segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A necessidade de uma escola política profissionalizante

Esse episódio, como outros recentes, demonstram que estamos perdendo a capacidade de pensar, de refletir. Está faltando inteligência até mesmo entre os homens escolhidos para ajudar o Parlamento a legislar. Em entrevista à televisão sobre as amarras que dificultam o nosso desenvolvimento, o professor José Pastore disse que não temos trabalhadores qualificados, porque o ensino básico é precário, e os alunos não aprendem a pensar. Não aprendendo a pensar, são incapazes de realizar os trabalhos mais elementares. Não só de trabalhadores que pensam estamos necessitados. Precisamos, com urgência, de juristas e de parlamentares que também aprendam os rudimentos da razão lógica – e da ética humanista Um Código sem prumo
Não há propriamente uma escala de valores, algum parâmetro á atuação dos edis e prefeitos eleitos, exceto as limitações orçamentárias em linha com promessas ou vontades populares. Importa ser eleito. "Pior do que está não fica" garantia Tiririca.
Era uma questão tanto de sobrevivência quanto de política: uma panacéia que, pelo voto do trabalhador e pela transformação radical do Parlamento, proporcionaria ao trabalhador muitos assados, muito pudim de ameixas e cerveja forte, com três horas de trabalho diário. RUDÈ, G.: 196.
O know-how é sofrível, de modo que os esforços continuarão sendo fragorosamente desperdiçados, quase tanto quanto se tudo caísse na garganta profunda da corrupção. Falamos do primeiro degrau da política, onde todos se exercitarão com menores experiências. Mas aos níveis estaduais e federal, cumprida a etapa primária, estarão aptos às funções os futuros congressistas, governadores e mesmo um presidente? Infelizmente aquelas experiências serão de pouca serventia, exceto na condução de suas campanhas.
Vivemos sobre uma civilização. A cada escavação do metro ou abertura de poços descobrimos uma relíquia. A antigüidade nos enriquece, mas em certo sentido nos impede de viver. VASSALICO, Vassalis Co-autor do filme "Z". - O Estado de São Paulo, 9/12/1995.
Na verdade, quase todas as pessoas, não importando seus credos políticos, vêem o futuro como uma simples linha, reta, um prolongamento do presente. Acho que a eles está reservada uma grande surpresa. Chegamos ao fim de uma era - e nesse ponto todas as apostas são suspensas. TOFFLER, A., Previsões e Premissa: 96
Ao supor que especializações cabem aos especialistas que lhes dão suporte, os políticos desdenham justamente ao que se propuseram, entregando à burocracia as responsabilidades pelo timão.
Nossa Universidade atual forma, pelo mundo afora, uma proporção demasiado grande de especialistas em disciplinas predeterminadas, portanto artificialmente delimitadas, enquanto uma grande parte das atividades sociais, como o próprio desenvolvimento da ciência, exige homens capazes de um ângulo de visão muito mais amplo e, ao mesmo tempo, de um enfoque dos problemas em profundidade, além de novos progressos que transgridam as fronteiras históricas das disciplinas LICHNEROWICZ; cit. MORIN, E., 2002: 13
"Não é suficiente ensinar a um homem uma especialidade.Através dela ele pode tornar-se uma espécie de máquina útil mas não uma personalidade desenvolvida harmoniosamente. A sobrecarga necessariamente leva à superficialidade." (EINSTEIN, Albert cit. PAIS, Abraham, Einstein viveu aqui: 271)
A superficialidade se abate sobre políticos eleitos. A Economia lhes fornece a linha básica, mas ela é quase infantil, de tão simplória. Restrita às quatro operações aplicada em todos os setores, a "triste ciência' enfuna as velas, encantando o comandante; porém, como a bússula não conhece algarismos, e vice-versa, os barcos sóem perseguir cantos-de-sereia, enfeitiçados por uma racionalidade aparentemente incontestável, mas que na verdade lhes guiam aos trágicos desfechos. "Mas os governos, aqueles que os assessoram nestas questões, sofrem da ilusão de controle. Não é possível, no estado corrente do conhecimento científico, fazer previsões econômicas de curto prazo com razoável grau de precisão." (ORMEROD, P. 2000: 124) 
Observemos como o pensamento de 1930 ainda domina a plêiade acadêmica: "O Welfare State – o Estado do Bem-Estar Social – está aí como prova dessa afirmação. Se não é o paraíso, é muito próximo dele." ( Roda-Viva, uma aula e tanto, por Maria Helena RR de Sousa) Possuísse a empenhada professora o faro histórico, constataria que o período que cita como do paraíso foi a década que o Eua empregou a Nação inteira para se preparar para a Guerra. E não do fossem os despojos japoneses, italianos e alemães, Tio Sam teria mergulhado numa crise inflacionária difícil decontrolá-la,, mercê dos gigantescos gasctos públicos adotados na ocasião.  Mas nós, com certeza, não poderemos contar com despojos de quem quer que seja, aliás, felizmente. Sem este aporte extra, o país se encontra em borderline ao retrocesso Brasil começa a sair de moda e preços de empresas nacionais caem
O Direito lhe alcança faixa de irresponsabilidade, na suposição de que fazendo o que for, sempre encontrará guarida no legítimo respaldo jurídico.
 A Sociologia lhe fornece preciosos subsídios, estatísticas e tal, de modo que tudo o mais deveria se manter mais ou menos dentro dos conformes propostos ao início da jornada.
Dessa matematização do saber científico, na qual não se pode deixar de ver uma plena adesão ao clima cultural do século de Descartes, deve participar – segundo Hobbes – também a ciência política, ou, como ele a chama, pela falta de distinção entre a ciência e a filosofia, a filosofia civil. BOBBIO, N., Thomas Hobbes: 76
Nenhuma das cátedras, contudo, focaliza o elemento fundamental ao exercício político, porquanto além de seus horizontes, consequência do somatório, a conjunção das elencadas. O preocupante sucesso de líderes despreparados 
No contexto da sociedade brasileira, de onde apenas recentemente emergiram as ciências sociais, e em que o uso da Ciência Política tem sido extremamente limitado, é pertinente colocar-se, como passo inicial de estudo, a clássica interrogação: é possível o conhecimento científico do fenômeno? E, como desdobramento: se possível, seria viável a prática de tal conhecimento? A questão, ainda que levantada dentro de uma academia, não tem nada de acadêmica, no sentido tradicional do termo. Pelo contrário, implica assunto da maior relevância, particularmente se levamos em conta a perplexidade que, nas várias camadas dos povos latino-americano, tem gerado a aparente falta de perspectiva do momento presente, do ponto de vista político. TAVARES, J. N., A viabilidade da ciência política.- www.achegas.net/numero/nove/jose_tavares_09.htm
Tudo o que é humano é ao mesmo tempo psíquico, sociológico, econômico, histórico, demográfico. É importante que esses aspectos não sejam separados, mas concorram para uma visão "poliocular". “ O discernimento é a essência da verdadeira liderança. Tomar decisões é o trabalho essencial de um líder. Quando há bom discernimento, pouca coisa mais interessa. E, na falta do bom discernimento, nada mais interessa. "Os bons líderes separam o importante do trivial. Seu foco é acertar nas decisões mais importantes”, ensinam Noel Tichy e Warren Bennis, em Decisão: como líderes bem-sucedidos fazem as escolhas certas” (2007).
Assim orientava HENRY POINCARÉ (cit. ABBAGNANO: 100), no último canto do XIX, de certo modo se antecipando a EINSTEIN por frações de segundo: "A ciência, por outras palavras, é um sistema de relações. Portanto, só nas relações se deve procurar a objectividade: seria inútil procurá-las nos seres considerados isoladamente uns dos outros." Todavia, o que é pior - sequer os fundamentais segmentos são de domínio dos eleitos, mesmo separadamente.
A mídia traz todos os dias o perfil, nomes, slogans e retratos dos candidatos que disputam as eleições pelo país afora. Alguns candidatos fariam até o palhaço Tiririca corar, seja por sua desfaçatez, seja por sua falta de condições de exercer os mandatos pretendidos. A eleição do Tiririca foi um voto de protesto, como se os eleitores dissessem: se me fazem de palhaço, voto no próprio. O mais interessante desse caso é que o próprio Tiririca se viu constrangido com o que encontrou no Congresso. Hoje, basta abrir qualquer jornal para ver candidatos que deixam claro sua incompetência para as funções sem que sequer precisem abrir a boca. Candidato ou eleitor despreparado?
O conhecimento crítico da Filosofia, e principalmente da História, podem de antemão confirmar a correção ou falsear as políticas que ele, o representante do povo, irá adotar.

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