quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Antes havia, neste país


Você pode explodir o Brasil inteiro e eles ainda dizem:
'Obrigado! Aqui está um macaco para você levar de volta para sua casa'.

STALLONE, S., ator de Os Mercenários.
Não, meu guri, não se avançava no bolso, ou sobre o dorso do cidadão por nenhum motivo, que dirá em nome de nação estrangeira. O Brasil não era um país de tolos, nem de todos - pertencia apenas aos que nele moravam. É verdade que as comunicações eram precárias. Recém se dispunha de discagens diretas, e apenas umas tres ou quatro emissoras de TV cobriam o território nacional. Não sei onde fica Garanhus. É assim que se escreve? Talvez não chegasse nenhum sinal por lá, mas você deve ter ouvido falar na Jovem Guarda não? Tony Campello, sua irmã Cely, os Vips, Jerry Adriani, Wanderléia, Wanderley Cardoso, Leno & Lilian, Silvinha & Eduardo Araújo, Erasmo, Martinha, e a locomotiva chamada Roberto? E dos Mutantes, anunciando 2001? Teus professores políticos não gostavam. Nem de Raul Seixas. Duvido. Eles usavam a folga da USP para discutir as idéias dos brilhantes intelectuais que davam suporte àquela U.R.S.S., país competente para tornar temerário, e mesmo condenável qualquer sonho de realização pessoal. Às sumidades, ninguém poderia progredir  se não fosse tirando dos outros. São Paulo destoava. Era rico, meu caro, muito rico, e não escondia - orgulhava-se. Aguçava a ambição dos famintos pelo poder. Na capital havia uma rua, por acaso chamada Augusta, alameda de uns tres quilômetros onde se instalavam lojas e galerias da melhor qualidade. Sensacional era o aproveitamento do terreno. Aqueles de maior dimensão abrigavam uma quantidade enorme de pequenos comerciantes, cujo acesso acarretava se passar ao ar-livre por entre flores e jardins, bem diverso da "democrática" solução paraguaia. Barracas se destinavam a campings, não à calçadas.
Homens não saiam sem gravata, podes crer. Senhoras e dondocas vestiam tailleurs, ou mini-saias, e nem por isto eram alvo de estupradores. Flanelinhas, mendigos, assaltos, roubos de carro? Mas nem falar.
Santo Amaro fervia a noite inteira! Pessoal não tinha o menor receio. Paris ou Buenos Aires eram fichinhas.
A moderna via Anchieta e de resto todas as excelentes estradas do país asseguravam viagem rápida ao turismo e principalmente ao escoamento da produção, sem ninguém cobrar nada por isso. Pedágio? Quem é esse gajo?
O que não havia era trânsito de helicópteros. Nem políticos. tampouco banqueiros possuiam faturamento compatível à regalia.
Para a Consolação se reservavam memoráveis festivais de música. Deves ter ouvido Geraldo Vandré, pois não? Este nunca mais apareceu. Agora a organizadora se ufana da grade de programação importada de algum Carandirú:
"A Record é a única rede de TV aberta que está sempre presente na cena do crime." (Correio do Povo, 8/8/2010)
Seus novos superstars: Bispo, Macarrão e Macalão.
Por aqueles arredores estudantes saiam dos Sions, Mackenzies e outros mais, para curtir o pouco sol pelas calçadas, e ali ficavam contaminando o meio-ambiente com seu esplendor. Hoje o estudo é importante, mas não é decisivo - é coisa de elite. Pessoal prefere eleger paus-de-arara e semi-analfabetos.
Turmas participavam de gincanas, havia as escuderias, não te contaram? Pois essa juventude criada com palmadas, nem por isso se sentia injustiçada. Códigos de Menor? Para quê?
Grandes ícones arrastavam multidões não só à platéias ou torcidas, como à prática do tênis, boxe, basquete, automobilismo, iatismo, natação, judô, atletismo. Brasil era campeão mundial numa porção de modalidades. Não sei se tomastes conhecimento de uma Maria Ester Bueno, Thomas Koch, Edson Mandarino, Mauri Fonseca. Esses eram gaúchos, mas os paulistas apresentavam uma plêiade ainda maior, de Eder Jofre, aos azes Chico Landi, Luizinho Pereira Bueno, Bird Clemente, Christian Heinz, Jaime Silva, Camilo Christófaro, o Lobo daí, do Canindé, os Fittipaldi, José Carlos Pace. Muitas equipes prestigiavam Interlagos - Vemag, Willys, Simca, FNM, tinham participação direta.
O futebol? Engraçado, mas o Exército formava notáveis estrategistas esportivos, despontando os capitães Carlos Froner, Cláudio Coutinho e Carlos Alberto Parreira. O mundo deve a Coutinho o sensacional over-lapping. Embora militares, nenhum deles entregaria a Copa em troca de porta-aviões.
A produção de craques montava convocar uns cincoenta jogadores para o Scratch. A rigor, os atletas dos alvi-negros praianos já eram suficientes para enfiar goleadas memoráveis pelo mundo afora.
São Paulo não prometia, caro nordestino, era a própria realidade. E tirante sindicalistas, não lembro de mais ninguém discutindo política, essa coisa completamente estranha à gente comum. Quem poderia querer ou esperar anos por Olimpíadas, ou Copas do Mundo, com tanta alegria por perto? Tinha-se mais o que fazer. Neste particular, que é o mais geral de todos, parece se iniciar um retorno:
"A média de audiência do primeiro debate entre os presidenciáveis, realizado pela Rede Bandeirantes, foi decepcionante. A Globo venceu com a exibição de São Paulo x Internacional, pela Taça Libertadores da América." (Folha, 6/8/2010)
Torcedores contribuiam diretamente para a construção de colossos como o Morumbi, ou o Gigante da Beira-Rio. Puxavam recursos do próprio bolso. Não obstante, o poder público edificava uma série de grandes estádios. Como estará hoje este imenso patrimônio?
Ficha-limpa? Mas para o quê, se o próprio termo candidato, eloquente per se, condiciona o acesso apenas ao cândido, isto é, sem mácula?
Exceto tratadores de animais, ninguém conhecia comida servida à kilo. E ao cabo da refeição, diferentemente daqueles miseráveis europeus, ou dos sofisticados platinos, os garçons nos serviam cafezinho como cortesia. Há quem diga que se devia à abundância de nossos cafezais. Por que será que o pecorrucho, mesmo custando mais caro do que o litro de leite, não revigora nossa mais tradicional cultura?
Paozinho passando pela balança da padaria, antes de ser embrulhado? Quack! Nunca se viu tanta mesquinhez.
Missa? Só no domingo, pela manhã. Ora porta-vozes celestiais infestam os lares todos os dias. Vários canais de TV são alocados em cadeia nacional para transmitir retransmitir os importantes comunicados, conselhos e advertências. Os arvorados cristãos se regozijam com a esperança de alcançar algum dia o Paraíso. Nossa realidade de fato tem sido não só deprimente, como decepcionante.
São Paulo é a região do País onde mais se produziu miséria - 5,9% - no ano da crise financeira
SIMANTOB, Fábio Tofic, Estatísticas do crime e discurso do medo 12/2/2010
Os que oferecem o passaporte àquele Reino não o fazem por amor, claro. A produção televisiva é onerosa, e ainda tem os custos de manutenção dos Lear-Jets adquiridos. Então os iluminados se obrigaram a também investir em numerosas redes de rádio, assumiram o controle acionário de grandes periódicos de várias capitais, tocam bem-sucedidas editoras e agências-de-viagens, e mis cositas más. V. Exa. considera esta artimanha produção, e ainda mais, isenta de imposto? Pelamor de DEUS.
Delegacias? Uma que outra, aqui ou acolá. Menor não tinha regalia especial; tampouco mulher. Não havia movimento para ocupar os oficiais. As represas eram usadas ao lazer, não para esconder cadáveres. Igualmente ninguém conhecia códigos de menores, de consumidores, de torcedores, e estatutos de tudo que é jeito. Nada precisava segurar. Tudo fluia, não perfeitamente, claro, mas dentro de uma harmonia geral. Os correios funcionavam cobrando o mínimo, acredite. Não havia necessidade de propinas. Os políticos eram assalariados, e se contentavam com seus limites.
Ninguém reclamava de aeroportos. Não se pagava taxa para embarque, vai ver é por isso. Tudo cheirava querosene, mas as partidas não variavam de acordo com os assentos vendidos, ou com as escalas engembradas. Não havia filas, nem jamais se cogitou em colocar judiciários para dirimir pleitos dos consumidores. Era só o que faltava! Não lembro de acidentes com os guarda-louças Constellations, DC3, ou com o deslumbrante Caravelle. VARIG, Cruzeiro, Sadia, VASP, Real Aerovias e Lloid Aéreo respeitavam seus clientes, e principalmente seu próprio quadro. Empresas sérias, tradicionais, nenhuma surgiu em passe-de-mágica. Tampouco recordo de brasileiros barrados no exterior. Éramos dóceis, afáveis, e muito respeitosos, a ponto da Disney dispensar fiscais para acompanhar nossos passos.
"Para evitar problemas na fila da imigração de países europeus, o Itamaraty lançou uma cartilha com orientações aos viajantes. Em breve, o material será distribuído no momento da emissão dos passaportes" (Folha, 17/8/2010)
"A cada ano, cerca de 60 mil brasileiros são vítimas das redes internacionais de tráfico de pessoas e têm como principais destinos a Espanha, Portugal e Suíça, segundo dados divulgados pela Secretaria Nacional de Justiça (SNJ), ligada ao Ministério da Justiça." (Estadão, 18/8/2010)

Ninguém pensava em trem-bala para ligar Rio-São Paulo. O romantismo poderia ser experimentado em magnífica composição, toda de aço e absolutamente silenciosa. Os "hóspedes" se acomodavam em cabines fechadas, equipadas com beliches. Pela manhã o serviço de bordo se despedia oferecendo reforçado café.
Embora a partir de 1996 as empresas ferroviárias estatais tenham sido privatizadas, hoje não temos uma malha ferroviária muito melhor, isso graças à falta de concorrência. De fato o sistema rodoviário brasileiro é vergonhoso, são pouco mais de 29 mil quilômetros de ferrovias, contra mais de 63 mil quilômetros na Índia, 226 mil nos EUA e 85 mil na Rússia.
Sorria! Você vai pagar um trem , por ,
"A má qualidade das estradas, portos, ferrovias e aeroportos brasileiros não chega a ser novidade. Ficamos décadas sem investir e isso fez com que acumulássemos gargalos que ainda se refletem no estado atual da nossa infraestrutura." (BORGES, B., Economista-chefe de LCA Consultores. - Estadão, 8/8/2010)
Não sei quando foi a primeira vez que pisastes nas areias de Copacabana. Elas recebiam gente muito elegante, meu amigo, de fino trato. Não se jogava lixo onde uma Leila Diniz, ou uma Rose di Primio se bronzeavam. Chocou-me ver a faixa litorânea mais famosa do mundo transformada em formidável cemitério. Ao chegar perto, veio o alívio: tratava-se apenas de um protesto frente a criminalidade assombrosa que assola a Cidade Maravilhosa.
Os números são vergonhosos. Em apenas dois anos e cinco meses, foram registrados no Estado do Rio 18.137 assassinatos. Vou repetir: dezoito mil centro e trinta e sete pessoas tiveram a vida interrompida de forma violenta.

Desde 1999, portanto há uma década,
esses números são divulgados mensalmente
pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), da
Secretaria de Segurança do estado.
Essa soma já foi até maior do que é hoje, atingiu o ápice em 1994.

BARROS, J.A., O Globo, 17/8/2009
Especial confeitaria homenageava o genovês. Toalhas de linho recebiam talheres de prata, e porcelana de alto gabarito para a senhora sentada na confortável poltrona degustar meros sandwiches! Mas quê sandwiches! A avenida N. S. Copacabana era a Augusta carioca, mais light, como convém à praiana.
Bala perdida era da criança, ao rasgar o pacote na entrada da matinèe. Agora a criança não vai mais a lugar nenhum, e mesmo assim é atingida: Bala perdida mata menino que dormia no sofá de casa no Rio
O Clube Olímpico lotava de brotos às vespertinas dominicais, enquanto a Papagaia se preparava na Lagoa. Das famosas noites cariocas não preciso mencionar, meu ilustre presidente. As coisas e as gentes não se dividiam por classes, e sim por gostos. O Canecão se derramava com Vinicius & Tom Jobim, Marcos e Sérgio Vale, e tantos... Quarteto em Cy, os trios Zimbo, Irakitan, o Tamba... Jair Rodrigues, Edu Lobo, Nara Leão, aquela doçura... os baianos da Tropicália - Gil, Caetano, Gal, Bethania... Elis e seu Boscoli... haja memória para listar tantas brilhaturas. Gil até chegou seu Ministro, mas parece que nada informou sobre aquele tempo, preferindo uma despedida prematura, e melancólica do reinado.
Um banquinho e um violão bastavam para animar qualquer reunião. Pessoal mais sofisticado contava com Le Bateu, New Girau, Privè. Depois ainda vieram o Hypopotamus, e uma infinidade. Ipanema era a passarela do chopp - Cabral 1500, Copa 70, uma fila de bares repleta de gente 24 horas sem parar. Na divisa com Leblon se concentravam garbosos motociclistas. Esses veículos não eram usados no trabalho, muito menos em atividades de assaltantes. Não se usava capacetes.
Festa rave? Mas o que é isso mesmo? Raps, e tal? Não me diga que estamos velhos, por isso não gostamos mais de acúmulos de gente, e brigas de garrafas.
Passageiro da agonia não entrava no cinema, muito menos as tropas. Quem gostava de pobreza era intelectual, diziam. O cine lotava com A Doce Vida, de Fellini.
O Jockey Club via intenso movimento. Não sei de onde vinha tanta gente rica e bonita. Ninguém se sentia constrangido em envergar aqueles elegantes chapéus. No Maraca nada de torcida organizada. Fosse rubro-negro ou cruz-maltino, todos estavam bem servidos, e admiravam os adversários, de Castilho a Garrincha. E como tinham times - Canto do Rio, Olaria, América, Madureira, Bangú, e mais uma meia-dúzia. Waldir Amaral e Jorge Cury se encarregavam de irradiar os lúdicos 90 minutos aos Spica espalhados pela Nação.
Não, no trânsito não havia fechadas muito menos xingamentos. O pé do Cristo quase chutava a bola ao jogo dos motoristas de táxi. Eles usavam seus veículos, tres de cada lado, para brindarem o público com exuberantes manobras.
Podia-se entrar e sair livremente das agências bancárias. Ninguém precisar se despir - nem de roupas, muito menos do dinheiro.
O Mato Grosso começava a criação de milhões de cabeças de gado, tipo zebús, até então desconhecidos, enquanto o Rio Grande do Sul plantava arroz para todos os brasileiros. Não se importava este produto, por sinal primário. Seria mesmo maior non sense deter imenso território e ainda assim pagar o serviço de plantio para algum vizinho, como agora. Ademais se descobria o soja, coisa que também todos podiam colher, em vez de mergulharem abaixo de camadas de sal, no cobre do mundo, para não usar sua expressão química, em busca de qualquer inusitado.
O pré-sal sempre foi tratado com nacionalismo retrógrado e grandiloqüência idílica. Do anúncio à ridícula idéia do país integrar a OPEP, o assunto foi marcado mais por devaneios do que seriedade – pelo menos dentro do governo e da aparelhada ANP. O Brasil do pré-sal é Pasárgada. Mas cuidado, Bandeira: lá, Lula é que é o rei.
LIMA, Renato,Indigestão de pré-sal
Porto Alegre mostrava como pode o homem evoluir vivendo socialmente. Sociedade quer dizer participação social na medida da vontade do sócio, não do presidente da associação. Fora o centro, nos bairros Independência e Petrópolis se concentravam enorme quantidade de bares e restaurantes do melhor gabarito, coisa de proprietário receber na porta vestido de smoking. Pernóstico? Nem tanto, senhor. Garçons não usavam blacktie?
O que ora apuramos?
Sinto saudades desse Portinho que eu adoro. Quando vim morar aqui em janeiro de 75 não existia tanta barbaridade que existe hoje. Tento lembrar quando começou a ter tanto morador de rua que impede até de a gente caminhar, pois ficam pedindo dinheiro e se enfurecem quando não recebem... Em 85 vim a passeio e me apavorei vendo casas com grades nas alturas. Virou terra de bandidos. Um país onde ser honesto merece ser recebido pelo presidente é algo estarrecedor.
CAMARGO, V., Correio do Povo, 8/8/2010
“O Brasil é feito para nos matar e não para nos fazer viver” (CARDOSO, Pedro, ator, . 13/8/2009 - http://emkt.pavazine.com) .
Já faz algum tempo que banqueiros e politicos não usam mais esses obsoletos serviços à viagens. E dentro das cidades, as excelências dispõem de modernos helicópteros.
O rebanho bovino brasileiro deve se recuperar apenas em 2014. Além de faltar boi para o abate, o volume de gado segue em queda. Segundo Luciano Vacari, superintendente da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), "se tiver aumento na demanda, não vai ter boi".
Mas se o brasileiro recomeçar a comer carne, igualmente não haverá para todos.
Naquela época pessoal aparentava melhor saúde.
Da década de 1960 em diante houve uma mudança na política do país, e as políticas públicas na área da saúde voltaram-se para uma maior inclusão da população em geral, com extensão da cobertura.Nos anos 70 e 80, o Ministério da Saúde tornou-se mais atuante no desenvolvimento de políticas de saúde para a população.
MANSUR, Marilia Coser, O financiamento federal da saúde no Brasil: tendências da década de 1990. Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública; 2001.
CPMFs? Nada disso. Acreditava-se que subtrair dinheiro da Nação debilitaria a produção.
O Brasil gerava milhares de talentos, sim senhor, em todos os setores, até mesmo na política, acredite se quiser!
Curioso é que ninguém se melindrava com os fuzilamentos em massa de Fidel Castro. Agora, basta alguém ser condenado à morte em algum país qualquer, de preferência o mais longe possível, para se levantar duzentos milhões de brasileiros em protesto? Não se mandava embaixador a defender direitos ou constituições estrangeiras, muito menos dinheiro para amparar intempéries fora de nossas fronteiras. Imagina se iríamos nos meter nas controvérsias americanas, ou russas, que dirá com aquela gente do Oriente Médio. Os telejornais não sei de onde tiravam tanto assunto, mas não se via nenhum crime ou favelado nas telas - não sei se não existiam ou se o pessoal preferia mostrar shows e filmes, alguma novela interminável, ao invés de sangue, desdentados a chorar, e protestos por justiça. Da violência encarregava-se um senhor muito exigente. Na frente das câmeras ele quebrava as gravações musicais de mau-gosto. Brasil não podia tolerar mediocridades.
O país era feliz, sabia disso, e ninguém tinha medo. E por causa disso, a herança legada foi farta e abundante. Todo desperdício não pode ser debitado apenas a V. Exa. e sua turma, claro, mas o senhor poderia me citar alguns expoentes, manifestações sociais, ou realizações produzidas nos últimos vinte ou trinta anos, com exceção das promessas para 2014, 2015, 2016, 2017...?

Sabe o que é ditadura militar? É o [José] Sarney [presidente da República de 1985 a 1990] no governo, isso é ditadura. Isso é ditadura da minoria sobre a maioria.
Presidente LULA, 1988 , na ocasião deputado federal. Entrevista no Programa Roda Viva, TV Cultura, São Paulo.
Ah tá. A razão de haver alterado seus próprios conceitos de modo exatamente inverso em nada surpreende:
Qualquer pessoa é fruto de sua época e de sua circunstância, e o atual presidente da República não foge à regra. Ele se enquadra nesses tempos de mediocridade, de vulgaridade, de superficialidade. Isso nada tem a ver com sua origem humilde, com o fato de continuar por vontade própria semi-analfabeto.
BARBOSA, Maria Lucia Victor Barbosa, Tempos perigosos, 14/12/2009
Choca, mas é real. O que será que haverá, neste país?



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