quarta-feira, 2 de maio de 2012

Alea jacta est

Começam hoje os embates na CPI do Cachoeira. O PT está que não cabe em si de contentamento com o tsunami de imagens e vídeos que o ex-governador Anthony Garotinho fez chegar ao território encantado da Cabralândia. O PT deu graças a Deus com o tsunami que colheu o governador do Rio. O PMDB andava meio distante da CPI e fazendo cálculos frios. Havia mesmo quem apostasse que sua estratégia seria, como direi?, apresentar a conta ao governo Dilma para não deixar a CPI sair dos “trilhos”. Duvido, por exemplo, que o partido quebrasse lanças por Agnelo Queiroz, o enrolado governador petista do Distrito Federal. Agora, também tem uma tarefa: salvar a pele de Cabral. O líder do PT, na sua sinceridade crua, já disse o que pretende. E agora julga ter argumentos para atrair o PMDB para a sua conspiração contra a oposição, contra a investigação, contra os fatos, contra a verdade. É o que quer Lula. Reinaldo Azevedo, A CPI começa hoje
O PT deve estar com as barbas-de-molho, isto sim..
Na sessão marcada para as 10h30 os integrantes da comissão irão receber os 40 volumes do inquérito que investigou o esquema do contraventor e suas ligações com agentes públicos e privados. PMDB e PT pretendem fazer de tudo para blindar Cabral e Agnelo Queiroz (Distrito Federal) e evitar que sejam convocados a depor na CPI a respeito de supostas ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira e o empresário Fernando Cavendish, que se afastou na semana passada da direção da Delta Construções S.A. Estadão
Nunca na história deste país tantos peixes, graúdos e miúdos, arraias, bagres e tubarões foram apanhados num arremesso de rede, apenas.  O que levou os militares à marcharem sobre Brasília era pesca amadora. Naqueles momentos, de triste memória, mas seguidamente veiculada, dezenas de políticos sofreram sumária cassação. Se fosse hoje, seriam centenas, beirando milhar. O Congresso seria imediatamente fechado, com reabertura indefinida, e não redimensionado em ARENA e MDB.
O quadro democrático, logrado à duras penas após vinte anos de arbítrio, exige julgamento dos "mal-feitos". As ações correspondentes agora tramitam em dois estádios - o popular, através do Congresso Nacional, com a abertura dos trabalhos da CPI - o Reallity Show - complementando o hermetismo allegro mas non tropo do Mensalão, há  lustro no STF.
Finalmente o país está tomando consciência do nível de imoralidade de seus parlamentares, que ferem a vida pública. Vejo a divulgação destas denúncias com muito otimismo, principalmente levando em conta que a prosperidade do país depende do trabalhador. O trabalhador deve acompanhar a vida pública, já que é essencial à nação e está no cerne do desenvolvimento do país e cobrar seus parlamentares  CÉLIO BORJA, ex-ministro do STF 
Há que se tomar consciência não apenas dos parlamentares, mas especialmente dos executivos - desde prefeitos, passando por governadores, ministros e, para mim, até mesmo da presidência da Repúplica, esta já acumulando espessa lista de antecedentes. Julgar o milhar de modo coerente, um a um, e respeitando os mais basilares princípios de Justiça, de Estado Democrático de Direito, não será tarefa fácil.  O desfecho tende para um insatistafório arranjo. Seja o sexo que for, a criança será por grande número rejeitada. Alea Jacta est - a sorte está lançada.
A corrupção evolui como uma doença degenerativa na administração pública. O Estado se tornou uma possessão de quadrilhas organizadas, o que torna o poder público uma propriedade de poucos. Chegou o memento em que a sociedade precisa lutar pela desprivatização do Estado. As máfias brasileiras, que se  servem do que é publico, deixam as máfias italianas no chinelo. É agora ou nunca: estanca-se a corrupção ou ela vai acabar o país.  A corrupção e as relações de poder: é preciso desprivatizar o Estado
No balcão de apostas especuladores debatem sobre as concorridas chances. De plano os apostadores elegem ao palco principal os representantes do Governo Federal, contra os digladiantes da Oposição. E diante da disparidade de forças, concluem com a tradição: tudo acabará em pizza.  Desta feita, contudo, pode não ser bem assim. Se os altos-coturnos não toleravam traições - "Brasil, ame-o ou deixe-o" - o mesmo não se aplica às atuais composições partidárias. Na verdade, são sacos de gatos se engalfinhando sobre interesses em nada ideológicos, porquanto todos escusos, nebulosos. Nem mesmo a faina de conquistar o poder movem os políticos de nossa geração. Eles já conquistaram há muito, em conjunto, precisamente desde 1995, quando entrou em vigor o critério mais conveniente a comunistas, socialistas, fascistas, republicanos, trabalhistas, sociais-democratas  e simpatizantes: a aquisição do consenso por meio do Mensalão. O quadro que assistiremos, seguramente, não será de apurar um vencedor, o mais convincente entre governo e oposição, mas sim um salve-se quem puder.  Será quase como uma daquelas rixas no interior do saloon, onde dois começam e todos brigam com todos. Para evitar a guerra de todos contra todos é que veio Leviathan; porém, desta feita não há como "deus-terreno" atuar, porquanto a catarse se opera em seu próprio intestino. (02/05/2012 às 17:03 Ai, ai… Vamos a um debate em que todos falam, e ninguém tem razão? Ou: Sigilos, vazamentos selecionados e crimes) Maybe.

Com exceção do PT, que em meio a controvérsias internas parece conservar sua unidade nacional, mesmo porque detém a chave do cofre maior, com isso abastecendo sua plêiade do Oiapoque ao Chuí, de resto os políticos agirão em blocos, compondo até mesmo eventuais eixos entre aliados. Na defesa de sua presidente, seriamente implicada porquanto intitulada Mãe do PAC, e o programa contempla a famigerada Delta com inúmeros contratos irregulares, exacerbados, os governistas não hesitarão em obstaculizar a oitiva dos seus dois governadores já denunciados, mas a tanto deve vetar também o governador do partido rival. Em outra circunstância, se isolada, o PT não perderia a tão rara oportunidade de impor o significativo dano ao adversário.  Suas fileiras tencionam aplicar qualquer argumento ou motivo para livrar os governadores de vir a prestar esclarecimentos de suas patéticas atitudes  Lançam mão do fato dos governadores serem estaduais, e a competência para convocar as oitivas cabem às assembléias dos respectivos estados. Correto, se fosse apenas um caso isolado, de algum governador. Com tres participantes, já está configurado o alastramento além fronteiras.  Ademais, há um denominador comum. A mão generosa que vem alimentando esses corruptos, a granel, é aquela preferida do PAC.  E seus tentáculos não se restringem aos estados do Rio, Goiás e Distrito Federal, eis que atingem dezenas de prefeituras pelos quatro cantos do país. A questão é nacional. De lesa-pátria. A questão é, rigorosamente, da esfera federal.  O PSDB,  criado para abrir chance  de disputa aos quadros paulistas, mantém-se sob domínio do grupo.  Sacrificar um goiano, ainda que do porte de um governador, pode ser bom negócio, se com ele, por causa do vírus, convalescerem os inimigos paulistanos do PT.  Temos, aqui, portanto, uma perspectiva de inversa atuação entre os dois partidos que vem galvanizando as eleições presidenciais já por quatro exercícios. * No PMDB, exemplo maior, e tudo indica pivot da confusão, o descaso com seu importante filiado tem tudo para fulgurar com maior ênfase. Há uma forte razão não apenas à omissão de socorro ao desonrado governador do Rio, como até mesmo  para agravar a periclitante situação do playboy de Cascadura,  A sigla provém de um movimento, uma frente ampla. O partido abriga toda a sorte de divisões, desde geográficas a pretensamente ideológicas. Seus objetivos variam não apenas de acordo com a corrente dominante, mas também conforme os estratagemas, que neste caso avançam diretamente de meio a fim em si mesmo. Ora seus elementos surgem tal qual ,papagaios-de-pirata, outras tantas vestidos como o próprio pirata. A convenção que frustrou o maior partido do Brasil lançar  candidatura própria à eleição presidencial, em troca de se contentar em compor chapa com o PT sofreu duras críticas da maioria dos setores da grei, e até mesmo de quem pretendia coadjuvar: "Ninguém admite publicamente, mas Lula e aliados da pré-candidata do PT temem que a indicação de Temer, citado na lista da Camargo Corrêa e na gravação do escândalo do mensalão de Arruda, possa se transformar num telhado de vidro para Dilma." (A ambição de Temer - ISTOÉ Independente) Venceu, contudo, o comando nacional, e assim vemos a aglomeração secundando as estrepolias de um governo já com quase dezena de baixas ministeriais, e ainda enfrentando as consequências de sua irresponsabilidade no gerenciamento da economia e da política externa do país. O telhado de vidro se fez robustecido em velcros, de modo a esconder os planos que se foram traçando. O PMDB de São Paulo, de Quércia e Temer,  não tem tanta intimidade com o pessoal do Rio, tampouco alguma afinidade com a gente sulina do senador  Pedro Simon,, ou com os pernambucanos do senador Jarbas Vasconcelos, provado desde a contestada convenção. Muitos cearenses, catarinenses, alguns capixabas, e os paranaenses de Requião igualmente não ficaram satisfeitos com a solução da cúpula. É de se considerar, a forte ascendência de Michel Temer sobre a Câmara de Deputados, reduto onde operou por seis mandatos, entre os quais  tres no exercício da presidência da casa. Um jeito de afinar o PMDB seria esta base aliada se juntar veladamente aos rebeldes para atirar mais gasolina no circo, queimando o quadro fluminense, sim, porque no interior da lona em chamas junto se vai a domadora. A sucumbência provará a astúcia de quem preferiu esperar na moita a oportunidade de se apossar da chave do cofre. 
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A Nav's ALL se orgulha da precisão futuróloga.  Inversão apontada na mosca, de novo  Governistas decidem convocar Perillo na CPI e PT pode rifar Agnelo


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