quinta-feira, 31 de maio de 2012

A via-crucis de Lula


Lula vive dramáticos momentos. Bastou descer a rampa do Planalto para a fatídica doença lhe tomar de assalto. Parecia estar  aguardando na rua, para lhe pegar sozinho. Contornável por localizada, contando com sofisticados equipamentos, competente e extensa equipe multiespecializada, remédios cada  vez mais eficientes, carinho e orações emanadas do Oiapoque ao Chuí, o perigo da fatalidade se distancia; porém, mesmo com todo arsenal, dificilmente alguém escapa das sequelas. O malefício fragiliza drasticamente qualquer pessoa. Dentre os incontáveis males causados, o embate incessante entre as drogas ministradas e as células cancerígenas, estejam onde estiverem parecem convergir ao cérebro do convalescente. A heróica porfia cataliza todas as atenções do corpo e da mente, assim deixando ao léo as demais guarnições, preponderantemente as emocionais. Aflora uma sensibilidade exacerbada. Qualquer botão de rosa desencadeia uma fantástica alegria; a mínima ofensa é capaz de prostrar como um soco de Mike Tyson. A solidão é a pior companheira. A consciência se amplia aos confins do EspaçoTempo. Invoca-se por Deus mas sabe-se que ele é cruel: por Ele, todos devemos ir para os sete palmos de-fundura. Nesta dramática ária muitos procedem violenta guinada no curso de suas vidas, readequando suas filosofias ao melhor discernimento espiritual. Por tão fixado no vil metal gentil que se partia, Lula recrudesceu na ilusão.
Junto com a perda das forças corporais, Lula ficou desprovido da formidável mordomia que fazia jus. Não há mais AeroLula. A paradisíaca base de férias tem outro inquilino. A guarda nacional bate continência para outro lado. Na sensação de abandono não há mais conforto sequer na 51. Sobrar-lhe-ia alguém do enorme contingente que com tanta generosidade feita com chapéu alheio mantinha ao seu redor.  Todavia, a honra de sua elevada posição ora aparece tanto a seus próprios olhos quanto aos demais corrompida e maculada pela baixeza dos meios pelos quais ascendeu e manteve a cidadela.Tal qual predisse Adam Smith, um daqueles tradicionais olhos azuis hostilizados pelo apedeuta, a carência de altivez foi o que menos menos lhe preocupou. Para alcançar o invejado status que supos de qualquer modo glorioso, não titubeiou em abandonar a trilha da virtude, se é que por algum momento nela colocou suas patas. O covarde age à traição. Vale-se de ordinárias fraudes, vulgares falsidades. Mistura-se na multidão para perpetrar sua má intenção. Vale qualquer recurso para superar ou liquidar o virtual opositor. Enganou-se redondamente em buscar dessa forma o esplendor. Só se alcança o fracasso, ao invés do êxito que desesperadamente almeja. A honra de sua elevada posição aparece tanto a seus próprios olhos quanto aos demais, corrompida e maculada pela baixeza dos meios pelos quais ascendeu e se manteve na melhor. E ainda que logrado atingir a meta, sempre se decepcionaria miseravelmente com a felicidade que acreditava poder nela saborear. Jamais presumiu que a cada virtude e a cada vício a natureza oferece precisamente a recompensa ou o castigo mais adequado para encorajar uma e refrear a outra.

Lembra-se que foi eleito na esperança de recolocar o país corrompido por FHC na senda da dignidade, mas ao tomar posse não só manteve a blindagem dos banqueiros que saquearam a Nação cobertos pelo PROER, como ainda lhes concedeu e até ampliou seus poderes a ponto de não ser mais capaz, sequer, de impor limites. Os bancos deitavam e rolavam, enquanto sua Exa. admirava passivamente o setor produtivo a implorar de joelhos pela redução da taxa, um prego de juros campeão do mundo.  Mais do que isso, recorda-se que o serviçal responsável pela dobra constitucional encetada  pelo antecessor à sua reeleição lhe foi útil para calar o Congresso, assim evitando o risco desdenhado por Jânio Quadros e Fernando Collor. Custou-lhe o inesperado desgaste mercê do amadorismo dos protagonistas, mas também nada de mais: "Na descoberta dos mensaleiros, em 2005, ele foi a público pedir desculpas ao povo brasileiro" (“O Globo”: ‘Os novos aloprados não justificam uma crise’)
No telão da praça ninguém pediu sua cabeça. Os caras-pintadas pintavam suas caras apenas para noitadas de farra, sob os auspícios das leis de cultura. Não havia mais ameaça das ruas,  mas e o Tribunal? Metade tomado pela gente do professor amigo; e a outra por seus mosqueteiros. Podia fazer o que queria no formidável parque de diversões: o cartão corporativo garantia para si mesmo e toda a companheirada o acesso grátis aos mais caros brinquedos da face da Terra. O mundo se tornou  Disneylulândia, para usar genial sacada do chargista. A imprensa premiada com altos patrocínios das gigantes Petrobrás, Caixa Econômica Federal, e Banco do Brasil exaltava suas façanhas, divulgando com júbilo rendáveis indices de popularidade. O mundo quedava estupefato. Ave Lula! Até mesmo o eleitorado adversário parecia rendido, reduzido a gatos pingados.
Lula não tem mais nada disso. A coisa é muito séria. Nada mais lhe pertence  Os amigos se distanciaram, especialmente aqueles do falso professor.  O pré-sal gera discórdia, revolta dos estados excluídos dos royalties.  O povo continua pagando a gasolina mais cara do mundo, ainda que seja nossa. Imagine se não fosse. A Petrobrás reduz sua produção pela terceira vez. . Brasil volta a cair em ranking de competitividade Os investimentos se desvalorizam. Bovespa cai 11,9% em maio e marca pior mês desde outubro de 2008 
Sobrevalorizado às custas do parque produtivo durante o largo período, o real procede o câmbio em direção à dura realidade do pobre. Como festa de pobre em casa de rico dura pouco, a propalada classe C lhe acompanha em retorno a seu verdadeiro lar. ‘A temida greve da alimentação pública’, um artigo de Anthony Ling, Leandro Narloch e Rodrigo Constantino As obras da Copa patinam na lama. A popularidade mundial de Guinness já era. Desaceleração econômica estoura 'bolha' de entusiasmo com o Brasil no exterior Os reflexos da sua irresponsabilidade na condução perdulária do tesouro nacional se agigantam nas combalidas linhas de produção. PIB no primeiro trimestre é baixo e preocupa setores econômico

Com essa política irresponsável, os governos do PT, além de nada investirem em infraestrutura, literalmente permitiram a deterioração de tudo o que já tínhamos construído, principalmente nos anos de governos militares, como as hidrelétricas, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e redes de distribuição de energia que hoje estão em péssimas condições ou já praticamente destruídas.  O tsunami de Dilma

Ritmo de expansão do Brasil perde até para nações em crise Lula em nada cuidou do Brasil. Gastou os oito anos preocupado somente  em viver como ninguém jamais viveu neste país. Aquele falso malandro que preferiu cortar a ponta do dedo minguinho da mão esquerda oferecendo o acidente como redenção ao trabalho largou a política econômica no colo dos tecnocratas formados pelos bancos, e se foi curtir as férias mais extensas de todos os tempos da face da Terra. Metade do exercício do exemplar operário foi dedicado às viagens turísticas internacionais à bordo da suíte presidencial aérea,  com um séquito  pronto a servi-lo e dinheiro à vontade para gastar, sem precisar prestar contas a ninguém. Meio mundo ficou rico ao seu redor, começando pelo fenomenal filho, e terminando no estrangeiro. Uns R$10 milhões foram enterrados na Faixa de Gaza, na esperança de um apoio à tão acalantada cadeira do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Com o vultoso investimento lá onde o diabo perdeu as botas o falso malandro almejava dar continuidade à fantasia quando fosse despejado do Alvorada, uma vez que a ONU é refratária a mensalões. Diante da impossibilidade, aproveitou a maré de fama e colocou a subalterna em eleição plebiscitária, visivelmente combinada com o esquálido não, para que a destemida funcionária ocupasse o lugar de modo interino até a volta do ciclo, e se mandou cantarolante, crente que continuaria patrão do CTG. A conta do mensalão ficava por conta do Planalto, mas Lula prometeu redimi-la 

Quando eu desencarnar da presidência, vou resgatar essa questão do mensalão no Brasil com profundidade. Presidente do Brasil, senhor L. da Silva, ao sair do chat que participou em 24/11/2011 junto a Renato Rovai, articulador do encontro, José Augusto Duarte, do blog Os Amigos do Presidente Lula, Rodrigo Vianna, do blog Escrevinhador, entre outros. 
Conversa fiada, costumeiramente passada aos amigos desde os tempos em que milhares de colegas do chão-de-fábrica lhe confiavam a representação, e os alto-coturnos pacificação através do pelego. Bastou João sem medo assumir o poder com a promessa de abertura que Lula aproveitou o ensejo tencionando embretá-lo com manobra soreliana a uma greve assustadora. Não surtiu o menor efeito prático. João seguiu o baile, a classe voltou ao batente nas mesmas condições, mas Lula obtinha cartaz nacional. Quem não era seu amigo sabia que ele nunca tocaria no assunto que colocou seu mandato em xeque. O astuto neófito saiu ileso graças justamente ao mensalão, e à conspiração condescendente deflagrada pelo denunciante Roberto Jefferson, velho integrante da tropa de choque de Collor que, igualmente na gaveta, isentou-lhe de culpa alegando que o principal interessado não tinha conhecimento dos fatos que aconteciam a partir do hall de entrada dos aposentos reais.
Em outro evento, o então presidente anunciara que a partir de janeiro de 2011 iria empenhar-se em “desmontar a farsa do mensalão”. Agora, em 21 de maio, ao ser homenageado na Câmara Municipal de São Paulo, ele voltou a falar do caso como um movimento golpista: “Na verdade, era um momento em que tentaram dar um golpe neste país”.
As palavras de Lula encerram o significado de Lula. Ele representa, hoje, a ponta de lança de um discurso corrosivo que acusa o STF de ter recebido como processo jurídico normal uma repugnante tentativa de golpe de Estado.Chocante é o que foi falado em público
Aos poucos, como outono,  a companheirada foi sendo pilhada em flagrante delito, e daí defenestrada dos ministérios, apesar do excepcional esforço protelatório da fiel governanta. Foram feitos mal-feitos. Somente mal-feitos bem feitos podem ser bem acatados. O inverno bate na porta. A permanência da inadimplência com a conta pendurada agora está sujeita ao martelo desalmado da cega justiça. A cigarra tilinta de frio. A onça quer beber água. A governanta é ordenada a abrir a caixa de bondades. Leviathan reduz a gigolagem sobre os autinhos, para o povo ir passear. Governo propõe desonerar PLR até R$ 5 mil; centrais recusam O BC  finalmente reduz o preço do dinheiro inexplicavelmente guardado no porão aos bancos tomadores e "pressiona" desesperadamente para que eles também refreiem sua fome. Também não adianta. Caranguejo só anda para trás. A grande Delta para onde gigantescas cifras foram alocadas sob a rubrica da Copa conquistada às custas de suborno virou apenas represa, água parada. Do Tribunal se ouve arrasto de correntes. O hermético armário dos esqueletos se mostra escancarado. Fantasmas dançam na sala de estar. Lula dormia, mas sem sentinela, algum penetrou no recinto para lhe puxar as pernas. Lula está apavorado. Devo ter cuidado com quem não gosta de mim, afirma Lula  Olha para o lado, e vê o flamante companheiro Chávez na mesma situação de fragilidade; e ali adiante, o comandante cubano senil. Pela janela ele enxerga, lá embaixo, a armadeira peronista em palpos de aranha. A lagoa secou, jacaré ficou empenhado, e reconhece: 'Só serei candidato novamente se Dilma não quiser se reeleger'
Como rato, procura alguma sombra para esconder sua pouca vergonha, mas lembra-se do que fez, e essa lembrança lhe diz que outros também lembram. Lula trapalhão motivo de sátira e risadas na TV de Israel, israelense Atormentado, procura invocar os obscuros poderes do esquecimento, aninhando-se em recônditos que julga de seu conforto, seja na venal e vil adulação dos parceiros e dos velhos mordomos palacianos, eventuais inocentes e mais que tolas aclamações populares, em ninhos de ricaços, remanescentes famosos, quiçá alguns sabidões. “Ele foi um grande presidente para nós brasileiros, que o adoramos, o amamos”, derramou-se o ex-jogador Ronaldo. Há poucos anos, o Fenômeno aposentado só achava que “ele  bebe pra caramba”. Secretamente, todavia, o gaiato sofre a perseguição incessante e retaliadora da fúria do remorso. A glória que parecia com afeto lhe abraçar a vê distante pela própria imaginação aviltada. A negra e podre realidade que compôs lhe parece retornar com força redobrada em sua direção, pronta a atacá-lo também pelas costas, agora desprovido da guarda, no fito abatê-lo justamente de acordo com seu predileto costume.   O estrategista trapalhão, a CPI da Vingança e a bancada dos sem-vergonha Like a SHAKESPEARE, Lula² entende de antemão:
Para negócio assim, que é só maldade, qualquer traição é honestidade.

O pressentimento tem tudo para dar certo,,. e dá. .Tucanos se unem a peemedebistas e isolam o PT na CPI  "Para uma CPI avançar, às vezes, é necessário firmar grandes acordos e cometer pequenas traições", afirma  Dep. Onyx Lorenzoni, figura de destaque na peleja. CPI do Cachoeira aponta para o Planalto O PMDB parece seguir seu plano macabro, costumeiro de aspirante a titular. Alisto-me torcedor.
Lula agora é digno de pena. Eu que ando no mato sem cachorro vejo um velho búfalo ferido na floresta. O cruel mundo animal não perdoa e tira lasca, serve-se à vontade. Prato para hienas e chacais. A semana passada disse que "não vai se suicidar, como fez Getúlio Vargas, nem fugir da raia, como fez João Goulart". Então bate de porta em porta dos ministros encarregados de julgar seu modo de atuação. José Antonio Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Carlos Ayres Britto receberam pessoalmente suas súplicas, ou até exigências, como costuma. Antes desses, Ricardo Lewandowski, seu preposto relator já fora visitado, ao reforço do procedimento protelatório completamente divorciado da justiça. A mulher de Lula, Marisa Letícia, fora amiga da mãe do ministro, falecida ano passado. A visita a Lewandowski confirma que Lula virou achacador de ministros do Supremo
"Tem um sentido grandioso de autoimportância, exagera conquistas e talentos, espera ser reconhecido como superior sem justificativa." Primeiro item da descrição da patologia do narcisismo, no DSM, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
Derrotado pelo ego, Lula deixou-se vencer também pela raiva
O medo da sentença fê-lo correr tanto que deu a volta ao mundo para cair justamente nos braços da assombração². Como advertira Tancredo, a esperteza, quando é muita, fica grande e come o dono. A deliberada retenção do processo ocasiona inusitada crise institucional. Lula obriga o veredicto. O corintiano retirante nordestino agora sim, vai para o pau-de-arara. Gilmar Mendes, que conheceu pessoalmente sua maneira de convencer, em vez de lhe dar voz de prisão pela aloprada tentativa de chantagem resolveu mostrar ao mundo a cara sem máscara do impostor. Lula não pensa mais. O LULA TÁ LELÉ. Não dorme mais. Lula não anda bem da cabeça
Diferentemente de um Giordano Bruno, Lula aguarda a fogueira desprovido da menor altivez. Rasteja como verme implorando clemência, misericórdia. Se nada der certo, descartados suicídio e fuga, Lula prefere ser crucificado como um herói que jamais foi. Não possui resistência nem pedigree sequer para este arroubo.
Nem nos episódicos dias em que esteve detido, ainda no governo militar, ele soube se haver com decência. O estupro, real ou tentado, de um jovem que compartilhava com ele a prisão ─ o notório caso do “menino do MEP” ─ não foi esquecido pelos homens de bem. O sátiro predador de viuvinhas de sindicato não tinha pejo de se lançar contra qualquer pessoa que lhe acicatasse a libido, em crua e extremada falta de limites e de respeito às interdições sociais.  É uma psicologia barata, a que povoa o imaginário de Luiz Inácio da Silva. :57 ‘O vilão e o bastão’
Lula não tem a menor condição de cumprir a Via Crúcis. Lula será apenas amarrado numa cruz. Como os dois ladrões.
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1. No Ratinho, Lula rói a Lei Eleitoral, os fatos, as instituições, o decoro, o bom senso… É o passado que insiste em não passar; é a rabada privada paga com a rabada pública!
2.Editorial defende início imediato do julgamento do mensalão, para evitar que crimes prescrevam.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Lá se vai mais um superstar de Maquiavel

 Formulo uma pergunta: após quatro séculos, o que resta de vivo no Príncipe? Podem os conselhos de Maquiavel ser ainda de alguma utilidade para aqueles que dirigem os Estados modernos? Circunscreve-se o valor do sistema político à época em que foi escrito e é, conseqüentemente, limitado e, em parte decrépito? Ou é, ao contrário, universal e atual, mais especialmente atual? Respondo a estas interrogações. Afirmo que a doutrina de Maquiavel vive hoje mais do que há quatro séculos, pois ainda que as formas exteriores de nossa existência tenham mudado consideravelmente, não se operaram modificações profundas, nem no espírito dos indivíduos, nem no dos povos. BENITO MUSSOLINI 

ALGUMAS PERSONALIDADES logram influenciar países, continentes, até o globo inteiro, e por séculos. Uns, porque lugar-comum, sequer são lembrados, ou mesmo conhecidos. Outros, geralmente por sua malvadeza, são perenes e freqüentemente evocados. O muy amigo do Príncipe ocupa a pole-position: "Foi Maquiavel, maior que Cristóvão Colombo, que descobriui o continente sobre o qual Hobbes pôde edificar sua doutrina."(STRAUSS, Leo, Direito Natural e História,: 192)   O nome do Secretário entrou até no dicionário, tal qual substantivo e adjetivo. (maquiavélico, maquiavelismo): “Seu exasperados inimigos rotularam-no de maquiavélico. Essa denominação era exata; Getúlio também a teria achado lisonjeira. Na morte como na vida os atos de Getúlio foram cuidadosamente calculados para produzir o máximo efeito político." (Skidmore, Thomas E., Brasil: de Getúlio Vargas a Castelo Branco (1930-1964), p.57) Muito além da semântica, porém, o efeito nuclear de Nicolau Maquiavel (1469 — 1527) é maior do que a bomba de Hiroshima e o vazamento da Usina de Chernobyl, juntos. Aliás, o florentino é o principal responsável por esses dantescos episódios, e além deles. 
A corrupção endêmica nas entidades estatais, nos tempos modernos, é tão velha quanto a dos primeiros tempos. Apenas mais sofisticada. Carl Schmitt ("O Conceito do Político”) e Maquiavel (“O Príncipe”) continuam atualíssimos. A velhice dos tempos modernos
Porque o galgo ao poder pela cartilha florentina se faz  praticamente assegurado, em trajeto bem mais curto e plano do que qualquer outro; porque o deleite nesta estratosfera é por demais prazeroso, e por demais lucrativo, e o brilho do ouro se faz tão atraente e gravitacional quanto a luz à mariposa, não percebe ou esquece o incauto protagonista que o diretor da peça, genuíno maquiavélico, compôs o script oferecendo escassa margem à variação, reservando um final melancólico, de preferência trágico ao seu astro principal, justamente para o gáudio da platéia, esta que lhe garante o sucesso de bilheteria  já por meio milênio de sucesso nas paradas, best-seller pelo mundo afora.

Qual reação provocaria nos beatlemaníacos se após a estrondosa consagração do Sg. Peppers Lonely Hart Club Band  Lennon e McCarthney surgissem em seu primeiro show com cabeça raspada, trajando bermuda e camiseta? Talvez despertassem muito riso. Os moleques apreciavam se divertir. Com certeza, porém, no mínimo levariam ovos em suas cabeças de ovos, e uma vaia muito maior do que aquelas do Maracanã, porquanto mundial. Estariam lavrando seus epitáfios, sem dúvidas. A força de Hitler residia no bigode de limpar trilho. Funcionava como guia de lançamento das V-1 e V-2. Raspá-lo seria suicídio. Que efeito apuraríamos de um Fidel Castro bem barbeado, cara limpa, terno branco e gravata vermelha, com um cravo na lapela, em prêt-à-porter de recepção ao seu galante e intrépido líder russo? Será que uma torcida  vê o time tomar cinco gols de diferença aguenta o tempo esgotado, ou sairá aos poucos em andor crescente, cabisbaixa, em silêncio e resignada,  rumo aos portões de saída? Não há quem não jogue a toalha. Até parlamentares petistas balançam ao defender Lula no Congresso
No caso de nosso superstar, claro, não é por querer variar o visual, entrar em nova moda, quem sabe, que Honoris Causa se apresenta assim meio vexado. Mas quando reparei a cara submissa à reluzente careca, o sapo barbudo sem barba para não lembrar Enéas, sobressaindo-se as bochechas em blazer com a parte superior, ressalvando um bigode alongado, agora sim, mais perto da serenidade de um Lech Walesa do que dos arroubos de Fidel, com voz afinada e até meio gaguejante pela tosse, bebendo água, suponho, a cada instante, eu que me encontrava na praça dando milho aos pombos e assistindo pelo telão percebi que se encaminhava a última ária da fatídica peça. Aguardei mais alguns suspiros e vibrações. Precipitam-se em cachoeiras, Aqui de fora já ouço vociferações e desesperados gemidos a implorar por qualquer tipo de salvação, característica primaz do papel covarde exigido ao Príncipe pelo cruel secretário renascentista. Vou para casa. Apreciarei os comentários gerais sobre as performances; e frente ao virtual epílogo, puxarei meu branco lençol,  na esperança de sonhar com um novo amanhã, um cartaz qualquer de revolução gloriosa sobre os costumes vigentes, necessariamente pacífica pela consternação e consentimento geral, e por tudo isso tão alvissareira quanto meu alvo lençol.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

A continuidade do Estado Novo

Estamos caminhando para uma ditadura ou estamos dentro de uma ditadura. Como é que um ex-presidente, considerado um homem popular, pressiona o STF para absolver aqueles que estão envolvidos no mensalão?
Senador Mário Couto (PSDB-PA), 29/5/2012
Nem a ditadura militar conseguiu do Supremo Tribunal Federal o que Lula anseia: transformar o tribunal  num quintal de recreação de um partido político ¹. ESCÂNDALO, ABSURDO E DEBOCHE
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Getúlio Pai dos pobres e Mãe dos ricos, deu a luz a dois irmãos.  O PTB mantinha a classe operária no ilusionismo das leis do trabalho copiadas de Mussolini, e PSD para acalmar as regiões rurais. Na concorrência fascistóide de Plínio Salgado, os rebentos lograram pleno êxito. Fiel da balança, ele garantiu a escassa margem de 400 mil votos em favor do herdeiro do Estado Novo.
Eu devo acrescentar que em nenhuma das nações sul americanas que eu visitei, eu encontrei um conhecimento tão acurado e profundo, uma compreensão tão cordial e penetrante da história do Fascismo e do pensamento e trabalho de Mussolini (Luigi Federzoni, então presidente do Senado Italiano, artigo no jornal Il Popolo d’Italia comemorando a 'força, vivacidade e firmeza do ditador presidente Getúlio Vargas 1937'. Revista Brasileira de História - Entre Mussolini e Plínio Salgado   
Curiosamente o adversário era  militar, integrante da Frente Ampla que desmascarara  Getúlio Vargas, levando o farsante ao suicídio, em pleno mar-de-lama. Eleito,  Nonô ordenou a prisão de Juarez Távora: o derrotado teimava em emitir juízo político. JK inaugurava a censura na TV: "Juscelino não permitiu o acesso de Carlos Lacerda à televisão durante todo o seu governo. Juscelino confessou a Lacerda, depois, que se tivesse deixado Lacerda ter acesso a televisão, este o derrubaria.".[23] 
Segundo José Sarney, ² um ser hoje desprezível pelo povo por ter colocado o país quadro de hiperinflação chegando ao cúmulo de levá-lo à moratória, não sem antes propiciar a eleição dos famosos estelionatários do seu Plano Cruzado, "Juscelino foi o melhor presidente que o Brasil já teve, por sua habilidade política, por suas realizações e pelo seu respeito às instituições democráticas.[1] Com certeza.  Ao titular da Fazenda, pai do megacorrupto CHICO LOPES ³ este recentemente algemado em sessão do Congresso, imprimir dinheiro falso não tinha assim tanta importância, desde que fosse oficial, e por boa causa: 
Os políticos brasileiros não acreditavam em inflação, acreditavam em obras bem feitas. Pouco se incomodavam se essas obras resultavam ou não de um processo inflacionário, de emissão de recursos. Eu não tinha a menor idéia de planejamento econômico no estilo moderno, implicando decisões macroeconômicas e monetárias. O planejamento no período em que trabalhei como planejador era o planejamento do Roosevelt, do Lillienthal, planejamento de obras e construções. LOPES, L. Memórias do Desenvolvimento: 219
Da década do '30 ao Brasil democrático de grandes deltas tal planejamento visa somente irrigar com o máximo de recursos os jardins do palácio, ao gáudio exclusivo dos hóspedes do Leviathan: "Os fascistas, nazistas e militaristas de todos os tipos, simplesmente adotaram o keynesianismo sem discussão." (MONTECLARO, Lauro, A impotência dos partidos políticos. www.midiaindependente.org/pt)
O Estado rooseveltiano ou a república da França apresentava, na época histórica do fascismo, características do Estado intervencionista (função econômica do Estado e fortalecimento do Executivo, por exemplo) que marcavam igualmente os fascismos alemão e italiano, sem que isto tenha significado o Estado de exceção. POULANTZAS, N.: 240
No prêt-à-porter do Estado Novo o elegante Pé-de-Valsa  voltava embrulhar o povo para presente.

Por uma ironia da história, o democrata Juscelino teve sua eleição garantida por força de um 'contragolpe' militar, empossado em pleno estado de sítio, debelando rebeliões de oficiais da Aeronáutica no início e no fim de seu mandato. O exército desempenhou papel importante na política do Governo. E os militares executivos ascendiam aos cargos civis, formando com o Cap. Lúcio Meira, o Gen Ernesto Dorneles, o Gen Amauri Kruel, o Gen. Magessi Pereira, Brig. Guedes Muniz na legendária FNM, Brig. Henrique Fleiuss, Gen. Ernesto Geisel no CNP, Cel. Jarbas Passarinho na Petrobrás da Amazônia, Gen. Macedo Soares, Gen. Ururai Magalhães, Gen. Viana, Gen. Justino Alves, Cel. Edmundo Macedo Soares em Volta Redonda, Cel. Alberto Bittencourt nos Correios, etc. O Programa de Metas não impedia o atendimento prioritário das reivindicações militares por equipamentos e maiores salários, chegando ao cúmulo da compra do 'Minas Gerais' o famoso porta-aviões de segunda mão. 'Com o porta-aviões deixarei de ser inimigo da Marinha e ao mesmo tempo serei esquecido pelos partidários do Brigadeiro (Eduardo Gomes) que, de outra maneira, não me deixarão governar', afirmou .Juscelino Kubischeck Coleção Nosso Século, 1945/60: 204 (4)
O jovem Juscelino amava o verde-oliva  Culminou tal qual tenente-coronel-médico da Polícia Militar de Minas Gerais.
JK também foi acusado diversas vezes de corrupção. As acusações vinham desde os tempos em que ele era governador, e se intensificaram no período em que ele foi presidente. As denúncias se multiplicaram por conta da construção de Brasília: havia sérios indícios de superfaturamento das obras e favorecimento de empreiteiros ligados ao grupo político de Juscelino, além do fato de apenas a Panair do Brasil fazer transporte de pessoas e materiais. Na época, a imprensa chegou a dizer que JK teria a sétima maior fortuna do mundo. Durante a campanha de sucessão presidencial, as denúncias de corrupção contra JK foram amplamente exploradas pelo candidato Jânio Quadros, que prometia "varrer a corrupção" do governo de JK.
A conversa era a respeito das faladas grandes fortunas de certos políticos. E o môço (vinte e poucos anos, função técnica numa autarquia, rapaz sério), disse com convicção, na defesa do ex-Presidente:
- Mas êle não tinha precisão de roubar para ficar rico! Só a companhia X, sua protegida especial durante o govêrno, deu-lhe de presente 40% das ações!
Rachel de Queiroz,
O Cruzeiro - 18 de julho de 1964
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¹  Lula quer configurar Supremo de forma política, não técnica, diz O Globo  O ministro do STF Gilmar Mendes afirma que Lula mencionou o "domínio do governo" sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) * * * Nos últimos anos de Gegê seu governo contava com o prestimoso auxílio de Tancredo Neves.  Lula & FHC, nos últimos anos de Tancredo também contavam com ele, desde o palanque das Diretas Já.  Getúlio fez a partilha do Estado criando incontáveis cargos a seu exército sindical. Lula retomou o Estado e picou-lhe  ao sabor do seu exército de sindicalistas. Para delírio do enorme e corrupto séquito que pavimentava a estrada de São Borja de volta ao Rio de Janeiro, o pessoal de Getúlio trouxe a realização da Copa do Mundo de 1950 para o Brasil. Para delírio dos empreiteiros pavimentadores de sua estrada à Brasília, Lula trouxe a Copa do Mundo de 2014. Além da parceria com Perón, Gegê reverenciava a plêiade completa: "Mussolini, Hitler, Mustafá Kemal Pacha, Roosevelt e Salazar... Todos eles para mim são grandes homens, porque querem realizar uma idéia nacional em acordo com as aspirações das coletividades a que pertencem.” (MONTEIRO, Góis, A Revolução de 30 e a Finalidade Política do Exército: 187)  Além da parceria com Fidel Castro, Lula se ligou a plêiade completa  de Chávez, a  Kirchner, de Evo Morales ao iraniano, de qualquer psicopata a megalomaníaco que desponte pelo mundo afora. Getúlio trouxe a Igreja Católica para o seu lado elevando o Cristo Redentor sobre o Corcovado. Lula trouxe a Igreja Universal a seu lado ao elevar prosélito a Vice-Presidente do povo curvado. Getúlio queria acabar com o Estadão. A Revolução do mal. Costa e Silva logrou calá-lo. Lula quis impor mordaça à imprensa toda. Fracassado, Lula quer liquidar pelo menos com a Veja.
². Entre as incontáveis maracutaias Sarney criou o Programa do Leite. O resultado foi tão exitoso que alguns ministros compraram até redes de rádio.  Lula inventou Bolsa-família, bolsa-isso, bolsa à kilo. Desde então foi defenestrada enorme quantidade de ministros pilhados em corrupção.
³ O momento mais dramático do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso ocorreu no dia 13 de janeiro de 1999... O então presidente do Banco Central, o economista Francisco Lopes, vendia informações privilegiadas sobre juros e câmbio – e uma parte de sua remuneração saía da conta número 000 018, agência 021, do Bank of New York. A conta pertencia a uma empresa do Banco Pactual, a Pactual Overseas Bank and Trust Limited, com sede no paraíso fiscal das Bahamas. Veja, 23/5/2001
4,Quarenta anos depois o Brasil trouxe outro colosso aos  Sete mares de Iracema.  FHC justificou gastar o dinheiro subtraído da produção nacional em prol do troféu afirmando ter negociado melhor do que JK, na astúcia de prometer comprar em seguida os caríssimos aviões e helicópteros, razão da existência do vaso de guerra. Se o Brasil  possuia o flamante Minas Gerais, como o estado de FHC ficaria apenas a ver navios?
O interesse da França e do Brasil em ampliar a cooperação militar influiu no preço do São Paulo. Um porta-aviões novo semelhante pode custar US$ 500 milhões. http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080324022835AAwVph3



  

domingo, 27 de maio de 2012

AI-5, Depósito Compulsório & Milagre Econômico


Na caserna havia dois grupos. Os castelistas defendiam a posição do Castelo Branco, que acreditavam poderiam arrumar a casa e voltar para o quartel o mais rápido possível (Democratas). E os costistas, alinhados com general Costa e Silva, defensores do endurecimento do regime  -  "Operação Condor".  General Newton Cruz
As Forças Armadas não podem atraiçoar o Brasil. Defender privilégios de classes ricas está na mesma linha antidemocrática de servir a ditaduras fascistas ou sindico-comunistas. CASTELLO BRANCO, 1962  
É incrível o que Keynes pensou. Ele foi muito mais do que um economista. O que ele escreveu é muito mais relevante para a Economia do que tudo que fizeram depois Antônio Delfim Netto
Os fascistas, nazistas e militaristas de todos os tipos, simplesmente adotaram o keynesianismo sem discussão MONTECLARO, A impotência dos partidos políticos. - www.midiaindependente.org/pt
O drama nacional nada tinha de ideológico: Após  centenas de milhares participantes suplicarem pelas ruas uma intervenção policial, isto é, militar, o Brasil realizaria a faxina pela qual o faxineiro de votação record havia refugado, e o vice desdenhado em face de ampliar a renda do butim:
Há necessidades de se fazer reformas, e eu acho que se pode fazer isso sem se mexer na Constituição. Mas o Sr. João Goulart não queria isso. Montou um dispositivo sindical nos moldes fascistas, com dinheiro do Ministério do Trabalho, dinheiro roubado do impôsto sindical, roubado do salário dos trabalhadores, para pagar as manifestações de banderinhas e as farras dos homens do Ministério do Trabalho. CARLOS LACERDA,

O Cruzeiro - Edição histórica da Revolução


Custou o fechamento do Congresso, mas como limpá-lo sem esvaziá-lo? Na estabilidade social e monetária, de plano atingida, o país finalmente parecia trilhar a senda de um harmônico desenvolvimento,  No ano seguinte houve eleições para governador em onze estados. O governo militar ganhou em seis.  Castello Branco criou o Código Tributário Nacional, o Estatuto da Terra, o Banco Nacional da Habitação, o Banco Central do Brasil, a Polícia Federal a Lei do Mercado de Capitais, a Casa da Moeda do Brasil, o código eleitoral e o Código de Mineração. e  a Embratur, para o desenvolvimento do turismo. O comando assumiu já discutindo até mesmo a volta da democracia.
Objetivos que o consagraram pelo invulgar desempenho, com perfeita visão de estadista diante da conjuntura interna e internacional. Seu mandato não terminaria conforme a sua previsão. O cargo ele só entregou em 15 de março de 1967, em vista da prorrogação do mandato. Quando afirmou no Congresso, naquele 15 de abril, que “meu procedimento será o de Chefe de Estado, sem tergiversações, no processo para a eleição do brasileiro a quem só entregarei o cargo em 31 de janeiro de 1965”, estava iniciando o processo revolucionário, conceituado por ele mesmo como um esforço para a reorganização financeira e econômica do país, a segurança da ordem pública e a reforma constitucional. Objetivos que o consagraram pelo invulgar desempenho, com perfeita visão de estadista diante da conjuntura interna e internacional. Seu mandato não terminaria conforme a sua previsão. O cargo ele só entregou em 15 de março de 1967, em vista da prorrogação do mandato.  40 anos da morte de Castello Branco, exemplo de presidente ...
Após um período inicial recessivo, de ajuste, que foi de março de 1964 até fins de 1967 - com a reorganização do sistema financeiro, a recuperação da capacidade fiscal do Estado e com uma maior estabilidade monetária - iniciou-se em 1968 um período de forte expansão econômica no Brasil. Milagre econômico brasileiro- Wikipédia
AI-5 & Compulsório
A insurreição é um recurso legítimo do povo. Pode-se perguntar: o povo brasileiro está pedindo uma ditadura militar ou civil e Constituinte? Parece que não. Entrarem as Forças Armadas numa revolução para entregar o Brasil a um grupo que quer dominá-lo para mandar e desmandar e mesmo para gozar o poder? CASTELLO BRANCO, idem
"Castelo foi pressionado a passar a faixa presidencial para o general da linha dura Artur da Costa e Silva mas estava organizando com o Senador Daniel Krieger um movimento contra o endurecimento do regime." ² A vaca  se encaminhava ao brejo:
Quando o general Costa e Silva assumiu, em 1967, seu superministro Delfim Netto queria indicar o amigo e sócio Ruy Leme para a presidência do Banco Central. Foi fácil: manipulada por Delfim, a imprensa começou a publicar suspeitas de que os integrantes da equipe econômica do general Castello Branco - Roberto Campos, Otávio Gouvêa de Bulhões e Denio Nogueira, este presidente do BC — teriam tirado proveito pessoal de uma desvalorização cambial. Foi instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados e a diretoria do BC acabou afastada. Wikipédia
Para completar, dizendo-se convencido de que os comunistas novamente ameaçavam a partir de um pífio pronunciamento efetuado a portas fechadas, no Congresso Nacional, Costa e Silva assinou o Ato Institucional n.5, sobrepondo-se à Constituição de Castello. Não havia motivo para um decreto desta envergadura. Tirante gatos pingados,  quando Costa assumiu a Nação já estava totalmente sob controle, e mais do que isso: o rosário das prudentes medidas tomadas pelo antecessor tornou tudo pacificado. O subterfúgio do perigo vermelho ensejou o Ato que não era de ação, mas de mandamento, um decreto imperial, eliminando a possibilidade da imprensa de acompanhar o trânsito da riqueza nacional.¹ O Ministro da Fazenda podia se lavar à vontade.
Não me oferecem comida nem bebida – nem consolo intelectual nem espiritual... [o conservadorismo] não leva a lugar. KEYNES, J. M., cit. SKIDELSKI: 60
A perda da compreensão dos fatores que determinam tanto o valor do dinheiro como os efeitos dos eventos monetários sobre o valor de bens específicos é um dos principais danos que a avalanche keynesiana causou ao entendimento do processo econômico. HAYEK, F., 1986: 73
"Quando comandou a economia no período militar, Delfim usou e abusou de seu expediente preferido: contra o galope da inflação, a maxidesvalorização da moeda." (FIUZA, Guilherme, Gurú aloprado, revista Época, 14/4/2008)
 O Czar da Economia começou se agadanhando dos depósitos em contas-correntes de todo o país, apropriação indébita consentida, claro, porquanto a manu militaire, porém até hoje em vigor na  rubrica de retirada compulsória,* como se ainda estivéssemos sob a égide dos fuzis.  Os espetaculares movimentos atendiam à especulaçao bancária nacional, mas fundamentalmente a internacional, em especial o Japão, com quem mantinha seus cabos de ligação.
Costa e Silva deu a Delfim instrumentos que nenhum outro ministro já teve para manobrar a economia em direção ao crescimento. Em dezembro de 1968, baixou o AI-5. A partir daí, ele tratou de usar o instrumento autoritário para tomar decisões sem consultar ninguém e, assim, turbinar índices de crescimento. 'Fui oportunista', ele admite. Em alguns setores suas intervenções eram tão freqüentes que surgiram suspeitas que possuía interesses particulares em jogo. Em cinco anos como ministro do Planejamento do governo Figueiredo, Delfim assinou sete cartas de intenções com o FMI, em que detalhava como pagaria um empréstimo de US$ 2,7 bilhões que tomara logo no início de sua gestão. Não cumpriu nenhuma. Seus 'Delfim Boys', os negociadores da dívida José Augusto Savasini, Luis Paulo Rosemberg e Ibrahim Eris, tinham uma estratégia para reduzir as pressões do fundo, que passava, principalmente, por cultivar estreito relacionamento com os técnicos de Washington .Em Brasília, as missões chefiadas pela economista Ana Maria Juhl eram recebidas em alegres reuniões caseiras regadas a vinho e uísque. Delfim, enquanto isso, agia teatralmente. Enquanto tentava driblar o FMI no front externo, Delfim reconhece claramente que, no campo doméstico, operou os resultados da balança comercial. Para barrar as encomendas externas, Delfim contava com os serviços de um de seus assessores. Carlos Viacava era encarregado de engavetar os pedidos de importação levados ao governo. ISTO É, 19/11/2003 
O milagre
 O "milagre econômico brasileiro" é a denominação dada à época de excepcional crescimento econômico ocorrido durante o Regime militar no Brasil, também conhecido pelos oposicionistas como "anos de chumbo", especialmente entre 1969 e 1973, no governo Médici. Nesse período áureo do desenvolvimento brasileiro em que, paradoxalmente, houve aumento da concentração de renda e da pobreza, instaurou-se um pensamento ufanista de "Brasil potência", que se evidencia com a conquista da terceira Copa do Mundo de Futebol em 1970 no México, e a criação do mote: "Brasil, ame-o ou deixe-o".  Milagre econômico brasileiro – Wikipédia,
O Czar ludibriou o mundo inteiro 
A desordem monetária, produzida pelas intrépidas teses keynesianas, teve como conseqüências a inflação, a desorganização institucional, a diminuição real do lucro e, por conseguinte, o empobrecimento dos assalariados. MENDOZA, P. A., MONTANER, C. A.,  LLOSA, A.V., Manual do perfeito idiota latino-americano: 28. 
No final dos anos 70 a inflação chegava a 94,7% ao ano. Em 1980 bateu 110% e, em 1983, 200%. O Brasil entrou numa recessão cuja principal conseqüência foi o desemprego. (Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/governo-joao-baptista-figueiredo/governo-joao-baptista-figueiredo.php#ixzz1wGbqKBJh
É trivial concluir a total falta de ética, com requintes de má-fé  Seriam  eles junto com ambição desmedida pelo vil metal ingredientes à morte de Castello? Duvido, mas desconfio. A descoberta dsta verdade, episódio que  desencadeia todas demais, não pode ser facimente alcançada, e de modo prioritário, pela Comissão da Verdade?
Mausoléu do Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco - Fortaleza. 
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1. O momento mais dramático do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso ocorreu no dia 13 de janeiro de 1999... O então presidente do Banco Central,, economista Francisco Lopes, vendia informações privilegiadas sobre juros e câmbio – e uma parte de sua remuneração saía da conta número 000 018, agência 021, do Bank of New York. A conta pertencia a uma empresa do Banco Pactual, a Pactual Overseas Bank and Trust Limited, com sede no paraíso fiscal das Bahamas. Veja, 23/5/2001
2. A ditadura, a partir de 1967, tinha mais problemas com os generais do que com os civis. Na sucessão de Medici, alguns coronéis queriam o fim do regime de exceção, manobravam para haver eleição direta. Consideravam que com isso o Exército se livraria do desgaste, não chegaria ao mais profundo do poço, como chegou com o atentado contra esta Tribuna da Imprensa e o assombroso episódio do Riocentro. O "empastelamento" da Tribuna foi pura vingança, a ditadura já estava no chão. Houve a anistia, a volta dos exilados, a quase convocação da eleição para governadores, direta, que se realizaria em 1982. O Riocentro, todo organizado, preparado e executado sob o comando do então poderoso SNI, era uma tentativa de permanecer no Poder. O bejo da morte - Coincidência ou crime?
* Atualmente os bancos são obrigados a recolher 42% dos depósitos à vista (dinheiro da conta corrente) feitos pelos seus clientes e depositar o dinheiro em espécie no BC. Esse dinheiro fica sem remuneração. Equivale hoje a cerca de 20% de todo o compulsório recolhido pelo BC.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Prato cheio à Comissão da Verdade: a morte de Castello Branco

A colisão aérea que matou um presidente da República e mudou o rumo da história política do País vai sair das sombras dos arquivos para ser reaberta à luz do dia, quase 40 anos depois. Foi atentado? A segunda morte de Castello Branco
As Forças Armadas não podem atraiçoar o Brasil. Defender privilégios de classes ricas está na mesma linha antidemocrática de servir a ditaduras fascistas ou sindico-comunistas
CASTELLO BRANCO, 1962  
Costa e Silva anuncia o AI-5.  O mentor,  Ministro da Fazenda Delfim Netto. é o segundo da direita à esquerda, 
Na manhã de 18 de julho, Castello Branco saiu do sítio da escritora Rachel de Queiroz, sua amiga, e decolou de Quixadá para Fortaleza a bordo do Aztec cedido pelo Governo do Ceará. Estavam a bordo do bimotor a escritora Alba Frota, o major Manuel Nepomuceno, o irmão do Marechal, Cândido Castello Branco, o comandante Celso Tinoco Chagas e o co-piloto Emílio Celso Chagas, filho do comandante. O tempo estava bom, visibilidade praticamente ilimitada e nebulosidade insignificante. O Aztec decolou do sítio de Rachel de Queiroz às 9 horas da manhã e voou em cruzeiro no nível de voo visual 055 (cinco mil e quinhentos pés). Trinta minutos depois, já durante a descida para Fortaleza, um jato de caça atingiu a deriva do Aztec, decepando-a. Enquanto o jato perdia o tanque que já estava vazio, localizado na ponta da asa fatídica, retornando  tranquilamente à base, sabe-se lá onde. O pequeno e lento bimotor convencional se precipitou rumo ao solo.
Na ocasião do acidente, houve uma investigação, que concluiu que o choque foi acidental, que ambas as aeronaves estavam em um mesmo "corredor" em direção à Fortaleza, e que teria havido, possivelmente, falha do controle de tráfego aéreo. E ficou por isso mesmo, já que o Governo Federal, naquela época, controlava tudo com "mão de ferro", censurando a imprensa e calando a oposição. Cultura Aeronáutica: O estranho acidente que matou o Marechal ..
No resgate a equipe destroçou o avião a machadadas, carregando as vítimas nas costas, sem qualquer técnica. O enigma permanece ."Os militares construíram uma mentira", afirma  sobrevivente da tragédia, Emílio Celso Chagas,  co-piloto do bimotor Piper Aztec. “Esse caso tem de ser esclarecido. Ainda é possível.” Com certeza. O fato desencadeou não somente o AI5 e a tortura, como as formidáveis maracutaias monetaristas do Czar da Economia. O relatório oficial conclui que o caça atingiu o avião civil num ponto nevrálgico. O caça, porém, estava com um de seus tanques vazio, justamente o que se localiza na asa que riscou o Piper Aztec. "As enormes brechas na investigação oficial, que incluem a falta de explicação para o choque num dia de céu claro e sem nuvens, levantam a suspeita de que, em plena ditadura militar, alguns deles tenham se transformado em pilotos de guerra." O toque foi com a ponta da asa sobre a ponta da cauda do Piper,  parte mais frágil, e mais facilmente acessível do avião, o que aumentaria a chance do êxito total - desde a consecução macabra ao menor dano do agressor, minimizando o risco do piloto militar. Vale lembrar: caso errasse o trapézio, e arruinasse também sua aeronave, este piloto aind contava com a salvaguarda do para-quedas. Ao historiador cearense Pedro Paulo Menezes, há 20 anos investigando o episódio, não restava dúvidas:a colisão fora  premeditada. Em 2003 publicou uma infinidade de dados comprometedores. Título do livro: "J´Accuse - O clamor de uma verdade". 
“Tenho procurado, todos esses anos, mais explicações oficiais para o acidente, mas jamais a Aeronáutica me deu qualquer tipo de informação”, reclamava o comandante Emílio Chagas, que perdeu o pai no acidente. Não convém à elevada Comissão da Verdade iniciar sua tarefa  na elucidação da fundamental à todas demaisl?
O TF-33  causador do "atropelamento".

Ex-guerrilheiro elogia militares e o general Castelo Branco

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Introdução aos dois milagres econõmicos

Qual é a origem da sociedade? Está no velho Platão, antes do Aristóteles.  Professor de Economia, não de Filosofia, tampouco de Sociologia, Direito ou História,  Dr. ANTÔNIO DELFIM NETTO, ex-ministro da Fazenda, do Planejamento e até da Agricultura do Regime Militar, responsável direto pelo AI5, e atual consultor primaz dos contadores que impõem a política econômica do novo milagre econômico do Brasil, em entrevista para Agência Estado. - www.avozdavitoria.blogspot.com -  31/12/2008
Não, senhor diletante. A origem da sociedade remonta a  Péricles, Sócrates e Platão apenas escancararam as portas da Acrópole, ao gáudio dos Trinta Tiranos de Atenas.
O conceito de justiça é o primeiro conceito democrático mistificado por Platão. A justiça surgiria como uma propriedade do Estado. Seu totalitarismo é disfarçado sob a capa de 'verdadeira justiça', e se legitima teoricamente mediante a subversão doutrinária do humanitarismo em três frentes: defendendo o privilégio natural, postulando o coletivismo, advogando a tese de que o indivíduo existe para o Estado. O Estadista, cit. POPPER, K. Sociedade Democrática e Seus Inimigos, Tomo I: 84.
Um pioneiro da Física Quântica lhe consideraria mero lunático: 
Percorri laboriosamente o texto, embora ele me parecesse um absurdo. Como quer que fosse, todas essas idéias me pareceram uma especulação desvairada, talvez perdoável por faltar aos gregos o necessário conhecimento empírico. Não obstante, entristeceu-me ver um filósofo da agudeza crítica de Platão sucumbir a tais fantasias. HEISENBERG, WS., 1996: 1
A condescendência de Heisenberg lhe impediu de ver o ilusionista-mor como o criador das fantasias. Urge àquela Exa. também tomar conhecimento de Aristóteles, a quem desdenha:: 
É impossível para uma pedra, que tem um movimento natural para baixo, conseguir reverter esse movimento, passando a se movimentar para cima, mesmo se alguém tentar 10 mil vezes inculcar esse hábito nela; nem fazer o fogo se movimentar para baixo, ou se mudar a direção de qualquer ente, atribuído pela natureza. (Ética a Nicômaco)
Santo do pau-oco
Não poucas publicações atestam esses corriqueiros equívocos de base. Outras são colocadas de modo dúbio, mas com ares de dogma a eliminar  de plano divegências, no fito de tecer o campo no qual o emissor pretende se servir,  Com o ilustre Prof. parece não haver distinção. "Na passagem do regime autoritário para a democracia era aquilo que eu disse, o que existia era ruim, então, multiplica por menos um que fica bom." (NETTO, Delfim, www.zedirceu.com.br)
Nessa e em outras questões, o papel da maioria dos economistas tem sido o de propagar servilmente o ideário dominante. Mutatis Mutandis, aplica-se a eles o que dizia Schopenhauer dos filósofos do seu tempo: submetidos a regra do primum vivere, estão sempre dispostos, e com o mais solene desprezo por realidades inconvenientes, a deduzir a priori absolutamente tudo o que lhes for pedido, o bom Deus, o diabo ou o que seja. ROSZAC,  T., A contracultura: 62
Os intrumentos do czar são contrabandos dos anos '30, "É incrível o que Keynes pensou. Ele foi muito mais do que um economista. O que ele escreveu é muito mais relevante para a Economia do que tudo que fizeram depois" Antônio Delfim Netto 
Desde a publicação, em 1936, da primeira edição da Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda, de John Maynard Keynes, a quase totalidade dos economistas passou a acreditar nas chamadas políticas de ‘sintonia fina’, isto é, em uma pretensa capacidade dos governos de, mediante intervenções na ordem espontânea de mercado, evitar flutuações ‘indesejáveis’ no emprego dos fatores de produção e, assim, impedir as oscilações na produção. SKIDELSKI: 5
Projeção da receita não se confirma
"A possibilidade de dinheiro produzir dinheiro numa escala nunca antes imaginada, e sem qualquer relação com indústria, comércio ou qualquer outro tipo de negócio concreto, equivale ao advento do abstracionismo na arte." (LANCHESTER)
O que agora excita... é o efeito, considerado desastroso, das políticas keynesianas adotadas pelos Estados econômica e politicamente mais avançados, especialmente sob o impulso dos partidos social-democráticos ou trabalhistas. Nestes últimos anos lemos não sei quantas páginas sempre mais polêmicas e sempre mais documentadas sobre a crise deste Estado capitalista mascarado que é o Estado do bem-estar, sobre a hipócrita integração que levou o movimento operário à grande máquina do Estado das multinacionais. Agora estamos tendo outras tantas páginas não menos doutas e documentadas sobre a crise deste Estado socialista igualmente mascarado que, com o pretexto de realizar a justiça social (que Hayek declarou não saber exatamente o que seja), está destruindo a liberdade individual e reduzindo o indivíduo a um infante guiado do berço à tumba pela mão de um tutor tão solícito quanto sufocante BOBBIO, Norberto, O Futuro da Democracia: 132
Como não se pode apurar nenhum resultado diverso fazendo a mesma coisa, é trivial concluir que o decantado Brasil Emergente tem o destino do fiasco experimentado pelo Milagre Brasileiro 
Basta uma sacudida na economia para que o último degrau da escada social despenque no abismo de miséria de onde saiu, tornando inevitavelmente maior a sua propensão ao crime. Pesquisa recente do Centro de Pesquisa Social da FGV mostra que São Paulo é a região do País onde mais se produziu miséria - 5,9%. SIMANTOB, Fábio Tofic, Estatísticas do crime e discurso do medo 12/2/2010 
"A possibilidade de dinheiro produzir dinheiro numa escala nunca antes imaginada, e sem qualquer relação com indústria, comércio ou qualquer outro tipo de negócio concreto, equivale ao advento do abstracionismo na arte." (LANCHESTER)
O enfraquecimento do real não é uma anomalia de curto prazo, mas uma mudança estrutural que reflete a exaustão do modelo de crescimento baseado principalmente na expansão do consumo, disse Luis Stuhlberger, cofundador e diretor de investimentos de uma das maiores firmas de administração de ativos do Brasil, a Credit Suisse Hedging-Griffo. 'De 2004 a 2012, cada vez que o real se enfraquecia, isso era visto como uma mudança cíclica e não estrutural, então o que todo mundo dizia é 'tudo que cai volta a subir', disse Stuhlberger à agência Dow Jones. 'Mas agora é estrutural. O modelo está quebrado.' Queda do real reflete erros do Brasil
Morte ao mau governo