terça-feira, 22 de maio de 2012

Economia amiga da onça

Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido. CHAPLIN, Charlie, O Grande Ditador, último discurso..

O Mundo Corporativo é um monstro que se autodestrói porque lhe falta uma estrutura mais ampla de Significado, de Valores e Propósitos fundamentais. Há uma profunda relação entre a crise da sociedade moderna e o baixo desenvolvimento da nossa Inteligência Espiritual. ZOHAR, D., cit. www.professorjuacy.com.br   
A presidente Dilma afirma que o Brasil "está 100%, 200%, 300% preparado para enfrentar a crise econômica."  Crise do quê se abate sobre o esfuziante emergente, cuja economia ascende ao galardão de "sétima economia do planeta"? E a que se referem os estradulados percentuais? O dinheiro, este intrumento  criado para fomentar a produção, está guardado? E tres vezes mais do que o necessário? Vero: "Estamos ainda mais fortes do que estávamos em 2008, 2009. Agora, para ter uma ideia, temos cerca de US$ 370 bilhões de reservas (internacionais). Naquela época, nós tínhamos US$ 205 bilhões, e isso é uma garantia, porque você ter US$ 370 bilhões é uma proteção contra o que quer que aconteça no sistema financeiro internacional." (Presidente Dilma) Nossa presidente exulta com o alivio da restrição que seu próprio governo impõe. "Antigamente, o mundo espirrava lá fora e nos pegávamos uma pneumonia. Hoje não pegamos mais.  O nosso futuro está preservado. Temos um compromisso com a geração de empregos". BRASÍLIA - O BC emitiu circular liberando R$ 18 bilhões em compulsórios bancários. O volume deverá ser usado pelas instituições financeiras para concessão de novas operações de crédito para financiamento de automóveis e veículos comerciais leves.
Mercedes e Volvo param produção de caminhões
O Brasil não tem uma política industrial, mas uma política para a indústria automobilística. Quando está com os pátios cheios, qualquer empresa do mundo reduz os preços para vender mais; no Brasil, no entanto, esse setor foi ao governo para diminuir os impostos e para o BC aumentar a oferta de dinheiro. O pacote está errado. É bom comprar carro mais barato, mas de novo, o governo não tem uma visão de longo prazo, uma visão para a indústria inteira. O setor enfrenta vários problemas: o preço da energia é alto; a logística, ruim; a tributação, excessiva e complexa. Mas o governo só pensa na indústria automobilística, como se fosse a única no país.Ele precisa pensar, portanto, em medidas de longo prazo. Esse é o sétimo pacote do mesmo tipo, de curto prazo, que tem como centro a indústria automobilística. Governo erra de novo; falta visão de longo prazo
O homem só muito lentamente descobre como o mundo é infinitamente complicado. Primeiramente ele o imagina totalmente simples, tão superficial quanto ele próprio. NIETZSCHE, F., O livro do filósofo: 41 
A oração e a esperança presidencial demonstram a sandice, o caráter onírico, ingênuo, primário, leviano que orienta nossa atual "filosofia" político-econômica. "Na verdade os interesses dos banqueiros têm sido contrários aos dos industriais: a deflação que convém aos banqueiros paralisou a indústria britânica." (RUSSELL, B., 2002: 68) Hoje mesmo novo relatório divulgado pelo Banco Central mostra que a perspectiva dos economistas para o resultado do PIB cai ainda mais, chegando a 3,09%.
Com essa política irresponsável, os governos do PT, além de nada investirem em infraestrutura, literalmente permitiram a deterioração de tudo o que já tínhamos construído, principalmente nos anos de governos militares, como as hidrelétricas, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e redes de distribuição de energia que hoje estão em péssimas condições ou já praticamente destruídas.  O tsunami de Dilma
"Para Lanchester ... a possibilidade de dinheiro produzir dinheiro numa escala nunca antes imaginada, e sem qualquer relação com indústria, comércio ou qualquer outro tipo de negócio concreto, equivale ao advento do abstracionismo na arte." (VERÍSIMO, L. F., O Globo, 1/10/2009) "O poder excessivo do setor financeiro é o motivo pelo qual o mundo chegou à crise atual." (RUSSELL, B., O Moderno Midas: 69) "Onde existe crescimento econômico, estão também emergindo mais formas de governo de livre mercado - uma aceitação do fato de que as pessoas, e não a determinação política, criam a oportunidade econômica." (NAISBITT, J., Paradoxo global: 265) "Uma economia só pode crescer de maneira global se as empresas individuais que a formam crescerem. Portanto, qualquer teoria do crescimento deveria estar embasada na atividade e no comportamento das empresas individuais." (ORMEROD, P., 2000: 216)
Um banco central faz um serviço que é impossível de ser feito. Portanto, não se trata de culpar uma única pessoa. O culpado não é apenas o atual presidente ou o presidente anterior. O principal problema é a pressuposição de que os burocratas da instituição podem saber ao certo qual deve ser a taxa de juros do momento, qual deve ser a oferta monetária, ou mesmo a suposição de que é possível ter preços estáveis ao mesmo tempo em que se imprime dinheiro. Há ainda o grande problema de se imaginar que o desemprego pode ser solucionado pela simples manipulação da oferta monetária.  Ron Paul,, para Nin-Hai Tseng, repórter de economia e finanças da revista Fortun
Feliz aquele que ainda esperança pode ter,
De desse mar de equívocos emergir!

O que não se sabe, é o que mais se precisou saber,

E do que se sabe, não se pode mais servir.

FAUSTO, à WAGNER, por GOETHE.
Pela década de '30 até se atava cachorro com linguiça: "A intervenção deve-se dar de maneira mais ou menos permanente, principalmente sob a forma de uma política de manipulação monetária com o objetivo de atuar sobre três elementos variáveis, acima indicados, elementos esses dos quais depende o volume de emprego e da produção.".(CUNLLIFE, M., The Intellectuals in the USA, cit. LIPSET, S. M. 357) Nada de novo no front (ocidental):
Todo o sistema de política que se esforce, seja por extraordinários incentivos, para destinar a uma espécie particular de indústria uma parte do capital da sociedade maior do que naturalmente atrairia, seja por extraordinárias restrições, para afastar de uma espécie particular de indústria parte do capital que do contrário nela se teria empregado, na realidade subverte o grande propósito que deveria promover. O Sr. Smith investigou, com grande engenhosidade, que circunstâncias, na Europa moderna, contribuíram para perturbar essa ordem da natureza e, sobretudo para encorajar a atividade nas cidades, à custa daquela do campo. STEWART, Dugald, in SMITH, A.,Teoria dos Sentimentos Morais, LXIV
Por privilegiar apenas especulações financeiras, já por duas décadas se descuidando de todos os ingredientes mais básicos à desenvoltura dos povos,  dificilmente o país sairá da enrascada que seus neófitos políticos vem lhe embretando.  
O homem de sistema costuma se achar muito sábio em seu próprio juízo; e ele está, com freqüência, tão enamorado da suposta beleza do seu próprio plano ideal de governo que não tolera qualquer desvio, por menor que seja, em qualquer parte dele. Ele atua com o intuito de implantá-lo completamente e em todos os detalhes, sem prestar atenção seja nos grandes interesses, seja nos fortes preconceitos que podem se opor a ele. Ele parece imaginar-se capaz de dispor os diferentes membros de uma grande sociedade com a mesma facilidade com que a mão dispõe sobre as peças de xadrez.SMITH, Adam An Inquiry into Nature and the Causes of the Wealth of Nations, 1776: 233
Escusando-se sob o véu da crise que não participa - nem monetária, muito menos geograficamente - o governo antecipa uma "liquidação de São João". Mantega admite que incentivos vêm de pressão das montadoras Dobra-se no exclusivo interesse corporativo: Disputa comercial deixa carros parados no Brasil e fábrica suspensa na Argentina Desde 2008 já são sete pacotes de estímulo ao consumo.
O presidente Lula da Silva e o governador de São Paulo, José Serra, deram um belo presente à indústria automobilística em tempos de crise. Juntos, colocaram R$ 8 bilhões para os bancos das montadoras a fim de facilitar empréstimos para aquisições. Na mídia, já tem montadora falando do 'subsídio' dos governos federal e estadual.
"O principal problema desse novo pacote não é o especial desvelo com que trata a indústria de veículos e deixa os demais setores ao deus-dará. É a estratégia de tentar compensar a relativa desaceleração interna com mais consumo apoiado no crédito - e não com mais investimento." (Dilma turbina o pibinho)
O problema essencial é que os nossos modelos tanto os de risco quanto os econométricos, por mais complexos que se tenham tornado, ainda assim são simples demais para capturar a ampla gama de variáveis que definem e propelem a realidade econômica mundial. GREENSPAN, Alan - http://austriaco.blogspot.com
Se continuarmos com a infantil obssessão por autinhos, os da década de 2020 certamente virão com beliches, e minicozinha. Até lá será cada vez mais dificil até mesmo abrir as portas. (Muitos carros, pouco espaço - 14 de maio de 2012.) Felizmente, o volume financeiro oferecido pelas sumidades somente será usado, claro, se houver demanda. Ela, contudo, desta feita parece improvável. O paciente já se encontra saturado da falta de imaginação:
Massacrantemente jornais, televisões, rádios e figuras públicas veem festejando o surgimento da 'nova classe média'. No apogeu do totalitarismo nazista o ministro da Propaganda dizia que a mentira repetida torna-se verdade. Aqui não é diferente. O aparelhamento dos órgãos de pesquisa sócioeconômica estatais, aliado ao silêncio da universidade por motivação ideológica, agregado ao despreparo da oposição política em questionar com competência, criou-se um mito que não se sustenta. O carnaval do poder
Professores de 38 universidades aderem à greve. "Governadores desembarcaram em Brasília para renegociar dívida com a União. Uma queda de braço entre governadores e Ministério da Fazenda que ocorrerá a partir desta semana." (15 de abril de 2012)  Pelo menos 1,4 mil prefeitos devem deixar dívidas para seus sucessores Brasília assiste a Marcha dos Prefeitos "O valor médio das dívidas com cheques sem fundo cresceu 29,1% nos primeiros nove meses do ano, frente o mesmo período de 2009, atingindo R$ 1.244,34. Os títulos protestados e cartões de crédito e financeiras também apresentaram crescimento de 6,9% e 4,9%, respectivamente. (Folha, 15-10-2010) O volume de cheques sem fundos no primeiro bimestre de 2012 foi o maior em três anos, mostra indicador divulgado hoje pela empresa de informações econômicas Serasa Experian. Inadimplência sobe 18% em 12 meses, aponta Serasa
Nunca o brasileiro deveu tanto. Entre cartões de crédito, cheque especial, financiamento bancário, crédito consignado, empréstimos para compra de veículos, imóveis - incluindo os recursos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) -, a dívida das famílias atingiu no fim do ano passado R$ 555 bilhões. O valor é quase 40% da renda anual da população, que engloba a massa nacional de rendimentos do trabalho e os benefícios pagos pela Previdência Social. Estadão, 15/2/2010.
"O orçamento das classes médias está fortemente comprometido com mais despesas com serviços, sobretudo tarifas de celular e de TV por assinatura; ensino; condução; viagens; academia; refeições fora de casa; etc. Empurrá-las a mais endividamento tem tudo para ser o contrário do que vinha sendo tentado - ou seja, tem tudo para ser uma política macroimprudencial." (Dilma turbina o pibinho) A situação é ainda mais grave para os integrantes da Classe C. Cálculos do Banco Pine revelam que as pessoas com renda mensal entre 2,5 e cinco salários mínimos têm um nível médio de endividamento de 60% da renda anual.
Quem é mesmo que manda em nosso país? No interesse de quem somos governados? De quantas formas somos engabelados, iludidos, trapaceados e prejudicados? Como será esse labirinto sombrio do poder daninho e da roubalheira, quantos minotauros vivem dentro dele?  A CPI do rabo preso

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