar a correção ou falsear as políticas que ele, o representante do povo, irá adotar. Por não terem reflexo de fácil aferição prática, as duas mais importantes vertentes do conhecimento são simplesmente ignoradas não somente no meio da massa ou da sociedade, no mercado, mas principalmente nos cockpits políticos do país.

Um comentário:

  1. All, comentário/resposta condizente, apropriado à nossa realidade, que não vê quem não quer!
    Certos ufanismos são mais prejudiciais que as críticas mais severas, que demonstram um falso patriotismo e sentimentos mascarados para com o Brasil!
    Temos problemas graves, sim, que não são resolvidos pela negligência dos nossos governos ou intenções de não acabarem com eles por interesses ou conveniências outras, que não podem ser trazidas à luz do sol.
    Considerando as gestões de Collor até a Srª Dilma, não constatamos progressos onde deveriam existir: ensino fundamental, saúde, segurança (esta em total colapso), saneamento básico (cidades inteiras sem esgoto), infraestrutura.
    No entanto, tivemos um aumento na corrupção em níveis jamais vistos na história; a deterioração da política de tal forma que ela passou a ser simplesmente sinônimo absoluto de desonestidade; conchavos, alianças, uniões, que antes eram proibidas de sequer serem citadas e atualmente são feitas com o maior descalabro e escárnio sem precedentes.
    Não entendo como as pessoas mesmo sendo simpáticas às siglas partidárias que eventualmente estão no poder não enxergam que não estamos bem como deveríamos, que o Estado deve ao País e à Nação atitudes concernentes à sua importãncia, às suas necessidades, ao seu desenvolvimento e verdadeira independência![
    No entanto, no Brasil só se discute política, e estamos divididos. A Pátria foi seccionada pelo partidarismo, pelo culto de figuras que deixam dúvidas quanto aos seus procedimentos conforme á ética e a moral que deveriam seguir quando governantes, abandonando princípios e valores que deveriam ser inegociáveis, mas que foram opostos de lado para se obter vitórias a qualquer custo.
    Parabéns, All, pelo que escreveste e sem querer dourar a pílula, mas relatando o amargo de nossas bocas que secaram de tanto gritar por atenção e por dirigentes estadistas de fato, e não construídos falsamente como bezerros de ouro que seriam adorados por idólatras, em tristes espetáculos de renúncias à cidadania, senso crítico e consciência política!

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