sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A tarde do espelho *

Atrás fica o porto.
O vento enfuna as velas.
Acolá se estende o tenebroso mar.
Meus marinheiros,
Companheiros de batalhas e vigílias...
Vinde amigos:
Inda é tempo de buscar um mundo novo!

Albert Einstein
Às vezes surgem doidos,  mas este aparentava apenas ter saído de órbita. Day Escape, like Nav's ALL. Ao lunático, o último dia do ano tinha que ser vivido de modo à reflexão, à introspecção. Argumentou: a tradição espiritualizada reserva até três dias para que tomemos consciência de nossos pensamentos, atitudes e consequências, mas, quiçá exatamente por usar praticamente uma semana inteira, a Semana Santa, torna o período pertinente em dias de férias, portanto, de diversão, ou seja, de ainda maior alienação. Teríamos apenas um dia, mesmo, consagrado ao mergulho mais profundo - o Dia dos Finados - mas este também, - ainda mais irônico - carrega nossos sentidos para o além, onde se alojam os saudosos entes queridos. Modo que, a rigor, não há dia consagrado à consciência, obviamente  exercício mais elementar para quem prefira diminuir o próprio sofrimento. Temos por perto o Dia da Consciência Negra. Que consciência tão diferenciada lhe é mister?
Se o dia mais marcante para você é aquele do seu nascimento - pelo menos um bom tempo se pensa assim - ao ano também. Devemos, por isso, esquecer tudo o mais? Não interessa o que antes existiu? Francamente, concordo mesmo. Temos até dever de encerrar a página, deixando armazenadas no arquivo as impressões e memórias. Mas este dia ainda não chegou. Hoje é  propício à pessoa se voltar às teorias e experiências geradas ou presenciadas, as que sofreu, deu seguimento, ou implementou. A esperança é momento mágico de sutil alegria, não poucas vezes alívio das dores humanas, mas ela pode e costuma depender de você. Não de sua fé para que as coisas se procedam de melhor sorte, mas da consciência dos erros que diariamente cometemos, maiores ou menores, mas a rigor todos decisivos. Por que repeti-los?. Haverá maior imprudência do que esperar um futuro mais alvissareiro tentando manter ao máximo os mesmos procedimentos que nos trouxeram até este final? Destarte, ou melhor, desta falta de arte colheremos os mesmos resultados - as mesmas dores pelas quais já passamos. Quem não aspira a mais completa felicidade? Alguém a detém? Além das parcas condições vitais, somos filhos de antepassado muito imperfeito, de maneira que temos que estar sempre vigilantes para não afastá-la ainda mais. A última tarde do ano me parece perfeita para o espelho - não só de si, como de tudo o mais que conosco interage, sejam vetores de maior ou menor intensidade.  
A ordem implicada tem sua base no holomovimento, que é vasto, rico, e em um estado de fluxo infindável de envolvimento e desdobramento, cuja maioria das leis é vagamente conhecida, e que pode ser até incogniscível em sua totalidade. Logo, ela não pode ser apreendida como algo sólido, tangível, e estável aos nossos sentidos (ou aos nossos instrumentos). BOHM, David, Totalidade e ordem implicada: 192 
Ortega diz que somos nós e nossas circunstâncias. Se não as salvarmos, não nos salvamos. A tanto, a consciência é partidor. Desse modo, meio atravessando o célebre gênio espanhol, digo que o futuro de cada um depende de cada consciência. 
Desejamo-lhe Venturoso Ano Novo, para que ao cabo possa resgatá-lo da memória com a máxima satisfação. Queremos manter você meio cativo por aqui. O privilégio de tê-lo conosco mostra o valor de nosso trabalho.
______________ 
* Curiosidade é a característica mais marcante da Sala dos Espelhos. Lugar onde não há nada, além de espelhos, e dos mais diversos tipos. Todos com molduras de ouro e prata. Lá, existem espelhos que deformam, que esticam, encolhem, duplicam, triplicam, diminuem.. E existem espelhos que mostram coisas diferentes. O espelho dos sonhos, que mostra os sonhos mais profundos de quem se posta em sua frente, e que fica no final da sala, junto com o espelho do contra, que mostra o irreal e inimaginável, da pessoa que se posta em sua frente. Nesta sala, pode-se encontrar espelhos de todos os tipos, possíveis ou não. E a disposição da sala funciona como um labirinto, onde se é preciso marcar bem por onde se entra, para saber como se sair. Tal sala fica no último andar do castelo, no início do corredor D. Numa parte lateral da sala dos espelhos, encontramos uma parede forrada de espelhos de todos os tipos e tamanhos e do outro lado da sala, janelas abertas deixam que a luz solar entre. Em certors horários, os raios solares refletem num espelho, rebatendo em outro e recocheteando em outros, iluminando estrondosamente a sala, o que deixa quase que impossível de se enxergar devido a alta luminosidade, algo similar a olhar diretamente para o sol. Quando isso acontece, o personagem deve ficar desorientado e interpretar a perda do senso de direção, http://escolademagiabeauxbatonendo no labirinto de espelhos.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O novo secretariado paulista

"Formei uma equipe competente, com sensibilidade de ouvir as pessoas e vontade de trabalhar" 
O Governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, assim anuncia seu team.   O Vice, Guilherme Afif Domingos, (foto) aceitou a incumbência de participar ativamente da administração. Afif assume a responsabilidade pelo Desenvolvimento.
 Equipe 
Casa Civil - Sidney Beraldo
Casa Militar - Coronel Admir Gervásio
Direitos da Pessoa com Deficiência - Linamara Rizzo Battistella
Saúde - Giovanni Guido Cerri
Desenvolvimento - Guilherme Afif Domingos
Transporte e Logística - Saulo de Castro Abreu Filho
Transportes Metropolitanos - Jurandir Fernandes
Fazenda - Andrea Sandro Calabi
Procuradoria Geral do Estado - Elival da Silva Ramos
Planejamento - Emanuel Fernandes
Administração Penitenciária - Lourival Gomes
Segurança Pública - Antônio Ferreira Pinto
Justiça - Eloisa de Souza Arruda
Educação - Herman Jacobus Cornelis Voorwald
Habitação - Silvio Torres
Emprego e Relações do Trabalho - Davi Zaia
Meio Ambiente - Bruno Covas
Turismo - Márcio França
Saneamento e Recursos Hídricos - Edson Giriboni
Cultura - Andrea Matarazzo
Esportes - Jorge Pagura
Assistência e Desenvolvimento Social - Paulo Alexandre Barbosa
Desenvolvimento e Gestão Metropolitana - Edson Aparecido

Governador Geraldo Alckmin e o Vice Guilherme 
Afif na primeira reunião com o secretariado


A Associação Comercial de São Paulo colheu o ensejo e soltou 60 mil balões no centro da capital que partiram depois de formarem a imagem da bandeira do Brasil
Cumprimentos e votos de feliz gestão aos novos condutores da locomotiva nacional,  para o gáudio de todos brasileiros.
_____________

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A tolice do Euro

Não entendf a razão do Euro. Quantos mais forem os meios de pagamento, maior comércio, produção e consumo. E, com certeza, maior cultura também. A Europa sempre negociara com todas as moedas, de livre circulação entre as cidadelas. Por que simplesmente extingui-las? Algumas não seriam confiáveis? Mas seria vantagem liquidar com todas, por causa das problemáticas? Todas apresentariam vulnerabilidade? Então, o Euro também apresenta. É o que vem se sucedendo com este azul, a rigor patrocinado pela França, O Euro mostra seus fundilhos ao provocar colapsos e cataclismas por vários países daquele belo continente. Quase todos estão seriamente implicados.  Ou melhor, basta apenas uma pedra do dominó balançar para colocar em risco toda a cadeia. Quem sabe o macete é da década dos gangsters
O capitalismo de livre empresa, um mercado onde perdurassem a competição e a livre iniciativa, passou a ser considerado como instrumento de exploração do povo, enquanto uma economia planejada era vista como alavanca que colocaria os países no caminho do desenvolvimento. Caberia ao Estado, portanto, o controle da economia doméstica, das importações e a alocação dos investimentos de maneira a assegurar que as prioridades sociais se sobrepusessem à demanda egoísta dos indivíduos. (Milton Friedman, Capitalism and Freedom; cit. Peringer: 126)
Bertrand Russel se reporta "Na verdade, os interesses dos banqueiros têm sido contrários aos dos industriais: a deflação que convém aos banqueiros paralisou a indústria britânica." Assim pode-se compreender a razão do feixe.
Como em Esparta, só à classe governante é permitido portar armas, só ela tem direitos políticos ou de outra espécie, só ela recebe educação, isto é, um adestramento especial na arte de manter em submissão suas ovelhas humanas, ou seu gado humano. POPPER, Karl, 1998, Tomo I: 60
Primeiro foi mesmo a cidadela de Sócrates e Platão suplicar por 110 bilhões de euros da União Européia e ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Seis meses depois foi a vez da Irlanda, que recebeu das mesmas organizações um total de 85 bilhões de euros.  Mas ao que se deve a perda dessa dinheirama? Seria uma produção claudicante, ou apenas manobras de banqueiros, maracutaias para ser claro? Pois bem podem ser ambos, e outros mais, mas as conseqüências serão danosas àquele povo fiel:
O socorro levará à centralização do poder na União Européia.  Os políticos europeus já determinam, indiretamente, qual deve ser o orçamento irlandês.  Por exemplo, eles dão ordens ao governo irlandês para aumentar impostos, como o imposto sobre vendas.  Eles também vêm colocando enorme pressão sobre o governo irlandês para que ele abandone sua política de baixos impostos sobre pessoa jurídica, política essa que vários políticos europeus classificam como sendo "dumping fiscal.   ,
A safadeza ou má-gerência monetária não exclui o epicentro
Quando a mente toma a dianteira do espírito, constrói uma sociedade contra a natureza e persiste em seus conceitos até que apareça a Grande Complexidade proveniente de seus próprios processos. Ela percebe então que já não pode administrar essa realidade, nem quantativamente, nem qualitativamente. RANDOM, Michel, O pensamento transdisciplinar e o real : 208
As contas do estimado Portugal e da rica Espanha também apresentam profundos déficits orçamentários. "Portugal está numa situação muito ruim", observa Rafael Pampillón, professor de ambiente econômico da Escola de Negócios IE, em Madri. "A economia está estagnada há dez anos, e amarga agora uma taxa de desemprego alta demais para o país: por volta de 10%."  O acaso quis que coubesse à Espanha, à frente da presidência da União Europeia (UE) no primeiro semestre deste ano, a tarefa de tirar o bloco comercial europeu da crise. Contudo, o cenário para 2011 é sombrio: o país se converteu “no doente da Europa” depois de seis ou sete trimestres consecutivos de crescimento negativo e de um desemprego galopante que é praticamente o dobro da média dos países da Europa.
Há mesmo uma enorme controvérsia a respeito do futuro do euro. Pois haverá sempre quem queira quebrar os espelhos para que não se desmoralizem os governos nacionais inchados e ameaçados de insolvência. Quem suportaria tanta verdade? Não seria mais fácil condenar a moeda continental europeia à extinção? O mais impressionante é que a moeda única desagrada a gregos e troianos, até mesmo aos alemães, os maiores beneficiários pelo estímulo a sua engrenagem extraordinariamente produtiva (Paulo Guedes, Hora da verdade, 7/12/2010)
A mim, pura tolice, apropriado platônico. Para muitos, vantajoso, com certeza. Para esses não se trata de ideal, e sequer de metafísica. Nada tem de miragem. À Europa, todavia, a emenda ficou pior do que o soneto. “A zona do euro (16 países) não pode ter uma política monetária e 27 políticas fiscais (UE 27) distintas”, observa Robert Tornabell, professor de finanças da Esade e autor do recém-lançado O dia depois da crise. O faina de domìnio, de tudo querer controlar, acarreta o descontrole geral.
As corporações centralizadas e autoritárias têm fracassado pela mesma razão que levou ao fracasso os estados centralizados e autoritários: elas não conseguem lidar com os requisitos informacionais do mundo cada vez mais complexo que habitam. FUKUYAMA, F., 2002: 205
E lá se vai Sarkozy atrás de Obama, para combinarem novas bases.
Sarkozy vs. Obama: A Test for the Dollar   
By JOHN VINOCUR Published: December 20, 2010
"E agora se encontram trancados em uma sala de espelhos, da qual não conseguem escapar. É a jaula do euro, em que entraram por ambições geopolíticas de enfrentamento aos americanos." (Paulo Guedes, Hora da verdade, 7/12/2010). Pelo jeito, fracassam até mesmo ante à locomotiva, propalada em séria crise: o euro se desvalorizou em 10,6% entre dezembro e fevereiro, passando de US$ 1,51 para US$ 1,35.  Evidente pela ambição,  o Euro contém o DNA espartano, platônico, com função competitiva, mas então o que tem a combinar com quem hostiliza? E por qual razão, agora essa, até o Euro depende do Dólar?
A maior parte dos países-membros da União Européia estão atualmente administrados por governos social-democráticos e o principal problema da maioria deles é o desemprego. Como o enfrentam? A resposta alemã é o corporativismo e não uma reforma estrutural. Na França limita-se o número máximo de horas de trabalho, e os políticos europeus alimentam a esperança de terem sua volta aos métodos keynesianos de condução da economia nacional facilitada pela adoção do euro, a moeda única. Em lugar da autonomia individual dos liberais, os social-democratas se apegam aos ideais coletivistas dos socialistas. LEME, Og, A nova Terceira Via da Europa maio de 2009
A integração das nações se faz ao natural, pelo comércio de bens e serviços, intercâmbios culturais e artísticos, não por alguma amarra obrigatória, ainda mais de cunho monetário.
O estudo de como surge a ordem, não em conseqüência de um decreto de cima para baixo da autoridade hierárquica, seja política ou religiosa, mas como resultado de auto-organização por parte de indivíduos descentralizados é um dos acontecimentos mais interessantes e importantes de nossa época. KELSEN, H., A democracia: 140.
Quem já escapuliu de cola erguida da quimera coletivista ora oferece a sugestão:: uma "cesta de moedas" com livre circulação no mercado internacional, lastreada por parcelas de cada uma, sem nenhuma extinção ou exclusão. A China tira o Ocidente do labirinto greco-romano, ao natural. Seus empresários estão soltos. Andam pelo mundo inmventando negócios, mas cada um trata do seu. Não há governos no território comercial chines.
A certeza da Nav's ALL:

Recuperação da Europa

Por que o euro é um sistema monetário autodestrutivo 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Para 2011

Este novo mundo pode ser mais seguro se for
informado sobre os perigos das doenças dos antigos.

DONNE, John, An anatomic of the world - The first anniversary (1611). - cit. SAGAN, C., Bilhões e bilhões: 84
* * *

sábado, 18 de dezembro de 2010

WikiLeaks promove nova Revolução Gloriosa

Em 1688 o Rei da Inglaterra entregou o poder ao povo e saiu de fininho, O povo se tornou novo Rei. O novo Rei agora se vê ameaçado por um indivíduo. Tudo indica que largará suas armas aí mesmo, no chão, sem requerer maiores celeumas. Bom cabrito não berra.
Esse site que largaram por aí dizendo a real sobre o jogo de poder liquida com a mais antiga escola. É hora da verdade. Os dados estão, e estarão lançados, a todo instante. Tudo indica um efeito nuclear, ploriferadas ondas pelo mundo afora. E não só mais pelo feliz criador dessa seleção de raridades. Nenhum governo, nenhum governante jamais esteve tão vulnerável. Escândalos sexuais, por corriqueiros, antigos, truques de maníacos, esses já não fariam o menor efeito. Berlusconi se ufa! Casa-se, descasa-se, é homem com homem, mulher com mulher, e ai de quem discriminar!  Tudo são apenas aparências. Elas aparecem. Mas o que ora rola faz aparecer o que jamais apareceu - a realidade tramada, seca, cruel, mas não desumana, até compreensível.,dos representantes nacionais. Afinal, o que somos senão meros reprodutores da cultura que existe?
EUA audiência do Congresso sobre Wikileaks (3h de vídeo) | http://is.gd/iVXa3
Julgamento Assange faz história legal na Grã-Bretanha  http://is.gd/iKQXA 
CIA cria força-tarefa para analisar impacto dos vazamentos do WikiLeaks  
Entrevista: Julian Assange 
Cinco publicaçoes internacionais  -  The Guardian, El País, The New York Times, Le Monde e Der Spiegel - emprestam etiqueta e credibilidade à série de vazamentos. 
Os atuais governantes estudaram pelas cartilhas passadas, especialmente as do XX, o século das barbaridades. Isso era governar. Subir ao poder, gozar suas delícias, manter-se o máximo tempo que puder, saindo por fim ou tomado como louco, ou como alguém que soube sair ileso de tantas implicações pelas quais esses nossos antepassados se metiam. E o pior, suas ações não apenas lhes comprometiam, como envolviam nações inteiras aos descalabros de seus parcos sonhos materiais.
O Estado comprovou ser um gastador insaciável, um desperdiçador incomparável. Na verdade, no século XX, ele revelou-se o mais assassino de todos os tempos. O político de massas oferecia o New Deal, grandes sociedades, e estados de bem-estar social; os fanáticos atravessaram décadas e décadas e hemisférios; charlatães, carismáticos, exaltados, assassinos de, unidos pela crença de que a política era a cura dos males. Paul Johnson
No amplo foco de wikileaks  resplandece o universo das relações internacionais.  Elas balançam, mas, creio, apuram-se. A rigor o audaz responsável não provoca maior desafeto do que já existe. Não pode ser tratado como algo que se deva proibir ou evitar a qualquer custo ser divulgado. Mas o pioneiro simplesmente exuma o corpo vivo, mostrando as vísceras ou mesmo as grandes virtudes, por que não, dos governos que mandam no mundo.
Pelo WikiLeaks, a espionagem oficial, antes guardada pelos carimbos de “secreto” ou “confidencial” nos gabinetes diplomáticos, vai-se convertendo em divertimento planetário. A profusão dos documentos vazados e a irrelevância da imensa maioria das informações conferem ao circo um certo ar de banalidade, como se segredos de Estado não fossem lá grande coisa. E talvez não sejam mesmo. O WikiLeaks sobrevém, assim, como a vingança dos que não têm mais privacidade contra os que ainda se imaginavam controladores das privacidades dos comuns. Não há mais segredos bem guardados, nem mesmo na Casa Branca. O panóptico estilhaçou-se, caiu como a velha Bastilha. Reis e rainhas trafegam nus. Os esconderijos esfacelam-se. Nesse meio tempo, as reações do poder – econômico e político – contra o WikiLeaks revelam uma mentalidade pateticamente totalitária. Num jogo combinado, típico de coalizões militares, as instituições financeiras internacionais fecham o cerco. Governos agem de modo análogo. Será que esse pessoal acreditava que controlava a sociedade de modo tão absoluto? Quem acreditou nisso errou. O WikiLeaks não é um site, mas uma possibilidade da era digital que se materializou num site. Outros virão. O vazamento indiscriminado vai continuar. Outras caixas de Pandora estão para cair. Que caiam. Eugenio Bucci, WikiLeaks ou a vingança do mundo vigiado
Se isso virar moda, em todos os níveis, assistiremos o mais insólito espetáculo jamais visto na face da Terra: muita gente vai deixar as armas ali mesmo, no chão, e já sair de fininho, pelo menos tentando arranjar algum acordo com quem vai lhe cercando. Mas acordos podem e são quebrados, principalmente pelos gregos, depois do almoço. O único remédio é a mais completa regeneração, se isso for possível. Não há mais lugar no mundo onde impostor possa esconder seu intento. Esta é a grande revolução,  redentora e de novo gloriosa, ao gáudio de quem pensa em simplesmente viver.
A ciberguerra começou. Não uma ciberguerra entre Estados como se esperava, mas entre os Estados e a sociedade civil internauta. Nunca mais os governos poderão estar seguros de manter seus cidadãos na ignorância de suas manobras. Porque enquanto houver pessoas dispostas a fazer leaks e uma internet povoada por wikis surgirão novas gerações de wikileaks.A ciberguerra do Wikileaks Por Manuel Castells em 15/12/2010 Reproduzido do La Vanguardia, 11/12/10, tradução de Eduardo Graeff (www.eagora.org.br); intertítulos do OI




sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Malvindas Malvinas

A curta Guerra das Malvinas causou frisson internacional. A imprensa dobrou a tiragem. Marcado o sensacional confronto com antecedência de trinta dias, as  torcidas se acomodaram de acordo com suas conveniencias, interesses.  O Brasil do presidente que preferia cheiro de cavalo do que de gente logo desfraldou a bandeira do colega militar. Ledo engano, mais um crasso equívoco daquele que pediu para ser esquecido. E de fato o foi, somente lembrado agora, por inevitável.
O Reino Unido mandou os porteños de volta  ao lixo da Boca, porque o que estava em jogo não era propriamente a questão da terra, facilmente definida por qualquer tribunal, até mesmo por composição. Neste caso, temos o exemplo de Taiwan, verdadeira cabeça-de-ponte do melhor capitalismo, devolvida, de bom grado, à nova China. A Marinha Real desceu as pirambeiras para salvar não sua posse, uma mixórnia perto de uma Austrália, por exemplo. O que a Rainha costuma defender são seus súditos, não a riqueza. E naquela Terra de Falk, mesmo nome de uma cidade escocesa, pelos britânicos Falkland, e pelos argentinos Malvinas, moravam famílias de gerações e gerações, todas pacatas, desarmadas, vivendo da simplicidade daquele estádio, sem a menor preocupação de consumismo, tampouco maior comércio. Falklands History & Culture The English navigator, John Davis, aboard the "Desire" made the first confirmed sighting of the Islands in 1592.
Os 3 mil habitantes chamam de Ilhas Falkland o lugar onde moram, comunicam-se em inglês, têm cidadania britânica, pilotam carros com o volante instalado no lado direito, circulam por ruas e estradas que adotam a mão inglesa e, sempre que consultados, reafirmam quase por unanimidade que preferem que tudo continue como está. Mas o governo brasileiro acaba de reiterar, pela voz de Celso Amorim, que os  súditos de Sua Majestade merecem virar argentinos. O Pintassilgo do Planalto volta ao picadeiro
Por qual razão as ilhas pertenceriam à  Argentina? Foram os primeiros a tomar posse? Adquiriram de algum outro país? Estaria em seus limites marinhos? Ou seria apenas, por acaso, pelo fato de se encontrar na exata latitude de Rio Gallegos corroborado porque a Argentina é mais próxima do pequeno arquipélago do que a Grã-Bretanha? Nada disso. O pretenso direito advém de uma negociata mais traiçoeira impossível, protagonizada pelo povo que os frígios diziam aprender só com pauladas, segundo Erasmo de Roterdã. Já no Canadá os ingleses não se importaram em compor aquele belo país com a nação francesa. O resultado surpreendeu, posto não haver litígios nacionalistas, ou racistas, ao contrário. Ambos os povos foram inteligentes o suficiente para fazer daquele agreste rincão um país exemplar, por todos aspectos. Porque os britânicos expulsariam os franceses que vinham para ocupar uma parte ainda não habitada naquele longínquo e agreste  reduto ?
Por dois anos (1764-1766) Luiz XV, que já havia provocado confusão na Europa inteira, cercou seu novo condomínio, para vendê-lo à Espanha. A Espanha já chegou atirando, com isso conseguindo manter a cidadela sob seus domínios. Os ingleses não são de brigar por terras. Nunca houve mais paz, todavia, naquela pacífica localidade, mesmo desprovida de riquezas a extrair.  Os espanhóis se cansaram do capricho, e entregaram o estádio a los hermanos, para que estes instalassem uma colônia penal, vê se pode!! Espanhóis formam um aglomerado muito peculiar, em meio a dialéticas, em constante tensão. Ao tempo em que turbina ações e pensamentos, também porta o vírus destruidor de tudo que não for compatível com seus ideais. Mas depois de se acabarem as guerras de cavalarias, e mesmo as marítimas, mais esporádicas, os espanhóis já não tendo mais com quem brigar, brigaram entre si mesmo, proporcionando ao mundo uma matança autogenocida tão inédita quanto, arrisco, eterna campeã mundial. Insuflados pelos dois arietes do extermínio, os toureiros se dividiram entre eleger Stálin ou Mussolini. Os sinos dobraram ao júbilo do Duce e do Nazi, crentes já disporem da melhor cabeça-de-ponte para retomar a grande ilha aos domínios de seu império greco-romano -  Eixo com partida marcada para o além. Mas, dizia, a posse de um pedacito da ilha agora estava com a guarda dos gauchos. Mal passaram alguns barcos pela frente, e los valientes já mandaram bala firme, prendendo os marinheiros de tres baleeiras norteamericanas, tomando-lhes os víveres. Agora já se tratando de pessoas, veio a determinação do norte para deixarem a ilha, sob pena de por lá serem imediatamente enterrados:
Em 02 de janeiro de 1833, veio a fragata britânica HMS Clio, comandado pelo capitão John James Onslow, que informou aos argentinos que o Império Britânico iria retomar a posse das ilhas. O Capitão José Maria Pinedo, considerando que não havia condições para resistência, embarcou seus homens e voltou para a Argentina. Wikipédia.
Pois foi pela colônia penal, nada mais do que isso, que a rigor nem direito tinham, que milhares de jovens argentinos foram insuflados a enfrentar o colosso, como se fossem disputar uma final de Copa do Mundo contra o English Team  no Monumental de Nuñes. Neste caso as chances seriam meio a meio. No mínimo, como com os espanhóis, viria uma negociação, tipo fifty-fifty. O cálculo dos economistas não era errado: custaria muito mais caro à Grã-Bretanha mandar uma força-tarefa para defender aqueles parcos metros, do que ceder pelo menos a metade do quinhão.  Os apaixonados argentinos embarcaram rumo ao além mercê da mais irresponsável ação política já vista em nosso sofrido continente. Eles não precisam de mais oceano, tampouco de mais terras. Eles nem dão assim, tanto valor às terras - preferem se amontoar em torno da capital, que centraliza toda a produção do belíssimo pais, ao molde peronista.
Buenos Aires e os municípios da Grande Buenos Aires e de áreas vizinhas (entre as cidades de Escobar e La Plata) ilustram um peculiar modus vivendi “espremido” dos argentinos: ali, em 1% do território nacional, concentra-se 80% da população do país. Este dado – que reforça a denominação da área metropolitana de Buenos Aires como “Cabeça de Golias” (Cabeza de Goliath, nome do livro de Ezequiel Martínez Estrada, que já em 1940 criticava a concentração excessiva da população e atividade política e econômica do país na área da capital) é um dos diversos resultados do censo nacional argentino, elaborado pelo Instituto de Estatísticas e Censos (Indec). Peculiarmente espremidos: 80% dos argentinos em 1% do território
A partir da desventura lá se foi o controle econômico e monetário recuperado com muito custo depois de Perón. A hiperinflação explodiu em 1989, algo que tradicionalmente representa o estágio final do colapso gerado por políticas protecionistas, salários inflados e regulamentações extremamente burocráticas da economia.  A prática do governo argentino de imprimir dinheiro para pagar suas dívidas destruiu a economia quando a inflação atingiu níveis que lembravam os da República de Weimar.  Badernas e saques de supermercados em busca de comida tornaram-se desenfreados.  Lojas eram pilhadas. Já em 1994, o sistema previdenciário da Argentina havia implodido.  Mesmo com os encargos sociais sobre a folha de pagamento tendo subido de 5% para 26%, a arrecadação ainda não era suficiente.  Assim, a Argentina instituiu um imposto sobre valor agregado, novas (e mais altas) alíquotas para o imposto de renda e um imposto sobre a riqueza.  Tais medidas esmagaram o setor privado.  ,
Dia desses li que a diletante presidente argentina, custeada pela famosa mala-preta venezuelana, reconvocou a honra porteña em atenção às malvindas ilhas. Albert Einstein já dizia: "Insanidade é fazer a mesma coisa repetidas vezes e esperar resultados diferentes". A viúva não conhece a história; não tem a menor sensibilidade, nem pudor em relembrar a dor para as milhares de famílias que perderam seus filhos, completamente em vão, em fragorosa derrota, humilhante, e avassaladora, como era de se esperar. Sorte da Argentina que o Reino Unido não colheu o ensejo para tomar o país inteiro, como sói acontecer em qualquer conflito armado internacional.
Malvinas: a guerra que há 30 anos ajudou Thatcher e derrubou a ditadura argentina
Pelas Malvinas, Argentina reabre 'guerra ...
Argentina 'processará' petroleiras que atuam nas Malvinas .
Nobéis da Paz pedem que Londres negocie Malvinas com Argentina
Governador das Malvinas não vê sentido em negociar com a Argentina
Argentinos parecem querer se afirmar em cima de adversários.. Precisam de sparrings. O Papa teve que intervir numa questiúncula lá nos confins da Patagônia, frente aos corretos chilenos. Ano passado estavam arrumando uma encrenca com o Uruguai, por causa de uma construção em território uruguaio! Uruguai é chico, pero cumpridor!  Com o Brasil, não se metem, limitando-se a levantar a mediocridade de um Maradona, frente a grandiosidade e reconhecimento internacional do Rei.
A Argentina é país riquíssimo, de terras férteis, e gente muito capacitada. Culta, e trabalhadora. Uma agricultura pujante, uma seleção animal invejável, e um parque fabril mais tradicional do que o nosso. Seu comércio é fortíssimo, tanto quanto a exploração do Turismo - onde se sobressaem a própria capital, Mendoza, Bariloche,Mar del Plata, e Ushuaia. Sua infraestrutura de estradas, ferrovias e navegação dava de relho em qualquer país latinoamericano. Seu território tem o tamanho ideal para uma boa administração, com quatro estações definidas, e uma  miscigenação que torna aquele povo elegante, por certo o mais civilizado da América do Sul. Infelizmente, para eles, também parecem ser os mais apaixonados, aguerridos. Qualquer um que de um grito, arrasta uma multidão cega para seu intento, E assim esses pastores vão deformando o caráter de um povo tão desenvolvido a ponto de ter Buenos Aires como capital do Brasil, isto é, como pensavam os americanos. ‘Argentina dificulta relação entre Reino Unido e Brasil’
Cameron: Argentina quiso "robar" Malvinas con "acto de agresión"
LONDRES Y BUENOS AIRES | AFP El premier británico David Cameron denunció hoy "el acto de agresión" cometido por Argentina hace 30 años, destinado según él a "robar la libertad"

sábado, 11 de dezembro de 2010

A Maternidade da Democracia

É a informação - a informação como um fator real e efetivo que estabeleceu os parãmetros do universo em seu nascimento, e, portanto, governou a evolução de seus elementos básicos em sistemas complexos. LASZLO, Erwin: 2
A única forma de constituir um poder comum, capaz de defender a comunidade das invasões dos estrangeiros e das injúrias dos próprios comuneiros, garantindo-lhes assim uma segurança suficiente para que, mediante seu próprio trabalho e graças aos frutos da terra, possam alimentar-se e viver satisfeitos, é conferir toda a força e poder a um homem, ou a uma assembléia de homens, que possa reduzir suas diversas vontades, por pluralidade de votos, a uma só vontade. (...) Esta é a geração daquele enorme Leviatã, ou antes - com toda reverência - daquele deus mortal, ao qual devemos, abaixo do Deus Imortal, nossa paz e defesa.HOBBES, T, The Leviathan, cap. 17.
A busca de segurança é uma ilusão. Para a tradicional sabedoria ancestral, a solução deste dilema está na sabedoria da insegurança, ou na sabedoria da incerteza. Isso quer dizer que a busca de segurança e de certeza é na verdade, um apego ao conhecido. E o que é ele, afinal? O conhecido é nosso passado. O conhecido nada mais é que a prisão dos velhos condicionamentos. Não há nenhuma evolução nisso - absolutamente nenhuma. E quando não há evolução, há estagnação, desordem, ruína.  CHOPRA, Deepak, As Sete Leis Espirituais do Sucesso: 77
* * *
The Royal Society encerra as comemorações do seu 350 º aniversário. royalsociety.tv  A centelha  foi potente para iluminar meio mundo, mas agora o mundo necessita que a vanguardeira utilize uma produção nuclear. Seu presidente,  Mr. Martin Rees, Lord Rees of Ludlow, concorda
Em 1660, quando a Royal Society foi fundada, a ciência estava em sua infância. Nossas vidas hoje diferem das de nossos antepassados em grande parte por causa dos avanços científicos feitos nos 350 anos subseqüentes. Pode muito bem ser de 9 bilhões de pessoas na Terra em meados do século, cada um com expectativas crescentes, e as consequentes pressões sobre o meio ambiente vai ser difícil de gerir. No entanto, a resposta estará na nova ciência, e em uma melhor aplicação do que já sabemos. A ciência é uma busca incessante para entender: como velhas questões são resolvidas, os novos vêm à luz dos holofotes. Não pode haver melhor maneira de comemorar o aniversário de 350 da Royal Society de olhar para o futuro da ciência, construída sobre as bases da pesquisa de hoje de ponta. 
Por milênios os povos vinham escravizados pelos seus próprios senhores. A República de Roma bem que tentou escapulir das garras despóticas, mas, frágil, efêmera, e por demais incipiente, caiu prostrada, tornada Império. Desde então, os homens não fizeram outra coisa senão se exterminarem mutuamente. Exagero? Nada disso. Ao examinarmos o decurso da história nos deparamos com inúmeras formações bélicas, escravagistas, culminando com a presença dos reis divinos.
Para Thomas Hobbes, a Igreja cristã e o Estado cristão formavam um mesmo corpo, encabeçado pelo monarca, que teria o direito de interpretar as Escrituras, decidir questões religiosas e presidir o culto.(Wikipédia)
A Inglaterra sofreu a  única ditadura de sua história, exemplar, é verdade, muitas vezes alhures imitada, até hoje, especialmente no Brasil. Leviathan alcançava seu auge, mas na grande ilha foi prenúncio de seu fim:
No modelo proposto por Descartes e seguido por Hobbes, a geometria era a única ciência que Deus houve por bem até hoje conceder à humanidade. Retomava-se Galileu, para que a língua da natureza era a matemática. O pensamento moderno é assim marcado por este ritual do pensamento a que logo se opôs Pascal com o chamado esprit de finesse. A matematização do universo desenvolve-se com Newton e atinge as suas culminâncias em Comte. Nos Estatutos pombalinos da Universidade, determinou-se expressamente que os professores usassem do e.g. para poder discorrer com ordem, precisão, certeza. Respublica, JAM
Restaurada a monarquia, os ingleses ainda assim não se deram por satisfeitos, e partiram à solução inovadora. Um diminuto grupo logrou quebrar os velhos grilhões. Tudo começou pela instalação de uma casa de estudos científicos, patrocinada pela própria monarquia.  Coube ao escocês Robert Moray 1609 -1673), maçom e ilósofo ´promover a a primeira reunião da Royal Society em 28 de Novembro de 1660,  Moray  considerava a  ética para refutar a doutrina de Hobbes . Ao pioneiro libertário o homem era uma unidade em si, o qual, apenas posteriormente, encadearia as relações com outros homens e a sociedade em geral. Seu princípio era o da Harmonia ou Equilíbrio, mas sua concepção excedia a mera racionalidade em voga. Ninguém menos do que Einstein reconheceria:
Só o indivíduo isolado pode pensar e por conseqüência criar
novos valores para a sociedade, mesmo estabelecer novas
regras morais, pelas quais a sociedade se aperfeiçoa.
 A moralidade vinha pela benevolência, enfocando, pela vez primeira, os significados de  Senso Moral ou Consciência, questões emocionais e arreflexivas. Éticas, não dialéticas. Integrativas, não excludentes. Apenas pelo processo de seu desenvolvimento sustentado se tornaria racional.  Eis lavrado o primeiro grande corte epistemológico das ciências políticas. Sua atividade filosófica estava ligada à ética, à religião e à estética, e ele foi um dos primeiros escritores a trazer à cena o conceito do Sublime como uma qualidade estética. Seus princípios:
  • A distinção entre certo e errado é parte da constituição inata do homem
  • A moralidade é distinta da teologia
  • As qualidades e ações morais não dependem da vontade de Deus
  • O teste final para qualquer ação é verificar se ela promove a harmonia e o bem geral
  • Os apetites e a razão concorrem para a determinação de uma ação
  • Não cabe ao moralista resolver o problema do livre arbítrio e do determinismo, mas cabe a ele determinar um sistema de teologia natural e estudar as relações entre Deus e o homem.
Sua influência foi considerável tanto na Inglaterra como no estrangeiro, e é uma das fontes para os sistemas de Hume, Butler e Adam Smith. Sua aproximação ao Deísmo foi uma das mais plausíveis e respeitáveis de seu tempo, e foi louvado por Leibniz. Diderot adaptou o Inquiry concerning Virtue como o seu Essai sur le Mérite et la Vertu. Em 1769 apareceu uma edição de suas obras completas em francês, em Genebra. Seu trabalhou causou impressão também em Voltaire, Lessing, Moses Mendelssohn, Wieland e Herder.
William Brouncker, 2º Visconde Brouncker (1620  1684 ) promoveria nova estocada contra o mito do Leviathan.  Brouncker adquirira o doutorado em matemática pela Universidade de Oxford de maneira que facilmente identificou o caráter fictício farsante de Thomas Hobbes.
Hobbes, que havia freqüentado assiduamente a corte fazendo-se passar por matemático (mesmo que pouco soubesse dessa disciplina) se desgostou ali, regressou à Inglaterra nos tempos de Cromwell e publicou uma obra muito malvada, de título muito raro: The Leviathan. Sua tese principal era de que todos os homens atuam devido a uma necessidade absoluta, tese apoiada, aparentemente, pela doutrina dos decretos absolutos, doutrina de geral aceitação nesses tempos. Sustentava que o interesse e o mêdo eram os princípios fundamentais da sociedade. BRETT, R. L., La Filosofia de Shaftesbury y la estetica literaria del Siglo XVIII: 14
Londres sofria o grande incêndio, e a subserviência a Roma não carreava a menor serventia. Passada a tragédia, um ilustre cidadão, de nome Anthony Ashley Cooper (1621-1683), recebeu o título de Lord Shaftsbury. Em seguida foi aclamado Presidente do Conselho de Colonização e Comércio da Royal Society.
Shaftesbury (em carta a Thomas Poole, cit. Brett: 109) discordava frontalmente do grande Newton, algo que nem Locke ousaria: :"Newton era um mero materialista. Em seu sistema o espírito é sempre passivo, espectador ocioso de um mundo externo há motivos para suspeitar que qualquer sistema que se baseie na passividade de espírito deve ser falso como sistema." Eis a peculiar intuição e a alta intensidade do faro científico do “padrinho” de Locke, por Brett:
Shaftesbury se deu conta que as doutrinas de Hobbes solapavam toda a interpretação espiritual do universo e convertiam a moral em simples conveniência. Deu-se conta, também, que estas doutrinas e outras parecidas destruíam os estímulos da arte e as grandes obras artísticas da humanidade. A filosofia de Shaftesbury foi planejada para combater a interpretação mecanicista da realidade, mas sobrepujou a filosofia daqueles em seus esforços para salvar as artes dos efeitos das idéias mecanicistas: aspirou fundar bases não só para a verdade e a bondade, como também para a beleza.
Três séculos após o matemático BERTRAND RUSSELL (cit. FADIMAN, C.: 266) ainda tinha que se insurgir contra o ameaçador Leviathan, tantas vezes tornado realidade:
Surge um grave perigo quando esse hábito de manipulação com base em leis matemáticas é estendido ao nosso trato com seres humanos, uma vez que estes, diferentemente do cabo telefônico, são suscetíveis de felicidade e infortúnio, de desejo e aversão. Seria, portanto, lamentável que se permitisse que hábitos mentais apropriados e corretos para o trato com mecanismos materiais dominassem os esforços do administrador no plano da construção social.
Lord tornou-se Chanceler; e Locke, Secretário para a Apresentação de Benefícios, até internacionais, como a Constituição da colônia de Carolina. Foi na passagem pela Exeter House que o Secretário compôs o Ensaio sobre o Entendimento Humano. A iniciação foi acompanhada pelos integrantes daquela Royal Society , abrigo de Oxford, mas também da rival Cambridge, de expurgados de Cromwell, e de avulsos, como Sir William Petty, até então modesto agrimensor irlandês. Por lá aportaram o revolucionário médico Thomas Sydenham e o Alchymistarum Roberto Boyle.. Os destemidos pesquisadores ofereciam algumas dúvidas quanto à velha teoria grega dos quatro elementos. Henry More participava:
Não só refutei suas [de Descartes e de Hobbes] Razões, como também, partindo de princípios Mecânicos admitidos por toda a gente e confirmados pela Experiência, demonstrei que o Descenso [queda] de uma pedra ou projétil, ou de qualquer outro Corpo pesado semelhante, é enormemente contrário às leis de Mecânica.
Locke também vinha em linha direta com Morey:
Acresce que, para Locke, a força por si só não legitima o direito, dado considerar que o direito precede o Estado e que o povo é superior aos governantes. Aliás, o poder legislativo (legislature), apesar de ser um supream power, não é um poder absoluto, estando limitado pelo fim para que foi instituído o governo, que é a protecção da vida, da liberdade e da propriedade dos homens: the legislative being only a fiduciary power to act for certain ends, there remains stil in the people a supream power to remove or alter the legislative when they find the legislative act contrary to the trust reposed in them (...) thus the community perpetually retains a supream power. http://farolpolitico.blogspot.com/2007/10/locke-john-1632-1704.html
O cidadão se integrava às responsabilidades decisórias. Ninguém, nem mesmo o rei, poderia lhe ser senhor dos destinos. Disso o rei, obrigatoriamente, haveria de entender: “Se o governo se exceder ou abusar da autoridade explicitamente outorgada pelo contrato político torna-se tirânico e o povo tem então o direito de dissolvê-lo ou se rebelar contra ele e derrubá-lo.” (Locke, Second treatise of civil government: 184)
KARL POPPER (p. 159) reconhece:
De fato, o funcionamento da democracia depende, em grande medida, da compreensão do fato de que um governo que intente abusar de seu poder para estabelecer-se sob a forma de uma tirania se coloca à margem da lei, de modo que os cidadãos não só teriam o direito, como também a obrigação de considerar delituosos esses atos do governo e delinqüentes seus autores.
Tirante raros newtonianos, a plêiade da Royal Society compunha uma heterogeneidade mutuamente complementar:
O exercício da física deveria ser restrito a homens de mentes mais livres; se os mecanicistas fossem elaborar uma física sozinhos, eles a levariam para suas oficinas e a obrigariam a consistir exclusivamente de molas, pesos e rodas. Schwartz: 44
O think-tank partilhava o segredo: obssessivos não deveriam ali ter acesso, especialmente Hobbes (Bobbio, 1997:165): “Como se comentou recentemente, Hobbes foi a ovelha negra da sociedade inglesa do seu tempo, assim como Maquiavel, no século precedente.” A “ovelha negra” marcou seu protesto com virulência, e mantinha lá seu fã-clube mecanicista. De More elevava Descartes, e R. Boyle recebeu o ataque, traque intitulado Dialogus physicus sive de natura aeris, de 1662. Sete anos após, Cambridge organizaria um debate sobre a filosofia experimental, naturalmente sob a égide de Newton.
Em 1671, Henry Stubbe (Schwartz: 44) disparou contra o pragmatismo baconiano, o maior associado de Hobbes, apontando seu “desrespeito às antigas jurisdições eclesiásticas e civis, ao antigo governo, bem como aos governadores do reino.”
De 1675 a 1679, os luminares se direcionaram à França, precisamente aos círculos intelectuais de Montpellier e Paris. Eis o postal:
Locke e Shaftesbury consideravam o despotismo como um mal francês e, quando escreveu o documento, em 1679, Locke acabava de voltar da França, após estudar o mal francês enquanto sistema político. A filosofia de Shaftesbury foi planejada para combater a interpretação mecanicista da realidade, mas sobrepujou a filosofia daqueles em seus esforços para salvar as artes dos efeitos das idéias mecanicistas: aspirou fundar bases não só para a verdade e a bondade, como também para a beleza. BRETT: 109-
“Assim, o Ensaio de Locke, mais do que oferecer um novo sistema, pretende varrer velhos preconceitos e prejulgamentos.” (Russell, 2001: 307)  
Esse Segundo ensaio sobre o governo civil: um ensaio referente à verdadeira origem, extensão e objetivo do governo civil apresentava uma solução inovadora, genuinamente relativista.Seguramente  Locke observou a relatividade inerente aos seres humanos, antecipando-se, pois, em três séculos a genialidade alcançada por Einstein:
Por isso não é de estranhar que muitos universitários ainda imaginem Einstein como uma espécie surrealista de matemático, e não como descobridor de certas leis cósmicas de imensa importância na silenciosa luta do homem pela compreensão da realidade física. Eles ignoram que a Relatividade, acima de sua importância científica, representa um sistema filosófico fundamental, que aumenta e ilumina as reflexões dos grandes epistemologistas - Locke, Berkeley e Hume. Em conseqüência, bem pouca idéia têm do vasto universo, tão misteriosamente ordenado, em que vivem. BARNETT, O universo e o Dr. Einstein: 12
Esta é a fundamental diferença com a falsa democracia implementada na França, copiada na Europa e pelo mundo afora, ao gáudio dos leviathans. Enquanto no sistema original o indivíduo é o Alfa e o Omega das relações políticas e sociais, em seu desvirtuamento ele simplesmente vira um dígito frente a um avassalador número da totalidade orgânica, que simplesmente o engole. Maior absurdo não há.
A justificação da democracia, ou seja, a principal razão que nos permite defender a democracia como melhor forma de governo ou a menos ruim, está precisamente no pressuposto de que o indivíduo singular, o indivíduo como pessoa moral e racional, é o melhor juiz do seu próprio interesse. BOBBIO, N. Teoria Geral da Política: a Filosofia Política e as Lições dos Clássicos: 424
Dos raros precursores da ciência política, Locke praticamente não se valeu de nenhum oriente, com exceção indireta de Spinoza, contemporâneo. Nenhum deles não se deixou levar pela onda platônica que assolava o continente, pelo contrário: de muitas maneiras, as idéias de Shaftesbury constituíram uma reação aos chamados Platônicos de Cambridge, entre eles além de Newton, Ralph Cudworth (1617-88) e Henry More (1614-87), todos representantes do tardio neoplatonismo.
Com Newton, nem falar, um ser de personalidade fechada, introspectiva e de temperamento difícil, como sói acontecer com quem tem receio de ser descoberto.
Locke não usou Platão (4), a não ser para lembrar das trinta tiranias de Atenas e Siracusa, as quais “tiveram como conselheiro o próprio Platão”; de Maquiavel, igualmente, não se tomou conhecimento; tampouco ambos se detiveram em Hobbes, exceto para rapidamente contestá-lo. O intento custou menos tempo do que com o reacionário Sir Robert Filmer, autor de Patriarca: uma defesa do poder natural dos reis contra a liberdade inatural do povo. (Quack!) Nos franceses, o par não se deteve. Nem Bousset, ou Bodin, muito menos Descartes sensibilizaram os pioneiros iluministas. O universo daqueles artífices que instruiam o reino francês se fazia totalitarista, mecanicista, determinista. A dupla quebrou a primeira perna do tripé; as outras deveriam cair na conseqüência, mas o mundo tinha que esperar por mais provas¹  No século XX elas vieram, em profusão. Os físicos nucleares seriam seus eleitores:
"Max Born também escreveu, para dizer que não entendia como era possível conciliar um universo totalmente mecanicista com a liberdade da ética individual. Um mundo determinista é, para mim, um mundo muito aborrecido.” (Brian: 374) 
Alicerçada a sociedade em mínimo contrato expresso, (algo que seria desenvolvido de modo obtuso por Rousseau), com leis aprovadas por mútuo consentimento, erigiu-se o ultramoderno e revolucionário sistema político. Assentavam-se os profundos e definitivos, porque consistentes e eficazes pilares da ciência democrática."A democracia inglêsa é a única democracia moderna que combina o sentido de independência e excelência com o impulso da classe média em direção à liberdade de consciência e à responsabilidade pessoal." (Tocqueville, 1997: 17)
Na original Declaração de Direitos, a Lei de Habeas Corpus foi veementemente ratificada. Suas regras são até hoje um dos fundamentos do moderno sistema constitucional europeu. Baseiam-se na Lei de Habeas Corpus a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, da Revolução Francesa de 1789, a Constituição norte-americana de 1791, a Constituição belga de 1831, a Constituição alemã dos anos de 1849 e 1919, como também a Lei Fundamental alemã de 1949.
Muitos ingleses que emigraram para as colônias conheciam as idéias de Locke. De muitas formas, Locke também passou a fazer parte da tradição política das colônias. Os estudantes das colônia iam para a Europa em busca das universidades, voltavam influenciados por Locke e pelos filósofos iluministas do século XVIII. A política iluminista atravessava o oceano e frutificava na colônia. Karnal: 62
Ao cabo de trezentos anos, também exatos, as mesmas reverberações proporcionaram a Revolução de Veludo Tcheca e o desmoronamento do grosseiro muro de Berlim, ambos comemorados com os mesmos fogos da democracia e liberdade assistidos na noite que precedeu a aurora do século XVIII.
Em que pese a simplicidade do primeiro ato e do epílogo, para manter-se em órbita por tantos anos, a liberdade exigiu ciência e paciência, muita sabedoria, perspicácia e honestidade, virtudes empregadas no reforço do pioneiro casco democrático, tão frágil quanto mais apropriado para acomodar todas as gentes à travessia da vid
a.
______________
a) Enquanto as idéias matemáticas podem ser expressas por meio de sinais sensíveis, imediatamente claros aos nossos sentidos, as idéias morais só podem ser expressas por meio de palavras, que são signos menos estáveis e exigem interpretação;b) As idéias morais são mais complexas do que as matemáticas, daí a maior incerteza dos nomes com que são designadas e a dificuldade em aceitá-las todas de uma vez. John Locke
 

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Malthus, Darwin, Marx & Bolsa-família

Nas ciências humanas, não basta, pois, como acreditava Durkheim, aplicar o método cartesiano, por em dúvida verdades adquiridas e abrir-se inteiramente aos fatos, pois o pesquisador aborda muitas vezes os fatos com categorias e pré-noções implícitas e não conscientes que lhe fecham, de antemão, o caminho da compreensão objetiva. Goldman, L. 33
BRASÍLIA - O tamanho do desafio para erradicar a pobreza extrema não deve ser medido apenas pelo custo extra de bilhões de reais de um reajuste do Bolsa-Família no Orçamento da União. Obstáculo tão ou mais grave aparece nos indicadores de educação. Entre os beneficiários do programa com mais de 25 anos, a grande maioria (82%) não completou o ensino fundamental e 16,7% ainda se declaram analfabetos. (Estadão, 5/12/2010)
O Residencial Nova Conceição, em Feira de Santana (BA), foi o primeiro empreendimento para famílias com renda de até R$ 1.395 entregue no País e recebeu duas visitas do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na campanha presidencial, Dilma levou ao ar no horário eleitoral gratuito o condomínio como exemplo bem-sucedido de política pública para os mais pobres.De lá para cá, desligadas as câmeras da campanha, o "condomínio" apresenta personagens com dramas reais. O presidente da Associação de Moradores do Residencial Nova Conceição, Edson dos Santos Marques, 27 anos, diz que o calote tem aumentado no empreendimento porque boa parte dos moradores tem como renda apenas o benefício do Bolsa Família. (Idem, 21/1/2011)
Darwin veio com a obviedade. Disse que o mais apto sobreviveria - fosse unidade, ou espécie. Ora, disso já sabiam os espartanos - por isso em vez de dar-lhes cultura, como faziam os almofadinhas atenienses, os apolíneos tratavam de apurar a raça, preservando apenas os filhos fortes e hígidos, aptos ao combate, que "aos fracos abate e aos fortes só pode exaltar". Toda força dessa maravilhosa fisicultura greco-romana impregnou de imediato as mentes dos símios, de modo que desde então colhemos séculos de convulsões e catástrofes sociais.
Toda a teoria darwineana da luta pela existência é simplesmente a transferência, da sociedade à natureza viva, da teoria de Hobbes sobre a guerra de todos contra todos e da teoria econômica burguesa da concorrência, bem como da teoria da população de Malthus. WALLACE, A.R. e YOUNG, R., Sciences studies, 1971, p. 184; cit. JAPIASSÚ, H. 1978: 56.
Fazendo as contas malthusianas e darwineanas, a equação marxista não tinha erro: os proletários se multiplicariam exatamente pelas contas do dito reverendo; e os operários, os menos aptos, por não deterem os meios-de-produção, tenderiam a desaparecer. Se alguém iria morrer de fome, jamais seria quem detivesse os meios-de-produção. Como contestar a obviedade? Então, para apurar a divisão entre aptos e não aptos, Marx cingiu o mundo em duas classes - patrões e empregados. Individualmente é óbvio que o patrão deve ser mais apto, mas os operários, unidos, jamais seriam vencidos! A maioria esmagadora não pode perder para a minoria. Mesmo sendo todos doentes, a maioria unida se fazia mais apta. A minoria que morresse de fome! Com exceção dos ex-proprietários fundiários, não sei de mais gente morrendo de fome na União Soviética. Também não sei de ninguém que gostasse de viver naquele deserto de criatividade ocasionado pela apurada ciência marxista. “A lógica tem sido o veneno que lentamente tem paralisado todas as forças da imaginação do homem. Em nome da lógica foram condenadas descobertas científicas e invenções poéticas, explorações de sonhadores e evasão de clarividentes.” (Soupault, P., cit. Oliveira, Nietzsche, Freud e o Surrealismo: 41)
Segundo Darwin, a evolução dá-se por seleção natural. Pela lógica jamais o Estado deveria socorrer o mais fraco. Ajudar os pobres significa agir contra o progresso. Seria uma tentativa para promover a sobrevivência dos inaptos, ao invés de o ajuste. Então o Estado deveria ficar fora do caminho e permitir que os pobres e imprevidentes a sofrer as conseqüências naturais de suas maneiras irresponsáveis.
Sabemos que toda criação humana é imperfeita, de modo que tudo se tenta aprimorar, inclusive e especialmente a própria ciência. Muitas descobertas passadas, como a luz elétrica, por exemplo, hoje logram decisivas participações em nosso cotidiano. O motor do avião foi dispensado em troca da turbina, as asas nem são mais necessárias, mas o Sputnik não seria possível antes do avião. Poderíamos delinear um spaceshuttle sócio-político, uma inclusão social desconhecendo essas proposituras lavradas quando a vela era a rainha da noite? Supondo que quase tudo de Malthus, Darwin e Marx seja imprestável, não poderíamos aproveitar pelo menos algum artefato? Pois o material contém vício redibitório. Qualquer peça, por menor que seja, condena o edifício que se quer.
A asserção de que o marxismo-leninismo, ideologia basilar da União Soviética, tinha alguma coisa a ver com a verdadeira ciência foi um puro artifício retórico, um dos maiores logros deste século, embora propaganda deste tipo fosse ensinada a todas as crianças dos países comunistas. DESCAMPS: 139
Os alimentos são produzidos por cooperação entre patrões, que detém as máquinas a tecnologia, a logística, enfim, além da simplória detenção das terras, ¨& operários remadores, que realizam e consomem o que realizam.
A visão da evolução como uma crônica competição sangrenta entre indivíduos e as espécies, um desvirtuamento popular da noção de Darwin da 'sobrevivência dos mais aptos', dissolve-se diante de uma nova visão de cooperação contínua, forte interação e dependência mútua entre as formas de vida. A vida não conquistou o globo pelo combate, mas por um entrelaçamento. As formas de vida multiplicaram-se e tornaram-se complexas cooptando outras, e não apenas matando-as. SAGAN, D., cit. DAWKINS, R.: 288
Somos todos patrões, até mesmo naquela União Soviética. Quando o operário mandava enrolar o pão, ou trocava por outra coisa, ele não era o dono, o proprietário, o explorador do serviço, o patrão?
Podemos julgar uma filosofia por seus frutos. A visão reducionista-mecanicista-materialista cultivou inúmeras dicotomias, cismas, fragmentações, alienações: alienação de si (o vácuo espiritual) e, por conseqüência, dos outros; alienação da natureza (autômatos não podem sentir muito por outros autômatos - se somos apenas máquinas, podemos muito bem nos apoderar do máximo possível, conquistar e explorar a natureza por completo); a dicotomia entre conhecimento e valores, meios e fins, mente e matéria, universo de matéria e universo de vida, entre ciências e humanidades, entre ricos e pobres, industrializados e de Terceiro Mundo, entre gerações presentes e gerações futuras.( Lemkow: 15)
Questões de sobrevivência, de alimentos, exceto em pirataria não se resolvem por dialéticas, muito menos por ações coletivas. Foi um átomo que causou o Big-Bang. É o indivíduo que produz a riqueza. Quanto mais indivíduos produzirem riqueza, o que tem o pobre a perder, senão somente a ganhar?
O esforço natural de cada indivíduo para melhorar suas própria condição constitui, quando lhe é permitido exercer-se com liberdade e segurança, um princípio tão poderoso que, sozinho e sem ajuda, é não só capaz de levar a sociedade à riqueza e prosperidade, mas também de ultrapassar centenas de obstáculos inoportunos que a insensatez das leis humanas demasiadas vezes opõe à sua atividade. SMITH, A. cit. DOWNS: 56
O processo é recordado por Priestley (cit. Falcon: 73): "Os ricos obrigam-se, pelas leis naturais da economia e pelos ditames morais da natureza, a difundir sua riqueza às camadas menos favorecidas."
E o que acontece se teimarmos em arrancar os frutos dos ricos para "dar aos pobres"? Grosso modo os ricos ficam mais pobres; e os pobres em nada ficam mais ricos. Recebem quiçá a metade, porquanto Robin Wood também precisa se alimentar, e muito. e por fim consomem sem produzir.
Em períodos de recuperação, empreendedores iniciam novos projetos e contratam trabalhadores até então desempregados.  Os desempregados geralmente estão dispostos a trabalhar por um salário menor e dispostos a aprender novas habilidades em um novo ambiente de trabalho.  Esses novos negócios se transformam em grande fonte de crescimento econômico, permitindo um aumento do padrão de vida. Sem esses novos negócios, não haveria absolutamente nenhum crescimento do emprego.  Em economias pós-recessão, são esses novos negócios os responsáveis por absorver o excesso de mão-de-obra.  Isso porque as maiores e mais velhas empresas não estão dispostas a correr o risco de contratar novos empregados, e já se ajustaram à necessidade de operar com menos mão-de-obra.  Até que esses novos negócios surjam, o desemprego tende a persistir.  E é exatamente isso que está ocorrendo agora nos EUA. , Como o governo está destruindo a economia americana, 5/12/2010)
Os países que menos tiram dos ricos para dar aos pobres melhoram a vida dos pobres. Os que mais subtraem dos ricos para dar aos pobres são os que mais empobrecem, na exata medida de sua pretensa justiça.
A presidente eleita, Dilma Rousseff, não terá dificuldade para encontrar a pobreza absoluta que ela prometeu erradicar até o fim do mandato, como um dos principais compromissos da campanha. Quase 5,3 milhões de famílias - a grande maioria dos brasileiros que permanecem na condição de miseráveis - já são beneficiárias do programa Bolsa-Família, de transferência de renda .Estadão, 5/12/2010
A propósito, lembro do Programa do Leite, iniciativa do amoroso impostor presidente Sarney. À pergunta sobre o lugar que o governo estocava o leite correspondia a resposta que vinha do tambo, e era imediatamente distribuído. Perguntado aonde, a resposta era "pelo Brasil afora". Perguntado, por fim, alguma comprovação da entrega dos milhões de litros, a resposta era que "os beneficiários eram analfabetos, e não assinavam recibo", O resultado disso é que vários ministros, que antes eram funcionários subalternos de multinacionais, viraram empresários de redes de comunicação. A julgar pela presença de Sarney naliderança da base aliada do deste governo recordista em defenestrar ministros por corrupção, e aquilatando o modo como se encaminham vultosas quantias, e a quantidade crescente de indigentes pelas ruas, tenho a impressão que tudo se repete, porém de modo aviltado:
BRASÍLIA - O ministro do Planejamento disse que houve um erro em R$ 12 bilhões nas receitas brutas estimadas no projeto de Lei do orçamento de 2011. (Estadão, 7/12/2010)
Líder do PTB, Gim Argello era suplente e virou senador em 2007 após a renúncia de Joaquim Roriz, envolvido em corrupção. Em pouco tempo, ganhou espaço e respeito do governo federal, principalmente da ex-ministra e presidente eleita, Dilma Rousseff. Em troca da lealdade ao governo, Gim conseguiu um presente político: ser o relator do Orçamento da União, de R$ 1,3 trilhão para 2011. Cabe a ele elaborar toda a proposta orçamentária – incluindo as emendas parlamentares – a ser votada pelo Congresso até o fim deste mês. O destino das emendas feitas pelo próprio senador para 2010 mostra que, no mínimo, Gim Argello não tem controle sobre o rumo e o uso do dinheiro público que lhe diz respeito. Estadão, 4/12/2010 
____________
Na mosca. Eis o destino do suor brasileiro:

TCU vê indícios de pagamento
a 'fantasmas' em obra do PAC