sábado, 27 de outubro de 2012

Quem se faz ouvir?

Agora, em 2012, o Supremo não condenou somente os personagens principais dos acontecimentos de 2003. De fato condenou a impunidade, o conceito de que para poderosos nada dá em nada. Condenou a pizza como princípio, a pizzaria como um fim em si mesmo. As penas destinadas a cada um importam menos do que a abrangência da matéria julgada pelo STF. A sociedade se fez ouvir. Supremo: a repercussão de um julgamento em relação ao país 
Nem percebo essas decisões assim, como eco social. O êxito na iniciativa da Lei da Ficha Limpa poderia ser um reflexo direto da inconformidade do povo,  mas ela foi alcançada graças a alguns individuos que a promoveram, e milhares de individuos, catados um a um, que assinaram a petição. Tirante as Diretas Já, porquanto atraída por shows de fafás e quetais, a massa sói dar de ombros ao que acontece depois de bailes em ilhas fiscais. Por isso tantos golpes. Rei morto, rei posto. Golpistas aprenderam a não temer a sociedade. Eles costumam até serem apoiados por ela.
A massa se rege por sentimentos, emoções, preconceitos, como a psicologia social já demonstrou exaustivamente. A opinião das massas formando a opinião pública será por conseqüência irracional. Não se iluda o publicista democrático a esse respeito, cunhando a expressão agora uso corrente no vocabulário político da propaganda: o ‘estereótipo’, ou seja o ‘clichê’, a ‘frase feita’, a idéia pré-fabricada, que se apodera das massas e elas, numa economia de esforço mental, como diz Prelot, aceitam e incorporam ao seu ‘pensamento’, entrando assim a constituir a chamada ‘opinião pública’. BONAVIDES, P, Ciência Política: 459.  
Em dado momento se apresentou candidato que se dizia igual, porém também fazia. Rouba, mas faz!   Obteve surpreendente votação.  Mais recentemente os fiscais se empolgaram com a seriedade do bigode de Sarney. Quando se perceberam vítimas, aquietaram-se.. Um dia viria a  desforra. O dia chegou logo, trazendo a figura impoluta do Caçador. No raiar do dia Collor se apropriou de quase todo o dinheiro da Nação. E não foi por causa deste disparate que o destemperado presidente caiu.  A sociedade aceitou passivamente o absurdo cometido. E pela parcimônia ele ainda voltou, e senta praça como senador, naturalmente ungido pelo voto popular. FHC golpeou a Constituição, para em seguida ser reeleito. O povo não lhe levou a mal. "Avança Brasil!" Recentemente um deputado federal abusou da sinceridade: estava "pouco se lixando à opinião pública." Lula aplicou o mensalão. O capo dividiu o butim com os demais partidos, assim afastando qualquer impeachment. "Brasil, país de todos!" A julgar pela requisição a vários palanques, e principalmente por sua franqueza, a multidão não dá bola ao detalhe. 
Lula, há dias, garantiu que o povo não está nem aí para o mensalão. Estaria mais preocupado com a situação do Palmeiras no campeonato nacional. O mais grave, porém, não é o escárnio com que o ex-presidente avalia o povo, uma entidade que julga dominar. O mais grave é que parece ter razão. Mais uma frustração?, por Ruy Fabiano
Do alto de sua magnífica trajetória Lula vê  o povo brasileiro como idiota, visão extensiva ao mundo inteiro. A menos que se trate de semelhante burlescco, quem mais lhe concederia titulo de Doutor Honoris Causa?
O "positivismo" sufoca o Brasil. Um país emperrado(Rolf Kuntz).
Na história republicana terminou se consolidando, à sombra da cultura política emergente das variáveis mencionadas, um modelo identificado mais com a prática do despotismo do que com o moderno republicanismo. Castilhismo, getulismo, tecnocratismo autoritário, lulopetismo, eis os resultados desse amálgama nada republicano. Como dizia Tocqueville, se referindo à França de 1848, a face da República viu-se desfigurada pelas práticas despóticas das lideranças. O MENSALÃO E AS INSTITUIÇÕES REPUBLICANAS Ricardo Vélez-Rodríguez 
A sociedade, amorfa, burra, conduzida por dogmas e fetiches, aceita tudo, de bom grado ou  então resignada.
O estudo da sociedade é tão precioso porque o homem é muito mais ingênuo como a sociedade do que como indivíduo. A sociedade jamais considera outro modo a virtude senão como meio para atingir a força, a potência, a ordem. NIETZSCHE, F., Vontade de Potência, Parte 2 : 276
Nos grandes embates, às maiores decisões mister inteligência, não truculência. "A Atenas de Péricles e Aspásia, 400 anos antes de Cristo, brilhou entre as cidades-estado. Tinha elite minoritária (políticos, religiosos e militares) que decidia, democraticamente, mas no debate entre os iguais. A maioria numérica não governava." (Receitas democráticas) Saúdo o conselho de PLATÃO (cit. WHITEHEAD, A.N.:31): "Os sábios deverão dirigir e governar; e os ignorantes deverão segui-lo." Cabe ao povo, à sociedade, ouvir o Supremo. Felizmente, isto acontece. 
A nossa vida democrática parece ter reencontrado a vitalidade que parecia fenecida na crise em que o Executivo, sobranceiro à lei, tentou comprar definitivamente o apoio do Legislativo, mediante a prática da corrupção sistemática, ao ensejo do episódio que o denunciante do esquema, Roberto Jefferson, denominou de “Mensalão”. O MENSALÃO E AS INSTITUIÇÕES REPUBLICANAS  Ricardo Vélez-Rodríguez 
Juiz suspende gratificações de ministros acima do teto constitucional
Mão pesada do Supremo Tribunal Federal deixa réus em pânico; ouça
Vida longa ao Brasil .
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