domingo, 8 de abril de 2012

Spinoza, Leibniz & Einstein

Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens. ALBERT EINSTEIN

"Todo o mundo sabe que Einstein fez algo assombroso, mas poucos sabem, ao certo, o que foi que ele fez." (FILLIPI,  M. A., O Maior Cientista do Século XX: O Homem e o Gênio; in TRATTNER: 112)
É verdade que desde 1915 a compreensão da relatividade geral foi vastamente aprimorada, nossa confiança na teoria cresceu e não foram encontradas limitações confirmadas sobre sua validade. Contudo, ninguém hoje afirmaria ter um domínio total do rico conteúdo da relatividade geral. O mesmo vale para as respostas a problemas filosóficos levantados pela teoria totalmente ao nosso alcance hoje. Segundo meus conhecimentos, os escritos filosóficos sobre esse assunto foram um tanto limitados, sem dúvida principalmente porque a matemática envolvida é bastante complicada.  PAIS, A., 1997: 150
A Páscoa revela o duplo caráter, a chaga bipolar imposta à Civilização. De um lado, a maldade, o sacrifício, o que há de pior no sentimento e na conduta humana; de outro, a ressureição prometida, junto à glória. Descida, e subida. Emergência, e salvação. Para o quê tudo isso? SPINOZA (Tratado Político) saltou fora da montanha-russa: .
 Não rir nem chorar, mas compreender.*
* * *
Quem se der conta com clareza de como depois de Sócrates, o mistagogo da ciência, uma escola de filósofos sucede filosófica sucede a outra, qual onda após onda, de como uma universalidade jamais pressentida de avidez de saber, no mais remoto âmbito do mundo civilizado, e enquanto efetivo dever para com todo homem altamente capacitado, conduziu a ciência ao alto-mar, de onde nunca mais, desde então, ela pode ser inteiramente afugentada, de como através dessa universalidade uma rede conjunta de pensamentos é estendida pela primeira vez sobre o conjunto do globo terráqueo, com vistas mesmo ao estabelecimento de leis para todo um sistema solar; quem tiver tudo isso presente, junto com a assombrosamente alta pirâmide do saber hodierno, não poderá deixar de enxergar em Sócrates um ponto de inflexão e um vértice da assim chamada história universal. NIETZSCHE, F., Nascimento da Tragédia:: 92
Entre os numerosos clássicos, do primeiro mergulho jamais esqueci. Não foi, contudo, em razão dele ser inaugural, e assim inolvidável,  mas pela precisão milimétrica que o heróico Pai de Zaratustra alcançou para derrubar o enorme, o milenar poleiro das aves agourentas, ora como cobras se arrastando pelo chão. Seu telescópio ultravioleta ainda me permite, em cada instante, constatar a correção de seu diagnóstico. A civilização paga seu mais alto preço, e aviltado em todo momento, expresso pela disseminada ignorância, Sinto. Sinto muito. É o que me faz aqui presente.
A genial Teoria da Relatividade patina, sofre o retardo em sua difusão à inexorável universalidade nem tanto por suas complexidades, até acacianas, ou por suas matemáticas, eis que dispensáveis, mas pelo inusitado, pelo inimaginado, pela dificuldade das pessoas raciocinarem diversamente da voz em eco milenar.  Pois assim como não há necessidade de se aprender alguma fórmula para se apreciar a desenvoltura de uma flor, bastam poucas explicações - a rigor apenas uma leitura de qualquer obra do fascinante assunto - para  se perceber a interação entre as partículas do Universo, cruzadoras do incomensurável EspaçoTempo. Por acessível a qualquer alfabetizado, até sustento que a realidade deveria ser ensinada já no segundo ano da formação escolar. "A física contemporânea é uma verdadeira filosofia. Ela integra a experiência às condições da experiência." (CAPOZZOLI, U., Eisntein esteve aqui: 67)  Pois bem. Se com toda a desenvoltura das  comunicações poucos conhecem o câmbio paradigmático encetado pelo gênio do século XX, o que esperar da gente obscurecida no XVII? Parcos livros eram guardados como segredos de Estado. Jornais? Nem pensar. Ninguém sentia falta de informação. Raros sabiam ler, uns privilegiados -: a tanto mister conhecer o latim.  Os que logravam a sorte estacionavam na Bíblia, comprovado e garantido mais perfeito manual de sobrevivência, especialmente procurado a partir de MAQUIAVEL, secretário de vários papas.  GIORDANO BRUNO precisou ser   eliminado, mas as disposições de COPÉRNICO e GALILEU acabaram dobrados à Força Maior. "O Demiurgo de Platão, o grande arquiteto cósmico, transformou-se no Deus cristão de Copérnico." (GLEISER, M, Criação Imperfeita: 54) Para quê inventar moda? "Foi a estrutura do mito judaico-cristão que tornou possível a ciência moderna. Porque a ciência ocidental se funda na doutrina monástica de um Universo ordenado, criado por Deus, que permanece fora da natureza e a governa por leis acessíveis à razão humana." (JACOB, E, cit. JAPIASSÚ, H., Ciência e destino humano: 33) "No começo do século XVII, os matemáticos e astrônomos jesuítas do Collegio Romano eram reconhecidos entre as mais altas autoridades científicas." (FORTI, A. cit. MAYOR: 36) BACON, HOBBES & DESCARTES  confirmavam a presença do Grande Arquiteto: "Não receai, peço-vos, garantir e publicar em toda a parte que Deus é quem estabelece estas leis na natureza, assim como um rei estabelece leis em seu reino." (DESCARTES, 1630, em carta a Mersennes) Com a vela rainha da noite, quem poderia desviar o promissor domínio técnico já apontado pelas maiores sapiências? Quando a vela caia, e incendiava tudo, nada era culpa de Deus. Ele não tapeia suas criaturas. Isso era coisa daquele “mau gênio”, “manhoso e enganador”, mas investido no papel do diabo, caricatura inserida na  Meditação Primeira, do próprio DESCARTES. SPINOZA não concordaria:
Se uma pedra cair de um quarto na cabeça de alguém e matá-lo, eles vão mostrar, da seguinte forma: a pedra caiu para matar o homem. Pois, se houvesse Deus disposto, como ela cairia para esse fim, como poderia então tantas circunstâncias terem concorrido assim ao acaso? Talvez você responda  que isso aconteceu porque o vento estava soprando forte,  e o homem estava andando desse jeito. Mas eles persistem: por que o vento soprava forte naquela época? Porque o homem caminhava dessa maneira naquela época? Se você responder mais uma vez que o vento levantou-se, em seguida, porque no dia anterior, enquanto o tempo ainda estava calmo, o mar começou a atirar, e que o homem havia sido convidado por um amigo, eles vão pressionar para que não tenham fim as perguntas que podem ser feitas: mas por que foi o arremesso de mar? Por que o homem convidou apenas no momento que? E assim eles não vão parar de perguntar para as causas das causas até refugiar-se na vontade de Deus, ou seja, o santuário da ignorância. (I, apêndice) 
Em que pese escorado no corrimão racionalista, isto para ser melhor entendido, o ex-comungado foi o primeiro a apelar à nova formulação paradigmática:
Spinoza rejeita e refuta as explicações do mundo com base no finalismo ou no idealismo, em todas as suas versões medievais, modernas e contemporâneas. As causas finais não passam de ficções, projeções antropomórficas sobre a realidade. Sequer as ações humanas explicam-se por causas finais, mas tão-somente pelas causas eficientes que articulam as coisas singulares. Não há plano divino, decretos de providência, sistema moral, ordem supra-real, nenhum modelo de dever-ser que possa ser aplicado sobre o plano do ser — que é o plano de imanência absoluta. Mais do que um engodo teórico ou artigo de fé, o mundo das causas finais — grego, cristão, iluminista ou constitucionalista — é um instrumento para submeter o homem à obediência e ao controle, tentando provar-lhe que é menos livre do que pode ser e, assim, querendo que seja menos homem do que é. A ética de Spinoza | Quadrado dos Loucos
 ... é um dos mais importantes filósofos e certamente o mais radical do início do período moderno... De todos os filósofos do século XVII, talvez nenhum tenha mais relevância hoje do que Spinoza. 
Entre absolutismos e tiranias, quem mais poderia se interessar, reunir coragem para em primeiro plano entender, e daí tentar ampliar o ponto vital, o irretocável? Mutatis mutandis, tudo continuava como dantes, e agora ainda reforçado na presunção matemática lavrada lá dentro da distante caverna, forte para cruzar dois milênios de obscurantismo:
A ordem e a beleza que vemos no Cosmo resulta de uma intervenção racional, intencional e benigna de um divino artesão, um 'demiurgo' (gr. δημιουργός), que impôs uma ordem matemática a um caos preexistente e, assim, produziu um Universo divinamente organizado, a partir de um modelo eterno e imutável (Pl. Ti. 26a). www.greciantiga.org
O homem é que não havia bem compreendido a genialidade divina. Passados uns quinze milhões da criação, e mais de mil e quinhentos da vinda de Cristo,  a Divina Providência houve por bem tomar novas providências:

Nature and nature's laws lay hid in night;
God said 'Let Newton be' and all was light.

(A natureza e suas leis estavam imersas em trevas; Deus disse 'Haja Newton' e tudo se iluminou.).
Coube ao predestinado e ultraconvencido inglês apenas reconhecer  e aceitar a  certidão divina,  estendida à sua feição graças à bondade incomensurável do Senhor do Universo, claro: "Este sistema do Sol, planetas, e cometas, só poderia vir da vontade e domínio de um Ser inteligente e poderoso ... Ele governa todas as coisas, não como alma do mundo, mas como Senhor de tudo; e por causa de Seu domínio ele é digno de ser chamado Senhor Deus." (NEWTON, I., Principios)
NEWTON tapeou a Royal Society plagiando cálculos diferenciais pertencentes a LEIBNIZ, para em seguida assumir a Casa da Moeda inglesa. A diferença entre ambos não era sucetível a cálculo diferencial 
Entendo por razão, não a faculdade de raciocinar, que pode ser bem ou mal utilizada, mas o encadeamento das verdades que só pode produzir verdades, e uma verdade não pode ser contrária a outra. Wilhelm Leibniz
"Newton vai mudando os dados, em suas várias edições sob sua supervisão, de modo a encaixar cada vez melhor a teoria. Físicos contemporâneos demonstraram a manipulação no limite da desonestidade." (LENTIN, J.P., Penso, logo me engano : grandes gênios, pequenas trapaças; Veja: 20/3/1996)
EINSTEIN ( 1981: 149) apagou o encantador archote do santo-de-pau-oco:
A prática e o enorme sucesso da teoria o impedem, a ele e aos físicos dos séculos XVIII e XIX de entender que o fundamento de seu sistema repousa em base absolutamente fictícia. O caráter fictício dos princípios torna-se evidente pela simples razão de que se podem estabelecer dois princípios radicalmente diferentes, que no entanto concordam em grande parte com a experiência. De qualquer modo, toda a tentativa de deduzir logicamente a partir de experiências elementares os conceitos e as leis fundamentais da mecânica está votada ao malogro. 
Huygens e o injustiçado Leibnitz,** reconheceram a  profundidade e o alcance panteísta. Em 1676 LEIBNIZ   travou diversos diálogos com SPINOZA. (cit. PINTO:42) : "Tanto quanto pude ver pela suas cartas, pareceu-me ser um homem de espírito liberal e versado em todas as ciências.”, comentou o errante judeu.
Tirante a restrita plêiade que da Holanda atravessaria o Mancha para libertar a Inglaterra do subjugo romano, *** a quem mais poderia interessar a disposição spinoziana? Talvez KANT, no século posterior... mas ao quedar obstinado pelo imperativo lógico, o ermitão de Königsberg também se mostrou totalmente enredado na lama platônica. De modo ainda mais flagrante valer-se-ia HEGEL para atirar o mundo inteiro em contradição, por sinal ainda bastante ativa, causa primordial do dèbacle do ocidente. A leitura desees articuladores é cansativa, porquanto travam simultâneos combates e simbioses com os dois ramos de desenvolvimento aplicados ao longo dos milênios:  a metafísica, e a matemática que lhe suporta. KANT dá azia em caixa-de-bicabornato; e se preferir a náusea diretamente, bastam poucas  linhas no puleiro da Coruja de Minerva.  A obra de SPINOZA  é espinhosa (sorry) por demais prolixa, às vezes repetitiva, e para muitos confusa. Para esclarecer e apoiar as conclusões amplamente éticas SPINOZA buscou desmistificar o universo,  mostrá-lo como de fato ele seria, e se desenvolvia. A hercúlea tarefa exigiu  checar não somente todos os fundamentos metafísicos, e psicologicos, mas até mesmo matemáticos, à assimilação exigente de linguagem cartesiana
Deus de Spinoza, é a causa de todas as coisas porque todas as coisas seguem causal e necessariamente da natureza divina. Ou, como ele mesmo diz, do poder infinito de Deus ou da natureza 'todas as coisas têm necessariamente que fluir, sempre seguido, pela mesma necessidade e da mesma forma como  a natureza tal qual um triângulo que se segue, desde a eternidade e para a eternidade, uma vez  que seus três ângulos são iguais a dois ângulos retos '(Ip17s1). (Stanford Encyclopedia of Philosophy)
Mercê de dispensar a grei eclesiástica "Spinoza ficou considerado como maldito por muitos anos após sua morte." Até hoje: "Em geral, pode-se dizer que Descartes fornece a Spinoza o elemento arquitetônico, lógico-geométrico, para a construção do seu sistema. cujo conteúdo monista, em parte deriva da tradição neoplatônica, em parte do próprio Descartes". (Baruch Spinoza - Mundo dos Filósofos )  Neste conceito permanece a confusão entre o monismo. e a desenvoltura natural, malgrado a mais séria advertência do vilipendiado filósofo: "O mal metafísico é a raiz do mal moral, pois aquilo que é perfeito pode contemplar o Bem, sem possibilidade de erro, mas uma substância imperfeita não é capaz de aprender o todo, tem percepções inadequadas e se deixa envolver pelo confuso." "Os homens comumente supõem que as coisas que se sucedem por ato natural objetivem um fim, como eles próprios agem por conta de um fim. Na verdade, eles mantêm como certo que o próprio Deus dirige todas as coisas para um fim determinado, porque dizem que Deus fez todas as coisas para o homem, para que o homem pudesse adorará-Lo." (I, apêndice) A obssessão espartana pelo destino glorioso, todavia, a meta derradeira, invariavelmente antropocêntrica,, paradisíaca, permanece no foco até mesmo das mais modernas  traduções.
O dualismo cartesiano, ao criar a bifurcação mente-matéria, observador-observado, sujeiro-objeto, moldou o pensamento ocidental, poucos filósofos discordando dele, cujos mais notórios foram Spinoza e Schopenhauer. No século XX essa discordância se acentuou. GOTTSCHALL: 189 
O modo de encarar o monismo não como Entidade Regente,  mas como um script pelo qual   energias e partículas são regentes dos próprios destinos teve em LEIBNIZ   fulgurante pioneirismo, raro precursor das teorias  Quâmtica. e  da Relatividade: " Corpos são individualizados uns dos outros, não por motivo de substância, mas sim em razão de movimento e repouso (IIp13sl1) identidade individual, através do tempo e da mudança de ser uma questão da manutenção dinâmica de uma relação diferente de movimento e repouso. (IIp13s def.)".
Leibniz avançou uma concepção do espaço e do tempo que apresentava finalmente uma compreensão clara de como uma teoria podia, num tom aristotélico, negar ao espaço e ao tempo um tipo de existência independente da existência das coisas materiais comuns e dos acontecimentos materiais, mas manter, mesmo assim, um lugar crucial na estrutura do mundo para o espaço e para o tempo. Na filosofia "profunda" de Leibniz, na sua verdadeira metafísica, nega-se a existência per se da matéria, assim como a do espaço e do tempo. Para este Leibniz esotérico, o mundo é constituído por entidades fundamentais de tipo mental, as mónadas, que existem totalmente isoladas umas das outras, não estando em interacção nem sequer em termos causais.  Crítica: O debate entre Newton e Leibniz 
No raiar do XX pela mais simples equação o mundo começava a tomar conhecimento: E=mc² a matéria é apenas uma susbtância "congelada" de energia, e por isso efêmera. .E a luz não é emitida e tampouco absorvida continuamente, mas sim na forma de pequeninas porções discretas chamadas quanta, ou fótons, cuja grandeza é proporcional à freqüência da radiação.  Ela e tudo o mais evoluem por ondas, e partículas. A tanto, não pode haver determinismo, tampouvo controle central. "O universo é constituído de uma multiplicidade de sistemas ‘abertos’, todos em incessante interação com seu ambiente." (BEN-DOV: 149) “Há infinitos universos paralelos formando ramificações. Em cada um se atualiza uma realidade”. (TOFFLER, A, & TOFFLER, H.,: 20)  "A evolução acontece não como resposta às exigências da sobrevivência, mas como um jogo criativo e necessidade cooperativa de um universo todo ele evolutivo." (LEMKOW, A. F.: 183) Pois assim preconizava LEIBNIZ:
E tais Mônadas são os verdadeiros Átomos da Natureza e, em uma palavra, os Elementos das coisas. E assim como uma mesma cidade, observada de diferentes lados, parece outra e se multiplica em perspectivas, assim também ocorre que, pela quantidade infinita de substâncias simples, parece haver outros tantos universos diferentes, os quais não são, todavia, senão perspectivas de um só, segundo os diferentes pontos de vista de cada Mônada. Pois como tudo é pleno, o que torna toda a matéria ligada, e como no pleno todo movimento produz algum efeito sobre os corpos distantes, proporcional à distância, de tal sorte que cada corpo é afetado não somente pelos que o tocam e se ressente, de certo modo, de tudo o que lhes acontece, mas também por meio deles se ressente dos que tocam os primeiros, pelos quais é imediatamente tocado; segue-se que esta comunicação transmite-se a qualquer distância. E, por conseguinte, todo corpo se ressente de tudo que se faz no universo, de tal modo que aquele que tudo vê poderia ler em cada um o que se faz em toda parte e até o que foi ou será feito, observando no presente o que está afastado tanto nos tempos como nos lugares; sympnoia panta ( tudo conspira ), dizia Hipócrates.
O bandeirante assinalava a impossibilidade de atuação do Grande Arquiteto:
Todo corpo reage a tudo que acontece no universo, de tal sorte que, se alguém pudesse perceber tudo, poderia ler em cada coisa o que está acontecendo em toda parte, e até mesmo o que já aconteceu e o que acontecerá; mas uma alma só consegue compreender dela mesma o que aí se acha representado distintamente. Não pode, de uma vez, explorar todos os seus recônditos, porque eles se estendem ao infinito.LEIBNIZ, cit. IRA, Progoff, Jung, Sincronicidade e destino humano: 66.- MAGALDI, Ercilia Simone Dalvid
Não por acaso EINSTEIN (cit. HOLTON: 127) recomendava à "ciência se ocupar, em primeiro lugar, não de noções que, na sua essência, estão marcadas por uma grande carga metafísica, como as de 'força' e 'matéria', mas antes daquilo a que agora chamamos 'intersecções’ no espaço-tempo de linhas do universo."  O Grande Relativo foi direto ao assunto: "O código matemático-dialético de interpretação da natureza, de tão endossado, tornou-se dogmático, definitivo, hegemônico, indiscutível; mas é falso." (EINSTEIN, A.,  Assim referiu-se Einstein 1981: 149/50)
Evidentemente, nós percebemos com facilidade, até mesmo pelo vocabulário, que a noção de espaço absoluto, implicando a de inércia absoluta, embaraça de modo particular a Newton. Porque percebe que nenhuma experiência poderá corresponder a esta última noção. Da mesma forma o raciocínio sobre ações à distância o intriga. Mas a prática e o enorme sucesso da teoria o impedem, a ele e aos físicos dos séculos XVIII e XIX de entender que o fundamento de seu sistema repousa em base absolutamente fictícia. O caráter fictício dos princípios torna-se evidente pela simples razão de que se podem estabelecer dois princípios radicalmente diferentes, que no entanto concordam em grande parte com a experiência. De qualquer modo, toda a tentativa de deduzir logicamente a partir de experiências elementares os conceitos e as leis fundamentais da mecânica está votada ao malogro.
LEIBNIZ faleceu em Hanôver, (14 de novembro de 1716) "relativamente esquecido e isolado dos assuntos públicos." (www.cobra.pages.nom.br/fmp-leibni.html)
Assim ocultados nossos melhores cérebros, volvemos ao candente viés da paixão, genuíno amor platônico em retrato minuciosa e paulatinamente configurado,  por demais enriquecido, cujo velado objetivo paradoxalmente requer o extremo racionalismo, mera disposição ideológica para satisfazer o desejo do introdutor e de seus herdeiros.
Por conseguinte, o que vale nos dogmas não seria a sua formulação exterior, e sim o conteúdo moral; nem se deveria procurar neles sentidos metafísicos arcanos, porque o escopo dos dogmas é essencialmente prático a saber: induzir à submissão a Deus e ao amor ao próximo, na unificação final de tudo e de todos em Deus. www.mundodosfilosofos.com.br Spinoza
Diante de toda a sorte de vicissitudes, problemas de saúde, velhice, desemprego, e até razão de viver, como poderia uma crenca qualquer ainda tudo aviltar?  E que mal há de esperar com otimismo qualquer futuro, este que no fim das contas está situado no além? Infelizmente "não podemos tapar o Sol com a peneira". lembra o médico português  Antônio J. de Barros Veloso. cfcul.fc.ul.pt
É aí que mostraremos causas de estagnação e até de regressão, identificaremos causas da inércia às quais daremos o nome de obstáculos epistemológicos (...) o ato de conhecer dá-se contra um conhecimento anterior, destruindo conhecimentos mal estabelecidos, superando o que, no próprio espírito, é obstáculo à espiritualização. BACHELARD, G., 1996: 17 
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Notas
* Podemos tomar uma posição meta-por assim dizer, por entender até mesmo as nossas paixões infelizes como as coisas que acontecem de acordo com a ordem da natureza. Assim, vamos "dar com calma as coisas que nos acontecem ao contrário do que o princípio da demanda a nossa vantagem" (IV Apêndice XXXII) Satisfação vem da compreensão, e na medida em que temos idéias adequadas, que são ativos, aumentando o nosso poder de agir e preservar a nós mesmos. Assim, na medida em que entendemos o que é "ao contrário do que o princípio da nossa vantagem exige," nós aumentamos  a vantagem.

** "Entre os filósofos eminentes daquele período, só Leibniz foi um lógico notável; os restantes muitas vezes nem sequer conheciam os elementos da lógica formal." . BOCHENSKI ,J.N., A Filosofia Ocidental Contemporânea.
*** Baruch Spinoza (1632-1677) e John Locke (1632-1704)  por outra coincidência nascidos no mesmo ano, eram hóspedes  da Holanda, em Amsterdam e Roterdã, "onde homens de todas as nações e de todas as seitas vivem na mais perfeita concórdia.” (PINTO: 51). Ambos rejeitaram as concepções  eclesiásticas e cartesianas (“...Os cartesianos, para se defenderem da suspeita de espinosismo, verberavam estultantemente contra as opiniões e escritos do filósofo.” Spinoza ansiava pela “ausência da guerra”, o que, curiosamente, não significa paz, porque esta é estado de espírito, não de ação.  http://www.ieditora.com.br/.
Tanto quanto Locke, em seu tratado político, Leibniz refutava frontalmente as disposição de Descartes. Foi na publicação da Acta eruditorum que ele divuldou sua dinâmica, em artigo intitulado Brevis Demonstratio Erroris Memborabilis Cartesii et Aliorum Circa Legem Naturae (Breve demonstração do memorável erro de Descartes e outros, sobre a Lei da Natureza) e em seguida publicou De geometria recondita et analysi indivisibilium atque infinitorum onde desponta o calculo integral e no qual ele introduz e explica o símbolo para integração. Ele salientou o poder do seu cálculo para investigar curvas transcendentais, exatamente a classe de objetos "mecânicos" que Descartes havia acreditado que estava além do poder de análise, e derivou uma formula analítica simples para o cicloide.
Segundo Leihnitz, a força é a essência de todos os seres, seja alma ou matéria. O Universo inteiro, corpos e almas, é formado de mônadas ou últimas_divisões_dos_átomos, homogêneas em essência, mas pelo Criador dotados de certas faculdades, desenvolvidas em graus infinitamente diversos. Assim, as alterações que a mônada sofre, são unicamente as evoluções graduais e sucessivas de suas próprias faculdades íntimas. Compondo-se cada mônada de corpo e alma, mas sendo em si mesma de uma essência simples e indestrutível, o mundo_material, mesmo em sua parte inorgânica, é por toda a parte animado. Desse modo, a matéria é apenas uma expressão da força, e a força é o modo de agir de tudo o que existe e a única coisa persistente. As formas materiais não têm estabilidade. Um organismo é uma forma temporária donde continuamente emanam partículas. Ele se assemelha à chama de uma lâmpada, incessantemente alimentada e incessantemente consumida. Só é persistente aquilo que se esconde sob todas as existências fenomenais. A matéria, como a conhecemos, é incapaz de agir por si mesma; é preciso que se atue sobre ela; mas essa energia intima e capaz de produzir todas as formas é hoje a mesma que foi ontem. Á matéria passa indiferentemente de um a outro molde, não retendo caráter algum de individualidade. Só o Espírito pode agir, e a matéria é a resultante desse ato. www.guia.heu.nom.br/sistema_de_leibnitz.htm

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